If you really want to understand the problem that we're facing with the oceans, you have to think about the biology at the same time you think about the physics. We can't solve the problems unless we start studying the ocean in a very much more interdisciplinary way. So I'm going to demonstrate that through discussion of some of the climate change things that are going on in the ocean. We'll look at sea level rise. We'll look at ocean warming. And then the last thing on the list there, ocean acidification -- if you were to ask me, you know, "What do you worry about the most? What frightens you?" for me, it's ocean acidification. And this has come onto the stage pretty recently. So I will spend a little time at the end.
Se quisermos compreender o problema que enfrentamos com os oceanos, temos de pensar na Biologia ao mesmo tempo que pensamos na Física. Não podemos resolver os problemas se não começarmos a estudar o oceano de uma forma muito mais interdisciplinar. Vou demonstrar através da análise de parte da alteração climática que está a ocorrer no oceano. Vamos observar a subida do nível do mar. Vamos ver o aquecimento do oceano. E a última coisa na lista, é a acidificação dos oceanos. Se me perguntassem: "O que te preocupa mais? "O que é que te assusta?" para mim, é a acidificação do oceano. Isto entrou em cena muito recentemente. Vou deter-me nisso algum tempo, lá para o fim.
I was in Copenhagen in December like a number of you in this room. And I think we all found it, simultaneously, an eye-opening and a very frustrating experience. I sat in this large negotiation hall, at one point, for three or four hours, without hearing the word "oceans" one time. It really wasn't on the radar screen. The nations that brought it up when we had the speeches of the national leaders -- it tended to be the leaders of the small island states, the low-lying island states. And by this weird quirk of alphabetical order of the nations, a lot of the low-lying states, like Kiribati and Nauru, they were seated at the very end of these immensely long rows. You know, they were marginalized in the negotiation room.
Estive em Copenhaga em dezembro como alguns de vós nesta sala. Penso que todos achámos que foi, simultaneamente, uma experiência reveladora e uma experiência muito frustrante. Estive sentado numa grande sala de negociações, durante três ou quatro horas, sem ouvir a palavra "oceanos" uma única vez. Realmente, não aparecia no radar. As nações que o referiram, aquando dos discursos dos líderes nacionais, foram tendencialmente os líderes dos pequenos estados-ilhas, os estados-ilhas de baixa altitude. Por um bizarro acaso da ordem alfabética das nações, muitos dos estados de baixas altitudes, como Kiribati e Nauru, estavam sentados mesmo no fim de umas filas muito compridas. Foram marginalizados na sala de negociações
One of the problems is coming up with the right target. It's not clear what the target should be. And how can you figure out how to fix something if you don't have a clear target? Now, you've heard about "two degrees": that we should limit temperature rise to no more than two degrees. But there's not a lot of science behind that number. We've also talked about concentrations of carbon dioxide in the atmosphere. Should it be 450? Should it be 400? There's not a lot of science behind that one either. Most of the science that is behind these numbers, these potential targets, is based on studies on land. And I would say, for the people that work in the ocean and think about what the targets should be, we would argue that they must be much lower. You know, from an oceanic perspective, 450 is way too high. Now there's compelling evidence that it really needs to be 350. We are, right now, at 390 parts per million of CO2 in the atmosphere. We're not going to put the brakes on in time to stop at 450, so we've got to accept we're going to do an overshoot, and the discussion as we go forward has to focus on how far the overshoot goes and what's the pathway back to 350.
Um dos problemas é definir qual o alvo certo. Não é claro qual deve ser o alvo. Como se pode resolver uma coisa se não se tem um alvo claro? Já ouviram falar dos "dois graus"? Devíamos limitar o aumento da temperatura no máxmo a dois graus. Mas não há muita ciência por detrás desse número. Também se disse que as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera. deviam ser de 450 ou de 400. Também não há muita ciência por detrás desses números. A ciência que poderá haver por detrás desses números, desses potenciais alvos, baseia-se em estudos no solo. E eu diria, tal como as pessoas que trabalham no oceano e pensam em quais devem ser os alvos, nós diríamos que eles devem ser mais baixos. De um ponto de vista oceânico, 450 é demasiado alto. Há dados irrefutáveis de que é preciso que sejam 350. Neste momento, estamos a 390 partes por milhão de CO2 na atmosfera. Não vamos carregar nos travões a tempo de parar nos 450, por isso temos de aceitar que os vamos ultrapassar. A discussão, à medida que avançamos tem de se concentrar em quão grande será essa ultrapassagem e qual é o rumo para voltar aos 350.
Now, why is this so complicated? Why don't we know some of these things a little bit better? Well, the problem is that we've got very complicated forces in the climate system. There's all kinds of natural causes of climate change. There's air-sea interactions. Here in Galapagos, we're affected by El Ninos and La Nina. But the entire planet warms up when there's a big El Nino. Volcanoes eject aerosols into the atmosphere. That changes our climate. The ocean contains most of the exchangeable heat on the planet. So anything that influences how ocean surface waters mix with the deep water changes the ocean of the planet. And we know the solar output's not constant through time. So those are all natural causes of climate change. And then we have the human-induced causes of climate change as well. We're changing the characteristics of the surface of the land, the reflectivity. We inject our own aerosols into the atmosphere, and we have trace gases, and not just carbon dioxide -- it's methane, ozone, oxides of sulfur and nitrogen.
Porque é que isto é tão complicado? Porque é que não conhecemos melhor estas coisas? O problema é que temos forças muito complicadas no sistema climático. Há todo o tipo de causas naturais para a alteração climática. Há as interações entre mar e ar. Aqui nas Galápagos, somos afetados por El Niños e La Niña. Mas todo o planeta aquece quando há um El Niño grande. Os vulcões expelem aerossóis para a atmosfera. Isso muda o nosso clima. O oceano contém a maior parte do calor permutável do planeta. Por isso qualquer coisa que influencie a forma como a superfície do oceano se mistura com as águas profundas, muda o oceano do planeta. Sabemos que a influência solar não é constante ao longo do tempo. Tudo isso são causas naturais para a alteração climática. Depois, também temos causas para a alteração climática produzidas pelo homem. Estamos a mudar as características da superfície do solo, a refletividade. Injetamos aerossóis na atmosfera, e temos os gases vestigiais, não apenas o dióxido de carbono — é o metano, o ozono, os óxidos de enxofre e de azoto.
So here's the thing. It sounds like a simple question. Is CO2 produced by man's activities causing the planet to warm up? But to answer that question, to make a clear attribution to carbon dioxide, you have to know something about all of these other agents of change. But the fact is we do know a lot about all of those things. You know, thousands of scientists have been working on understanding all of these man-made causes and the natural causes. And we've got it worked out, and we can say, "Yes, CO2 is causing the planet to warm up now." Now, we have many ways to study natural variability. I'll show you a few examples of this now.
Vejamos esta. Parece uma questão simples. Estará o CO2 produzido pelas atividades do homem a causar o aquecimento do planeta? Para responder a esta pergunta, para calcular uma atribuição clara ao dióxido de carbono, temos de saber mais sobre todos esses outros agentes de mudança. Mas, de facto, sabemos muito sobre todas essas outras coisas. Há milhares de cientistas que têm andado a trabalhar para compreender todas essas causas humanas e as causas naturais. Já há uma conclusão e podemos dizer: "Sim, o CO2 está a causar o aquecimento do planeta neste momento." Temos muitas formas de estudar a variabilidade natural. Vou mostrar-vos alguns exemplos disso.
This is the ship that I spent the last three months on in the Antarctic. It's a scientific drilling vessel. We go out for months at a time and drill into the sea bed to recover sediments that tell us stories of climate change, right. Like one of the ways to understand our greenhouse future is to drill down in time to the last period where we had CO2 double what it is today. And so that's what we've done with this ship. This was -- this is south of the Antarctic Circle. It looks downright tropical there. One day where we had calm seas and sun, which was the reason I could get off the ship. Most of the time it looked like this. We had a waves up to 50 ft. and winds averaging about 40 knots for most of the voyage and up to 70 or 80 knots.
Este é o barco em que passei três meses no Antártico. É uma embarcação de perfuração científica. Saímos durante meses de cada vez e perfuramos até ao leito marinho para recuperar sedimentos que nos contam histórias de alteração climática. Uma das formas de compreender o nosso futuro efeito de estufa é perfurar até ao passado, até ao último período em que tivemos o dobro do CO2 que temos hoje. Foi isso que fizemos com este barco. Isto é a sul do Círculo Antártico. Parece completamente tropical aqui. Um só dia em que tivemos mar calmo e sol, por isso, pude sair do barco. A maior parte do tempo era assim. Tivemos ondas até 15 metros e ventos a uma média de 40 nós, a maior parte da viagem, e até 70 ou 80 nós.
So that trip just ended, and I can't show you too many results from that right now, but we'll go back one more year, to another drilling expedition I've been involved in. This was led by Ross Powell and Tim Naish. It's the ANDRILL project. And we made the very first bore hole through the largest floating ice shelf on the planet. This is a crazy thing, this big drill rig wrapped in a blanket to keep everybody warm, drilling at temperatures of minus 40. And we drilled in the Ross Sea. That's the Ross Sea Ice Shelf on the right there. So, this huge floating ice shelf the size of Alaska comes from West Antarctica. Now, West Antarctica is the part of the continent where the ice is grounded on sea floor as much as 2,000 meters deep. So that ice sheet is partly floating, and it's exposed to the ocean, to the ocean heat.
Esta viagem acabou há pouco tempo e não posso mostrar muitos resultados por agora, mas vamos recuar um ano e revisitar outra expedição de perfuração em que participei. Esta foi liderada por Ross Powell e Tim Naish. Trata-se do projeto ANDRILL. Fizemos o primeiro furo de sonda de sempre, através do maior manto de gelo flutuante do planeta. É de doidos, este equipamento de perfuração embrulhado num cobertor para manter toda a gente quente, a perfurar a temperaturas de 40 graus negativos. Fizemos perfurações no Mar de Ross. Isto é o Manto de Gelo do Mar de Ross ali à direita. Este imenso manto de gelo flutuante do tamanho do Alasca vem da Antártida Ocidental. A Antártida Ocidental é a parte do continente em que o gelo está ligado ao fundo marinho até uma profundidade de 2000 metros. Este manto de gelo está parcialmente a flutuar, e está exposto ao oceano, ao calor do oceano.
This is the part of Antarctica that we worry about. Because it's partly floating, you can imagine, is sea level rises a little bit, the ice lifts off the bed, and then it can break off and float north. When that ice melts, sea level rises by six meters. So we drill back in time to see how often that's happened, and exactly how fast that ice can melt. Here's the cartoon on the left there. We drilled through a hundred meters of floating ice shelf then through 900 meters of water and then 1,300 meters into the sea floor. So it's the deepest geological bore hole ever drilled.
Esta é a parte da Antártida com que nos preocupamos. Como está parcialmente a flutuar, se o nível do mar subir um pouco, o gelo levanta o leito, pode partir-se e flutuar para norte. Quando esse gelo derrete, o nível do mar sobe seis metros. Perfuramos através do tempo para ver com que frequência isso aconteceu, e exatamente com que rapidez o gelo pode derreter. À esquerda vemos o desenho. Perfurámos através de 100 metros do manto de gelo flutuante, depois através de 900 metros de água e depois mais 1300 metros no interior do fundo marinho. É o furo mais profundo de sonda geológica jamais feito.
It took about 10 years to put this project together. And here's what we found. Now, there's 40 scientists working on this project, and people are doing all kinds of really complicated and expensive analyses. But it turns out, you know, the thing that told the best story was this simple visual description. You know, we saw this in the core samples as they came up. We saw these alternations between sediments that look like this -- there's gravel and cobbles in there and a bunch of sand. That's the kind of material in the deep sea. It can only get there if it's carried out by ice. So we know there's an ice shelf overhead. And that alternates with a sediment that looks like this. This is absolutely beautiful stuff. This sediment is 100 percent made up of the shells of microscopic plants. And these plants need sunlight, so we know when we find that sediment there's no ice overhead. And we saw about 35 alternations between open water and ice-covered water, between gravels and these plant sediments.
Levou cerca de 10 anos a montar este projeto. Eis o que descobrimos. Há aqui 40 cientistas a trabalhar neste projeto. As pessoas estão a fazer todo o tipo de análises muito complexas e caras. Mas acontece que quem contou a melhor história foi esta simples descrição visual. Vimos isto nas amostras do núcleo de gelo à medida que elas apareciam. Vimos estas alternâncias entre sedimentos como estes — que contêm cascalho e seixos e um monte de areia É o tipo de material no fundo do mar. Só pode lá ter chegado se foi transportado pelo gelo. Por isso sabemos que há um manto de gelo suspenso que alterna com um sedimento como este. Isto é uma coisa espantosamente bela. Este sedimento é 100% feito de cascas de plantas microscópicas. Essas plantas precisam da luz do sol, por isso, quando encontramos este sedimento sabemos que não há gelo suspenso. Vimos cerca de 35 alternâncias entre água aberta e água coberta de gelo, entre cascalho e estes sedimentos de plantas.
So what that means is, what it tells us is that the Ross Sea region, this ice shelf, melted back and formed anew about 35 times. And this is in the past four million years. This was completely unexpected. Nobody imagined that the West Antarctic Ice Sheet was this dynamic. In fact, the lore for many years has been, "The ice formed many tens of millions of years ago, and it's been there ever since." And now we know that in our recent past it melted back and formed again, and sea level went up and down, six meters at a time.
Isso significa que a região do Mar de Ross, este manto de gelo, voltou a derreter e formou-se de novo cerca de 35 vezes. Isto aconteceu nos últimos quatro milhões de anos. Isto foi totalmente inesperado. Ninguém imaginava que o Manto de Gelo da Antártida Ocidental fosse tão dinâmico. De facto, há muitos anos que se aceita que "o gelo formou-se há muitas dezenas de milhões de anos, "e está lá desde essa altura." Agora sabemos que, no nosso passado recente, voltou a derreter e a formar-se de novo, e que o nível do mar subiu e desceu, seis metros de cada vez.
What caused it? Well, we're pretty sure that it's very small changes in the amount of sunlight reaching Antarctica, just caused by natural changes in the orbit of the Earth. But here's the key thing: you know, the other thing we found out is that the ice sheet passed a threshold, that the planet warmed up enough -- and the number's about one degree to one and a half degrees Centigrade -- the planet warmed up enough that it became ... that ice sheet became very dynamic and was very easily melted. And you know what? We've actually changed the temperature in the last century just the right amount. So many of us are convinced now that West Antarctica, the West Antarctic Ice Sheet, is starting to melt. We do expect to see a sea-level rise on the order of one to two meters by the end of this century. And it could be larger than that. This is a serious consequence for nations like Kiribati, you know, where the average elevation is about a little over a meter above sea level.
Qual foi a causa? Estamos bastante seguros de que são mudanças muito pequenas na quantidade da luz do sol que chega à Antártida, causadas por alterações naturais na órbita da Terra. Mas este é o ponto chave: a outra coisa que descobrimos é que o manto de gelo passou um limiar, que o planeta aqueceu o suficiente e que o número é cerca de um grau a um grau e meio Celsius. O planeta aqueceu o suficiente para aquele manto de gelo se tornar muito dinâmico e derreter-se muito facilmente. Sabem que mais? Nós mudámos a temperatura no último século na quantidade certa. Muitos de nós estamos agora convencidos que o manto de gelo da Antártida Ocidental está a começar a derreter Contamos ver uma subida do nível do mar na ordem de um ou dois metros até ao fim deste século. E pode ser superior a isso. Isto é uma consequência grave para nações como o Kiribati, onde a elevação média é de pouco mais de um metro acima do nível do mar.
Okay, the second story takes place here in Galapagos. This is a bleached coral, coral that died during the 1982-'83 El Nino. This is from Champion Island. It's about a meter tall Pavona clavus colony. And it's covered with algae. That's what happens. When these things die, immediately, organisms come in and encrust and live on that dead surface. And so, when a coral colony is killed by an El Nino event, it leaves this indelible record. You can go then and study corals and figure out how often do you see this. So one of the things thought of in the '80s was to go back and take cores of coral heads throughout the Galapagos and find out how often was there a devastating event. And just so you know, 1982-'83, that El Nino killed 95 percent of all the corals here in Galapagos. Then there was similar mortality in '97-'98. And what we found after drilling back in time two to 400 years was that these were unique events. We saw no other mass mortality events. So these events in our recent past really are unique. So they're either just truly monster El Ninos, or they're just very strong El Ninos that occurred against a backdrop of global warming. Either case, it's bad news for the corals of the Galapagos Islands.
A segunda história tem lugar nas Galápagos. Isto é um coral branqueado, é coral que morreu durante o El Niño de 1982-83. São imagens da Ilha Champion. É uma colónia de Pavona clavus de cerca de um metro de altura. Está coberto de algas. É o que acontece quando os corais morrem, vêm imediatamente organismos que se incrustam e vivem naquela superfície morta. Por isso, quando morre uma colónia de coral por causa de um El Niño, deixa atrás de si este registo indelével. Podemos pois estudar os corais e tentar perceber com que frequência isto ocorre. Nos anos 80, pensámos em recolher amostras de núcleos de corais por todas as Galápagos e descobrir com que frequência ocorria um evento devastador. Fiquem a saber que, em 1982-83, aquele El Niño, matou 95% de todos os corais aqui nas Galápagos. Depois houve uma mortalidade semelhante em 1997-98. Descobrimos, depois de perfurar através do tempo, até 400 anos. que estes foram acontecimentos únicos. Não vimos nenhum outro acontecimento com mortalidade em massa. Estes acontecimentos, no nosso passado recente, são únicos. São apenas verdadeiros El Niños monstruosos, ou são apenas El Niños muito fortes que ocorreram no pano de fundo do aquecimento global. Qualquer que seja o caso, são más notícias para os corais das Ilhas Galápagos.
Here's how we sample the corals. This is actually Easter Island. Look at this monster. This coral is eight meters tall, right. And it been growing for about 600 years. Now, Sylvia Earle turned me on to this exact same coral. And she was diving here with John Lauret -- I think it was 1994 -- and collected a little nugget and sent it to me. And we started working on it, and we figured out we could tell the temperature of the ancient ocean from analyzing a coral like this. So we have a diamond drill. We're not killing the colony; we're taking a small core sample out of the top. The core comes up as these cylindrical tubes of limestone. And that material then we take back to the lab and analyze it. You can see some of the coral cores there on the right.
Eis como tirámos amostras dos corais. Isto é a Ilha da Páscoa. Olhem para este monstro. Este coral tem oito metros de altura. E continua a crescer desde há 600 anos. Foi a Sylvia Earle que me mostrou este coral. Ela estava a mergulhar com o John Lauret — penso que em 1994 — recolheu um pequeno pedaço e enviou-mo. Começámos a trabalhar nele, e percebemos que podíamos saber a temperatura do oceano antigo ao analisar um coral como este. Temos uma broca de diamante. Não matarmos a colónia, só retiramos uma pequena amostra do núcleo. O núcleo sai sob a forma destes tubos cilíndricos de calcário. E esse material é depois levado para o laboratório para ser analisado. Podem ver alguns dos núcleos de coral ali à direita.
So we've done that all over the Eastern Pacific. We're starting to do it in the Western Pacific as well. I'll take you back here to the Galapagos Islands. And we've been working at this fascinating uplift here in Urbina Bay. That the place where, during an earthquake in 1954, this marine terrace was lifted up out of the ocean very quickly, and it was lifted up about six to seven meters. And so now you can walk through a coral reef without getting wet. If you go on the ground there, it looks like this, and this is the grandaddy coral. It's 11 meters in diameter, and we know that it started growing in the year 1584. Imagine that. And that coral was growing happily in those shallow waters, until 1954, when the earthquake happened.
Fizemos isso por todo o Pacífico Oriental. Estamos a começar a fazê-lo no Pacífico Ocidental também. Voltamos de novo às Ilhas Galápagos. Temos trabalhado nesta fascinante elevação aqui em Urbina Bay. É o local onde, durante um terramoto, em 1954, esta plataforma marinha foi elevada do oceano, muito rapidamente. e foi elevada cerca de seis a sete metros. Agora podemos caminhar pelo recife sem nos molharmos. No solo aqui, o aspeto é este. e este é o avô coral. Tem 11 metros de diâmetro, sabemos que começou a crescer no ano de 1584. Imaginem só. Este coral esteve a crescer alegremente naquelas águas rasas, até 1954, quando se deu o terramoto.
Now the reason we know it's 1584 is that these corals have growth bands. When you cut them, slice those cores in half and x-ray them, you see these light and dark bands. Each one of those is a year. We know these corals grow about a centimeter and a half a year. And we just count on down to the bottom. Then their other attribute is that they have this great chemistry. We can analyze the carbonate that makes up the coral, and there's a whole bunch of things we can do. But in this case, we measured the different isotopes of oxygen. Their ratio tells us the water temperature. In this example here, we had monitored this reef in Galapagos with temperature recorders, so we know the temperature of the water the coral's growing in. Then after we harvest a coral, we measure this ratio, and now you can see, those curves match perfectly.
Sabemos que foi em 1584 porque estes corais têm estrias de crescimento. Quando cortamos ao meio fatias daqueles núcleos e fazemos um raio X, vemos estas estrias claras e escuras. Cada uma delas representa um ano. Estes corais crescem cerca de 1,5 cm por ano. É só contar de cima para baixo. Um outro atributo é que têm uma química notável. Podemos analisar o carbonato que constitui o coral. Há uma quantidade de coisas que podemos fazer. Neste caso, medimos os diferentes isótopos de oxigénio. A sua taxa revela-nos a temperatura da água. Neste exemplo aqui, tínhamos monitorizado este recife nas Galápagos com temperaturas recorde. Sabemos a temperatura da água em que o coral está a crescer. Depois, colhemos um coral, medimos esta taxa, e vemos que estas curvas coincidem perfeitamente.
In this case, at these islands, you know, corals are instrumental-quality recorders of change in the water. And of course, our thermometers only take us back 50 years or so here. The coral can take us back hundreds and thousands of years. So, what we do: we've merged a lot of different data sets. It's not just my group; there's maybe 30 groups worldwide doing this. But we get these instrumental- and near-instrumental-quality records of temperature change that go back hundreds of years, and we put them together. Here's a synthetic diagram. There's a whole family of curves here.
Neste caso, nestas ilhas, os corais constituem um instrumento de registo das mudanças na água. E claro, os nossos termómetros só nos levam a 50 anos atrás. O coral pode fazer-nos recuar centenas e milhares de anos. Por isso, juntámos muitos conjuntos de dados diferentes. Não é só o meu grupo; há talvez 30 grupos em todo o mundo a fazer isto. Conseguimos estes registos instrumentais e quase instrumentais da mudança da temperatura de há centenas de anos, e juntámos esses registos. Este é um diagrama sintético. Está aqui uma família inteira de curvas.
But what's happening: we're looking at the last thousand years of temperature on the planet. And there's five or six different compilations there, But each one of those compilations reflects input from hundreds of these kinds of records from corals. We do similar things with ice cores. We work with tree rings. And that's how we discover what is truly natural and how different is the last century, right? And I chose this one because it's complicated and messy looking, right. This is as messy as it gets. You can see there's some signals there. Some of the records show lower temperatures than others. Some of them show greater variability. But they all tell us what the natural variability is. Some of them are from the northern hemisphere; some are from the entire globe.
Estamos a olhar para os últimos mil anos da temperatura no planeta. Há aqui cinco ou seis compilações diferentes, mas cada uma dessas compilações reflete os dados de centenas de registos deste género, nos corais. Fazemos coisas semelhantes com núcleos de gelo. Trabalhamos com três anéis. Foi assim que descobrimos o que é verdadeiramente natural e quão diferente é o último século. Escolhi este porque é complicado e de aspeto confuso. Não há mais confuso do que isto. Podem ver que há alguns sinais aqui. Alguns dos registos mostram temperaturas mais baixas que outros. Alguns mostram maior variabilidade. Mas todos revelam qual é a variabilidade natural Alguns são do hemisfério norte. alguns são do planeta inteiro.
But here's what we can say: what's natural in the last thousand years is that the planet was cooling down. It was cooling down until about 1900 or so. And there is natural variability caused by the Sun, caused by El Ninos. A century-scale, decadal-scale variability, and we know the magnitude; it's about two-tenths to four-tenths of a degree Centigrade. But then at the very end is where we have the instrumental record in black. And there's the temperature up there in 2009. You know, we've warmed the globe about a degree Centigrade in the last century, and there's nothing in the natural part of that record that resembles what we've seen in the last century. You know, that's the strength of our argument, that we are doing something that's truly different.
Mas é isto que podemos dizer: o que é natural nos últimos mil anos é que o planeta estava a arrefecer. Estava a arrefecer até cerca de 1900. Há uma variabilidade natural causada pelo Sol, causada pelos El Niños. Uma variabilidade à escala do século, à escala da década, e sabemos qual a sua magnitude. É de cerca de dois a quatro décimos de um grau Celsius. Depois mesmo ali ao fim, é onde temos o registo instrumental a preto. Há um aumento de temperatura em 2009. Aquecemos o planeta cerca de um grau Celsius, no século passado. Não há nada na parte natural desse registo que se assemelhe ao que temos visto no último século. É essa a força do nosso argumento, é que estamos a fazer coisas realmente diferentes.
So I'll close with a short discussion of ocean acidification. I like it as a component of global change to talk about, because, even if you are a hard-bitten global warming skeptic, and I talk to that community fairly often, you cannot deny the simple physics of CO2 dissolving in the ocean. You know, we're pumping out lots of CO2 into the atmosphere, from fossil fuels, from cement production. Right now, about a third of that carbon dioxide is dissolving straight into the sea, right? And as it does so, it makes the ocean more acidic. So, you cannot argue with that. That is what's happening right now, and it's a very different issue than the global warming issue. It has many consequences.
Agora, vou concluir com uma pequena análise sobre a acidificação dos oceanos. Gosto de falar disto como um componente da mudança global, porque, mesmo que sejam céticos do aquecimento global, — e eu falo para esse grupo com bastante frequência — não podem negar a física simples do CO2 a dissolver-se no oceano. Estamos a expelir imenso CO2 para a atmosfera, dos combustíveis fósseis, da produção de cimento. Agora mesmo, cerca de um terço desse dióxido de carbono está a dissolver-se no mar. Enquanto isso acontece, os oceanos ficam mais ácidos. Não podem negar isso. É isso que está a acontecer neste momento, e é um problema muito diferente do problema do aquecimento global. Tem muitas consequências.
There's consequences for carbonate organisms. There are many organisms that build their shells out of calcium carbonate -- plants and animals both. The main framework material of coral reefs is calcium carbonate. That material is more soluble in acidic fluid. So one of the things we're seeing is organisms are having to spend more metabolic energy to build and maintain their shells. At some point, as this transience, as this CO2 uptake in the ocean continues, that material's actually going to start to dissolve. And on coral reefs, where some of the main framework organisms disappear, we will see a major loss of marine biodiversity. But it's not just the carbonate producers that are affected. There's many physiological processes that are influenced by the acidity of the ocean. So many reactions involving enzymes and proteins are sensitive to the acid content of the ocean. So, all of these things -- greater metabolic demands, reduced reproductive success, changes in respiration and metabolism. You know, these are things that we have good physiological reasons to expect to see stressed caused by this transience.
Há consequências para os organismos de carbonato. Há muitos organismos que constroem as suas conchas com carbonato de cálcio, tanto plantas como animais. O principal material dos recifes de coral é carbonato de cálcio. Este material é mais solúvel em fluidos ácidos. Por isso, estamos a assistir a organismos que têm de gastar mais energia metabólica para construir e manter as suas conchas. A certa altura, com esta transitoriedade, à medida que continua esta absorção de CO2 pelo oceano, esse material vai começar a dissolver-se. Nos recifes de coral, onde desaparecem alguns dos principais organismos. veremos uma grande perda de biodiversidade marinha. Mas não são apenas os produtores de carbonato que são afetados. Há muitos processos fisiológicos que são influenciados pela acidez dos oceanos. Muitas reações que envolvem enzimas e proteínas que são sensíveis ao conteúdo ácido do oceano. Por isso, todas estas coisas — maior necessidade metabólica, redução do êxito reprodutivo, alterações na respiração e no metabolismo — são coisas em relação às quais temos boas razões fisiológicas para esperar vê-las sob pressão causada por esta transitoriedade.
So we figured out some pretty interesting ways to track CO2 levels in the atmosphere, going back millions of years. We used to do it just with ice cores, but in this case, we're going back 20 million years. And we take samples of the sediment, and it tells us the CO2 level of the ocean, and therefore the CO2 level of the atmosphere. And here's the thing: you have to go back about 15 million years to find a time when CO2 levels were about what they are today. You have to go back about 30 million years to find a time when CO2 levels were double what they are today. Now, what that means is that all of the organisms that live in the sea have evolved in this chemostatted ocean, with CO2 levels lower than they are today. That's the reason that they're not able to respond or adapt to this rapid acidification that's going on right now.
Por isso descobrimos algumas formas bastante interessantes de rastrear os níveis de CO2 na atmosfera, até há milhões de anos. Costumávamos fazê-lo apenas com núcleos de gelo mas, neste caso, vamos recuar 20 milhões de anos. Recolhemos amostras do sedimento, que nos revelam o nível de CO2 no oceano, e portanto, o nível de CO2 da atmosfera. E escutem isto: é preciso recuar cerca de 15 milhões de anos para encontrar uma época em que os níveis de CO2 eram aproximadamente o que são hoje. Temos de recuar cerca de 30 milhões de anos para encontrar uma época em que os níveis de CO2 eram o dobro do que são hoje. Isto significa que todos os organismos que vivem no mar evoluíram neste oceano em equilíbrio químico, com níveis de CO2 mais baixos do que são hoje. É por isso que não são capazes de reagir ou adaptar-se a esta rápida acidificação que está acontecer neste mesmo momento.
So, Charlie Veron came up with this statement last year: "The prospect of ocean acidification may well be the most serious of all of the predicted outcomes of anthropogenic CO2 release." And I think that may very well be true, so I'll close with this. You know, we do need the protected areas, absolutely, but for the sake of the oceans, we have to cap or limit CO2 emissions as soon as possible.
Por isso, Charlie Veron veio com esta afirmação no ano passado: "A perspetiva da acidificação do oceano "pode ser o resultado mais grave "de todos os resultados previstos "da libertação antropogénica de CO2." Eu penso que isso pode ser verdade, por isso concluo assim. Precisamos de áreas protegidas, sem dúvida alguma mas, para o bem dos oceanos, temos de conter ou limitar as emissões de CO2 o mais cedo possível.
Thank you very much.
Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)