One morning in August 1968, factory worker Wang Xiaoping overheard news of a mysterious mandatory meeting. Rumors whispered through the cafeteria described shipments of a gift from the country’s communist leader, Chairman Mao Zedong. And sure enough, managers soon dispersed a gift to every factory worker— a glass box encasing a golden wax replica of a mango.
Numa manhã de agosto de 1968, o operário Wang Xiaoping ouviu notícias de uma misteriosa reunião obrigatória. Rumores sussurados no refeitório descreveram envios de um presente do líder comunista do país, Presidente Mao Zedong. De fato, os gerentes logo entregaram um presente para cada operário da fábrica: uma caixa de vidro contendo uma réplica de uma manga em cera dourada.
Wang Xiaoping’s factory wasn’t the only facility to receive this unusual offering.
A fábrica de Wang Xiaoping não foi a única instalação
The Chairman gifted fresh mangoes to factories across China, leading employees to stay up late, touching the fruits and contemplating the meaning behind Mao's gesture. Some tried to preserve the fresh mangoes in formaldehyde, while others ate the fruit and commissioned wax replicas of their prize. In one factory, workers initiated a strange ritual: peeling and boiling their mangoes to create a “holy” broth that was spooned into their mouths. Since traditional Chinese medicine often involved boiling ingredients, it's possible this mango wine was concocted as a kind of healing tonic. Soon, fables formed that the fruit ensured a long life like the Peaches of Immortality from Chinese mythology. And by refusing to eat the mangoes himself, Mao had generously sacrificed his own longevity for the working class. But whatever Mao's intentions, this mango mania wasn’t as frivolous as it might seem. And in fact, it’s harmless appearance hid a much darker truth.
a receber essa oferta incomum. O Presidente doou mangas frescas para fábricas por toda a China, fazendo com que empregados ficassem acordados até tarde, tocando as frutas e contemplando o significado por trás do gesto de Mao. Alguns tentaram preservar a manga fresca em formol, enquanto outros a comeram e encomendaram réplicas de cera do seu prêmio. Em uma fábrica, trabalhadores iniciaram um ritual estranho: descascando e fervendo suas mangas para criar um caldo “sagrado” que eles comiam com colher. Já que a medicina tradicional chinesa envolvia ingredientes fervidos, é possível que este vinho de manga tenha sido inventado como um tipo de tônico curador. Logo, surgiram mitos de que a fruta garantia vida longa como os Pêssegos da Imortalidade da mitologia chinesa. E ao se recusar a comer as próprias mangas, Mao, generosamente sacrificou sua própria longevidade para a classe trabalhadora. Mas independente das intenções de Mao, essa mania de manga não foi tão frívola como possa parecer. E na verdade, sua aparência inofensiva escondia uma verdade mais obscura.
Two years earlier, Mao Zedong had launched the Cultural Revolution, a decade-long political and ideological movement intended to erase capitalist thought and cultural traditions from Chinese society. To enact this plan, Mao called on the Red Guards, a student-led paramilitary group. He enlisted them to help eradicate the “Four Olds”— a vaguely defined set of customs, habits, and ideas often associated with the elite upper-class. Mao’s dogma was militant, and the Red Guard interpreted his vision as achievable only through violence. The Red Guard acted above law and order, ransacking temples and tombs, including those of dynastic royalty and Confucius. Homes were raided and piles of books burned in the streets. But the Red Guard’s rampage went far beyond property damage. They began holding “struggle sessions”— public spectacles designed to shame so-called class enemies. Victims were accused of holding elitist, capitalist values, and were often forced to wear heavy signs detailing their crimes. The Red Guard pressured people to accuse their friends and family. They manipulated students to denounce their teachers and parents. They gradually morphed into torture and executions.
Dois anos antes, Mao Zedong havia lançado a Revolução Cultural, um movimento político e ideológico de uma década cuja intenção era apagar pensamentos capitalistas e tradições culturais da sociedade chinesa. Para concretizar esse plano, Mao chamou a Guarda Vermelha, um grupo paramilitar liderado por estudantes. Ele os alistou para ajudar a erradicar os “Quatro Antigos”— um grupo vagamente definido de costumes, hábitos e ideias frequentemente associado com a elite da classe alta. O dogma de Mao era militante, e a Guarda Vermelha interpretou que sua visão era alcançável apenas por violência. A Guarda Vermelha atuava acima da lei e da ordem, saqueando templos e túmulos, Incluindo os da dinastia real e Confúcio. Casas eram invadidas e pilhas de livros queimadas nas ruas. Mas o tumulto da Guarda Vermelha foi muito além de danos de propriedade. Eles começaram a promover “sessões de esforço” -- espetáculos públicos projetados para humilhar os chamados inimigos de classe. Vítimas eram acusadas de terem valores elitistas, capitalistas, e eram frequentemente forçadas a usar símbolos pesados detalhando seus crimes. A Guarda Vermelha pressionava as pessoas a acusarem seus amigos e família. Eles manipulavam estudantes a denunciar seus professores e pais. Eles gradualmente chegaram a tortura e execuções.
After two years of the Red Guards’ chaos, Mao recanted his support
Depois de dois anos de caos da Guarda Vermelha,
and sent 30,000 factory workers to fight the Red Guard at Qinghua University.
Mao retirou seu apoio e enviou 30 mil operários para lutar
With the help of the People’s Liberation Army, these factory workers succeeded, and Mao thanked them for their service with a crate of 40 mangoes. This gesture wasn’t quite as generous as it appeared since Mao was actually passing along a gift he received from Pakistan’s foreign minister. But much worse, this reward was quickly tainted by the ideology of the Cultural Revolution. As a propaganda tool, Mao’s mangoes demanded high levels of respect. Workers boarded unheated buses in sub-zero temperatures to visit mandatory mango exhibitions organized by the government. Factory workers were scolded for not holding their replicas securely. And in Sichuan, a man who remarked that the mango was “nothing special” and “looked like a sweet potato” was arrested, tried, and executed.
contra a Guarda Vermelha na Universidade Qinghua. Com a ajuda do Exército de Libertação Popular, estes operários tiveram sucesso, e Mao agradeceu pelos seus serviços com um caixote de 40 mangas. Este gesto não foi tão generoso quanto parecia já que Mao estava na verdade passando um presente que recebeu do ministro das Relações Exteriores do Paquistão. Mas ainda pior, esta recompensa foi rapidamente infectada pela ideologia da Revolução Cultural. Como ferramenta de propaganda, as mangas de Mao exigiam um alto nível de respeito. Trabalhadores embarcavam em ônibus sem aquecimento em temperaturas abaixo de zero para visitar exibições de manga obrigatórias organizadas pelo governo. Operários eram reprimidos por não segurarem suas réplicas de forma segura. E em Sichuan, um homem que disse que manga “não era nada de especial” e que “parecia batata doce” foi preso, julgado e executado.
For reasons mostly unknown, the mango fever broke a year and a half later.
Por razões desconhecidas,
After the Red Guard was dissolved and participants were sent to the countryside for re-education, the mystifying mango faded from official propaganda. Wax from the replicas were repurposed for candles during power outages. And today you’d be lucky to find an antique mango tray or medallion while perusing a Beijing flea market. But the tale of Mao’s mangoes is just a minor story amidst a decade of painful, buried history. Discussion of the Cultural Revolution is restricted across China. And though some former Red Guards have attempted to challenge this policy by publicly reflecting and apologizing for their actions, they still avoid maligning Mao Zedong. Given the current political landscape of China, only time will tell when this history will be discussed openly and freely.
a febre das mangas terminou um ano e meio depois. Depois que a Guarda Vermelha foi dissolvida e participantes foram enviados para o campo para reeducação, a mística da manga se dissipou da propaganda oficial. Cera das réplicas eram reutilizadas para velas durante apagões. E hoje você terá sorte em encontrar uma bandeja ou um medalhão de manga antiquado enquanto passeia pelo mercado das pulgas em Pequim. Mas o conto das Mangas de Mao é só uma pequena estória em meio a uma década de história dolorosa e enterrada. A discussão sobre a Revolução Cultural é restrita em toda a China. E apesar de alguns ex-Guardas Vermelhos tentarem desafiar essa política publicamente refletindo e pedindo perdão pelas suas ações, eles ainda evitam difamar Mao Zedong. Dado o atual cenário político da China, apenas o tempo dirá quando essa história será discutida aberta e livremente.