So, there's about seven and a half billion of us. The World Health Organization tells us that 300 million of us are depressed, and about 800,000 people take their lives every year. A tiny subset of them choose a profoundly nihilistic route, which is they die in the act of killing as many people as possible. These are some famous recent examples. And here's a less famous one. It happened about nine weeks ago. If you don't remember it, it's because there's a lot of this going on. Wikipedia just last year counted 323 mass shootings in my home country, the United States. Not all of those shooters were suicidal, not all of them were maximizing their death tolls, but many, many were.
Somos cerca de sete mil milhões e meio. A Organização Mundial de Saúde diz-nos que 300 milhões de nós têm depressão, e que cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. Uma ínfima parte destas pessoas escolhe um caminho profundamente niilista, que é morrer no ato de matar o maior número de pessoas possível. Estes são alguns dos exemplos mais recentes. Este é menos famoso. Aconteceu há umas nove semanas. Se não se lembram, é porque isto têm acontecido muito. Só no último ano, a Wikipédia contou 323 massacres no meu país de origem, os Estados Unidos da América. Nem todos os atiradores eram suicidas, nem todos maximizaram o número de mortes, mas houve muitos que o fizeram.
An important question becomes: What limits do these people have? Take the Vegas shooter. He slaughtered 58 people. Did he stop there because he'd had enough? No, and we know this because he shot and injured another 422 people who he surely would have preferred to kill. We have no reason to think he would have stopped at 4,200. In fact, with somebody this nihilistic, he may well have gladly killed us all. We don't know. What we do know is this: when suicidal murderers really go all in, technology is the force multiplier.
Há uma questão que ganha importância: Que limites têm estas pessoas? Pensem no atirador de Las Vegas. Matou 58 pessoas. Será que parou porque já estava farto? Não, e sabemo-lo porque disparou e feriu outras 422 pessoas que, com certeza, teria preferido matar. Não temos razões para pensar que teria parado nas 4200. Na verdade, com alguém tão niilista, teria todo o prazer em nos matar a todos. Não sabemos. O que sabemos é: quando assassinos suicidas vão ao limite, a tecnologia é o multiplicador de força.
Here's an example. Several years back, there was a rash of 10 mass school attacks in China carried out with things like knives and hammers and cleavers, because guns are really hard to get there. By macabre coincidence, this last attack occurred just hours before the massacre in Newtown, Connecticut. But that one American attack killed roughly the same number of victims as the 10 Chinese attacks combined. So we can fairly say, knife: terrible; gun: way worse. And airplane: massively worse, as pilot Andreas Lubitz showed when he forced 149 people to join him in his suicide, smashing a plane into the French Alps.
Vou dar um exemplo. Há muitos anos, houve um surto de ataques em escolas na China praticados com coisas como facas e martelos e cutelos, porque lá é muito difícil arranjar armas de fogo. Por coincidência macabra, este último ataque aconteceu horas antes do massacre em Newtown, Connecticut. Mas o ataque nos EUA fez, sozinho, mais ou menos o mesmo número de vítimas que os 10 ataques na China juntos. Acho que podemos dizer, faca: terrível; pistola: muito pior. E avião: muitíssimo pior, como demonstrou o piloto Andreas Lubitz quando forçou 149 pessoas a acompanhá-lo no seu suicídio, ao despenhar um avião nos Alpes franceses.
And there are other examples of this. And I'm afraid there are far more deadly weapons in our near future than airplanes, ones not made of metal. So let's consider the apocalyptic dynamics that will ensue if suicidal mass murder hitches a ride on a rapidly advancing field that for the most part holds boundless promise for society. Somewhere out there in the world, there's a tiny group of people who would attempt, however ineptly, to kill us all if they could just figure out how. The Vegas shooter may or may not have been one of them, but with seven and a half billion of us, this is a nonzero population. There's plenty of suicidal nihilists out there. We've already seen that. There's people with severe mood disorders that they can't even control. There are people who have just suffered deranging traumas, etc. etc. As for the corollary group, its size was simply zero forever until the Cold War, when suddenly, the leaders of two global alliances attained the ability to blow up the world.
E há outros exemplos disto. E temo que, num futuro próximo, haja armas bem mais mortíferas do que um avião, que não serão feitas de metal. Se tivermos em conta as dinâmicas apocalípticas que se seguirão se os massacres suicidas apanharem boleia de um campo em rápido crescimento que seja, na sua maioria, extremamente prometedor para a sociedade. Algures no mundo, há um pequeníssimo grupo de pessoas que tentariam, por muito ineptas que fossem, matar-nos a todos se conseguissem descobrir como. O atirador de Las Vegas pode, ou não, ter sido um deles, mas sendo nós sete mil milhões e meio, essa população não é zero. Há muitos niilistas suicidas por aí. Já vimos que sim. Há pessoas com graves transtornos de humor que não conseguem sequer controlar. Há pessoas que acabaram de sofrer traumas perturbadores etc., etc. Já o grupo corolário, o seu tamanho foi zero desde sempre, até à Guerra Fria, quando, de repente, os líderes de duas alianças mundiais obtiveram a capacidade de fazer explodir o planeta.
The number of people with actual doomsday buttons has stayed fairly stable since then. But I'm afraid it's about to grow, and not just to three. This is going off the charts. I mean, it's going to look like a tech business plan.
O número de pessoas com verdadeiros botões apocalípticos manteve-se minimamente estável desde então. Mas temo que esteja prestes a aumentar, e não é só para três. Nem vão caber no gráfico. A sério, vai parecer um plano de negócios.
(Laughter)
(Risos)
And the reason is, we're in the era of exponential technologies, which routinely take eternal impossibilities and make them the actual superpowers of one or two living geniuses and -- this is the big part -- then diffuse those powers to more or less everybody.
E a razão por trás disso é que estamos na era das tecnologias exponenciais, que todos os dias pegam em eternos impossíveis e fazem deles verdadeiros super-poderes para um ou dois génios vivos e esta é a parte mais importante, que depois distribuem estes poderes por mais ou menos toda a gente.
Now, here's a benign example. If you wanted to play checkers with a computer in 1952, you literally had to be that guy, then commandeer one of the world's 19 copies of that computer, then used your Nobel-adjacent brain to teach it checkers. That was the bar. Today, you just need to know someone who knows someone who owns a telephone, because computing is an exponential technology.
Vamos ver um exemplo benigno. Se quisessem jogar damas com um computador em 1952, tinham literalmente de ser aquele sujeito, dono de um dos 19 exemplares daquele computador, existentes no mundo na altura, e depois usar o vosso cérebro quase Nobel, para lhe ensinar damas. Eram esses os requisitos. Hoje só precisam de conhecer alguém que conheça alguém que tenha um telemóvel, porque a informática é uma tecnologia exponencial.
So is synthetic biology, which I'll now refer to as "synbio." And in 2011, a couple of researchers did something every bit as ingenious and unprecedented as the checkers trick with H5N1 flu. This is a strain that kills up to 60 percent of the people it infects, more than Ebola. But it is so uncontagious that it's killed fewer than 50 people since 2015. So these researchers edited H5N1's genome and made it every bit as deadly, but also wildly contagious. The news arm of one of the world's top two scientific journals said if this thing got out, it would likely cause a pandemic with perhaps millions of deaths. And Dr. Paul Keim said he could not think of an organism as scary as this, which is the last thing I personally want to hear from the Chairman of the National Science Advisory Board on Biosecurity. And by the way, Dr. Keim also said this --
Tal como a biologia sintética, a que me vou referir por "simbio" daqui para a frente. Em 2011, dois investigadores fizeram algo, que tinha tanto de engenhoso e de inédito como o truque das damas, com o vírus da gripe H5N1. É uma estirpe que mata 60% das pessoas infetadas, mais do que o Ébola. Mas é tão pouco contagioso que matou menos de 50 pessoas, desde 2015. Estes investigadores alteraram o genoma do H5N1 e deixaram-no tão mortífero como antes, mas também extremamente contagioso. O setor de notícias de uma das revistas científicas do top 2 mundial declarou que, se isso saísse cá para fora, era provável que causasse uma pandemia com, possivelmente, milhões de mortes. O Dr. Paul Keim afirmou não conhecer um organismo mais assustador do que este, o que é a última coisa que eu queria ouvir vinda do Presidente do Painel Consultivo da Biossegurança dos EUA. E já agora, o Dr. Keim também disse isto:
["I don't think anthrax is scary at all compared to this."]
[Acho que o antraz não é nada assustador comparado com isto.]
And he's also one of these.
E ele também é isto.
[Anthrax expert] (Laughter)
[Especialista em antraz] (Risos)
Now, the good news about the 2011 biohack is that the people who did it didn't mean us any harm. They're virologists. They believed they were advancing science. The bad news is that technology does not freeze in place, and over the next few decades, their feat will become trivially easy. In fact, it's already way easier, because as we learned yesterday morning, just two years after they did their work, the CRISPR system was harnessed for genome editing. This was a radical breakthrough that makes gene editing massively easier -- so easy that CRISPR is now taught in high schools. And this stuff is moving quicker than computing. That slow, stodgy white line up there? That's Moore's law. That shows us how quickly computing is getting cheaper. That steep, crazy-fun green line, that shows us how quickly genetic sequencing is getting cheaper. Now, gene editing and synthesis and sequencing, they're different disciplines, but they're tightly related. And they're all moving in these headlong rates. And the keys to the kingdom are these tiny, tiny data files. That is an excerpt of H5N1's genome. The whole thing can fit on just a few pages. And yeah, don't worry, you can Google this as soon as you get home. It's all over the internet, right? And the part that made it contagious could well fit on a single Post-it note. And once a genius makes a data file, any idiot can copy it, distribute it worldwide or print it. And I don't just mean print it on this, but soon enough, on this.
Agora, a boa notícia sobre a pirataria biológica de 2011 é que os responsáveis não tencionavam fazer-nos mal. São virologistas. Acreditavam estar a contribuir para o avanço da ciência. A má notícia é que a tecnologia não fica parada, e no decorrer das próximas décadas, este feito vai passar a ser uma coisa fácil e trivial. A verdade é que já é bem mais fácil porque, como descobrimos ontem de manhã, apenas dois anos depois desse trabalho, o sistema CRISPR foi aproveitado para a modificação do genoma. Foi um avanço enorme que tornou a modificação genética muitíssimo mais fácil tão fácil que o CRISPR já está a ser ensinado em escolas secundárias Estas coisas estão a avançar mais rápido do que a informática. Aquela linha branca pesada e lenta ali em cima? É a Lei de Moore. Mostra-nos a rapidez com que a informática está a ficar mais barata. Aquela linha verde engraçada e inclinada mostra a rapidez com que a sequenciação genética está a ficar mais barata. Agora, a modificação, a síntese e a sequenciação genética são disciplinas diferentes mas com uma relação próxima. Estão todas a mover-se a um ritmo precipitado. As chaves do reino são estes ficheiros minúsculos. Isto é um excerto do genoma do H5N1. Cabe todo em poucas páginas. Podem vê-lo no Google quando chegarem a casa. Está por todo o lado na Internet. E a parte que o tornou contagioso é capaz de caber num único "post-it". Assim que um génio cria um ficheiro, qualquer idiota o pode copiar, distribuí-lo pelo mundo inteiro, ou imprimi-lo. E não estou só a falar de imprimir nisto, mas também nisto, muito em breve.
So let's imagine a scenario. Let's say it's 2026, to pick an arbitrary year, and a brilliant virologist, hoping to advance science and better understand pandemics, designs a new bug. It's as contagious as chicken pox, it's as deadly as Ebola, and it incubates for months and months before causing an outbreak, so the whole world can be infected before the first sign of trouble. Then, her university gets hacked. And of course, this is not science fiction. In fact, just one recent US indictment documents the hacking of over 300 universities. So that file with the bug's genome on it spreads to the internet's dark corners. And once a file is out there, it never comes back -- just ask anybody who runs a movie studio or a music label. So now maybe in 2026, it would take a true genius like our virologist to make the actual living critter, but 15 years later, it may just take a DNA printer you can find at any high school. And if not? Give it a couple of decades.
Vamos imaginar o seguinte cenário. Imaginem que estamos em 2026 — podia ser um ano qualquer — e que uma virologista genial, à procura de um avanço científico e de compreender melhor as pandemias, cria um novo vírus. É tão contagioso como a varicela, tão letal como o Ébola, leva vários meses a incubar antes de causar um surto, e, por isso, é capaz de infetar o mundo inteiro antes de haver qualquer sinal de alarme. Depois a universidade dela é alvo de um ataque informático. E é claro, isto não é ficção científica. Na realidade, um processo recente nos EUA descreve ataques informáticos a mais de 300 universidades. Então aquele ficheiro que tem o genoma do vírus espalha-se pelos cantos escuros da Internet. Assim que um ficheiro lá chega, nunca mais volta... perguntem a qualquer pessoa que trabalhe num estúdio de cinema ou numa editora discográfica. Em 2026 talvez fosse preciso um verdadeiro génio como a nossa virologista para dar vida à criatura, mas 15 anos mais tarde, bastará uma impressora de ADN disponível em qualquer escola. E se assim não for? Deem-lhe umas décadas.
So, a quick aside: Remember this slide here? Turn your attention to these two words. If somebody tries this and is only 0.1 percent effective, eight million people die. That's 2,500 9/11s. Civilization would survive, but it would be permanently disfigured. So this means we need to be concerned about anybody who has the faintest shot on goal, not just geniuses. So today, there's a tiny handful of geniuses who probably could make a doomsday bug that's .1-percent effective and maybe even a little bit more. They tend to be stable and successful and so not part of this group. So I guess I'm sorta kinda barely OK-ish with that. But what about after technology improves and diffuses and thousands of life science grad students are enabled? Are every single one of them going to be perfectly stable? Or how about a few years after that, where every stress-ridden premed is fully enabled? At some point in that time frame, these circles are going to intersect, because we're now starting to talk about hundreds of thousands of people throughout the world. And they recently included that guy who dressed up like the Joker and shot 12 people to death at a Batman premiere. That was a neuroscience PhD student with an NIH grant.
Só um pequeno aparte: Lembram-se deste diapositivo? Prestem atenção a esta palavra. [Talvez] Se alguém tentar fazer isto e só tiver 0,1% de eficácia, morrem oito milhões de pessoas. São 2500 onzes de setembro. A civilização sobreviveria, mas ficaria permanentemente desfigurada. Isto significa que temos de nos preocupar com qualquer pessoa que faça qualquer tentativa, mesmo que fraca, não é só com os génios. Atualmente, contam-se pelos dedos de uma mão os génios capazes de criar um vírus apocalíptico com uma eficácia de 0,1%, talvez até um pouco mais. Tendem a ser pessoas estáveis e bem sucedidas e, portanto, não fazem parte deste grupo. Acho que vivo mais ou menos bem com esse facto. Então e quando a tecnologia melhorar e se difundir e milhares de estudantes de ciências ganharem essa capacidade? Vão ser todos pessoas perfeitamente estáveis? Ou ainda uns anos mais tarde, quando qualquer aspirante a estudante de medicina tiver esse acesso? Vai haver um ponto nesse período em que os dois grupos se vão intersetar, porque agora estamos a falar de centenas de milhares de pessoas espalhadas pelo mundo. Há pouco tempo passaram a incluir aquele homem que se vestiu de Joker e matou a tiro 12 pessoas na estreia do Batman. Era um estudante de doutoramento em neurociência com uma bolsa do Instituto Nacional de Saúde.
OK, plot twist: I think we can actually survive this one if we start focusing on it now. And I say this, having spent countless hours interviewing global leaders in synbio and also researching their work for science podcasts I create. I have come to fear their work, in case I haven't gotten that out there yet --
Ok, reviravolta: Acho que dá para sobreviver a esta se nos concentrarmos já nisso. E eu digo isto depois de ter passado horas a fio a entrevistar líderes mundiais na biologia sintética e a estudar o seu trabalho para os "podcasts" que faço sobre ciência. Comecei a ter medo desse trabalho, caso ainda não tenham reparado...
(Laughter)
(Risos)
but more than that, to revere its potential. This stuff will cure cancer, heal our environment and stop our cruel treatment of other creatures. So how do we get all this without, you know, annihilating ourselves?
mas, para além disso, comecei a admirar o seu potencial. Estas coisas vão curar o cancro, curar o meio ambiente e acabar com a forma cruel como tratamos outros seres. Então como é que chegamos aí sem nos auto-aniquilarmos?
First thing: like it or not, synbio is here, so let's embrace the technology. If we do a tech ban, that would only hand the wheel to bad actors. Unlike nuclear programs, biology can be practiced invisibly. Massive Soviet cheating on bioweapons treaties made that very clear, as does every illegal drug lab in the world.
Primeiro: goste-se ou não, a biologia sintética veio para ficar, portanto, aceitemos a tecnologia. Se a banirmos, estaríamos a dar o controlo aos maus atores. Ao contrário dos programas nucleares, a biologia consegue ser praticamente invisível. As gigantescas fraudes soviéticas, ignorando tratados contra armas químicas tornaram-no muito claro, assim como todos os laboratórios ilegais de drogas.
Secondly, enlist the experts. Let's sign them up and make more of them. For every million and one bioengineers we have, at least a million of them are going to be on our side. I mean, Al Capone would be on our side in this one. The bar to being a good guy is just so low. And massive numerical advantages do matter, even when a single bad guy can inflict grievous harm, because among many other things, they allow us to exploit the hell out of this: we have years and hopefully decades to prepare and prevent. The first person to try something awful -- and there will be somebody -- may not even be born yet.
Segundo: recrutem especialistas. Vamos contratá-los e aproveitá-los melhor. Por cada mil e um bioengenheiros que existem, pelos menos mil vão estar do nosso lado. Quer dizer, nisto até o Al Capone ia ficar do nosso lado. A fasquia para se ser boa pessoa está muito baixa. Vantagens numéricas esmagadoras são mesmo necessárias, mesmo quando basta apenas um vilão para infligir danos penosos, porque, entre outras coisas, eles permitem-nos explorar isto até ao tutano: temos anos e, espero eu, décadas para nos preparamos e nos prevenirmos. A primeira pessoa a tentar fazer algo terrível — e vai haver alguém — pode ainda nem sequer ter nascido.
Next, this needs to be an effort that spans society, and all of you need to be a part of it, because we cannot ask a tiny group of experts to be responsible for both containing and exploiting synthetic biology, because we already tried that with the financial system, and our stewards became massively corrupted as they figured out how they could cut corners, inflict massive, massive risks on the rest of us and privatize the gains, becoming repulsively wealthy while they stuck us with the $22 trillion bill.
Depois, isto tem de ser um esforço que se estende a toda a sociedade, e todos vocês têm de fazer parte, porque não podemos pedir a um grupo minúsculo de especialistas que sejam responsáveis por conter e explorar a biologia sintética, porque tentámos fazer isso com o sistema financeiro, e os nossos administradores tornaram-se completamente corruptos ao se aperceberem como tomar atalhos, colocar-nos a todos em riscos gravíssimos e privatizar os lucros, acumulando uma riqueza repugnante, enquanto nos forçavam a pagar a conta de 22 biliões de dólares.
And more recently --
E agora há pouco tempo...
(Applause)
(Aplausos)
Are you the ones who have gotten the thank-you letters? I'm still waiting for mine. I just figured they were too busy to be grateful.
Vocês receberam cartas de agradecimento? Eu ainda estou à espera da minha. Concluí que estavam demasiado ocupados para nos agradecer.
And much more recently, online privacy started looming as a huge issue, and we basically outsourced it. And once again: privatized gains, socialized losses. Is anybody else sick of this pattern?
E há muito pouco tempo, surgiram alertas do grande problema de privacidade na Internet, que nós praticamente entregámos a terceiros. Mais uma vez: lucro privado, prejuízo público. Mais alguém está farto deste padrão?
(Applause)
(Aplausos)
So we need a more inclusive way to safeguard our prosperity, our privacy and soon, our lives. So how do we do all of this?
Precisamos de uma forma mais inclusiva de salvaguardar a nossa prosperidade, a nossa privacidade, e em breve, as nossas vidas. Então como é que podemos fazer tudo isso?
Well, when bodies fight pathogens, they use ingenious immune systems, which are very complex and multilayered. Why don't we build one of these for the whole damn ecosystem? There's a year of TED Talks that could be given on this first critical layer. So these are just a couple of many great ideas that are out there.
Bom, quando o corpo luta contra agentes patogénicos, utiliza um engenhoso sistema imunitário, que é muito complexo e multifacetado. Porque é que não construímos um assim para o ecossistema inteiro? Podia fazer-se um ano de TED Talks só sobre este primeiro aspeto crítico. Estas são só algumas das muitas ótimas ideias que por aí andam.
Some R and D muscle could take the very primitive pathogen sensors that we currently have and put them on a very steep price performance curve that would quickly become ingenious and networked and gradually as widespread as smoke detectors and even smartphones. On a very related note: vaccines have all kinds of problems when it comes to manufacturing and distribution, and once they're made, they can't adapt to new threats or mutations. We need an agile biomanufacturing base extending into every single pharmacy and maybe even our homes. Printer technology for vaccines and medicines is within reach if we prioritize it.
Alguma ação de investigação e desenvolvimento poderia pegar nos detetores patogénicos muito primitivos que temos hoje e pô-los numa curva preço/desempenho muito inclinada que muito rapidamente se tornaria genial e em rede e que se tornaria tão acessível quanto os detetores de fumo ou mesmo os "smartphones". Uma nota que vem no seguimento: as vacinas têm todo o tipo de problemas no que toca à produção e distribuição e depois de feitas, não se podem adaptar a novas ameaças ou mutações. Precisamos de uma base de produção biológica ágil que se estenda a todas as farmácias e talvez até às nossas casas. A tecnologia de impressão aplicada às vacinas e aos medicamentos está ao nosso alcance, se lhe dermos prioridade.
Next, mental health. Many people who commit suicidal mass murder suffer from crippling, treatment-resistant depression or PTSD. We need noble researchers like Rick Doblin working on this, but we also need the selfish jerks who are way more numerous to appreciate the fact that acute suffering will soon endanger all of us, not just those afflicted. Those jerks will then join us and Al Capone in fighting this condition. Third, each and every one of us can be and should be a white blood cell in this immune system. Suicidal mass murderers can be despicable, yes, but they're also terribly broken and sad people, and those of us who aren't need to do what we can to make sure nobody goes unloved.
A seguir, saúde mental. Muitas das pessoas suicidas que cometem assassinatos em massa sofrem de depressão profunda, resistente a tratamento ou de "stress" pós-traumático. Precisamos de investigadores altruístas como Rick Dobling a trabalhar nisto, mas também precisamos de cretinos egoístas, que são bem mais numerosos, para estudar o facto de que o sofrimento agudo nos vai pôr a todos em perigo, e não apenas aos que são diretamente afetados. Os cretinos vão então juntar-se a nós e ao Al Capone na luta contra este problema. Terceiro, cada um de nós pode e deve ser um glóbulo branco deste sistema imunitário. Sim, os assassinos em massa são desprezíveis, mas também são pessoas extremamente tristes e debilitadas, e os que entre nós não o são têm de fazer o puderem para garantir que ninguém sofrerá sozinho.
(Applause)
(Aplausos)
Next, we need to make fighting these dangers core to the discipline of synthetic biology. There are companies out there that at least claim they let their engineers spend 20 percent of their time doing whatever they want. What if those who hire bioengineers and become them give 20 percent of their time to building defenses for the common good? Not a bad idea, right?
Depois temos de tornar a luta contra estes perigos numa questão central para a disciplina da biologia sintética. Há empresas que, pelo menos, dizem que deixam os seus engenheiros passar 20% das horas de trabalho a fazer o que lhes apetece. E se os que dão emprego aos bioengenheiros e os que se tornarem neles dedicassem 20% do seu tempo à construção de defesas para o bem comum? Não é má ideia, pois não?
(Applause)
(Aplausos)
Then, finally: this won't be any fun. But we need to let our minds go to some very, very dark places, and thank you for letting me take you there this evening. We survived the Cold War because every one of us understood and respected the danger, in part, because we had spent decades telling ourselves terrifying ghost stories with names like "Dr. Strangelove" and "War Games." This is no time to remain calm. This is one of those rare times when it's incredibly productive to freak the hell out --
E para terminar: isto não vai ser brincadeira. Mas temos de deixar as nossas mentes ir a sítios muito, mas mesmo muito, assustadores, e obrigada por me deixarem levar-vos lá esta noite. Sobrevivemos à Guerra Fria porque cada um de nós entendia e respeitava o perigo, em parte, porque tínhamos passado décadas a contarmos a nós mesmos histórias de fantasmas aterradoras com títulos como "Dr. Estranhoamor" e "Jogos de Guerra". Não é altura para se ficar calmo. É um daqueles raros momentos em que é extremamente produtivo passarmo-nos da cabeça
(Laughter)
(Risos)
to come up with some ghost stories and use our fear as fuel to fight this danger.
para criar algumas histórias de terror e utilizar o nosso medo como combustível para lutar contra este perigo.
Because, all these terrible scenarios I've painted -- they are not destiny. They're optional. The danger is still kind of distant. And that means it will only befall us if we allow it to.
Porque todos estes cenários terríveis que descrevi não são parte de um destino. São opcionais. O perigo ainda está mais ou menos longe. O que significa que só nos vai atingir se o permitirmos.
Let's not.
Não o vamos permitir.
Thank you very much for listening.
Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)