Imagine if your daily commute involved tens of kilometers on these kinds of roads, driving this kind of vehicle, without any nearby service stations or breakdown assistance.
Imaginem se o vosso trajeto diário envolvesse dezenas de quilómetros neste tipo de estradas, conduzindo este tipo de veículo, sem nenhuma estação de serviço ou assistência nas proximidades.
For millions of drivers in many parts of Africa, this is the norm. Since over 90 percent of passenger cars are imported, often used, they're just not designed for local usage. High import duties often compound the problem, sometimes doubling the price of a car. So most vehicles are either too expensive or too unreliable for the average consumer. Well-designed vehicles are only part of the transport challenge, though. For every 100 adults in Africa, less than five people actually own a vehicle. Public transport is available, and in countries like Kenya, it's often run by local entrepreneurs using minivans like this. But in most rural and peri-urban areas, it's fragmented and unreliable. In more remote areas without transport, people have to walk, typically tens of kilometers, to get to school or collect clean drinking water or buy supplies from nearby markets. Bad roads, disparate communities, low average income levels and inadequate vehicles all impair the transport system and ultimately constrain economic output.
Para milhões de condutores em muitas partes de África, a norma é esta. Como 90% dos transportes de passageiros são importados e usados com muita frequência, não foram concebidos para uso local. Os elevados direitos de importação fazem parte do problema, por vezes, duplicando o preço de um carro. Assim, a maioria dos veículos são muito caros ou pouco fiáveis para o consumidor médio. Mas veículos bem projetados são só uma parte do problema de transporte. Por cada 100 adultos em África, menos de 5 possuem uma viatura. Há transportes públicos disponíveis e, em países como o Quénia, são dirigidos por empresários locais que usam monovolumes como este. Mas, na maior parte das áreas rurais e periferias urbanas, são fragmentados e pouco fiáveis. Nas áreas mais remotas sem transportes, as pessoas têm que andar dezenas de quilómetros, para irem para a escola ou para recolherem água potável ou para comprarem provisões em mercados vizinhos. Más estradas, comunidades dispersas, baixos níveis de rendimento médio e veículos inadequados tudo compromete o sistema de transportes e, por fim, reprime a produção económica.
Despite this constraint, the Pan-African economy is booming. Combined GDP is already over two trillion dollars. This is a massive commercial and social opportunity, not a helpless continent. So why isn't there already something better? Around the world, automotive is quarter the manufacturing sector. But in Africa, it's generally been overlooked by carmakers, who are focused on larger, established markets and emerging economies like India and China. This lack of industrialization, which itself creates a vicious-cycle barrier to the emergence of industry, has caused the dependence on imports. There is a supply-demand disconnect, with the vast majority of automotive spending on the continent today, essentially funding an international network of car exporters instead of fueling the growth of local industry.
Apesar dessa repressão, a economia pan-africana está a crescer. O PIB combinado já supera 2 biliões de dólares. Esta é uma enorme oportunidade comercial e social, não é um continente desamparado. Então porque é que ainda não há algo melhor? Em todo o mundo, os automóveis são 1/4 do setor de manufatura. Mas em África, isso é ignorado pelos fabricantes de automóveis, focados em mercados maiores e estabelecidos e em economias emergentes como a Índia e a China. Esta falta de industrialização, que cria uma barreira de ciclo vicioso para o aparecimento da indústria, tem provocado a dependência de importações. Há uma desconexão entre procura e oferta, em que a maior parte dos gastos com automóveis no continente, financia uma rede internacional de exportadores de carros em vez de fomentar o crescimento da indústria local.
It's entirely possible to solve this disconnect, though, starting with products that people actually want. And this is what motivated me to start Mobius, to build a vehicle in Africa, for Africa. To us, this meant reimagining the car around the needs of the consumer, simplifying nonessential features like interior fixtures and investing in performance-critical systems like suspension to create durable and affordable vehicles built for purpose.
No entanto, é possível resolver essa desconexão, começando com produtos que as pessoas querem realmente. Foi isso que me motivou a criar Mobius, para criar um veículo em África para África. Significa reimaginar o carro segundo as necessidades do utilizador, reduzindo características desnecessárias como acessórios interiores e investindo em sistemas críticos de desempenho, como a suspensão, para criar veículos duradouros e acessíveis construídos com um objetivo.
And built for purpose is exactly where we started with our first-generation model, Mobius II, which was designed as a really rugged, low-cost SUV, able to handle heavy loads and rough terrain reliably. This launched in 2015, and we've now developed the next-generation version based on customer feedback. For high stress and heavy loading, we engineered a sturdy steel space frame. To handle acute vibration from rough roads, we ruggedized the suspension. For potholes and uneven terrain, high ground clearance was a no-brainer. And to make this something customers could actually be proud to drive in, we designed an aspirational body aesthetic. Underpinning all of this, we simplified or eliminated components like parking sensors and automatic windows wherever we could, to keep costs low and sell this at half the price of a five-year-old SUV in Kenya today.
Começámos exatamente por construir com um objetivo com o nosso modelo de primeira geração, Mobius II, que foi projetado como um SUV muito robusto, de baixo custo, apto para cargas pesadas e seguro em terrenos irregulares. Foi lançado em 2015, e já desenvolvemos a versão da próxima geração com base no parecer do consumidor. Para um esforço alto e cargas pesadas, criámos uma estrutura de aço resistente. Para suportar vibrações fortes e estradas irregulares, reforçámos a suspensão. Para os buracos e terreno irregular, elevámos a distância ao solo. E para tornar isto em algo que os clientes se orgulhassem em conduzir, projetámos um corpo estético ambicioso. Suportando tudo isso, simplificámos ou eliminámos componentes, como sensores de estacionamento e janelas automáticas, sempre que pudemos, para manter um baixo custo e vender a metade do preço de um SUV de 5 anos no Quénia.
The new --
(Aplausos)
(Applause)
The new Mobius II launches in 2018. And while durable, affordable vehicles like this are vital, a broader solution to immobility needs to go further.
O novo Mobius II será lançado em 2018. Embora veículos como este sejam duradouros e acessíveis, é necessária uma solução mais ampla para a imobilidade.
Over the last decade, a transport-centric, shared economy has connected people across Africa with minivans, auto rickshaws and sedans. It's just not operated very effectively or efficiently. Enabling better access to transport is all about strengthening this public transit network, empowering local entrepreneurs who already offer similar services in their communities to operate these services more profitably and more widely. With this aim, we're taking human-centered design a step further and developing a transport platform model, which enables owners to plug in different modules, like a goods cage or ambulance unit, and run other services like goods delivery or medical transport, as well as public transport. Transportation services like this are the fundamental driver of logistics, trade, social services, access to education, health care and employment. The transportation grid to physical economies is akin to the internet to virtual economies. And the impact of increased mobility is only part of the potential here.
Durante a última década, uma economia de transportes partilhados tem interligado as pessoas em África com monovolumes, riquexós e sedans. Mas não é operada com muita eficácia ou eficiência. Para possibilitar melhor acesso aos transportes é preciso fortalecer a rede pública de trânsito, possibilitando aos empresários locais que já oferecem serviços parecidos nas suas comunidades prestar esses serviços com maior proveito e mais amplamente. Para tal, estamos a dar mais um passo em "design" centrado no homem e a desenvolver um modelo de transporte, que permita aos proprietários atrelarem módulos, como uma grade de mercadorias ou uma ambulância, e gerir outros serviços como entrega de bens ou transporte médico, bem como transportes públicos. Os serviços de transporte como este são o motor fundamental da logística, do comércio, dos serviços sociais, do acesso ao ensino, da assistência médica e do emprego. A rede de transportes para economias físicas é semelhante à Internet para as economias virtuais. E o impacto do aumento de mobilidade faz parte do potencial de crescimento.
Since the late 1700s, the Industrial Revolution has catapulted the development of economies around the world into thriving societies. Today, manufacturing is still the engine of economic growth and stability, even as new technologies have inevitably transformed the way we live. Making stuff is important, especially for nation-states wanting to boost employment, increase skills and reduce import dependence. But while few countries can skip this industrialized stage, many have negligible manufacturing output. There are various reasons for this, but one reason is universal: hardware is hard.
Desde finais de 1700, a Revolução Industrial catapultou o desenvolvimento das economias por todo o mundo em sociedades prósperas. A manufatura ainda é o motor do crescimento económico e da estabilidade, apesar de as novas tecnologias terem transformado a nossa vida. Produzir coisas é importante, principalmente para nações que querem impulsionar o emprego, aumentar aptidões e reduzir a dependência das importações. Mas enquanto poucos países podem saltar esta etapa industrial, muitos têm um resultado de fabrico insignificante. Há várias razões para isso, mas uma das razões é universal: as ferramentas são difíceis.
(Laughter)
So what are the challenges to industry, and how are we approaching them? The first issue many people think of is a lack of skilled labor. In areas where access to good primary and secondary education are limited and employment opportunities are scarce, a small skill base is inevitable. But that doesn't mean it's immutable. There's an abundance of smart, hardworking and ambitious people in Africa, obviously. What's really lacking are good jobs that offer a path not just to employment but also professional growth. The first person we employed at Mobius over six years ago was a mechanic named Kazungu. Kazungu had gone to school up to the age of 18 and worked as an odd-job mechanic. Joining the company at the time was a near-vertical learning curve. But he rose to the challenge, and with more technical guidance from an expanding engineering team, he's grown over the years to lead a group of mechanics in R&D prototyping. A thirst for learning and the work ethic to step up to a challenge are values we now recruit on. Pairing innate values like this with on-the-job training and systems has strengthened our skill base. This works really well on the production line, where work can be systematized around clear procedural instructions and then reinforced through training. In our experience, it is possible to build a skilled workforce, and we plan to hire hundreds more people using this approach.
Quais são os desafios da indústria, e como estamos a lidar com eles? O primeiro problema é a falta de trabalhadores especializados. Em áreas em que o acesso a um bom ensino primário e secundário é limitado e as oportunidades de emprego são escassas, é imprescindível uma pequena base de especialização. Mas isso não significa que seja imutável, Há abundância de pessoas inteligentes, trabalhadoras e ambiciosas em África, obviamente. O que realmente falta são bons empregos que ofereçam não só ocupação mas também crescimento profissional. A primeira pessoa que contratámos na Mobius há mais de 6 anos foi um mecânico chamado Kazungu. Kazungu frequentou a escola até aos 18 anos e trabalhou como mecânico de biscates. Juntar-se à empresa naquela época foi uma aprendizagem quase total. Mas ele enfrentou o desafio, e com orientação técnica de uma equipa de engenharia, evoluiu até chefiar um grupo de mecânicos em conceção e desenvolvimento de protótipos. A vontade de aprender e de trabalhar para executar um desafio são valores base para recrutarmos. Valores inatos como estes e a formação no trabalho e em sistemas fortaleceram a nossa base de competências. Isto funciona muito bem na linha de produção, onde o trabalho pode ser sistematizado em instruções processuais claras que depois são reforçadas pela formação. Temos a experiência de que é possível criar força de trabalho especializada, e planeamos contratar centenas de pessoas com esta abordagem.
A second challenge is a lack of suppliers. In countries like Kenya, there are only a handful of automotive suppliers manufacturing parts like electrical harnesses, seats and glass. It's a burgeoning group, and without much demand from industry, most of these suppliers have no impetus to grow. We've worked hard with a few of them to develop the capacity to consistently manufacture components at the quality levels we need, like this supplier in Nairobi, who are helping to reduce the production cost of metal brackets and improve their ability to build conformant parts to our engineering drawings. Supply and development is standard practice in automotive globally, but it needs to be applied from the ground up with a vast majority of local suppliers to properly bolster the ecosystem. And as production volumes rise, these suppliers can employ more staff, invest in better equipment and continue to develop new manufacturing techniques to further increase output.
Um segundo problema é a falta de fornecedores. Em países como o Quénia, só há meia dúzia de fornecedores que fabricam peças como arneses elétricos, assentos e espelhos. É um grupo florescente, e com pouca procura da indústria, a maioria destes fornecedores não tem impulso para crescer. Trabalhamos muito com alguns deles para desenvolver a capacidade de fabricar regularmente peças com o nível de qualidade desejada, como este fornecedor em Nairobi, que está a ajudar a reduzir o custo de produção de suportes de metal e melhorar a sua capacidade de construir partes em conformidade com os nossos projetos. O fornecimento e desenvolvimento é prática padrão no mundo automóvel, mas precisa de ser aplicado de baixo para cima com a maioria dos fornecedores locais para estimular o ecossistema adequadamente. À medida que a produção aumenta, os fornecedores podem empregar mais gente, investir em equipamentos melhores e continuar a desenvolver novas técnicas de fabrico para continuar a aumentar a produção.
Building up skills and suppliers are not the only hurdles to local industrialization, but they're good examples of how we think about the challenge. You see, we're not just reimagining the car, we're reimagining our entire value chain. None of this has been easy, and we're only just getting started. But once African industry starts to scale, the potential is huge. Better products, costing less, built locally, together creating millions of jobs. Frugal innovation offers a path to economic acceleration across many industries, and the future of this continent depends on it.
Criar competências e fornecedores não é a única barreira para a industrialização local, mas é um bom exemplo de como pensamos nos desafios. Vejam, não estamos apenas a reimaginar o carro, estamos a reimaginar toda a cadeia de valor. Nada disso tem sido fácil, e estamos só no começo. Mas quando a indústria africana comece a aumentar, o potencial é enorme. Melhores produtos, menores custos, construção local. criando juntos milhões de empregos. Inovações simples oferecem um caminho para a aceleração económica através de muitas indústrias, e o futuro deste continente depende disso.
The Africa 2.0 I believe in can apply locally relevant design and a commitment to solving its industrial challenges to create a more connected, more prosperous future, not just for the privileged few, but for everyone.
A África 2.0 em que eu acredito pode aplicar "design" com relevância local e o empenho em resolver os seus desafios industriais para criar um futuro mais interligado e próspero, não só para alguns privilegiados, mas para todos.
Thank you.
Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)