You know, there's a small country nestled in the Himalayan Mountains, far from these beautiful mountains, where the people of the Kingdom of Bhutan have decided to do something different, which is to measure their gross national happiness rather than their gross national product. And why not? After all, happiness is not just a privilege for the lucky few, but a fundamental human right for all. And what is happiness? Happiness is the freedom of choice. The freedom to chose where to live, what to do, what to buy, what to sell, from whom, to whom, when and how. Where does choice come from? And who gets to express it, and how do we express it?
Vocês sabem, há um pequeno país aninhado nas montanhas do Himalaia, longe dessas bonitas montanhas, onde as pessoas do Reino do Butão decidiram fazer algo diferente: medir a Felicidade Interna Bruta em vez do Produto Interno Bruto. E por que não? Afinal de contas, a felicidade não é um privilégio para alguns poucos sortudos, mas um direito humano fundamental para todos. E o que é a felicidade? Felicidade é a liberdade de escolha. A liberdade de escolher onde viver, o que fazer, o que comprar, o que vender -- de quem, para quem, quando e como. De onde vem a escolha? E quem tem direito de manifestá-la, e como nós a manifestamos?
Well, one way to express choice is through the market. Well-functioning markets provide choices, and ultimately, the ability to express one's pursuit for happiness. The great Indian economist, Amartya Sen, was awarded the Nobel prize for demonstrating that famine is not so much about the availability of food supply, but rather the ability to acquire or entitle oneself to that food through the market. In 1984, in what can only be considered one of the greatest crimes of humanity, nearly one million people died of starvation in my country of birth, Ethiopia. Not because there was not enough food -- because there was actually a surplus of food in the fertile regions of the south parts of the country -- but because in the north, people could not access or entitle themselves to that food. That was a turning point for my life.
Bem, uma forma de manifestar uma escolha é através do mercado. Mercados que funcionam bem garantem escolhas, e no fim das contas a capacidade de cada um de manifestar a procura pela felicidade. O grande economista indiano, Amartya Sen, foi premiado com o Nobel por demonstrar que a fome não provém só da falta de disponibilidade de comida, mas também da capacidade de adquirir ou disponibilizar a alguém essa comida através do mercado. Em 1984, no que só pode ser considerado um dos maiores crimes da humanidade, quase um milhão de pessoas morreram de fome no meu país natal, a Etiópia. Não por não haver comida suficiente -- porque havia, na verdade, um superávit de comida nas regiões férteis do sul do país -- mas porque no norte as pessoas não podiam aceder a ou se prever dessa comida. Esse momento mudou a minha vida.
Most Africans today, by far, are farmers. And most of Africa's farmers are, by and large, small farmers in terms of land that they operate, and very, very small farmers in terms of the capital they have at their disposal. African agriculture today is among, or is, the most under-capitalized in the world. Only seven percent of arable land in Africa is irrigated, compared to 40 percent in Asia. African farmers only use some 22 kilograms of fertilizer per hectare, compared to 144 in Asia. Road density is six times greater in Asia than it is in rural Africa. There are eight times more tractors in Latin America, and three times more tractors in Asia, than in Africa. The small farmer in Africa today lives a life without much choice, and therefore without much freedom. His livelihood is predetermined by the conditions of grinding poverty. He comes to the market when prices are lowest, with the meager fruits of his hard labor, just after the harvest, because he has no choice. She comes back to the market some months later, when prices are highest, in what we call the lean season -- when food is scarce -- because she has to feed her family and has no choice.
A grande maioria dos africanos hoje em dia são agricultores. E a maioria dos agricultores africanos são, de modo geral, pequenos agricultores em termos do tamanho da terra que eles trabalham -- e agricultores muito, muito pequenos em termos do capital que eles têm à sua disposição. A agricultura africana hoje está entre, ou é, uma das agriculturas mais subcapitalizadas do mundo. Apenas 7% da terra cultivável da África é irrigada, comparado com 40% na Ásia. Agrigultores africanos usam mais ou menos 22 quilos de fertilizante por hectare, comparado com 144 quilos na Ásia. A densidade de estradas é seis vezes maior na Ásia do que nas áreas rurais da África. Há oito vezes mais tratores na América Latina, e três vezes mais tratores na Ásia, do que na África. O pequeno agricultor hoje, na África, vive uma vida sem muitas escolhas, e portanto sem muita liberdade. O seu modo de vida é pré-determinado pelas condições opressivas da pobreza. Ele vem à feira quando os preços estão baixos, levando os escassos frutos do seu trabalho duro, logo após a colheita, porque ele não tem escolha. Ela volta à feira alguns meses depois, quando os preços estão altos, no que chamamos 'temporada da seca' -- quando a comida é escassa -- pois ela tem que alimentar a sua família e não tem outra opção.
The real question is, how can markets be developed in rural Africa to harness the power of innovation and entrepreneurship that we know exists? Another notable economist, Theodore Schultz, in 1974 won the Nobel prize for demonstrating that farmers are efficient, but poor. Meaning, in fact, that farmers are rational and profit-minded just like everybody else. Well, we don't need, now, any more Nobel prizes to know that farmers want a fair shake at the market and want to make money, just like everyone else. And one thing is clear, which is at least now we know that Africa is open for business. And that business is agriculture. Over two decades ago, the world insisted to Africa that markets must be liberalized, that economies must be structurally adjusted. This meant that governments were to remove themselves from the business of buying and selling -- which they did rather inefficiently -- and let the private market do its magic. Well, what happened over the last 25 years? Did Africa feed itself? Did our farmers turn into highly productive commercial actors?
A verdadeira pergunta é, como o mercado pode ser desenvolvido na área rural da África de maneira a aproveitar o poder da inovação e do empreendedorismo que sabemos que existe? Outro economista notável, Theodore Schultz, ganhou o prêmio Nobel em 1974 por demonstrar que os agricultores são eficientes, mas são pobres. Ou seja, na verdade, os agricultores são racionais e voltados para o lucro assim como todo mundo. Bem, não precisamos, agora, de mais nenhum prêmio Nobel para saber que os agricultores querem uma oportunidade igual para entrar no mercado e querem ganhar dinheiro, assim como todo mundo. E uma coisa está clara, que é que pelo menos agora sabemos que a África está aberta para os negócios. E que o negócio dela é a agricultura. Há mais de duas décadas, o mundo exigiu da África que os mercados fossem livres -- que as economias deveriam ser estruturalmente ajustadas. Isso significava que os governos deveriam se retirar do trabalho de comprar e de vender -- o que eles faziam de maneira não muito eficiente -- e deixar o mercado privado fazer sua magia. Bem, o que aconteceu no decorrer dos últimos 25 anos? A África se alimentou? Os nossos agricultores se tornaram comerciantes altamente produtivos?
I think we're all in this room, probably, because we know that, in fact, Africa is the only region in the world where hunger and malnutrition are projected to go up over the next 10 years, where the food import bill is now double what it was 20 years ago, where food production per capita has stagnated, and where fertilizer use has declined rather than increased. So why didn't agriculture markets perform to expectations? The market reforms prompted by the West -- and I've spent some 15 years traveling around the continent doing research on agricultural markets, and have interviewed traders in 10 to 15 countries in this continent, hundreds of traders -- trying to understand what went wrong with our market reform. And it seems to me that the reforms might have thrown the baby out with the bath water.
Acredito que todos estamos nesta sala, provavelmente, porque sabemos que de fato a África é a única região no mundo onde há projeção que a fome e a desnutrição aumentem nos próximos 10 anos. Onde a conta de importação de alimentos agora é o dobro do que era 20 anos atrás. Onde a produção de comida per capita estagnou, onde o uso de fertilizante declinou em vez de aumentar. Então por que o mercado da agricultura não agiu de acordo com as expectativas? As reformas de mercado instigadas pelo Ocidente -- e eu passei cerca de 15 anos viajando pelo continente fazendo pesquisas sobre mercados agrícolas, e eu entrevistei comerciantes de 10 a 15 países neste continente -- centenas de comerciantes -- tentando entender o que aconteceu de errado com nossa reforma de mercado. E me parece que as reformas talvez tenham jogado fora tanto as coisas boas quanto os problemas.
Like its agriculture, Africa's markets are highly under-capitalized and inefficient. We know from our work around the continent that transaction costs of reaching the market, and the risks of transacting in rural, agriculture markets, are extremely high. In fact, only one third of agricultural output produced in Africa even reaches the market. Africa's markets are weak not only because of weak infrastructure in terms of roads and telecommunications, but also because of the virtual absence of necessary market institutions, such as market information, grades and standards, and reliable ways to connect buyers and sellers. Because of this, commodity buyers and sellers typically transact in small circles, in narrow networks of people they know and trust. And because of that, as grain changes hands -- and I've measured that it changes hands four, five times in its trajectory from the farmer to the consumer -- every time it changes hands -- and I've seen this all over rural Africa -- it also changes sacks.
Assim como a sua agricultura, os mercados da África são altamente subcapitalizados e ineficientes. Sabemos, através do nosso trabalho pelo continente, que os custos de transação para alcançar o mercado, e os riscos de fazer transações nos mercados de agricultura rural, são extremamente altos. De fato, apenas um terço da produção agrícola da África alcança o mercado. Os mercados da África são fracos não somente por causa da infraestrutura fraca em termos de estradas e telecomunicações, mas também por causa da quase ausência de instituições fundamentais de mercado como informação de mercado, graduações, padrões e métodos seguros de conectar compradores e vendedores. Por causa disto, compradores e vendedores de commodities geralmente atuam em pequenos círculos, em redes reduzidas de pessoas que eles confiam e conhecem. Por isso, enquanto os cereais passam de uma pessoa a outra -- e eu já mensurei que eles mudam de mão quatro, cinco vezes na sua trajetória do agricultor para o consumidor -- todas as vezes que estes trocam de mãos -- e eu vi isto por toda a África rural -- troca também de embalagens.
And I thought that was incredibly peculiar. And really realized that that was because -- as traders would tell me over and over -- that's the only way people know what they're getting in terms of the quantity and the product quality. And that actually has huge implications for the ability of markets to quickly respond to price signals, and situations where there are deficits, for example. It also has very high cost implications. I have measured that 26 percent of the marketing margin is simply due to the fact that, because of the absence of grades and standards and market information, sacks have to be constantly changed. And this leads to very high handling costs. For their part, small farmers, who produce the bulk of our agricultural output in Africa, come to the market with virtually no information at all -- blind -- trusting that they're going to have some sort of demand for their produce, and completely at the mercy of the merchants in the only market, the nearest local market they know -- where they're unable to negotiate better prices or reduce their risk.
E eu achei isso incrivelmente estranho. E percebi que isto acontece porque -- assim como os comerciantes me falaram várias vezes -- esta é a única maneira que as pessoas têm como saber o que estão adquirindo em termos de quantidade e qualidade do produto. E isto na verdade tem grandes implicações na capacidade do mercado de rapidamente responder a oscilações de preços, e situações onde há deficit, por exemplo. Isto também tem grandes implicações no custo. Medi que 26% da diferença entre o preço de compra e de revenda é simplesmente pelo fato de, por causa da ausência de graduações, padrões e informações sobre o mercado, as embalagens devem ser constantemente trocadas. E isto leva a elevados custos de empacotamento. Por sua vez, os pequenos agricultores, que produzem o grosso da nossa produção agrícola na África chegam ao mercado praticamente sem informações -- cegos. Confiando que haverá alguma demanda pelos seus produtos, e completamente à mercê de comerciantes no único mercado, o mercado local mais próximo que eles conhecem -- onde eles não são capazes de negociar melhores preços ou reduzir seus riscos.
Speaking of risk, we have seen that price volatility of food crops in Africa is the highest in the world. In Africa, small farmers bear the brunt of this risk. In fact, in my view, there is no region of the world and no period in history that farmers have been expected to bear the kind of market risk that Africa's farmers have to bear. And in my view, there is simply no place in the world that has grown its agriculture on the kind of risk that our farmers in Africa today face. In Ethiopia, for example, the variation in maize prices from year to year is as much as 50 percent annually. This kind of market risk is mind-boggling, and has direct implications for not only the incentives of farmers to invest in higher productivity technology, such as modern seeds and fertilizers, but also direct implications for food security.
Falando de riscos, nós vimos que a volatilidade de preços das safras na África é a maior do mundo. Na África, pequenos agricultores suportam o fardo dos riscos. Na verdade, ao meu ver, não há outra região no mundo e não houve período na história em que agricultores tiveram que sustentar este tipo de risco de mercado da forma que os agricultores da África têm que enfrentar. E no meu ponto de vista, simplesmente não há lugar no mundo que tenha crescido sua agricultura no tipo de risco que hoje os agricultores na África enfrentam. Na Etiópia, por exemplo, a variação do preço do milho ano após ano pode ser de até 50%. Este tipo de risco de mercado é impressionante, e tem implicações diretas não somente nos incentivos para os agricultores investirem em uma tecnologia de maior produção, como sementes e fertilizantes modernos, mas também implicações diretas no fornecimento de comida para a população.
To give you an example, between 2001 and 2002, Ethiopian maize farmers produced two years of bumper harvest. That in turn, because of the weak marketing system, led to an 80 percent collapse in maize prices in the country. This made it unprofitable for some farmers to even harvest the grain from the fields. And we calculated that some 300,000 tons of grain was left in the fields to rot in early 2002. Not six months later, in July 2002, Ethiopia announced a major food crisis, to the same proportions as 1984: 14 million people at risk of starvation. What also happened that year is in the areas where there were good rains, and where farmers had previously produced surplus grain, farmers had decided to withdraw from the fertilizer market, not use fertilizer and actually had dropped their use of fertilizer by 27 percent. This is a tragic example of arrested development, or a budding green revolution stopped in its tracks. And this is not just specific to Ethiopia, but happens over and over, all over Africa.
Para dar a vocês um exemplo, entre 2001 e 2002 os produtores etíopes produziram dois anos de super colheita. Isto fez com que, em troca, por causa do fraco sistema de mercado, houvesse um colapso de quase 80% no preço do milho no país. Para alguns agricultores, isto fez com que ficasse improdutivo colher o milho do campo. E calculamos que algo como 300.000 toneladas de cereais foram deixadas no campo para apodrecer, no começo de 2002. Nem seis meses depois, em julho de 2002, a Etiópia anunciou uma grande crise de alimentos, com as mesmas proporções da de 1984 -- 14 milhões de pessoas com risco de inanição. Também aconteceu naquele ano que nas áreas onde houve muita chuva, e onde os agricultores haviam anteriormente produzido superávit de grãos, agricultores decidiram se retirar do mercado de fertilizantes, não usar fertilizantes, e diminuíram o seu uso de fertilizante em 27%. Este é um exemplo trágico de desenvolvimento atrasado ou o nascer de uma revolução verde que foi repentinamente detida. E isto não é específico da Etiópia, acontece sempre, por toda a África.
Well, I'm not here today to lament about the situation, or wring my hands. I am here to tell you that change is in the air. Africa today is not the Africa waiting for aid solutions, or cookie-cutter foreign expert policy prescriptions. Africa has learned, or is learning somewhat slowly, that markets don't happen by themselves. In the 1980s, it was very fashionable to talk about getting prices right. There was a very influential book about that, which was mainly about getting governments out of the market. We now recognize that getting markets right is about not just price incentives, but also investing in the right infrastructure and the appropriate and necessary institutions to create the conditions to unleash the power of innovation in the market. When conditions are right, we know and see that that innovation is ready to explode in rural Africa, just like anywhere else.
Bem, eu não estou aqui hoje para lamentar essa situação e não fazer nada a respeito. Eu estou aqui para dizer que as mudanças estão chegando. A África hoje não é a África que espera doações do exterior, ou políticas pré-formuladas receitadas por especialistas estrangeiros. A África aprendeu, ou está aprendendo -- um tanto quanto devagar -- que o mercado não surge sozinho. Na década de 80, falar sobre ajustar os preços adequadamente estava muito na moda. Havia um influente livro sobre isto, que era principalmente sobre retirar o governo do mercado. Agora admitimos que conhecer bem o mercado não é somente dar incentivos de preços, mas também investir na infraestrutura adequada e nas instituições apropriadas e necessárias para criar as condições para liberar o poder de inovação no mercado. Quando as condições são corretas, nós sabemos e vemos que a inovação está pronta para explodir na África rural, assim como em qualquer lugar.
Nearly three years ago, I decided to leave my comfortable job as a World Bank senior economist in Washington and come back to my country of birth, Ethiopia, after nearly 30 years abroad. I did so for a simple reason. After having spent more than a decade understanding, studying, and trying to convince policymakers and donors about what was wrong with Africa's agricultural markets, I decided it was time to do something about it. I currently lead, in Ethiopia, an exciting new initiative to establish the first Ethiopia Commodity Exchange, or ECX. Now, the commodity exchange itself, that concept, is not new to the world. In fact, in 1848, 82 grain merchants and farmers got together in a small town at the crossroads of the Illinois River and Lake Michigan to establish a way to trade better amongst themselves.
Quase três anos atrás, decidi me demitir do meu confortável trabalho como economista sênior do Banco Mundial em Washington, e retornei para o meu país natal, a Etiópia, depois de quase 30 anos fora. Eu fiz isto por uma simples razão. Depois de passar mais de uma década entendendo, estudando e tentando convencer os políticos e doadores sobre o que acontecia de errado com o mercado agrícola africano, eu decidi que já era hora de fazer alguma coisa sobre isso. Eu atualmente lidero, na Etiópia, uma empolgante iniciativa para estabelecer o primeiro Mercado de Commodities da Etiópia, ECX. O mercado de commodities em si, o conceito, não é novo no mundo. De fato, em 1848, 82 comerciantes de cereais e agricultores se uniram numa pequena cidade na encruzilhada do rio Illinois com o lago Michigan para estabelecer uma maneira de negociar melhor entre si.
That was, of course, the birth of the Chicago Board of Trade, which is the most famous commodity exchange in the world. The Chicago Board of Trade was established then for precisely the same reasons that our farmers today would benefit from a commodity exchange. In the American Midwest, farmers used to load grain onto barges and send it upriver to the Chicago market. But once it arrived, if no buyer was to be found, or if prices suddenly dropped, farmers would incur tremendous losses. And in fact, would even dump the grain in Lake Michigan, rather than spend more money transporting it back to their farms. Well, the need to avoid these huge risks and tremendous losses led to the birth of the futures market, and the underlying system of grading grain and receipting -- issuing warehouse receipts on the basis of which trade could be done.
Isto foi, é claro, o nascimento do Chicago Board of Trade, que é a mais famosa bolsa de commodities do mundo. O Chicago Board of Trade foi estabelecido precisamente pelas mesmas razões que nossos agricultores hoje se beneficiariam de uma bolsa de commodities. No meio-oeste americano, agricultores costumavam carregar os cereais em barcos e levá-los rio acima para o mercado de Chicago. Mas uma vez lá, se não achassem compradores, ou se os preços caíssem repentinamente, os agricultores incorreriam tremendas perdas. De fato, preferiam jogar os cereais no lago Michigan em vez de gastar mais dinheiro para transportá-los de volta às fazendas. Bem, a necessidade de se evitar estes enormes riscos e tremendas perdas desencadeou o nascimento das bolsas de mercado futuro, e o sistema de classificação e emissão de recibos -- entregar os recibos dos dépositos que podiam ser trocados entre indivíduos.
From there, the greatest innovation of all came about in this market, which is that buyers and sellers could transact grain without actually having to physically or visually inspect the grain. That meant that grain could be traded across tremendous distances, and even across time -- as far forward as 18 months into the future. This innovation is at the heart of the transformation of American agriculture, and the rise of Chicago to a global market, agricultural market, superpower from where it was, a small regional town. Now, over the last century, we tend to think of commodity exchanges as the purview of Western industrialized countries, and that the reference prices for cotton, coffee, cocoa -- products produced mainly in the south -- are actually a reference price, or a price discovered in these organized commodity exchanges in the northern countries. But that is actually changing.
De lá, a maior inovação de todas surgiu neste mercado, que é a possibilidade de compradores e vendedores negociarem os cereais sem ter que, na verdade, visualmente ou fisicamente inspecionar os cereais. Isto significava que os cereais poderiam ser negociados através de distâncias enormes, e mesmo através do tempo -- até 18 meses no futuro. Esta inovação está no âmago da transformação da agricultura americana, e a transformação de Chicago, que era apenas uma pequena cidade, em uma superpotência do mercado global, do mercado agrícola. Agora, e ao longo do último século, pensamos na bolsa de commodities como o limite dos países ocidentais industrializados. E que os preços referenciais do algodão, café, cacau -- produtos produzidos em sua maioria no hemisfério sul -- são na verdade preços referenciais descobertos nestas bolsas de commodity dos países do hemisfério norte. Mas isto está em processo de mudança.
And we're seeing a shift -- powered mainly because of information technology -- a shift in market dominance towards the emerging markets. And over the last decade, you see that the share of Western exchanges -- and this is the U.S. share of exchanges in the world -- has gone down by nearly half in just the last decade. Similarly, there's been explosive growth in India, for example, where rural farmers are using exchanges -- growing here over the last three years by 270 percent a year. This is powered by low-cost VSAT technology, aggressively trying to reach farmers to bring them into the market. China's Dalian Commodity Exchange, three years ago, 2004, overtook the Chicago Board of Trade to become the second largest commodity exchange in the world. Now, in Ethiopia, we're in the process of designing the first organized Ethiopia Commodity Exchange. We're not trying to cut and paste the Chicago model or the India model, but creating a system uniquely tailored to Ethiopia's needs and realities, Ethiopia's small farmers.
E agora podemos ver uma transformação, instigada principalmente por causa da tecnologia da informação. Uma mudança do domínio do mercado para os mercados emergentes. E ao longo da última década, observa-se que a fatia de mercados do ocidente -- e esta é a fatia dos EUA nas bolsas do mundo -- caiu para quase a metade somente na última década. De maneira similar, houve crescimento explosivo na Índia, por exemplo, onde agricultores estão usando bolsas -- aqui aumentou em 270% por ano nos últimos três anos. Isto é impulsionado pelo custo baixo da tecnologia VSAT, que está tentando de maneira agressiva alcançar os agricultores e os incluir no mercado. Há três anos, em 2004, o Mercado de Commodities Dalian, da China, ultrapassou o Chicago Board of Trade e virou o segundo maior mercado de commodities do mundo. Agora, na Etiópia, estamos no processo de planejar o primeiro Mercado de Commodities organizado da Etiópia. Não queremos cortar e colar o modelo do Chicago nem o da Índia; estamos criando um sistema customizado para as necessidades e as realidades da Etiópia, os pequenos agricultores da Etiópia.
So, the ECX is an Ethiopian exchange for Ethiopia. We're creating a system that serves all market actors, that creates integrity, trust, efficiency, transparency and enables small farmers to manage the risks that I have described. In the design of our commodity exchange in Ethiopia, we've done something rather unique, which is to take the approach of an integrated perspective, or what we call the ECX Edge. The ECX Edge pretty much creates the entire ecosystem in which the market will develop itself. And this is because one of the things we've learned over the last decade of studying market development in Africa is that the piecemeal approach does not work. You've got one donor trying to develop market information, another trying to work on or sponsor grades and standards, another ICT, and yet another on warehousing, or warehouse receipts.
Então, o MCE é um mercado etíope para a Etiópia. Estamos criando um sistema que atenda todos os atores no mercado. Que crie integridade, confiança, eficiência, transparência e habilite os pequenos agricultores a administrar os riscos que eu falei. No planejamento do nosso mercado de commodities na Etiópia, fizemos uma coisa relativamente única, que é abordar o assunto com uma perspectiva integrada, que chamamos de "A Vantagem MCE". A Vantagem MCE cria quase o ecossistema inteiro em que o mercado se desenvolverá. Isso porque uma das coisas que aprendemos na última década, estudando o desenvolvimento de mercados na África, é que fazer as coisas de uma maneira fragmentada não dá certo. Você tem um doador tentando desenvolver informações de mercado, outro tentando criar ou patrocinar graduações e padrões, outro trabalhando com TCI (Tecnologias de Comunicação e Informação), e outro trabalhando com armazenamento -- ou recibos de depósitos.
In our approach in Ethiopia, we've decided to put together the entire ecosystem, or environment, in which trade takes place. That means that the exchange will operate a trading system, which will initially start as an open outcry, because we don't think the country's ready for full electronic trading. But at the same time, we'll do something which I think no exchange in the world has ever done, which is itself to operate something like an Internet cafe in the rural areas. So that farmers and small traders can actually come to a terminal center -- what we call the remote access terminal centers -- and actually, without having to buy a computer or figure out how to dial up or any of those things, simply see the trading that's happening on the Addis Ababa trading floor.
Na abordagem que estamos usando na Etiópia, decidimos criar o ecossistema todo, ou seja, o ambiente em que o comércio acontece. Isso significa que o mercado terá um sistema de comércio, que comecerá com comércio interpessoal. Porque achamos que o país ainda não está pronto para fazer comércio exclusivamente de forma eletrônica. Mas também faremos algo que eu acho que nenhum outro mercado no mundo já fez, que é disponibilizar algo como uma LAN house nas áreas rurais. Para que agricultores e pequenos comerciantes possam ir a uma central de terminais -- o que chamamos de central de terminais de acesso remoto -- e, sem ter que comprar um computador ou aprender a se conectar nem nada disso, simplesmente poderão ver o comércio que está acontecendo no saguão principal do mercado em Addis Abeba.
At the same time, what's very fundamental to this market is that -- and again, an innovation that we've designed for our exchange -- is that the exchange will operate warehouses around the country, in which grade certification and warehouse receipting will be done. And in turn, we'll operate an in-house clearing system, to assure that payment is done appropriately, in the right amount and at the right time, so that basically, we create trust and integrity in the system. Obviously, we work with exchange actors, and as we're developing the exchange market itself, we're also developing the regulatory infrastructure and legal framework, the overarching legal framework for making this market work.
Também, uma coisa fundamental para esse mercado é que -- e, novamente, uma inovação que nós criamos para o nosso mercado -- é que o mercado dirigirá depósitos em todo o país, em que a verificação de qualidade e a entrega de recibos dos depósitos serão feitas. E teremos também um sistema próprio de compensação para assegurar que o pagamento está efetuado da forma correta, na quantidade correta e no momento adequado, para criar confiança e integridade no sistema. É claro que trabalhamos com atores no mercado, e enquanto estamos desenvolvendo o mercado em si, também estamos desenvolvendo a infraestructura regulamentar e legal -- a estrutura legal que fará com que o mercado funcione bem.
So, in fact, our proclamation is going to parliament next month. What's really important is that the ECX will operate a market information system to disseminate prices in real time to farmers around the country, using VSAT technology to bring an electronic price dissemination directly to farmers. What this does is transforms, fundamentally, the farmers' relationship to the market. Whereas before the farmer used to think local -- meaning that he or she would go to the nearest local market, eight to 10 kilometers away on average, and sell whatever they happened to have, without any idea of what the price premium or anything else was -- now farmers come with knowledge of what prices are at the national market. And they start to think national, and even global. They start to make not only commercial marketing decisions, but also planting decisions, on the basis of information coming from the futures price market. And they come to the market knowing what grades their products will achieve in terms of a price premium.
E então, nossa proclamação vai para o parlamento no mês que vem. A parte mais importante é que o MCE operará um sistema de informações sobre o mercado para disseminar preços em tempo real para os agricultores em todo o país, usando tecnologia VSAT para levar os preços diretamente aos agricultores em formato eletrônico. Isso transforma, de maneira fundamental, a relação dos agricultores com o mercado. Enquanto antes o agricultor pensava de forma local -- ou seja, iria à feira mais próxima, uma distância média de 8 a 10 quilômetros, e vender o que posuísse, sem ideia do que era o ágio no preço, nem nada -- agora os agricultores sabem quais são os preços do mercado nacional. E começam a pensar de forma nacional, ou até de forma global. Começam a fazer escolhas sobre como fazer o comércio e como plantar a safra, com base na informação que recebem da bolsa de mercado futuro. E chegam ao mercado sabendo se os seus produtos vão receber um ágio no preço por ser de maior qualidade.
So all of this will transform farmers. It will also transform the way traders do business. It will stop them from doing simple, back-to-back, limited arbitrage to really thinking strategically about how to move grain across long distances from [surplus regions] to [deficit areas]. Can Ethiopia do this? It seems very ambitious. But it will create new opportunities. We believe that this initiative requires great political will, and we'll have to align the financial sector, as well as the ICT sector, and really even the underlying legal framework. We believe that the winds of change are here, and that we can do it. ECX is the market for Ethiopia's new millennium, which starts in about eight months.
Tudo isso transformará os agricultores. Também transformará o modo de fazer negócios dos comerciantes. Fará com que parem de simplesmente comprar e revender, com arbitragem limitada, e comecem a pensar estrategicamente sobre como pegar os cereais em lugares que têm superávit de produto e mandar para áreas que estão em déficit. A Etiópia consegue fazer isso? Parece uma ideia muito ambiciosa. Mas criará muitas oportunidades novas. Nós achamos que essa iniciativa requer muita firmeza política, e teremos que conseguir o apoio do setor financeiro e do setor TCI também, além de trabalhar no ambiente legal. Nós acreditamos que os ventos da mudança estão soprando, e que conseguiremos. MCE é o mercado para o novo milênio da Etiópia, que começará daqui a mais ou menos 8 meses.
The last parliament of our century opened with our president announcing to the country that this was the most important economic initiative for the country today. We believe that the stakes are high, but that the returns will be even greater. ECX, moreover, can become a trading platform for a pan-African market in agricultural commodities. Ethiopia's domestic market is about one billion dollars of value. And we feel that over the next five years, if Ethiopia can capture even 40 percent, just 40 percent, of the domestic market, and add just 25 percent value to that market, the value of the market doubles. Ethiopia's agricultural market is 30 percent higher than South Africa's grain production, and, in fact, Ethiopia is the second largest maize producer in Africa. So the potential is there. The will is there. The commitment is there. So we feel that we have a winning value proposition to transform farmers' choices, to grow our agriculture, and to change Africa. So, we are in the business of finding our happiness. Thank you very much.
O último parlamento do nosso século abriu com o presidente dizendo ao país que isto era a iniciativa econômica mais importante para o país hoje. Acreditamos que pode ser difícil, mas que os ganhos superarão as dificuldades. Além disso, MCE poderá se tornar uma plataforma de comércio para um mercado pan-africano de commodities agrícolas. O mercado interno da Etiópia vale em torno de um bilhão de dólares. E achamos que nos próximos cinco anos, se a Etiópia conseguir apenas 40%, apenas 40% do mercado interno e aumentar em apenas 25% o valor desse mercado, o valor do mercado se duplicará. O mercado agrícola da Etiópia produz 30% a mais do que a produção de cereais da África do Sul -- e de fato, a Etiópia é o segundo maior produtor de milho na África. Então há potencial. Há vontade. Há um compromisso. Nós acreditamos que temos uma proposição de valor excelente para transformar as escolhas de fazenderios, desenvolver a nossa agricultura e mudar a África. Então, o nosso negócio é procurar a nossa felicidade. Muito obrigada.
(Applause)
(Aplausos)