I want to introduce you to an amazing woman. Her name is Davinia. Davinia was born in Jamaica, emigrated to the US at the age of 18, and now lives just outside of Washington, DC. She's not a high-powered political staffer, nor a lobbyist. She'd probably tell you she's quite unremarkable, but she's having the most remarkable impact. What's incredible about Davinia is that she's willing to spend time every single week focused on people who are not her: people not her in her neighborhood, her state, nor even in her country -- people she'd likely never meet.
Quero apresentar-vos uma mulher incrível. O seu nome é Davinia. A Davinia nasceu na Jamaica, emigrou para os EUA aos 18 anos, e agora vive mesmo às portas de Washington, DC. Não é uma colaboradora política de alto nível, nem uma lobista. Ela provavelmente dir-vos-ia que passa despercebida, mas está a ter um impacto notável. O que é incrível acerca dela é que todas as semanas está disposta a passar tempo focada em pessoas que não são ela, pessoas que não ela na sua vizinhança, no seu estado, nem mesmo no seu país, pessoas que provavelmente nunca conhecerá.
Davinia's impact started a few years ago when she reached out to all of her friends on Facebook, and asked them to donate their pennies so she could fund girls' education. She wasn't expecting a huge response, but 700,000 pennies later, she's now sent over 120 girls to school. When we spoke last week, she told me she's become a little infamous at the local bank every time she rocks up with a shopping cart full of pennies.
O impacto de Davinia começou há uns anos quando contactou todos os seus amigos no Facebook, e lhes pediu que doassem os seus cêntimos para ela poder financiar a educação de raparigas. Ela não estava à espera de uma grande resposta, mas 700 mil cêntimos mais tarde, conseguiu mandar para a escola mais de 120 meninas. Falámos a semana passada e ela disse-me que ficou com má fama no banco local sempre que chegava com um carrinho de compras cheio de cêntimos.
Now -- Davinia is not alone. Far from it. She's part of a growing movement. And there's a name for people like Davinia: global citizens. A global citizen is someone who self-identifies first and foremost not as a member of a state, a tribe or a nation, but as a member of the human race, and someone who is prepared to act on that belief, to tackle our world's greatest challenges. Our work is focused on finding, supporting and activating global citizens. They exist in every country and among every demographic.
Mas Davinia não está sozinha. Pelo contrário. Ela é parte integrante de um movimento crescente. E há um nome para pessoas como ela, "cidadãos do mundo". Um cidadão do mundo é alguém que se identifica em primeiro lugar, não como um membro de um estado, de uma tribo ou nação, mas como membro da raça humana e alguém que está preparado para agir segundo essa crença, para lidar com os maiores desafios do nosso mundo. O nosso trabalho foca-se em encontrar, apoiar e estimular cidadãos do mundo. Existem em todos os países e entre todas as populações.
I want to make the case to you today that the world's future depends on global citizens. I'm convinced that if we had more global citizens active in our world, then every single one of the major challenges we face -- from poverty, climate change, gender inequality -- these issues become solvable. They are ultimately global issues, and they can ultimately only be solved by global citizens demanding global solutions from their leaders.
Quero defender aqui hoje que o futuro do planeta depende dos cidadãos do mundo. Estou convencido de que, se tivéssemos mais cidadãos do mundo ativos, cada um dos grandes desafios que enfrentamos, desde a pobreza, alteração climática, desigualdade de sexo, estes desafios teriam solução. Eles são, em última análise problemas globais, e podem apenas ser resolvidos por cidadãos do mundo que exijam soluções globais dos seus líderes.
Now, some people's immediate reaction to this idea is that it's either a bit utopian or even threatening. So I'd like to share with you a little of my story today, how I ended up here, how it connects with Davinia and, hopefully, with you.
A reação imediata de algumas pessoas a esta ideia é que ela ou é um pouco utópica ou mesmo ameaçadora. Gostaria de partilhar convosco um pouco da minha história, como cheguei até aqui, como se relaciona com a Davinia e convosco, espero eu.
Growing up in Melbourne, Australia, I was one of those seriously irritating little kids that never, ever stopped asking, "Why?" You might have been one yourself. I used to ask my mum the most annoying questions. I'd ask her questions like, "Mum, why I can't I dress up and play with puppets all day?" "Why do you want fries with that?" "What is a shrimp, and why do we have to keep throwing them on the barbie?"
Cresci em Melbourne, na Austrália, e era um daqueles miúdos realmente irritantes que nunca parava de perguntar "Porquê?" Provavelmente também foram assim. Costumava perguntar à minha mãe as coisas mais irritantes. Perguntava-lhe: "Mãe, porque não posso mascarar-me "e brincar com fantoches o dia todo?" "Porque queres batatas fritas com isso?" "O que é um camarão, "e porque temos que continuar a atirá-los para a grelha?"
(Laughter)
(Risos)
"And mum -- this haircut. Why?"
"E mãe, este corte de cabelo? Porquê?"
(Laughter)
(Risos)
The worst haircut, I think. Still terrible.
O pior corte de cabelo. Ainda está terrível.
As a "why" kid, I thought I could change the world, and it was impossible to convince me otherwise. And when I was 12 and in my first year of high school, I started raising money for communities in the developing world. We were a really enthusiastic group of kids, and we raised more money than any other school in Australia. And so I was awarded the chance to go to the Philippines to learn more. It was 1998. We were taken into a slum in the outskirts of Manila. It was there I became friends with Sonny Boy, who lived on what was literally a pile of steaming garbage. "Smoky Mountain" was what they called it. But don't let the romance of that name fool you, because it was nothing more than a rancid landfill that kids like Sonny Boy spent hours rummaging through every single day to find something, anything of value.
Enquanto miúdo dos "porquês" achava que podia mudar o mundo e era impossível convencerem-me do contrário. Quando tinha 12 anos e no meu primeiro ano de liceu, comecei a angariar dinheiro para os países em desenvolvimento. Éramos um grupo de miúdos muito entusiasmados e angariámos mais dinheiro do que qualquer outra escola na Austrália. Por isso, foi-me dada a oportunidade de ir às Filipinas aprender mais. Estávamos em 1998. Fomos levados para uma favela nos arredores de Manila. Foi lá que me tornei amigo de Sonny Boy, que vivia no que era literalmente uma pilha de lixo fumegante. Chamavam-lhe a "Montanha Fumegante" Não deixem que o romantismo do nome vos engane, porque não era mais do que uma lixeira rançosa onde crianças como o Sonny Boy passavam os dias a vasculhar para ver se encontravam alguma coisa, qualquer coisa de valor.
That night with Sonny Boy and his family changed my life forever, because when it came time to go to sleep, we simply laid down on this concrete slab the size of half my bedroom with myself, Sonny Boy, and the rest of his family, seven of us in this long line, with the smell of rubbish all around us and cockroaches crawling all around. And I didn't sleep a wink, but I lay awake thinking to myself, "Why should anyone have to live like this when I have so much? Why should Sonny Boy's ability to live out his dreams be determined by where he's born, or what Warren Buffett called 'the ovarian lottery?'" I just didn't get it, and I needed to understand why.
Aquela noite com Sonny Boy e a família mudou a minha vida para sempre porque, quando chegou a hora de ir dormir, deitámo-nos numa placa de cimento que era metade do meu quarto, eu, o Sonny Boy e o resto da sua família, os sete em fila, com o cheiro do lixo à nossa volta e baratas a rastejar por todo o lado. Não consegui pregar olho, fiquei acordado a pensar para mim: "Porque deveria alguém ter que viver assim quando eu tenho tanto? Porque é que a capacidade de Sonny Boy viver os seus sonhos deve ser determinada pelo lugar onde nasceu, ou o que Warren Buffet chamou "a lotaria do ovário?" Não entendia e precisava perceber porquê.
Now, I only later came to understand that the poverty I'd seen in the Philippines was the result of decisions made or not made, man-made, by a succession of colonial powers and corrupt governments who had anything but the interests of Sonny Boy at heart. Sure, they didn't create Smoky Mountain, but they may as well have. And if we're to try to help kids like Sonny Boy, it wouldn't work just to try to send him a few dollars or to try to clean up the garbage dump on which he lived, because the core of the problem lay elsewhere. And as I worked on community development projects over the coming years trying to help build schools, train teachers, and tackle HIV and AIDS, I came to see that community development should be driven by communities themselves, and that although charity is necessary, it's not sufficient. We need to confront these challenges on a global scale and in a systemic way. And the best thing I could do is try to mobilize a large group of citizens back home to insist that our leaders engage in that systemic change.
Só mais tarde vim a compreender que a pobreza que tinha visto nas Filipinas era o resultado de decisões tomadas ou não tomadas pelo homem por uma sucessão de potências coloniais e governos corruptos que pensavam em tudo menos nos interesses do Sonny Boy. Certo, não criaram a Montanha Fumegante, mas bem o podiam ter feito. Se quisermos ajudar crianças como o Sonny Boy, não chega tentar enviar-lhes alguns dólares ou tentar limpar a lixeira em que ele vivia, porque a raiz do problema está noutro sítio. Trabalhei em projetos de desenvolvimento comunitário nos anos seguintes a tentar ajudar a construir escolas, formar professores e combater o VIH e a SIDA, apercebi-me que o desenvolvimento comunitário deveria ser conduzido pelas próprias comunidades, e que apesar de a caridade ser necessária, não é suficiente. Precisamos confrontar estes desafios a uma escala global e de uma forma sistemática. E o melhor que pude fazer foi tentar mobilizar um grande grupo de cidadãos para insistir que os nossos líderes se envolvam nessa mudança sistemática.
That's why, a few years later, I joined with a group of college friends in bringing the Make Poverty History campaign to Australia. We had this dream of staging this small concert around the time of the G20 with local Aussie artists, and it suddenly exploded one day when we got a phone call from Bono, the Edge and Pearl Jam, who all agreed to headline our concert. I got a little bit excited that day, as you can see.
Foi por isso, que uns anos mais tarde me juntei a um grupo de amigos da faculdade para trazer para a Austrália a campanha Acabar com a Pobreza. Tínhamos o sonho de organizar um pequeno concerto por altura da cimeira do G20 com artistas australianos locais. E um dia, subitamente, houve uma explosão. quando recebemos um telefonema de Bono, de Edge e dos Pearl Jam, em que todos concordaram ser cabeças de cartaz do concerto. Fiquei um pouco entusiasmado nesse dia, como podem ver.
(Laughter)
(Risos)
But to our amazement, the Australian government heard our collective voices, and they agreed to double investment into global health and development -- an additional 6.2 billion dollars. It felt like --
Mas para nosso espanto, o governo australiano ouviu as nossas vozes coletivas, e concordaram em duplicar o investimento para a saúde global e desenvolvimento num valor adicional de 6200 milhões de dólares.
(Applause)
(Aplausos)
It felt like this incredible validation. By rallying citizens together, we helped persuade our government to do the unthinkable, and act to fix a problem miles outside of our borders.
Foi como um incrível reconhecimento. Ao reunir os cidadãos, ajudámos a persuadir o nosso governo a fazer o impensável, a agir e a resolver um problema a milhas de distância.
But here's the thing: it didn't last. See, there was a change in government, and six years later, all that new money disappeared. What did we learn? We learned that one-off spikes are not enough. We needed a sustainable movement, not one that is susceptible to the fluctuating moods of a politician or the hint of an economic downturn. And it needed to happen everywhere; otherwise, every individual government would have this built-in excuse mechanism that they couldn't possibly carry the burden of global action alone.
Mas sabem que mais? Isto não durou. Houve uma mudança no governo, e seis anos mais tarde, todo aquele dinheiro desapareceu. O que aprendemos? Aprendemos que aumentos pontuais não são suficientes. Precisávamos de um movimento sustentável, que não fosse suscetível aos humores de um político ou a uma recessão económica. Era necessário que acontecesse em todo o lado de outra forma, cada governo teria este mecanismo de desculpa integrado de que não poderiam carregar sozinhos o fardo da ação global.
And so this is what we embarked upon. And as we embarked upon this challenge, we asked ourselves, how do we gain enough pressure and build a broad enough army to win these fights for the long term? We could only think of one way. We needed to somehow turn that short-term excitement of people involved with the Make Poverty History campaign into long-term passion. It had to be part of their identity. So in 2012, we cofounded an organization that had exactly that as its goal. And there was only one name for it: Global Citizen.
E foi nisto que embarcámos. E ao embarcarmos neste desafio, perguntámo-nos: Como obtemos pressão suficiente e construímos um grande exército para ganhar estas batalhas a longo prazo? Apenas conseguíamos pensar numa forma. Precisávamos transformar esta excitação de curto prazo das pessoas envolvidas na campanha Acabar com a Pobreza numa paixão a longo prazo. Teria de fazer parte da sua identidade. Em 2012, cofundámos uma organização cujo objetivo era mesmo esse. E só havia um nome para ela, Cidadão do Mundo.
But this is not about any one organization. This is about citizens taking action. And research data tells us that of the total population who even care about global issues, only 18 percent have done anything about it. It's not that people don't want to act. It's often that they don't know how to take action, or that they believe that their actions will have no effect. So we had to somehow recruit and activate millions of citizens in dozens of countries to put pressure on their leaders to behave altruistically.
Mas isto não é sobre uma organização. Isto é sobre cidadãos que agem. E os dados de investigação dizem-nos que do total da população que se preocupa com problemas globais apenas 18% fizeram algo acerca disso. Não é que as pessoas não queiram agir. Na maioria das vezes, não sabem como agir, ou acham que as suas ações não terão nenhum efeito. Tivemos que recrutar e estimular milhões de cidadãos em dezenas de países para pressionarem os seus líderes a comportarem-se de forma altruísta.
And as we did so, we discovered something really thrilling, that when you make global citizenship your mission, you suddenly find yourself with some extraordinary allies. See, extreme poverty isn't the only issue that's fundamentally global. So, too, is climate change, human rights, gender equality, even conflict. We found ourselves shoulder to shoulder with people who are passionate about targeting all these interrelated issues.
Ao fazermos isso descobrimos algo emocionante, quando fazemos da cidadania global a nossa missão, encontrámos aliados extraordinários. A pobreza extrema não é o único problema que é essencialmente mundial. A alteração climática também é, os direitos humanos, a igualdade de sexos, até a guerra. Deparámo-nos ombro a ombro com pessoas entusiasmadas em identificar todos estes problemas interligados.
But how did we actually go about recruiting and engaging those global citizens? Well, we used the universal language: music. We launched the Global Citizen Festival in the heart of New York City in Central Park, and we persuaded some of the world's biggest artists to participate. We made sure that these festivals coincided with the UN General Assembly meeting, so that leaders who need to hear our voices couldn't possible ignore them.
Mas como recrutamos e envolvemos esses cidadãos do mundo? Usámos a linguagem universal, a música. Fizemos o Festival Cidadão do Mundo no coração de Nova Iorque em Central Park, e convencemos alguns dos maiores artistas mundiais a participar. Certificámo-nos de que estes festivais coincidiam com a Assembleia Geral das Nações Unidas, para que os líderes, que tinham de ouvir as nossas vozes. não as pudessem ignorar.
But there was a twist: you couldn't buy a ticket. You had to earn it. You had to take action on behalf of a global cause, and only once you'd done that could you earn enough points to qualify. Activism is the currency. I had no interest in citizenship purely as some sort of feel-good thing. For me, citizenship means you have to act, and that's what we required. And amazingly, it worked. Last year, more than 155,000 citizens in the New York area alone earned enough points to qualify. Globally, we've now signed up citizens in over 150 countries around the world. And last year, we signed up more than 100,000 new members each and every week of the whole year.
Mas havia um senão, os bilhetes não se compravam. Era preciso merecê-los. Tinham de agir por uma causa mundial e só depois disso é que ganhavam pontos para se qualificarem. O ativismo é a moeda. Não havia interesse nenhum em cidadania, apenas por prazer. Para mim, cidadania significa agir, e era o que exigíamos. Surpreendentemente, resultou. No ano passado, mais de 155 mil cidadãos na área de Nova Iorque ganharam pontos para se qualificarem. Mundialmente, inscrevemos cidadãos em mais de 150 países. No ano passado inscrevemos mais de 100 mil novos membros todas as semanas do ano.
See, we don't need to create global citizens from nothing. We're already everywhere. We just need to be organized and motivated to start acting. And this is where I believe we can learn a lot from Davinia, who started taking action as a global citizen back in 2012. Here's what she did. It wasn't rocket science. She started writing letters, emailing politicians' offices. She volunteered her time in her local community. That's when she got active on social media and started to collect pennies -- a lot of pennies.
Não precisamos de criar cidadãos do mundo a partir do nada. Já os temos por todo o lado. Só precisamos ser organizados e motivados para começar a agir. E é aqui que acho que podemos aprender muito com a Davinia, que começou a agir como cidadã do mundo em 2012. Aqui está o que ela fez. Não foi nada transcendente. Começou por escrever cartas e enviar emails para políticos. Fez voluntariado na sua comunidade local. Foi quando começou a agir nas redes sociais e começou a recolher cêntimos, muitos cêntimos.
Now, maybe that doesn't sound like a lot to you. How will that achieve anything? Well, it achieved a lot because she wasn't alone. Her actions, alongside 142,000 other global citizens', led the US government to double their investment into Global Partnership for Education. And here's Dr. Raj Shah, the head of USAID, making that announcement. See, when thousands of global citizens find inspiration from each other, it's amazing to see their collective power. Global citizens like Davinia helped persuade the World Bank to boost their investment into water and sanitation. Here's the Bank's president Jim Kim announcing 15 billion dollars onstage at Global Citizen, and Prime Minister Modi of India affirmed his commitment to put a toilet in every household and school across India by 2019. Global citizens encouraged by the late-night host Stephen Colbert launched a Twitter invasion on Norway. Erna Solberg, the country's Prime Minister, got the message, committing to double investment into girls' education. Global citizens together with Rotarians called on the Canadian, UK, and Australian governments to boost their investment into polio eradication. They got together and committed 665 million dollars.
Pode não parecer muito para vocês. Como é que isso alcançaria algo? Alcançou muito porque ela não estava sozinha. As suas ações, juntamente com 142 mil outros cidadãos do mundo, levaram o governo americano a duplicar o investimento na Parceria Mundial para a Educação. Aqui está o Dr. Raj Shah, diretor do USAID, a fazer esse anúncio. Quando milhares de cidadãos do mundo encontram inspiração uns nos outros, é incrível ver o seu poder coletivo. Cidadãos do mundo como a Davinia ajudaram a persuadir o Banco Mundial a aumentar o seu investimento na água e saneamento. Aqui está o presidente do Banco Jim Kim a anunciar 15 mil milhões de dólares no palco Cidadão do Mundo. O primeiro-ministro Modi da Índia confirmou o seu empenho em colocar uma casa de banho em cada casa e escola na Índia até 2019. Cidadãos do mundo encorajados pelo apresentador Stephen Colbert lançaram uma invasão no Twitter na Noruega. Erna Solberg, primeira-ministra do país recebeu a mensagem, comprometeu-se a dobrar o investimento na educação de raparigas. Cidadãos do mundo e rotários apelaram aos governos do Canadá, do Reino Unido e da Austrália para aumentarem os investimentos na erradicação da pólio. Juntaram-se e comprometeram 665 milhões de dólares.
But despite all of this momentum, we face some huge challenges. See, you might be thinking to yourself, how can we possibly persuade world leaders to sustain a focus on global issues? Indeed, the powerful American politician Tip O'Neill once said, "All politics is local." That's what always got politicians elected: to seek, gain and hold onto power through the pursuit of local or at very best national interests.
Mas apesar deste dinamismo, enfrentamos enormes desafios. Devem estar a pensar para vocês, como podemos persuadir os líderes mundiais a manterem-se focados nos problemas mundiais? De facto, o poderoso político americano Tip O'neil disse: "Toda a política é local." É o que leva os políticos a serem eleitos: procurar o poder, ganhá-lo e agarrar-se a ele, através da busca de interesses locais e na melhor das hipóteses, nacionais.
I experienced this for the first time when I was 21 years old. I took a meeting with a then-Australian Foreign Minister who shall remain nameless --
Experimentei isto pela primeira vez quando tinha 21 anos. Tive uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da altura, não vou citar nomes.
[Alexander Downer]
[Alexander Downer]
(Laughter)
(Risos)
And behind closed doors, I shared with him my passion to end extreme poverty. I said, "Minister -- Australia has this once-in-a-lifetime opportunity to help achieve the Millennium Development Goals. We can do this." And he paused, looked down on me with cold, dismissive eyes, and he said, "Hugh, no one gives a funk about foreign aid." Except he didn't use the word "funk." He went on. He said we need to look after our own backyard first.
E à porta fechada, partilhei esta paixão, acabar com a pobreza extrema. Disse: "Sr. ministro, a Austrália tem esta oportunidade única "de ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio "Nós conseguimos." Fez uma pausa, olhou-me de cima a baixo com um olhar frio e arrogante e disse; "Humm, "que se lixe a ajuda externa." Só que ele não usou a palavra "lixar." E continuou. Disse que temos que cuidar primeiro do nosso quintal.
This is, I believe, outdated, even dangerous thinking. Or as my late grandfather would say, complete BS. Parochialism offers this false dichotomy because it pits the poor in one country against the poor in another. It pretends we can isolate ourselves and our nations from one another. The whole world is our backyard, and we ignore it at our peril. See, look what happened when we ignored Rwanda, when we ignore Syria, when we ignore climate change. Political leaders ought to give a "funk" because the impact of climate change and extreme poverty comes right to our shore.
Acho isto um pensamento ultrapassado e até perigoso. Ou como diria o meu falecido avô, uma grande treta. O provincianismo oferece esta falsa dicotomia porque coloca os pobres de um país contra os pobres de outro. Finge que nos podemos isolar e isolar as nações umas das outras. O mundo é o nosso quintal e estamos a ignorá-lo por nossa conta e risco. Vejam o que aconteceu quando ignorámos o Ruanda quando ignoramos a Síria e a alteração climática. Os líderes políticos deviam importar-se, o impacto da alteração climática e a pobreza extrema vêm bater à nossa porta.
Now, global citizens -- they understand this. We live in a time that favors the global citizen, in an age where every single voice can be heard. See, do you remember when the Millennium Development Goals were signed back in the year 2000? The most we could do in those days was fire off a letter and wait for the next election. There was no social media. Today, billions of citizens have more tools, more access to information, more capacity to influence than ever before. Both the problems and the tools to solve them are right before us. The world has changed, and those of us who look beyond our borders are on the right side of history.
Os cidadãos do mundo entendem isto. Vivemos numa época que favorece os cidadãos do mundo, uma época em que cada voz pode ser ouvida. Lembram-se quando, em 2002, foram assinados os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio? O máximo que podíamos fazer nessa altura era enviar uma carta e esperar pelas próximas eleições. Não havia redes sociais. Hoje, milhões de cidadãos têm mais ferramentas, mais acesso à informação, maior capacidade de influência do que nunca. Os problemas e as ferramentas para os resolver estão bem à nossa frente. O mundo mudou, e aqueles que olham além das nossas fronteiras estão do lado certo da história.
So where are we? So we run this amazing festival, we've scored some big policy wins, and citizens are signing up all over the world. But have we achieved our mission? No. We have such a long way to go.
Então, onde estamos nós? Fizemos este incrível festival, alcançámos grandes vitórias políticas, e os cidadãos estão a inscrever-se pelo mundo fora. Mas alcançámos o nosso objetivo? Não. Temos um longo caminho a percorrer.
But this is the opportunity that I see. The concept of global citizenship, self-evident in its logic but until now impractical in many ways, has coincided with this particular moment in which we are privileged to live. We, as global citizens, now have a unique opportunity to accelerate large-scale positive change around the world. So in the months and years ahead, global citizens will hold world leaders accountable to ensure that the new Global Goals for Sustainable Development are tracked and implemented. Global citizens will partner with the world's leading NGOs to end diseases like polio and malaria. Global citizens will sign up in every corner of this globe, increasing the frequency, quality and impact of their actions. These dreams are within reach. Imagine an army of millions growing into tens of millions, connected, informed, engaged and unwilling to take no for an answer.
Mas esta é a oportunidade que eu vejo. O conceito de cidadão do mundo, evidente na sua lógica mas até agora impraticável em muitos aspetos, coincidiu com este momento específico no qual temos o privilégio de viver. Como cidadãos do mundo, temos a oportunidade única de acelerar uma mudança positiva em grande escala pelo mundo. Nos próximos meses e anos, os cidadãos do mundo vão responsabilizar os líderes para garantir que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sejam identificados e implementados. Os cidadãos do mundo vão unir-se às maiores ONG mundiais para acabar com doenças como a poliomielite e a malária. Cidadãos do mundo vão inscrever-se em todos os cantos do planeta, aumentando a frequência, a qualidade e o impacto das suas ações. Estes sonhos são alcançáveis. Imaginem um exército de milhões a crescer para dezenas de milhões, conectados, informados, empenhados e sem aceitarem um não como resposta.
Over all these years, I've tried to reconnect with Sonny Boy. Sadly, I've been unable to. We met long before social media, and his address has now been relocated by the authorities, as often happens with slums. I'd love to sit down with him, wherever he is, and share with him how much the time I spent on Smoky Mountain inspired me. Thanks to him and so many others, I came to understand the importance of being part of a movement of people -- the kids willing to look up from their screens and out to the world, the global citizens. Global citizens who stand together, who ask the question "Why?," who reject the naysayers, and embrace the amazing possibilities of the world we share.
Durante todos estes anos, tentei restabelecer ligação com o Sonny Boy. Infelizmente, não consegui. Conhecemo-nos muito antes das redes sociais, e a sua morada foi transferida pelas autoridades, como geralmente acontece com as favelas. Adorava sentar-me com ele, onde quer que ele esteja, e partilhar com ele o quanto me inspirou o tempo que passei na Montanha Fumegante. Graças a ele e a tantos outros, percebi a importância de fazer parte de um movimento de pessoas, de crianças dispostas a levantar a cabeça dos ecrãs e a ver o mundo, como cidadãos do mundo. Cidadãos do mundo que se mantêm unidos, que perguntam "Porquê?" que rejeitam os opositores, e abraçam as incríveis possibilidades do mundo que partilhamos.
I'm a global citizen.
Eu sou um cidadão do mundo.
Are you?
E vocês?
Thank you.
Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)