Well, I thought there would be a podium, so I'm a bit scared. (Laughter) Chris asked me to tell again how we found the structure of DNA. And since, you know, I follow his orders, I'll do it. But it slightly bores me. (Laughter) And, you know, I wrote a book. So I'll say something -- (Laughter) -- I'll say a little about, you know, how the discovery was made, and why Francis and I found it. And then, I hope maybe I have at least five minutes to say what makes me tick now.
Pensava que existiria um pódio, pelo que estou um pouco assustado. (Risos) O Chris pediu-me que contasse mais uma vez como descobrimos a estrutura do ADN Como sabem, eu sigo as ordens dele, assim o farei. Mas aborrece-me um bocado. (Risos) Como sabem, escrevi um livro. Por isso vou dizer qualquer coisa... (Risos) Vou falar um pouco sobre como fizemos a descoberta e porque é que Francis e eu a descobrimos. E depois espero que talvez ainda tenha cinco minutos para falar sobre o que me motiva agora.
In back of me is a picture of me when I was 17. I was at the University of Chicago, in my third year, and I was in my third year because the University of Chicago let you in after two years of high school. So you -- it was fun to get away from high school -- (Laughter) -- because I was very small, and I was no good in sports, or anything like that.
Atrás de mim está uma fotografia de quando tinha 17 anos. Estava na Universidade de Chicago, no meu terceiro ano, e estava no meu terceiro ano porque a Universidade de Chicago deixava-nos entrar depois de dois anos de liceu. Portanto era divertido escapar ao liceu Porque eu era muito baixo, e não era bom a desporto, nem nada do género.
But I should say that my background -- my father was, you know, raised to be an Episcopalian and Republican, but after one year of college, he became an atheist and a Democrat. (Laughter) And my mother was Irish Catholic, and -- but she didn't take religion too seriously. And by the age of 11, I was no longer going to Sunday Mass, and going on birdwatching walks with my father. So early on, I heard of Charles Darwin. I guess, you know, he was the big hero. And, you know, you understand life as it now exists through evolution.
Mas devo dizer que a minha formação... o meu pai foi educado para ser episcopalista e republicano. Mas depois de um ano na universidade, eu tornei-me ateu e democrata. (Risos) A minha mãe era católica irlandesa mas não levava a religião muito a sério. Pelos meus 11 anos eu já não ia à missa ao Domingo e ia passear com o meu pai observar os pássaros. Portanto, desde cedo, que ouvi falar de Charles Darwin Suponho que vocês sabem, ele era o grande herói. E uma pessoa compreende a vida, como ela existe agora, através da evolução.
And at the University of Chicago I was a zoology major, and thought I would end up, you know, if I was bright enough, maybe getting a Ph.D. from Cornell in ornithology. Then, in the Chicago paper, there was a review of a book called "What is Life?" by the great physicist, Schrodinger. And that, of course, had been a question I wanted to know. You know, Darwin explained life after it got started, but what was the essence of life?
Na Universidade de Chicago a minha área era a Zoologia. Eu pensava que iria acabar, se fosse bastante esparto, talvez com um doutoramento da Cornell em Ornitologia. Foi então que, num jornal de Chicago, saiu uma resenha dum livro chamado "O que é a vida?" do grande físico, Schrödinger. E essa, como é óbvio, era uma pergunta que eu queria saber. Darwin explicou a vida depois dela ter começado, mas qual era a essência da vida?
And Schrodinger said the essence was information present in our chromosomes, and it had to be present on a molecule. I'd never really thought of molecules before. You know chromosomes, but this was a molecule, and somehow all the information was probably present in some digital form. And there was the big question of, how did you copy the information?
Schrödinger dizia que a essência da vida era informação presente nos nossos cromossomas, e tinha de estar presente numa molécula. Eu nunca tinha pensado em moléculas. Vocês sabem cromossomas, mas esta era uma molécula, e de algum modo toda a informação estava provavelmente presente numa forma digital. E existia a grande pergunta:
So that was the book. And so, from that moment on,
como é que esta informação era copiada?
I wanted to be a geneticist -- understand the gene and, through that, understand life. So I had, you know, a hero at a distance. It wasn't a baseball player; it was Linus Pauling. And so I applied to Caltech and they turned me down. (Laughter) So I went to Indiana, which was actually as good as Caltech in genetics, and besides, they had a really good basketball team. (Laughter) So I had a really quite happy life at Indiana. And it was at Indiana I got the impression that, you know, the gene was likely to be DNA. And so when I got my Ph.D., I should go and search for DNA.
E esse era o livro. A partir desse momento, eu quis ser geneticista, compreender o gene e, através dele, compreender a vida. Portanto eu tinha um herói à distância. Não era um jogador de basebol, era Linus Pauling. Por isso candidatei-me à Caltech, mas eles recusaram-me. (Risos) Por isso fui para a Indiana que, aliás, era tão boa como a Caltech em genética. Além disso, tinha uma equipa de basquetebol mesmo boa. Pelo que eu vivi uma vida feliz na Indiana. E foi na Indiana que fiquei com a impressão de que o gene era provavelmente ADN. Portanto, quando acabasse o doutoramento, eu devia tentar procurar o ADN.
So I first went to Copenhagen because I thought, well, maybe I could become a biochemist, but I discovered biochemistry was very boring. It wasn't going anywhere toward, you know, saying what the gene was; it was just nuclear science. And oh, that's the book, little book. You can read it in about two hours. And -- but then I went to a meeting in Italy. And there was an unexpected speaker who wasn't on the program, and he talked about DNA. And this was Maurice Wilkins. He was trained as a physicist, and after the war he wanted to do biophysics, and he picked DNA because DNA had been determined at the Rockefeller Institute to possibly be the genetic molecules on the chromosomes. Most people believed it was proteins. But Wilkins, you know, thought DNA was the best bet, and he showed this x-ray photograph. Sort of crystalline. So DNA had a structure, even though it owed it to probably different molecules carrying different sets of instructions. So there was something universal about the DNA molecule. So I wanted to work with him, but he didn't want a former birdwatcher, and I ended up in Cambridge, England.
Por isso, primeiro fui para Copenhaga porque pensei que talvez pudesse vir a se bioquímico. Mas descobri que a bioquímica era muito aborrecida. e não estava a contribuir para a descoberta do que era o gene, era apenas ciência nuclear. Este é o livro, o pequeno livro. Consegue-se lê-lo em cerca de duas horas. Mas depois eu fui a um encontro em Itália. Houve um orador inesperado que não estava no programa, que falou sobre o ADN. Era Maurice Wilkins. Tinha formação como físico. Depois da guerra quis estudar biofísica, e começou a trabalhar no ADN porque no Instituto Rockefeller tinham descoberto que o ADN provavelmente eram as moléculas genéticas dos cromossomas. A maior parte das pessoas achava que eram proteínas. Mas Wilkins achava que o ADN era a melhor aposta, e mostrou esta fotografia de raios X. Meio cristalina. Portanto o ADN tinha a estrutura apesar de, provavelmente moléculas diferentes transportarem um conjunto de instruções diferentes. Havia alguma coisa universal acerca da molécula do ADN. Eu quis trabalhar com ele, mas ele não queria um antigo observador de pássaros,
So I went to Cambridge, because it was really the best place in the world then for x-ray crystallography. And x-ray crystallography is now a subject in, you know, chemistry departments. I mean, in those days it was the domain of the physicists. So the best place for x-ray crystallography was at the Cavendish Laboratory at Cambridge. And there I met Francis Crick. I went there without knowing him. He was 35. I was 23. And within a day, we had decided that maybe we could take a shortcut to finding the structure of DNA. Not solve it like, you know, in rigorous fashion, but build a model, an electro-model, using some coordinates of, you know, length, all that sort of stuff from x-ray photographs. But just ask what the molecule -- how should it fold up?
e eu acabei em Cambridge, na Inglaterra. Por isso fui para Cambridge, porque era o melhor lugar do mundo nessa altura para cristalografia de raios X. A cristalografia de raios X é um tópico estudado hoje nos laboratórios de química. Quero dizer, naquele tempo era do domínio dos físicos. Por isso o melhor lugar para cristalografia de raios X era o laboratório Cavendish em Cambridge. E aí conheci Francis Crick. Fui para lá sem o conhecer. Ele tinha 35 anos. Eu tinha 23. E, em menos de um dia, decidimos que talvez pudéssemos usar um atalho para descobrir a estrutura do ADN. Não descobrir a estrutura em sentido estrito, mas construir um modelo. um electro-modelo, usando as coordenadas do comprimento, todas essas coisas a partir das fotografias de raios X. mas apenas perguntar como é que a molécula deveria dobrar-se?
And the reason for doing so, at the center of this photograph, is Linus Pauling. About six months before, he proposed the alpha helical structure for proteins. And in doing so, he banished the man out on the right, Sir Lawrence Bragg, who was the Cavendish professor. This is a photograph several years later, when Bragg had cause to smile. He certainly wasn't smiling when I got there, because he was somewhat humiliated by Pauling getting the alpha helix, and the Cambridge people failing because they weren't chemists. And certainly, neither Crick or I were chemists, so we tried to build a model. And he knew, Francis knew Wilkins. So Wilkins said he thought it was the helix. X-ray diagram, he thought was comparable with the helix.
No centro desta fotografia, é Linus Pauling. Cerca de seis meses depois ele propôs a estrutura da alfa-hélice para as proteínas. E por causa disso arrumou o homem à direita, Sir Lawrence Bragg, que era professor em Cavendish. Esta é uma fotografia vários anos mais tarde, quando Bragg teve razões para sorrir. Certamente não sorria quando eu lá cheguei, estava um pouco humilhado porque Pauling conseguira a alfa-hélice, e as pessoas em Cambridge tinham falhado porque não eram químicos. Na verdade, nem Crick nem eu éramos químicos, por isso tentámos construir um modelo. E Francis conhecia Wilkins. Wilkins disse que achava que era uma hélice.
So we built a three-stranded model. The people from London came up. Wilkins and this collaborator, or possible collaborator, Rosalind Franklin, came up and sort of laughed at our model. They said it was lousy, and it was. So we were told to build no more models; we were incompetent. (Laughter) And so we didn't build any models, and Francis sort of continued to work on proteins. And basically, I did nothing. And -- except read. You know, basically, reading is a good thing; you get facts. And we kept telling the people in London that Linus Pauling's going to move on to DNA. If DNA is that important, Linus will know it. He'll build a model, and then we're going to be scooped.
Achava que o diagrama de raios X era semelhante a uma hélice. e nós construímos um modelo com três cadeias. As pessoas de Londres vieram visitar-nos. Wilkins e a sua colaboradora, ou possível colaboradora, Rosalind Franklin, vieram visitar-nos e riram-se do nosso modelo. Disseram que era terrível, e era. Disseram-nos para não construirmos mais modelos, que éramos incompetentes. (Risos) Não construímos mais modelos e Francis continuou o seu trabalho com proteínas. E eu, basicamente, não fiz nada, excepto ler. Ler é uma coisa boa: obtemos factos. Continuámos a dizer às pessoas em Londres que o Linus Pauling ia começar a trabalhar no ADN. Se o ADN é assim tão importante, o Linus vai sabê-lo Vai construir um modelo e nós ficávamos para trás.
And, in fact, he'd written the people in London: Could he see their x-ray photograph? And they had the wisdom to say "no." So he didn't have it. But there was ones in the literature. Actually, Linus didn't look at them that carefully. But about, oh, 15 months after I got to Cambridge, a rumor began to appear from Linus Pauling's son, who was in Cambridge, that his father was now working on DNA. And so, one day Peter came in and he said he was Peter Pauling, and he gave me a copy of his father's manuscripts. And boy, I was scared because I thought, you know, we may be scooped. I have nothing to do, no qualifications for anything. (Laughter)
De facto, ele tinha escrito para Londres: Podia ver a fotografia de raios X? Tiveram a sensatez de dizer "não". Por isso não conseguiu vê-la. Mas havia outras na literatura. Mas Linus não olhou para elas atentamente. Mas mais ou menos 15 meses depois de eu chegar a Cambridge, começou a espalhar-se o boato de que o filho de Linus Pauling, que estava em Cambridge, tinha dito que o pai estava a trabalhar no ADN. Um dia Peter visitou-me, disse que era Peter Pauling e deu-me uma cópia do manuscrito do seu pai. Meu deus, fiquei assustado porque pensei que íamos ser ultrapassados. Não tenho nada que fazer, não tenho qualificações em nada. (Risos)
And so there was the paper, and he proposed a three-stranded structure. And I read it, and it was just -- it was crap. (Laughter) So this was, you know, unexpected from the world's -- (Laughter) -- and so, it was held together by hydrogen bonds between phosphate groups. Well, if the peak pH that cells have is around seven, those hydrogen bonds couldn't exist. We rushed over to the chemistry department and said, "Could Pauling be right?" And Alex Hust said, "No." So we were happy. (Laughter)
Apareceu um artigo científico, e propunha uma estrutura com três cadeias. Eu li-o e basicamente era uma porcaria. (Risos) Era uma coisa inesperada... (Risos) ... estava seguro por pontes de hidrogénio entre fosfatos. Se o pH máximo que as células têm é à volta de sete, aquelas pontes de hidrogénio não podiam existir. Corremos para o departamento de química e dissemos, "O Pauling pode estar certo?" e Alex Hust disse: "Não". Por isso ficámos felizes.
And, you know, we were still in the game, but we were frightened that somebody at Caltech would tell Linus that he was wrong. And so Bragg said, "Build models." And a month after we got the Pauling manuscript -- I should say I took the manuscript to London, and showed the people. Well, I said, Linus was wrong and that we're still in the game and that they should immediately start building models. But Wilkins said "no." Rosalind Franklin was leaving in about two months, and after she left he would start building models. And so I came back with that news to Cambridge, and Bragg said, "Build models." Well, of course, I wanted to build models. And there's a picture of Rosalind. She really, you know, in one sense she was a chemist, but really she would have been trained -- she didn't know any organic chemistry or quantum chemistry. She was a crystallographer.
(Risos) Nós continuávamos na corrida, mas estávamos preocupados que alguém em CalTech pudesse dizer a Linus que ele estava errado. Bragg disse: "Construam modelos" Um mês depois de termos tido acesso ao manuscrito de Pauling... Devo dizer que levei o manuscrito para Londres e mostrei-lhes. Disse que Linus estava errado e nós continuávamos na corrida e que eles deviam começar logo a construir modelos. Mas o Wilkins disse não, Rosalind Franklin ia-se embora dentro de dois meses e depois de ela se ir embora ele ia começar a construir modelos. Voltei com essas notícias para Cambridge, e Bragg disse: "Construam modelos" Claro que eu queria construir modelos. Esta é uma fotografia de Rosalind. Em certo sentido, ela era química, mas ela devia ter estudado... ela não sabia química orgânica nem química quântica. Era cristalógrafa.
And I think part of the reason she didn't want to build models was, she wasn't a chemist, whereas Pauling was a chemist. And so Crick and I, you know, started building models, and I'd learned a little chemistry, but not enough. Well, we got the answer on the 28th February '53. And it was because of a rule, which, to me, is a very good rule: Never be the brightest person in a room, and we weren't. We weren't the best chemists in the room. I went in and showed them a pairing I'd done, and Jerry Donohue -- he was a chemist -- he said, it's wrong. You've got -- the hydrogen atoms are in the wrong place. I just put them down like they were in the books. He said they were wrong.
Penso que, em parte, ela não queria construir modelos, porque não era química, enquanto que Pauling era químico. Portanto, Crick e eu começámos a construir modelos, e eu aprendi um pouco de química, mas não o suficiente. Encontrámos a resposta a 28 de Fevereiro de 1953. Foi por causa de uma regra que, para mim, é uma regra muito boa: Nunca sejas a pessoa mais esperta presente, e nós não éramos. Não éramos os melhores químicos presentes. Mostrei-lhes um emparelhamento que eu tinha feito, e Jerry Donohue — era químico — disse: "Está errado. Tens os átomos de hidrogénio no sítio errado". Eu tinha-os posto tal qual eles estavam nos livros. Ele disse que estavam errados.
So the next day, you know, after I thought, "Well, he might be right." So I changed the locations, and then we found the base pairing, and Francis immediately said the chains run in absolute directions. And we knew we were right. So it was a pretty, you know, it all happened in about two hours. From nothing to thing. And we knew it was big because, you know, if you just put A next to T and G next to C, you have a copying mechanism. So we saw how genetic information is carried. It's the order of the four bases. So in a sense, it is a sort of digital-type information. And you copy it by going from strand-separating. So, you know, if it didn't work this way, you might as well believe it, because you didn't have any other scheme. (Laughter)
Por isso no dia seguinte, comecei a pensar: "Bem, talvez ele tenha razão" Modifiquei as localizações, e depois encontrámos os pares das bases, Francis disse que as cadeias estavam organizadas em direcções absolutas. E nós soubemos que estávamos correctos. Tudo isto aconteceu em mais ou menos duas horas. Do nada para tudo. Nós sabíamos que era importante porque se pusesse A ao pé de T e G ao pé de C, tínhamos um mecanismo de cópia. Visualizámos como era transportada a informação genética, na ordem das quatro bases. Por isso, de certo modo, é um tipo de informação digital. É copiada através da separação das cadeias. Se não funcionasse dessa maneira, mais valia acreditar nisso, porque não havia mais nenhum mecanismo.
But that's not the way most scientists think. Most scientists are really rather dull. They said, we won't think about it until we know it's right. But, you know, we thought, well, it's at least 95 percent right or 99 percent right. So think about it. The next five years, there were essentially something like five references to our work in "Nature" -- none. And so we were left by ourselves, and trying to do the last part of the trio: how do you -- what does this genetic information do? It was pretty obvious that it provided the information to an RNA molecule, and then how do you go from RNA to protein? For about three years we just -- I tried to solve the structure of RNA. It didn't yield. It didn't give good x-ray photographs. I was decidedly unhappy; a girl didn't marry me. It was really, you know, sort of a shitty time. (Laughter)
(Risos) Mas não era assim que pensava a maior parte dos cientistas. A maioria dos cientistas são aborrecidos. Disseram: "Não pensamos no assunto até sabermos que está certo. Mas nós pensámos: "Pelos menos, está 95% certo, ou 99% certo". Nos cinco anos seguintes, houve qualquer coisa como cinco referências do nosso trabalho na Nature — nada. Por isso deixaram-nos em paz, a tentar resolver a última parte da pista: "O que é que esta informação genética faz?" Era bastante óbvio que fornecia a informação a uma molécula de ARN, mas depois como passava do ARN para a proteína? Durante três anos tentei descobrir a estrutura do ARN, sem resultados. Ele não fornecia boas fotografias de raios X. Eu estava decididamente infeliz; uma rapariga não quis casar comigo. Foi mesmo um tempo de merda.
So there's a picture of Francis and I before I met the girl, so I'm still looking happy. (Laughter) But there is what we did when we didn't know where to go forward: we formed a club and called it the RNA Tie Club. George Gamow, also a great physicist, he designed the tie. He was one of the members. The question was: How do you go from a four-letter code to the 20-letter code of proteins? Feynman was a member, and Teller, and friends of Gamow. But that's the only -- no, we were only photographed twice. And on both occasions, you know, one of us was missing the tie. There's Francis up on the upper right, and Alex Rich -- the M.D.-turned-crystallographer -- is next to me. This was taken in Cambridge in September of 1955. And I'm smiling, sort of forced, I think, because the girl I had, boy, she was gone. (Laughter)
(Risos) Esta é uma fotografia comigo e Francis antes de eu ter conhecido a rapariga, por isso ainda pareço feliz. (Risos) Mas eis o que fizemos quando não soubemos o que fazer a seguir: formámos um clube e chamámos-lhe o Clube da Gravata de ARN. Geroge Gamow, também um grande físico, criou a gravata. Era um dos membros. A questão era: Como passar de um código de 4 letras para o código de 20 letras das proteínas? Feynman era membro, e Teller, e amigos de Gamow. Mas essa é a única — não, nós fomos fotografados duas vezes. Nas duas ocasiões, um de nós não tinha a gravata. Ali está Francis no canto superior direito, e Alex Rich — médico cristalógrafo — está ao meu lado, Esta foi tirada em Cambridge em Setembro de 1955. Penso que estou a sorrir de modo forçado por causa da rapariga que eu tinha, ela tinha-se ido embora.
And so I didn't really get happy until 1960, because then we found out, basically, you know, that there are three forms of RNA. And we knew, basically, DNA provides the information for RNA. RNA provides the information for protein. And that let Marshall Nirenberg, you know, take RNA -- synthetic RNA -- put it in a system making protein. He made polyphenylalanine, polyphenylalanine. So that's the first cracking of the genetic code, and it was all over by 1966. So there, that's what Chris wanted me to do, it was -- so what happened since then? Well, at that time -- I should go back. When we found the structure of DNA, I gave my first talk at Cold Spring Harbor. The physicist, Leo Szilard, he looked at me and said, "Are you going to patent this?" And -- but he knew patent law, and that we couldn't patent it, because you couldn't. No use for it. (Laughter)
(Risos) Por isso, não fiquei nada feliz até 1960, porque foi nessa altura que descobrimos que existiam três formas de ARN. E nós sabíamos que o ADN fornece a informação ao ARN e o ARN fornece a informação às proteínas. Isso levou Marshall Nirenberg a pegar em ARN — ARN sintético — e a pô-lo num sistema a criar proteínas. Criou polifenilalanina, Essa foi a primeira descodificação do código genético, E tudo acabou por volta de 1966. Pronto, isto era o que Chris queria que eu fizesse. E o que é que aconteceu desde essa altura? Nessa altura, eu tenho que voltar atrás. Quando descobrimos a estrutura do ADN, eu fiz a minha primeira palestra em Cold Spring Harbor. O físico Leó Szilárd olhou para mim e disse: "Vais patentear isso"? Mas ele conhecia as leis das patentes, sabia que nós não a podíamos patentear, porque não podíamos, não tinha utilidade. (Risos)
And so DNA didn't become a useful molecule, and the lawyers didn't enter into the equation until 1973, 20 years later, when Boyer and Cohen in San Francisco and Stanford came up with their method of recombinant DNA, and Stanford patented it and made a lot of money. At least they patented something which, you know, could do useful things. And then, they learned how to read the letters for the code. And, boom, we've, you know, had a biotech industry. And, but we were still a long ways from, you know, answering a question which sort of dominated my childhood, which is: How do you nature-nurture?
Por isso o ADN não se tornou uma molécula útil, e os advogados não lhe deram importância até 1973, vinte anos depois, quando Bowyer e Cohen em São Francisco e Stanford desenvolveram um método de criar ADN recombinante e Stanford patenteou-o e fez muito dinheiro. Pelo menos eles patentearam alguma coisa que podia fazer alguma coisa de útil. Depois, aprenderam a ler as letras do código e, boom, nós temos a indústria biotécnica. Mas estamos ainda a uma longa distância de responder à pergunta que dominou a minha infância, e que é: como se desenvolve?
And so I'll go on. I'm already out of time, but this is Michael Wigler, a very, very clever mathematician turned physicist. And he developed a technique which essentially will let us look at sample DNA and, eventually, a million spots along it. There's a chip there, a conventional one. Then there's one made by a photolithography by a company in Madison called NimbleGen, which is way ahead of Affymetrix. And we use their technique. And what you can do is sort of compare DNA of normal segs versus cancer. And you can see on the top that cancers which are bad show insertions or deletions. So the DNA is really badly mucked up, whereas if you have a chance of surviving, the DNA isn't so mucked up. So we think that this will eventually lead to what we call "DNA biopsies." Before you get treated for cancer, you should really look at this technique, and get a feeling of the face of the enemy. It's not a -- it's only a partial look, but it's a -- I think it's going to be very, very useful.
Portanto, vou continuar. Já estou a ficar sem tempo. Este é Michael Wigler, um matemático muito inteligente que se tornou físico. Desenvolveu uma técnica que nos vai permitir analisar uma amostra de ADN e, talvez, milhões de pontos ao longo dessa amostra. Aquilo é um chip, um chip convencional. O outro é um chip criado através de fotolitografia por uma empresa em Madison chamada NimbleGen, que está muito mais avançada que a Affymetrix. E nós usamos a sua técnica. Podemos comparar o ADN de amostras normais. Ali está o cancro, e é possível ver no topo que os cancros que são maus apresentam inserções ou delecções. Por isso o ADN está mesmo destruído, enquanto que se existir uma possibilidade de sobrevivência o ADN não está tão destruído. Pensamos que isto poderá permitir o que chamamos de "biópsias do ADN". Antes de uma pessoa receber tratamento para o cancro devia usar-se esta técnica para perceber qual é a face do inimigo. É apenas uma visão parcial,
So, we started with breast cancer because there's lots of money for it, no government money. And now I have a sort of vested interest: I want to do it for prostate cancer. So, you know, you aren't treated if it's not dangerous. But Wigler, besides looking at cancer cells, looked at normal cells, and made a really sort of surprising observation. Which is, all of us have about 10 places in our genome where we've lost a gene or gained another one. So we're sort of all imperfect. And the question is well, if we're around here, you know, these little losses or gains might not be too bad. But if these deletions or amplifications occurred in the wrong gene, maybe we'll feel sick.
mas penso que será muito, muito útil. Começámos com o cancro da mama porque há muito dinheiro para essa investigação, — mas não é dinheiro governamental. E agora tenho uma espécie de interesse instalado: quero fazer a mesma coisa com o cancro da próstata. Um paciente não é tratado se o cancro não for perigoso. Mas Wigler, para além de analisar células cancerígenas, analisou células normais e fez uma interessante e surpreendente observação. Todos nós temos cerca de 10 lugares no nosso genoma onde perdemos um gene ou ganhámos outro. Portanto nós somos todos mais ou menos imperfeitos. A questão é que, se continuamos por aqui, essas pequenas perdas ou ganhos podem não ser assim tão maus. Mas se essas delecções e amplificações ocorressem no gene errado, talvez nos sentíssemos doentes.
So the first disease he looked at is autism. And the reason we looked at autism is we had the money to do it. Looking at an individual is about 3,000 dollars. And the parent of a child with Asperger's disease, the high-intelligence autism, had sent his thing to a conventional company; they didn't do it. Couldn't do it by conventional genetics, but just scanning it we began to find genes for autism. And you can see here, there are a lot of them. So a lot of autistic kids are autistic because they just lost a big piece of DNA. I mean, big piece at the molecular level. We saw one autistic kid, about five million bases just missing from one of his chromosomes. We haven't yet looked at the parents, but the parents probably don't have that loss, or they wouldn't be parents. Now, so, our autism study is just beginning. We got three million dollars. I think it will cost at least 10 to 20 before you'd be in a position to help parents who've had an autistic child, or think they may have an autistic child, and can we spot the difference? So this same technique should probably look at all. It's a wonderful way to find genes.
Por isso a primeira doença que ele analisou foi o autismo. Ele analisou o autismo porque tínhamos o dinheiro para o fazer. A análise de um indivíduo custa cerca de 3000 dólares. O pai duma criança com doença de Asperger, autismo de alta inteligência tinha enviado a sua coisa para uma empresa convencional. Eles não a analisaram. Não era possível fazê-lo usando genética convencional Mas apenas através de scanners começámos a encontrar os genes para o autismo. Como podem ver, existem muitos. Por isso muitos dos miúdos autistas são autistas porque perderam um grande pedaço do seu ADN. Ou seja, um pedaço grande a nível molecular. Vimos um miúdo autista com cerca de 5 milhões de bases desaparecidas apenas num dos seus cromossomas. Ainda não analisámos os pais dele, mas os pais provavelmente não apresentam essa perda, senão não seriam pais. O estudo do autismo é apenas o começo. Temos 3 milhões de dólares. Penso que custará pelo menos 10 a 20 milhões antes de podermos ajudar os pais que tiveram uma criança autista, ou pensam que podem ter uma criança autista, e podermos descobrir a diferença. Esta mesma técnica poderá provavelmente analisar tudo.
And so, I'll conclude by saying we've looked at 20 people with schizophrenia. And we thought we'd probably have to look at several hundred before we got the picture. But as you can see, there's seven out of 20 had a change which was very high. And yet, in the controls there were three. So what's the meaning of the controls? Were they crazy also, and we didn't know it? Or, you know, were they normal? I would guess they're normal. And what we think in schizophrenia is there are genes of predisposure, and whether this is one that predisposes -- and then there's only a sub-segment of the population that's capable of being schizophrenic.
É uma maravilhosa maneira de encontrar genes. Vou concluir dizendo que nós analisámos 20 pessoas com esquizofrenia. Pensámos que provavelmente teríamos de analisar várias centenas antes de termos uma ideia. Mas como podem ver que 7 das 20 tinham uma modificação que era muito alta. Mas nos controlos havia três. Qual é o significado dos controlos? Será que também eram malucos sem nós sabermos? Ou eram normais? Eu apostaria que eram normais. O que nós pensamos sobre a esquizofrenia é que há genes que predispõem e que este é um gene que predispõe e depois há apenas um sub-segmento da população
Now, we don't have really any evidence of it, but I think, to give you a hypothesis, the best guess is that if you're left-handed, you're prone to schizophrenia. 30 percent of schizophrenic people are left-handed, and schizophrenia has a very funny genetics, which means 60 percent of the people are genetically left-handed, but only half of it showed. I don't have the time to say. Now, some people who think they're right-handed are genetically left-handed. OK. I'm just saying that, if you think, oh, I don't carry a left-handed gene so therefore my, you know, children won't be at risk of schizophrenia. You might. OK? (Laughter)
que vem a ser esquizofrénica. Nós não temos nenhuma prova disto mas penso, para vos dar uma hipótese, a resposta mais provável é que, se uma pessoa é esquerdina, tem mais tendência para a esquizofrenia. 30 % dos esquizofrénicos são esquerdinos. A esquizofrenia tem uma genética muito curiosa, o que significa que 60% das pessoas são geneticamente esquerdinas, mas apenas metade o demonstrou. Não tenho tempo para explicar. Há pessoas que julgam que são destras são geneticamente esquerdinas. Eu apenas estou a dizer, se vocês pensarem: "Eu não possuo o gene para ser esquerdino por isso as crianças não correm o risco de esquizofrenia". Talvez corram. (Risos)
So it's, to me, an extraordinarily exciting time. We ought to be able to find the gene for bipolar; there's a relationship. And if I had enough money, we'd find them all this year. I thank you.
Para mim, é uma altura extraordinariamente excitante. Devemos ser capazes de encontrar o gene para a bipolaridade; existe uma relação. Se eu tivesse dinheiro suficiente, íamos encontrá-los todos este ano. Obrigada.