David Biello: It's now my great honor and privilege to introduce Dr. Georges Benjamin, who's the executive director of the American Public Health Association, who has a long and distinguished career, both as a medical professional and as a public health professional. Please give a warm welcome to Dr. Georges Benjamin.
David Biello: Agora, é minha honra e privilégio apresentar o Dr. Georges Benjamin, o dirigente executivo da Associação de Saúde Pública Americana, com uma longa e distinta carreira, tanto como médico, como profissional de saúde pública. Por favor, dêem as boas-vindas ao Dr. Georges Benjamin.
Georges Benjamin: Hey, David, how are you?
Georges Benjamin: Olá, David, como está?
DB: I am good, how are you, Dr. Benjamin?
DB: Estou bem, e o Dr. Benjamin?
GB: I'm here. (Laughs)
GB: Estou aqui.
DB: Hanging in there. Good.
DB: Está a aguentar-se. Boa.
GB: Hanging in.
GB: Vou-me aguentando.
DB: We know that the theme of the moment is reopening, I would say. We just heard one possibility for that, but obviously, a lot of countries have already reopened in one form or another, and I believe, as of today, all 50 states here in the US have reopened in one form or another. How do we do that smartly, how do we do that safely?
DB: Sabemos que o tema do momento é a reabertura, diria eu. Acabámos de ouvir essa possibilidade, mas claro, muitos países já reabriram, de uma forma ou doutra, e acredito que, a partir de hoje, todos os 50 estados nos EUA já reabriram, de uma forma ou doutra. Como fazemos isso de maneira inteligente, de maneira segura?
GB: Yeah, we really do need to reopen safely and carefully, and it means that we have not got to forget these public health measures that really brought down the curve to begin with. And that means thing such as covering up your nose and mouth when you cough or sneeze, wearing a mask, washing your hands, physically distancing yourself to the extent possible from others. Thinking about everything we do, you know, before we go to work in the morning, while we're at work. And being as careful as many of us have been in the last two months, as we go into the next three months, because this thing is not over.
GB: Sim, precisamos mesmo de reabrir com precaução e segurança, e isso significa que não podemos esquecer as medidas de saúde pública que foram responsáveis por achatarmos a curva. Falo de coisas como tapar o nariz e a boca quando tossimos ou espirramos, usar máscara, lavar as mãos, distanciarmo-nos dos outros fisicamente, tanto quanto possível. Pensarmos em tudo o que fazemos, antes de irmos trabalhar, de manhã, quando estamos no trabalho. E sermos cuidadosos como muitos de nós têm sido nos últimos dois meses, ao longo dos próximos três meses, porque esta coisa ainda não acabou.
DB: Right. There is the chance of more waves, as Uri [Alon] mentioned. It seems like it's kind of incumbent on all of us then to take public health as kind of a second job. Is that right?
DB: Certo. Há a possibilidade de novas vagas, como o Uri Alon mencionou. Parece que é uma incumbência para todos aceitarmos que a saúde pública é uma espécie de segundo trabalho. Certo?
GB: You know, I've been arguing a lot that now that everybody really knows what public health is, that everybody should always recognize that their second job is public health, whether you're picking up the garbage or working in a grocery store, or you are a bus driver, or you're, you know, like me, doing public health, a physician or a nurse, everybody needs to put the public health mantle into what they do each and every day.
GB: Sabe, tenho vindo a defender que, agora que toda a gente sabe o que é a saúde pública, toda a gente devia ver a saúde pública como a sua segunda profissão, quer esteja a recolher o lixo ou a trabalhar na mercearia, ou se for um motorista, ou se, como eu, estiver a trabalhar na saúde pública, um médico ou um enfermeiro, todos temos de usar a capa da saúde pública em tudo o que fazemos diariamente.
DB: What do you think -- So we're all public health professionals now, what do you think the new normal we might expect, as countries reopen? What is that going to look like, or what do you hope that looks like, as a public health professional?
DB: O que é que acha? Agora todos somos profissionais de saúde. Qual acha que será o novo normal que podemos esperar, assim que os países reabrirem? Como é que vai ser, ou como é que espera que seja, como profissional de saúde pública?
GB: If I could wave a magic wand, I would clearly recognize that people are going to be doing a lot more of the public health things, in terms of handwashing and thinking about what they do around safety when they go out in public. You know, it was not too long ago when you got in your car and you didn't put your seat belt on. Today we do it, and we don't think anything about it. Most of us don't smoke, because we know that that's bad for us. Most of us look both ways before we cross a street. Most of us, you know, do things in our house, that are -- fix trip hazards. So as we go forward with this outbreak, I'm hoping that people will pay a lot more attention to things that can cause us to get an infection. So you know, cleaning things, disinfecting things. More importantly, not coming to work if you're sick. I'm hoping that employers will put in paid sick leave for everybody, so people can stay home. Yeah, it’s an additional cost, but I can tell you that we've now learned that the cost of not doing something like that is billions and billions and billions of dollars. Paid sick leave is pretty cheap when you do that.
GB: Se pudesse usar uma varinha mágica, afirmaria com toda a certeza que as pessoas vão fazer muito mais pela saúde pública, tais como lavar as mãos e pensar no que fazem para manter a segurança quando saem em público. Sabe, não foi há muito tempo que comprávamos um carro e não púnhamos o cinto. Hoje fazêmo-lo, e nem pensamos nisso. A maioria de nós não fuma, porque sabemos que é mau para a saúde. A maioria de nós olha para os dois lados antes de atravessar a rua. A maioria de nós faz arranjos em casa para evitar perigos. Por isso, à medida que avançamos, espero que as pessoas prestem muito mais atenção às coisas que podem fazer com que apanhemos infecções. Por isso, limpar as coisas, desinfectar as coisas. Sobretudo, não ir trabalhar se estivermos doentes. Espero que os empregadores cubram os custos das baixas médicas, para que todos possam ficar em casa. Sim, é um custo adicional, mas agora já descobrimos que o custo de não o fazermos são milhares e milhares de milhões de dólares. As baixas médicas remuneradas até saem baratas se considerarmos isso.
DB: Yeah, we are, I think, envious in the United States of all the countries that perhaps have a more all-encompassing health care system than we do. Would you agree that masks are kind of the symbol of adopting that "public health professional as a second job" mindset?
DB: Sim, acho que aqui nos EUA estamos com inveja de todos os países que talvez tenham um sistema de saúde mais abrangente que o nosso. Concordaria que as máscaras são uma espécie de símbolo da adopção desta mentalidade de "saúde pública como segunda profissão?"
GB: Well, you know, it's funny. Our colleagues in Asia have had a mask -- wearing masks as a culture for many, many years. And you know, we've always kind of chuckled at that. When I went overseas, I would always kind of chuckle when I saw people wearing masks. And of course, when this first started, you know, we only promoted masks for people that were infected or of course, health care workers, who we thought were in a higher-risk environment. But I think that wearing masks is probably going to be part of our culture. We've already seen it probably will not be part of our beach culture, although it probably should be for now. But I do think that we're going to see more and more people wearing masks in a variety of settings. And I think that makes sense.
GB: Bem, é engraçado. Os nossos colegas da Ásia já usavam máscara, usavam máscaras como forma de cultura há muitos, muitos anos. E nós sempre gozámos um pouco com isso. Quando eu ia ao estrangeiro, achava sempre ridículo quando via pessoas a usar máscaras. E claro, quando isto começou, promovemos o uso de máscaras apenas para os infectados e claro, para os trabalhadores de saúde, que achámos que estavam num contexto de risco. Mas acho que usar máscaras vai passar a fazer parte da nossa cultura. Já vimos que provavelmente não fará parte da nossa cultura de praia, apesar de neste momento dever ser. Mas acho mesmo que vamos ver cada vez mais pessoas a usar máscara numa série de cenários. E acho que faz sentido.
DB: Yeah, wear your mask to show that you care about others. And that you have this, kind of, public health spirit. So speaking of Asia, who has done well? Looking around the world, you've been doing this for a while and communicated with your peers, who has done well and what can we learn from those good examples?
DB: Sim, usamos máscara para mostrar que nos preocupamos com os outros. E que temos este espírito de saúde pública. Por falar na Ásia, quem é que se portou bem? Olhando para todo o mundo, já anda nisto há algum tempo e tem comunicado com os seus colegas, quem é que se portou bem e o que é que podemos aprender com esses bons exemplos?
GB: Yeah, South Korea in many ways is the role model. You know, China actually, at the end of the day, did reasonably well. But the secret to all of those countries that have had less morbidity and mortality than we have, is they did lots of testing very early on, they did contact tracing and isolation and quarantine, which by the way, is the bedrock of public health practice. They did it early, they did a lot of it, and by the way, even though they're reopening their society, and they're beginning to see episodic surges, they then go back to those basic public health practices of testing, isolation, contact tracing and transparency to the public when they can, because it's important for the public to understand how many cases there are, where the disease is, if you're going to get compliance from the public.
GB: De muitas formas, a Coreia do Sul é o exemplo a seguir. E já agora, na verdade, a China acabou por se sair bastante bem. Mas o segredo de todos esses países que têm uma taxa de mortalidade inferior à nossa, é que fizeram muitos testes muito cedo, fizeram rastreio de contacto e isolamento e quarentena, o que, já agora, é a base da prática da saúde pública. Fizeram-no cedo, fizeram-no intensamente, e, a propósito, apesar de estarem a reabrir a sociedade, e como começaram a ter alguns surtos esporádicos, regressam a estas práticas básicas de saúde pública: testes, isolamento, rastreio de contacto e transparência para o público sempre que podem, porque é importante que o público compreenda quantos casos há, onde está a doença, para ganharmos a cooperação do público.
DB: So testing, contact tracing and isolation. That doesn't seem like rocket science, to use that old cliché. Why has that been hard for some countries to implement? What's holding us back, is it electronic medical records, is it some fancy doodad, or is it just maybe overconfidence, based on maybe the public health successes of the last 100 years?
DB: Portanto, testes, rastreio de contacto e isolamento. Não me parece astrofísica, para usar uma imagem gasta. Porque é que tem sido difícil a sua implementação nalguns países? O que é que nos está a impedir? Serão os registos médicos electrónicos, será máquinas sofisticadas, ou talvez seja apenas ultra-confiança, baseada nos sucessos da saúde pública dos últimos 100 anos?
GB: You know, we are very much a pill society. We think there's a pill for everything. If we can't give you a pill for it, then we can give you surgery and fix it. You know, prevention works. And we have totally underinvested in prevention. We've totally underinvested in a strong, robust public health system. If you look at the fact that in the America today, you can very easily know what's coming off the shelf of a grocery store, Amazon knows everything there is to know about you, but your doctor does not have the same tools. At three o'clock in the morning, it's still very difficult to get a hold of your electrocardiogram, or your medical record, or your list of allergies if you can't tell the practitioner what you have. And we just haven't invested in robust systems. One of the interesting things about this outbreak is that it has created an environment in which we're now dependent on telemedicine, which has been around for several years, but we weren't quite into it. But now, it's probably going to be the new standard.
GB: Nós somos uma sociedade de comprimidos. Achamos que há um comprimido para tudo. Se não houver um comprimido, podemos fazer uma cirurgia e resolver o problema. A prevenção funciona. E nós investimos muito pouco na prevenção. Nós investimos muito pouco num sistema de saúde pública robusto e forte. Se atentarmos no facto de que hoje, nos EUA, podemos saber facilmente o que é que sai da prateleira de uma mercearia, a Amazon sabe tudo o que há para saber sobre nós, mas o nosso médico não tem as mesmas ferramentas. Às três da manhã, ainda é muito difícil obter um electrocardiograma, ou o nosso histórico médico, ou a lista das nossas alergias se não pudermos dizer ao nosso médico o que é que temos. Simplesmente não investimos em sistemas robustos. Uma das coisas mais interessantes desta pandemia é que criou um contexto em que estamos dependentes da telemedicina, que já existe há anos, mas não nos interessava muito. Mas agora, provavelmente, será o novo normal.
DB: But it also seems -- So, obviously, those countries with an incredibly robust health care system, like Taiwan, have done well, but it seems like even countries that perhaps would be considered to have a less robust health care system, like a Ghana in Africa, have actually done well. What has been the, I guess, the secret sauce for those kinds of countries?
DB: Mas também parece... Obviamente, esses países com sistemas de saúde robustos, como Taiwan, saíram-se bem, mas parece que até países que podíamos considerar que não têm um sistema de saúde robusto, como o Gana, em África, também se saíram bem. Qual é que tem sido o ingrediente secreto para estes países?
GB: Yeah, it's still pretty early in some of their exposures, and hopefully, they might not have a wave that comes later, that's still a possibility, but at the end of the day, I think, to the extent you have done good, sound public health practices, all of the countries that have done well have implemented that. Now we're a big country, we're a complex country. And yes, we didn't get the testing right to begin with. But we should not repeat the mistakes that we had over the last three months, because we've still got several months to go. And now that we know what we did wrong, I'm encouraging us to do it right the next time.
GB: Anda passou pouco tempo desde que alguns estão expostos e esperemos que não venham a ter uma onda tardia, o que ainda é uma possibilidade, mas, no fim de contas, acho que, desde que tenham implementado práticas de saúde pública sólidas, todos os países que se saíram bem implementaram-nas. Mas nós somos um país enorme, um país complexo. E sim, falhámos nos testes logo de início. Mas não devemos repetir os nossos erros dos últimos três meses, porque ainda temos muitos meses pela frente. Agora sabemos o que fizemos de errado, e o meu incentivo é fazermos a coisa certa da próxima vez.
DB: That seems smart.
DB: Isso parece sensato.
GB: And the next time is tomorrow.
GB: E a próxima vez é amanhã.
DB: That's right. It's already started. I mean, it almost seems to me, if I can use this metaphor, that some of these countries already had the, kind of, antibodies in their system, because they had experience with maybe Ebola or the first SARS. Is that the key, previous exposure to these kind of public health crises?
DB: Certo. Já começou. Quer dizer, parece-me, se puder usar a metáfora, que alguns destes países já tinham os anticorpos no sistema deles porque tinham experiência talvez com o Ébola e o primeiro SARS. Será esta exposição prévia, importante para este tipo de crises de saúde pública?
GB: Well, this is a very different virus. And while there may be some early evidence that MERS and SARS one, we may have some early protection from that, there's some early, early studies looking at that, that's not the solution. The secret sauce here is good, solid public health practice. That's the secret sauce here. We should not be looking for anything, any mysticism, or anyone to come save us with a special pill. This is all about good, solid public health practice, because, by the way, look, this one was a bad one, but it's not the last one. And so we need to prepare for the next really big one. We think this one was bad, imagine what would have happened had Ebola been aerosolized, or MERS had been aerosolized. You know, pick a TV movie. Even though this was a bad one, we still dodged a really, really bad one this time.
GB: Bom, este é um vírus muito diferente. E embora possa haver alguns indícios que a MERS e a SARS 1 nos possam ter dado alguma protecção inicial, e há estudos iniciais a debruçarem-se sobre isso, essa não é a solução. Aqui, o ingrediente secreto são as sólidas práticas de saúde pública. Esse é o ingrediente secreto. Não devemos procurar outras coisas, um misticismo qualquer, ou alguém para nos vir salvar com um comprimido especial. Tudo isto resume-se a práticas de saúde pública sólidas porque, já agora, esta foi bastante má, mas não é a última. Temos de nos preparar para a próxima mesmo muito má. Nós achamos que esta foi má, imaginemos o que aconteceria se o Ébola se transmitisse pelo ar, ou a MERS se transmitisse pelo ar. Escolham um filme da TV. Embora esta tenha sido má, desta vez, ainda escapámos a uma mesmo, mesmo má.
DB: Yeah, Middle East Respiratory Syndrome is no joke, and we should be thankful that it doesn't spread more easily, like SARS-CoV. Is this, though -- So all these diseases are zoonotic, that means they jumped to us from the animals that are out there. Obviously, humanity is kind of encroaching on nature in an ever more, kind of, urgent way, whether that's climate change or going into the forests, what have you. Is this just the new normal, like, we should expect pandemics every so often?
DB: Sim, a MERS não é brincadeira nenhuma, e devíamos estar gratos por não se espalhar mais facilmente, como a SARS-Covid. Mas isto é... Todas estas doenças são zoonóticas, ou seja, apareceram de animais que há por aí. Obviamente, a humanidade parece estar a intrometer-se na natureza de forma cada vez mais urgente, quer através da alteração climática, quer pelas florestas, o que seja. Este é o novo normal, ou seja, devemos esperar pandemias de vez em quando?
GB: Well, they do come periodically, so this is not, you know, the first pandemic, right? We've had several, 100 years ago, the 1918 influenza, SARS was a significant infection, even though it didn't get this bad, SARS one. And we had the avian flu, which was a challenge, and the swine flu. We had Zika. So no, we've had several new disease outbreaks. These emerging diseases happen a lot, and in many ways, we've been fortunate that we have been able to identify them early and contain them. But we're now in an environment where people can, by the way, make some of these things up. Now, this one did not happen, as best we can tell, it's not man-made. It did not probably come out of a leak in the lab. But we know that, when I was in school, to grow a bug, you had to be pretty sophisticated. That's not the case today. And we need to protect ourselves from both naturally occurring infections and from those that are created by humans.
GB: Bem, elas aparecem periodicamente. Esta não é a primeira pandemia, certo? Já tivemos muitas. Há 100 anos, a gripe pneumónica de 1918, a SARS foi uma infecção significativa, embora não tenha chegado a este ponto, a SARS 1. E tivemos a gripe das aves, que foi um desafio, e a gripe suína. Tivemos o Zika. Por isso não, temos tido muitos surtos de novas doenças. Estas doenças emergentes ocorrem com frequência, e de muitas formas, temos tido a sorte de ter conseguido identificá-las cedo e de as conter. Mas, agora, estamos num contexto em que as pessoas podem criar uma destas coisas. Esta não, pelo que sabemos, não foi criada por humanos. Provavelmente, não veio duma fuga dum laboratório. Mas sabemos que, quando eu andava na escola, para criar um vírus era preciso ser-se muito sofisticado. Hoje, isso não é o caso. E temos de nos proteger tanto das infecções que ocorrem naturalmente como daquelas criadas por seres humanos.
DB: Plus we have other, kind of, threat multipliers, like climate change, that make pandemics like this that much worse.
DB: Para além disso, temos outros multiplicadores de ameaças, como a alteração climática, que fazem com que pandemias destas sejam ainda piores.
GB: You know, I was saying climate change was the greatest threat human survival before this one. But this is rivaling climate change. But let me tell you, the big challenge we have now is that we have a pandemic, which we have still not contained, as we enter hurricane season, and we have climate change, which is exacerbating the ferocity of the hurricanes that we're having. So, you know, we're in for an interesting summer.
GB: Eu disse que a alteração climática era a maior ameaça à sobrevivência antes desta pandemia. Mas isto está ao mesmo nível. Mas deixe-me dizer que o grande problema que temos hoje é que temos esta pandemia, que ainda não contivemos, enquanto estamos a entrar na estação dos furacões, e temos a alteração climática, que potencia a ferocidade dos furacões que temos tido. Por isso, vamos ter um verão interessante.
DB: And here's Chris with, I think, a question from our audience.
DB: E aqui está o Chris com uma pergunta da nossa audiência.
Chris Anderson: Many questions, actually. People are very interested in what you're saying, Georges. Here we go, here's the first one from Jim Young: "How do we deal with people who don't believe this is serious?"
Chris Anderson: Muitas perguntas! As pessoas têm muito interesse no que estás a dizer, Georges. Vamos lá, aqui vai a primeira de Jim Young: "Como lidamos com as pessoas que não acreditam que isto é grave?"
GB: You know, you just have to continue to communicate the truth to folks. One of the things about this particular disease is that it does not spare anyone. It does not recognize political parties, it does not recognize geography, and we had lots of people, particularly in rural communities, that were not seeing it, because it had not yet come to them, and they didn't believe it was real. And now many of those communities are being ravaged by this disease. And so we just have to -- You know, it's not appropriate to say "I told you so." It is appropriate to say, "Look, now that you see it, come on board and help us resolve these problems." But this is something that's going to be around for a while. And if it becomes endemic, meaning that it occurs all the time at some low level, everyone is going to have this experience.
GB: Só temos de continuar a comunicar a verdade a todos. Uma das coisas acerca desta doença em particular é que não poupa ninguém. Não reconhece partidos políticos, não reconhece geografia, e tivemos muita gente, especialmente em comunidades rurais, que não estavam a entender, porque ainda não tinha lá chegado e não acreditavam que era real. Agora, muitas dessas comunidades estão a ser desfeitas por esta doença. Por isso, temos simplesmente de... É assim, não é apropriado dizer: "Eu bem avisei." É apropriado dizer: "Vejam, agora que estão a ver como é, "bem-vindos a bordo e ajudem-nos a resolver estes problemas." Mas isto é algo que vai estar por aí durante algum tempo. E se se tornar endémico, ou seja, se continuar a ocorrer mesmo a um nível menor, toda a gente vai ter esta experiência.
CA: Thank you. Here is one from Robert Perkowitz. "We seem to have been ignoring and underfunding public health, and we were unprepared for this virus." Look if the question is going to pop up there, I think it should, by some magic. "What should our priorities be now to prepare for the next public health crisis?"
CA: Obrigado. Aqui está uma pergunta de Robert Perkowitz. "Parece que temos ignorado e dedicado poucos fundos à saúde pública, "e estávamos mal preparados para este vírus." Vejam se a pergunta vai aparecer ali, acho que vai, por magia. "Quais deviam ser as prioridades agora "para nos prepararmos para a próxima crise de saúde pública?"
GB: Well, we now need to make sure that we've put in the funding, resources, training, staffing on the table. And by the way, our next public health crisis is not 10 years from now, it's not 20 years from now, it's the potential co-occurrence of influenza, which we know is going to happen this fall, because it comes every year, with either continued COVID or a spike in COVID. And we're going to have a disease process which presents very much the same, and we're going to have to differentiate COVID from influenza. Because we have a vaccine for influenza, we don't yet have a vaccine for COVID. We hope to have one in about a year. But that still remains to be seen.
GB: Bem, agora temos de nos certificar que temos os fundos, os recursos, a formação e a contratação sobre a mesa. E já agora, a nossa próxima crise de saúde pública não é daqui a 10 anos, não é daqui a 20 anos, é a potencial co-ocorrência da gripe, que sabemos que vai acontecer no próximo outono, porque vem todos os anos, com a continuação da COVID, ou com um pico da COVID. E vamos ter um processo de doença que aparenta ser mais ou menos o mesmo, e vamos ter de diferenciar a COVID da gripe. Nós já temos uma vacina para a gripe, mas ainda não temos para a COVID. Esperamos ter uma daqui a mais ou menos um ano. Mas isso ainda está para ser visto.
DB: So get your flu shots.
DB: Tomem a injecção para a gripe.
CA: Yeah. Indeed, in fact, David Collins asked exactly that question. "What is the likelihood of a vaccine before the next wave?"
CA: Sim. Na verdade, o David Collins perguntou exactamente isso. "Qual é a probabilidade de uma vacina antes da próxima vaga?"
GB: Well you know, the fastest vaccine that we've ever developed was measles, and that took four years. Now, a lot of things are different, right? We have started on a SARS-one vaccine. So it had gone to a lot of animal trials, it had gone to some very, very early human trials. As you know, we just got some announcement that at least it does seem to work in monkeys, in rhesus monkeys, and there's some evidence that at least it may be efficacious and safe in a very, very small number of people. When I say very, very small number of people, handful of people. So now it's got to go to phase two and phase three trials. So, yeah, [David] held up two hands, so yeah, yeah, it's a small number of people. What that tells you is either that those folks were very lucky, or it works. And we won't know until we put this into the arms of thousands of people.
GB: A vacina que desenvolvemos mais rapidamente foi para o sarampo, e levou quatro anos. Agora, há muitas coisas diferentes, não é? Começámos com uma vacina para a SARS 1. Fizemos muitos testes em animais, e alguns testes iniciais em humanos. Como sabem, acabámos de receber a notícia de que, pelo menos, parece funcionar em macacos, no macaco-rhesus, e há alguns indícios de que, talvez possa ser eficaz e segura num número de pessoas muito reduzido. Quando digo um número muito reduzido, é uma meia dúzia de pessoas. Por isso agora tem de passar para os testes da fase 2 e fase 3. O David levantou as duas mãos, Sim, sim, é um número de pessoas muito pequeno. O que nos diz é que ou essas pessoas tiveram muita sorte, ou funciona mesmo. E só vamos saber quando a pusermos nos braços de milhares de pessoas.
CA: Here's an important question from a TED Fellow. "How do we actually train people about what public health means? Especially in the context of folks who don't believe they have a responsibility to 'the public?'"
CA: Aqui vai uma pergunta importante dum membro do TED. "Como ensinamos às pessoas o que significa a saúde pública? "Especialmente em contextos "de quem não acredita ser responsável perante 'o público'?"
GB: Well, you know, I remind folks that when public health does its best job, nothing happens. And of course, when nothing happens, we don't get credit for it. So the reason that everyone in this country does not have to get up every morning and boil their own water is because of public health. The reason that, if you get into a car accident, you know, get into an automobile collision, and you wear your seat belt, and you have airbags, and you're not killed from that automobile collision, is because of public health. The reason that the air is safe to breathe, the food is safe to eat, is because of public health. The reason that your kids are not in clothing that ignites is because we have fire-retardant clothing. And that is a requirement. The reason that you don't trip walking down the stairs is because we've actually looked at how to build the stair so that people don't trip when they go up or down it. That's actually a public health intervention. So the built environment, medicines, all those kinds of things, vaccines, those are all public health, and that's why public health is there, and you may not believe that it's that important, but we couldn't live without it.
GB: Eu recordo às pessoas, que, quando a saúde pública faz o seu melhor trabalho, nada acontece. E claro, quando nada acontece, não lhe reconhecemos mérito. Por isso, a razão para todos neste país não terem de se levantar e ir ferver a própria água é por causa da saúde pública. A razão por que, se tivermos um acidente de carro, por exemplo, um choque de automóveis, e temos cintos de segurança, temos "airbags", e não morremos nesse choque de automóveis é por causa da saúde pública. A razão por que o ar é seguro para respirar, a comida é boa para comer, é devido à saúde pública. A razão por que as crianças não vestem roupa que se incendeie é porque temos roupa ignífuga. E isso é obrigatório. A razão para não tropeçarmos ao descer escadas é porque vimos como é que se constroem escadas de forma a que as pessoas não tropecem ao subir e descer. Essa é uma intervenção de saúde pública. Logo, o que nos rodeia, os medicamentos, essas coisas, vacinas, tudo é saúde pública, e é por isso que temos saúde pública, e talvez alguém não acredite que é importante, mas não podíamos viver sem ela.
CA: Maybe one day we can all envision a health care system in America that actually has some incentives that point towards public health. That would be very nice. David, I've got to just keep going with some of these questions, if it's OK, because they're pouring in. There's one here from Jacqueline Ashby. Important question for every parent. "What are your recommendations about sending children back to school?"
CA: Talvez um dia possamos todos, nos EUA, ambicionar um sistema de saúde com incentivos que conduzam à saúde pública. Seria mesmo bom. David, tenho de continuar com algumas destas perguntas, se possível, porque não param de chover. Aqui está uma da Jacqueline Ashby. Uma pergunta importante para todos os pais. "Quais são as recomendações para o regresso das crianças à escola?"
GB: Yeah, I'm struggling with this one, I've got three grandkids. And the good news is that my grandkids are more technically proficient than I am, and right now are getting their lessons remotely. I think it's going to be a challenge as we think about sending kids back to school. We're going to really need to know how infectious kids are and how well they do when they get infected. Now, right now, it seems, except for a very small number of children who get a very rare disease, that they tolerate this disease very well. But the central question is, how many of these germs will these kids bring back to you and to grandma and grandpa. So that's going to be important. And you know, trying to tell an eight-year-old not to interact with their friends, is a real challenge. By the way, trying to tell a 17-year-old not to interact with their friends is going to be a real challenge. So, we've got to properly educate these kids, we've got to figure out how we stagger their schedules. Uri's idea for the workforce might be an interesting concept for schools, because the idea is to try to decompress the number of kids in the classroom. By the way, if you get smaller class size, you get better education, anyway. So, we've got to have enough teachers, though. So that may be the rate limiting step.
GB: Sim, tenho tido dúvidas a esse respeito, tenho três netos. Felizmente, os meus netos são mais competentes nas tecnologias que eu, e agora estão a ter aulas à distância. Acho que vai ser um problema pensar em mandar as crianças para a escola. Temos de saber quão infecciosas é que as crianças são e se ficam bem quando são infectadas. Agora mesmo, parece que. excepto para um número muito pequeno de crianças que têm uma doença rara, elas toleram bastante bem esta doença. Mas a questão central é: quantos germes é que estas crianças vão trazer para casa para a avó e para o avô. Isso será importante. E tentar dizer a uma criança de oito anos para não interagir com os amigos é um enorme problema. Aliás, tentar dizer a um jovem de 17 anos para não interagir com os amigos vai ser um enorme problema. Logo, temos de educar devidamente estas crianças, temos de entender como equilibrar os horários delas. A ideia do Uri para os trabalhadores pode ser um conceito interessante para as escolas, porque a ideia é tentar reduzir o número de crianças na sala de aula. E se tivermos turmas mais pequenas, temos um ensino melhor, de qualquer forma. Mas então, temos de ter professores suficientes. Poderíamos então limitar os números.
CA: Alright, last question here for now from [Steven] Petranek. Masks. Advice on masks -- I switched that off, here we go. Advice on masks seems to have shifted. "Would most Americans who live and work in cities be better off wearing masks to also help reduce the air pollution particles they encounter every day?"
CA: Certo, última pergunta agora de Steven Petranek. Máscaras. Conselhos sobre máscaras. Bolas, desliguei isto, vamos lá. Os conselhos sobre máscaras parecem ter mudado. "Será que os americanos que vivem e trabalham em cidades "devem usar máscaras "para ajudar a reduzir as partículas de poluição no ar "que respiram todos os dias?"
GB: It may help some, absolutely. But let me tell you what I would prefer we stopped doing: burning fossil fuels. And doing all those terrible things that we are doing to destroy our climate. You know, everyone's talking about the fact that we've had this amazing reduction in CO2 because we're not driving cars. I've got to tell you, that is the best evidence that climate change is man-made. All those climate change skeptics who don't think climate change is man-made, we have just had a worldwide demonstration on what people do to create climate change. And so what we need to do is stop and move to a green economy.
GB: Pode ajudar alguma coisa, com certeza. Mas devo dizer o que preferia que deixássemos de fazer: queimar combustíveis fósseis. E todas aquelas coisas terríveis que fazemos e que destroem o nosso clima. Toda a gente está a falar sobre o facto de que tivemos uma redução extraordinária do CO2 porque não temos andado de carro. Tenho de dizer que esta é a melhor prova de que somos nós os responsáveis pela alteração climática. Todos os cépticos das mudanças climáticas que acham que elas não se devem aos seres humanos, acabámos de ter uma demonstração mundial do que as pessoas fazem para criar as alterações climáticas. Por isso, o que temos de fazer é parar e mudar para uma economia verde.
DB: Here, here.
CA: Muito obrigado.
CA: Thank you so much for those, I'll dip back in at the end with maybe a couple more. Thank you for this.
Vou intervir no fim com talvez mais uma ou duas. Muito obrigado.
DB: So we're waving the flag for masks. But also, one of the things that has become clear from this is that COVID-19 is not the great leveler that maybe some had hoped it was. Some communities are experiencing much worse, significantly worse outcomes than others. Why is that?
DB: Então, estamos a fazer campanha pelas máscaras. Mas também, uma das coisas que se tornou clara a partir de tudo isto é que a COVID-19 não nos torna iguais, como muitos tiveram esperança. Algumas comunidades estão a sofrer consequências muito piores significativamente piores, que outras. A que é que se deve isso?
GB: We're talking principally about the African American and Latino communities that seem to be disproportionately impacted if they get the disease. And it's because of exposure, primarily. Those populations have more public-facing jobs. So, you know, bus drivers, grocery clerks, working in long-term care facilities, nursing homes, in meatpacking facilities, chicken farms. So that's why they're much more -- going to be exposed to the disease. Susceptibility. Lots of chronic disease. So we know that particularly African Americans have disproportionate amounts of diabetes, heart disease, lung disease, and because of those chronic diseases, we found early on that that virus is more detrimental to those populations that have those diseases. And so that's the big issue here. That is what's causing those differentiations and it's really a challenge, because in many ways, those are many of the people that we have decided are essential employees and have to go to work.
GB: Estamos a falar sobretudo das comunidades afro-americanas e latinas que parecem ter sido afectadas desproporcionalmente, quando infectadas. Isso deve-se principalmente à exposição, Essas populações têm trabalhos com maior contacto cara a cara. Ou seja, os motoristas, os empregados de mercearia, os trabalhadores permanente de instalações de cuidados de saúde, nos lares de acolhimento, em matadouros, na avicultura. É por isso que estão mais expostos à doença. Muita susceptibilidade. Muitas doenças crónicas. Sabemos que os afro-americanos, em particular, têm uma quantidade desproporcionada de diabetes, de problemas cardíacos, de problemas pulmonares, e devido a estes problemas crónicos, descobrimos bastante cedo que o vírus é mais prejudicial às populações que têm estas doenças. Esse é o grande problema aqui. É isso que está a causar essas diferenças e é um verdadeiro problema porque, de muitas formas, essas são muitas das pessoas que considerámos que eram trabalhadores essenciais e que têm de ir trabalhar.
DB: That's right. So what is, in your view, the public health intervention to protect these essential workers, if you have ideas on that front?
DB: Exactamente. Qual é, na sua opinião, a intervenção de saúde pública que pode proteger esses trabalhadores essenciais, se é que tem alguma ideia nessa área?
GB: I absolutely do. We started this by a testing strategy based on symptoms. And now that we have enough tests, we need to make sure that not only people get those tests for clinical reasons, and people who have symptoms, but also begin to prioritize people who are public-facing, who are essential workers. So, certainly people working in nursing homes, hospitals, etc., but bus drivers, security guards, grocery store clerks. They need to be tested, and they need to have testing with the periodicity that will secure them, their families, and give everyone the trust that they're not going to be infected and we're not going to infect them. People who work in meatpacking plants, as an example. And we've seen the real tragedy of what's going on in the meatpacking plants, because they are working in an environment where they're shoulder to shoulder. There are some other things they need to do in terms of figuring out how to give them physical distancing on the assembly line, that's going to be important. But again, Uri's idea is not a bad idea for this nation to consider, for many of those industries to think about.
GB: Com certeza que tenho. Começámos com uma estratégia de testes baseada em sintomas. E agora que temos testes suficientes, temos de garantir que as pessoas não são testadas só por razões clínicas, não são só as pessoas que têm sintomas. Temos de dar prioridade às pessoas que trabalham cara a cara, aos trabalhadores essenciais. Por isso, as pessoas que trabalham em lares, hospitais, etc. e também os motoristas, os seguranças, os empregados de mercearia. Eles têm de ser testados, e têm de ser testados periodicamente para os manter em segurança, a eles e às suas famílias e dar confiança a toda a gente de que não vão ficar infectados e de que não os vamos infectar. Quem trabalha em matadouros, por exemplo. Já vimos a verdadeira tragédia do que se passa nos matadouros, porque é um contexto em que os trabalhadores estão ombro a ombro. Há mais coisas que é preciso fazer para percebermos como manter a distância social na linha de montagem, isso é importante. Mas novamente, a ideia do Uri não é má e o país deve considerá-la, assim como muitas destas indústrias.
DB: Yeah, we have to make sure that these truly are folks who are treated as essential workers, not sacrificial workers, it seems to me. And obviously, this is not just confined to the US.
DB: Sim, temos de nos certificar de que estes trabalhadores são tratados como essenciais, e não como trabalhadores de retaguarda. E claro, isto não se resume aos EUA.
GB: Oh, absolutely. We're seeing these disparities not just in the United States, but in other countries as well. And they have a lot to do with race and class and the types of jobs that you do, the occupations that you do. And quite frankly, we should have thought about this when we saw the first data that showed that in China people with chronic diseases were much more at risk and had worse health outcomes. We would have sped up our actions right away, because, look, that's happened with every new disease that's come into the country.
GB: Oh, certamente. Vemos estas disparidades não só nos EUA, mas noutros países também. E têm muito a ver com a raça e a classe e o tipo de trabalho que se tem, as ocupações que se têm. E francamente, devíamos ter pensado nisso quando vimos as primeiras informações que mostraram isso na China, ou seja, que pessoas com doenças crónicas estavam em maior risco e tinham piores resultados na saúde. Devíamos ter sido muito mais rápidos na acção, porque, olhem o que aconteceu com cada doença nova que chegou ao país.
DB: So it seems like a lot of this goes back to that potential -- it's not an oxymoron, public health is everybody's job, and we need to adopt that. What does, in your view, a robust public health infrastructure look like? What would that look like?
DB: Parece que tudo isto vai ao encontro — não é um paradoxo — a saúde pública é o trabalho de todos, e temos de a adotar. Na sua perspectiva, como será uma infraestrutura de saúde pública robusta? Com que se parecerá?
GB: Well, you know, anytime a new health threat enters our community, we ought to be able to rapidly identify it, contain it, and if we can mitigate it, for sure, and eliminate it if possible, and then put in all the protective measures that we had before. So that means having a well-staffed, well-trained governmental public health entity, just like we have for police, fire, EMS. It means that they've got to be well-paid, it means that they've got to be well-resourced. You know, we still have some of our contact tracers out there using pen and pads. And sending things to Excel Spreadsheets. No, we need the same kind of robust technology that the folks at, you know, any of the online retailers are using, whether it's Amazon, etc. We're still looking at data that's two years in the rear to make data-driven decisions. We need to be able to make immediate decisions. By the way, Taiwan, you mentioned them earlier, I remember being in Taiwan watching data come from infectious diseases, real time, from their electronic medical record system. So, you know, we can do this, the technology exists.
GB ; Bem, sempre que nos chega uma nova ameaça da saúde, temos de conseguir identificá-la rapidamente, contê-la, e, se pudermos, mitigá-la, e eliminá-la se possível, e impor todas as medidas de protecção que já tivemos antes. Isso implica ter funcionários suficientes, um órgão de saúde pública governamental competente, tal como temos para a polícia, para os bombeiros, para os correios. Implica que sejam bem pagos, implica que têm de ter os recursos necessários. Ainda temos despistadores de contactos que usam canetas e blocos e enviam coisas para uma folha de cálculo do Excel. Não, nós precisamos do mesmo tipo de tecnologia robusta que os trabalhadores de qualquer rede de retalho "online" usam, quer seja a Amazon, etc. Ainda andamos a ver informações com dois anos de atraso para tomar decisões que dependem delas. Precisamos de poder tomar decisões imediatas. A propósito, falando de Taiwan — referido há pouco — lembro-me de estar em Taiwan a assistir às informações a chegarem, em tempo real, sobre doenças infecciosas, num sistema de históricos médicos electrónico que eles têm. Nós podemos fazer o mesmo, a tecnologia existe.
DB: Imagine that. Wow, real time health information, what a difference that would make. Do you think that technology can help us here, whether that's the Google-Apple collaboration or whatever else?
DB: Quem diria. Uau! Informações de saúde em tempo real, que diferença que isso faria. Acha que a tecnologia nos pode ajudar aqui, quer seja uma colaboração entre a Google e a Apple, o que seja?
GB: Technology can help us, but it's not going to replace us. We're nowhere near where we can sit back and have our electronic avatar do our work for us. But the technology can outstrip our work. It can give us situational awareness. It can give us real time information. It allows us to send information from point A to point B for data analysis. It allows us to do second thinking, so we're doing all this modeling, it allows others to check our numbers right away. So it could speed up research. But we have to invest in it, and we have to continue it, because obsolescence is always the evil part of technology.
GB: A tecnologia pode ajudar-nos, mas não nos vai substituir. Não estamos nem perto do momento em que possamos relaxar e deixar o nosso avatar electrónico trabalhar por nós. Mas a tecnologia pode superar-nos. Pode-nos dar uma consciência da situação. Pode-nos dar informações em tempo real. Permite-nos enviar informações do ponto A para o ponto B para análise dos dados. Permite-nos pensar duas vezes. enquanto fazemos um modelo, os outros podem logo verificar os números. Portanto, pode acelerar a investigação. Mas temos de investir nisso, e temos de continuar, porque a parte má da tecnologia é ficar rapidamente obsoleta.
DB: And it looks like Chris is back with more questions.
DB: E parece que o Chris está de volta com mais perguntas.
CA: Yeah, I guess we're getting close to the end, but the questions keep coming in. There's one here from Neelay Bhatt. "What role do you see parks, trails and open space play in assisting larger public health goals?"
CA: Sim, parece que estamos próximos do fim, mas as perguntas continuam a chegar. Aqui está uma do Neelay Bhatt. "Que papel terão os parques, caminhos e espaços amplos "nos objectivos gerais da saúde pública?"
GB: You know, green space is absolutely essential, and the ability to get out and walk and exercise, having sidewalks, so that you can have communities that are walkable, bikeable and green for utilization of all ages, it's good for our mental health, it's good for our physical health. And I always tell folks, you know, it's a great place to go when someone's gotten on your last nerve.
GB: Bem, os espaços verdes são absolutamente essenciais, e podermos sair para andar e fazer exercício, ter passeios, para termos comunidades para peões, ciclovias, e parques para utilização de todas as idades. É bom para a nossa saúde mental, é bom para a nossa saúde física. E digo sempre a toda a gente que é um lugar magnífico para irmos quando alguém nos mói o juízo.
CA: Indeed. Here we have one anonymous question. Where possible don't go anonymous, because we're all friends here when all said and done. Probably someone ... Anyway. Let's see, but it's a good question. "There are many who are highly suspicious of what the real experts are saying. What have you found to be effective in helping the highly suspicious be less suspicious and more trusting?"
CA: É mesmo. Temos aqui uma pergunta anónima. Quando possível, não fiquem anónimos, porque aqui somos todos amigos, no fim de contas. Provavelmente, é alguém... Enfim. Vamos ver, mas é uma boa pergunta. "Muitos estão desconfiados do que os peritos têm vindo a dizer. "Há alguma técnica eficaz para ajudar alguém muito desconfiado "a ser menos desconfiado e mais confiante?"
GB: Tell the truth. If you make a mistake, acknowledge it and correct it right away. Be consistent. And don't say stupid stuff. And far too often that happens. And you know, one of the interesting things, we've already been through this with the mask discussion. You know, traditional wisdom was that we only had people wear the mask if they were infectious, or you're in a health care environment where there was a high risk of getting the disease. And then we said, no, it's OK for everybody to wear a mask. And that's because we learned eventually, and became much more believable, in the science that we had asymptomatic spreading. But we did not communicate it very well. We said, oh, no, no, we're changing our minds, everybody can wear a mask, after telling people not to wear a mask. And then we didn't spend enough time explaining to people why. So we lost trust. So we need to do a better job of that. And then our leaders need to be very careful what they say when you have a bullhorn. And by the way, I've made mistakes, I've said things on TV that were just wrong, because I was wrong. And I've tried very hard to try to correct those as quickly as I can. All of us do that, but you have to be strong enough and have a strong enough personality to say when you're wrong and then correct it. Because at the end of the day, once you've lost trust, you've lost everything.
GB: Dizer a verdade. Se fizerem um erro, reconheçam-no e corrijam-no logo. Sejam consistentes. Não digam coisas estúpidas. Isso acontece demasiadas vezes. Aliás, umas das coisas interessantes, já falámos disso na discussão das máscaras. A sabedoria tradicional dizia que as únicas pessoas que deviam usar máscara eram as que estavam infectadas ou que estavam num hospital onde haveria um alto risco de apanharem a doença. E depois dissemos que não, que era melhor todos usarem máscaras. Isso porque finalmente entendemos — e tornou-se muito mais credível — que, segundo a ciência, havia contágio assintomático. Mas não o comunicámos como deve ser. Dissémos: "Oh, não, não, mudámos de ideias, "todos podem usar máscaras", depois de dizermos para não as usarem. Depois não dedicámos tempo suficiente a explicar às pessoas porquê. Logo, perdemos a confiança. Precisamos de fazer melhor. E depois, os nossos líderes, quando têm um microfone à frente, têm de ter cuidado com o que dizem. Já agora, eu já cometi erros, Disse coisas na televisão que estavam erradas, porque eu estava errado. E esforcei-me muito para corrigir esses erros o mais rápido possível. Todos nós fazemos isso, mas temos de ser suficientemente fortes e ter uma personalidade forte para dizermos quando estamos errados e depois corrigi-lo. Porque, no fim de contas, assim que perdemos a confiança, perdemos tudo.
CA: Well if I might say so, just the way in which you're communicating right now, I mean, to me, that is a means of communication that engenders trust. I don't know what magic sauce you have going there, but it's very, very compelling listening to you. Thank you so much for this. David, do you have any other last cues?
CA: Bem, se me permite, a forma como está a comunicar connosco agora, para mim é uma forma de comunicação que gera confiança. Não sei que ingrediente secreto é que temos aqui, mas é muito motivador ouvi-lo falar. Muito obrigado por isso. David, tens mais algumas sugestões?
GB: I've made lots of mistakes.
GB: Cometi muitos erros.
DB: Yeah, no, but it really has been a real pleasure to have you join us, and thank you for that. Just one final question if I may. You've been doing this for a while, what gives you hope looking forward?
DB: Sim, não, mas foi mesmo um enorme prazer tê-lo connosco, agradecemos-te por isso. Apenas uma última pergunta, se puder. Já faz isto há algum tempo, o que é que lhe dá esperança para continuar?
GB: You know, let me tell you something. The one thing that gives me hope is when I see people taking care of their friends and family members. I mean, drive-by birthday parties. I saw that on the news today. People who are calling their friends. I've heard from people that I haven't talked to in years, who are just calling me to say, "I haven't talked to you for a long time. Are you OK?" So do more of that. And the trust we've had in one another, and the love we've shown, it's just been absolutely amazing, so that gives me hope.
GB: Vou dizer uma coisa. Aquilo que me dá esperança é ver as pessoas cuidar dos seus amigos e familiares. Por exemplo, festas de aniversário em "drive-in". Vi isso hoje nas notícias. Pessoas que telefonam aos seus amigos. Fui contactado por pessoas com quem não falava há anos, que me ligaram só para dizer: "Não falamos há imenso tempo. Está tudo bem?" Por isso, continuem a fazer isso. E a confiança que temos tido uns nos outros, e o amor que temos mostrado, tem sido incrível. Isso dá-me esperança.
DB: Humanity for the win in the end.
DB: No fim, a humanidade vence.
GB: Yeah.
GB: Sim.
DB: Well, thank you so much, Dr. Benjamin, for joining us and for sharing your wisdom.
DB: Bem, muito obrigado, Dr. Benjamin, por se juntar a nós e partilhar os seus conhecimentos.
GB: Glad to be here.
GB: Grato por estar aqui.
CA: Yes, thank you.
CA: Obrigado.
GB: You guys be safe. Your families be safe.
GB: Fiquem bem. E as vossas famílias também.
DB: Thank you, you too.
DB: Obrigado e igualmente.