The job of uncovering the global food waste scandal started for me when I was 15 years old. I bought some pigs. I was living in Sussex. And I started to feed them in the most traditional and environmentally friendly way. I went to my school kitchen, and I said, "Give me the scraps that my school friends have turned their noses up at." I went to the local baker and took their stale bread. I went to the local greengrocer, and I went to a farmer who was throwing away potatoes because they were the wrong shape or size for supermarkets. This was great. My pigs turned that food waste into delicious pork. I sold that pork to my school friends' parents, and I made a good pocket money addition to my teenage allowance.
A tarefa de revelar o escândalo do desperdício global de comida começou para mim quando tinha 15 anos. Comprei uns porcos. Eu vivia no Sussex. E comecei a alimentá-los da forma mais tradicional e mais amiga do ambiente. Fui à cozinha da minha escola e disse: "Deem-me os restos que os meus colegas "não quiseram comer". Fui ao padeiro local e levei o pão fora do prazo. Fui ao vendedor de verduras, fui a um lavrador que estava a deitar fora batatas porque tinham a forma ou o tamanho impróprios para os supermercados. Foi fantástico. Os porcos transformaram aquela comida desperdiçada numa carne de porco deliciosa. Vendi essa carne aos pais dos meus colegas e arranjei uma boa maquia a juntar à minha mesada de adolescente.
But I noticed that most of the food that I was giving my pigs was in fact fit for human consumption, and that I was only scratching the surface, and that right the way up the food supply chain, in supermarkets, greengrocers, bakers, in our homes, in factories and farms, we were hemorrhaging out food. Supermarkets didn't even want to talk to me about how much food they were wasting. I'd been round the back. I'd seen bins full of food being locked and then trucked off to landfill sites, and I thought, surely there is something more sensible to do with food than waste it.
Mas reparei que a maior parte da comida que estava a dar aos porcos era destinada ao consumo das pessoas, e que eu só estava a arranhar a superfície, que, ao longo de toda a cadeia de abastecimento alimentar, nos supermercados, nos vendedores de verduras, nos padeiros, na nossa casa, nas fábricas e nas quintas, havia uma hemorragia de alimentos. Os supermercados nem quiseram falar comigo sobre a quantidade de alimentos que estragavam. Tive que ir às traseiras, onde vi contentores cheios de comida serem transportados para aterros sanitários. Pensei que devia haver qualquer coisa mais sensato a fazer com a comida do que desperdiçá-la.
One morning, when I was feeding my pigs, I noticed a particularly tasty-looking sun-dried tomato loaf that used to crop up from time to time. I grabbed hold of it, sat down, and ate my breakfast with my pigs. (Laughter) That was the first act of what I later learned to call freeganism, really an exhibition of the injustice of food waste, and the provision of the solution to food waste, which is simply to sit down and eat food, rather than throwing it away. That became, as it were, a way of confronting large businesses in the business of wasting food, and exposing, most importantly, to the public, that when we're talking about food being thrown away, we're not talking about rotten stuff, we're not talking about stuff that's beyond the pale. We're talking about good, fresh food that is being wasted on a colossal scale.
Uma manhã, quando estava a alimentar os porcos, reparei num pão de tomate seco de aspeto muito apetitoso que aparecia de vez em quando. Agarrei nele, sentei-me e comi o meu pequeno almoço ao lado dos porcos. (Risos) Foi o primeiro ato do que, mais tarde, vim a saber chamar-se "freeganismo", uma demonstração da injustiça do desperdício alimentar e a disposição para a solução do desperdício alimentar que consiste apenas em nos sentarmos e comermos comida, em vez de a deitarmos fora. Isso tornou-se numa forma de confrontar as grandes empresas que estão no negócio de desperdiçar comida e, mais importante ainda, denunciar ao público que, quando falamos dos alimentos que são deitados fora, não estamos a falar de coisas podres nem de coisas fora do prazo. Falamos de alimentos bons, frescos, que estão a ser desperdiçados a uma escala colossal.
Eventually, I set about writing my book, really to demonstrate the extent of this problem on a global scale. What this shows is a nation-by-nation breakdown of the likely level of food waste in each country in the world. Unfortunately, empirical data, good, hard stats, don't exist, and therefore to prove my point, I first of all had to find some proxy way of uncovering how much food was being wasted. So I took the food supply of every single country and I compared it to what was actually likely to be being consumed in each country. That's based on diet intake surveys, it's based on levels of obesity, it's based on a range of factors that gives you an approximate guess as to how much food is actually going into people's mouths. That black line in the middle of that table is the likely level of consumption with an allowance for certain levels of inevitable waste. There will always be waste. I'm not that unrealistic that I think we can live in a waste-free world. But that black line shows what a food supply should be in a country if they allow for a good, stable, secure, nutritional diet for every person in that country. Any dot above that line, and you'll quickly notice that that includes most countries in the world, represents unnecessary surplus, and is likely to reflect levels of waste in each country.
Por fim, dispus-me a escrever um livro, para demonstrar a extensão deste problema, a uma escala mundial. Isto mostra a repartição, país a país, do nível provável de desperdício de comida em cada país do mundo. Infelizmente, não existem dados empíricos, estatísticas boas, e, para provar o meu ponto, primeiro tinha que encontrar uma forma aproximada de descobrir quanta comida estava a ser desperdiçada. Então, agarrei no abastecimento de comida de cada país, e comparei-o com o que estava provavelmente a ser consumido em cada país. Baseei-me em estudos de consumo, baseei-me nos níveis de obesidade, e numa série de fatores que nos dão uma estimativa aproximada quanto à quantidade de comida que entra na boca das pessoas. Aquela linha preta no meio da tabela é o nível de consumo provável com um ajustamento para certos níveis de desperdício inevitável. Haverá sempre desperdícios. Não sou irrealista. Não é possível viver num mundo sem desperdícios. Aquela linha preta mostra o que devia ser o abastecimento de comida num país, se se garantisse uma boa dieta nutritiva, estável e segura para todas as pessoas desse país. Qualquer ponto acima dessa linha — reparem que isso inclui a maioria dos países do mundo — representa excedentes desnecessários e reflete provavelmente os níveis de desperdício em cada país.
As a country gets richer, it invests more and more in getting more and more surplus into its shops and restaurants, and as you can see, most European and North American countries fall between 150 and 200 percent of the nutritional requirements of their populations. So a country like America has twice as much food on its shop shelves and in its restaurants than is actually required to feed the American people.
À medida que um país enriquece, investe cada vez mais em ter cada vez mais desperdícios em lojas e restaurantes. Como veem, a maioria dos países europeus e norte-americanos situam-se entre os 150 e os 200% das necessidades nutricionais da sua população. Um país como os EUA tem o dobro da comida nas prateleiras das lojas e nos restaurantes do que é necessário para alimentar a população norte-americana.
But the thing that really struck me, when I plotted all this data, and it was a lot of numbers, was that you can see how it levels off. Countries rapidly shoot towards that 150 mark, and then they level off, and they don't really go on rising as you might expect. So I decided to unpack that data a little bit further to see if that was true or false. And that's what I came up with. If you include not just the food that ends up in shops and restaurants, but also the food that people feed to livestock, the maize, the soy, the wheat, that humans could eat but choose to fatten livestock instead to produce increasing amounts of meat and dairy products, what you find is that most rich countries have between three and four times the amount of food that their population needs to feed itself. A country like America has four times the amount of food that it needs.
Mas o que realmente me chocou quando reuni estes dados todos — e foram imensos números — foi que isto vai-se uniformizando. Os países avançam rapidamente para os 150% e depois estacionam, não continuam a aumentar, como seria de esperar. Assim, decidi trabalhar estes dados um pouco mais, para ver se isso era verdadeiro ou falso. Estas foram as minhas conclusões. Se juntarmos à comida que acaba nas lojas e nos restaurantes, a comida destinada a alimentar o gado — o milho, a soja, o trigo — que as pessoas podiam comer mas preferem dar ao gado, para produzirem mais carne e laticínios, descobrimos que a maioria dos países ricos têm entre três a quatro vezes mais quantidade de comida do que a sua população precisa para se alimentar. Um país como os EUA tem quatro vezes mais comida do que aquela que precisa.
When people talk about the need to increase global food production to feed those nine billion people that are expected on the planet by 2050, I always think of these graphs. The fact is, we have an enormous buffer in rich countries between ourselves and hunger. We've never had such gargantuan surpluses before. In many ways, this is a great success story of human civilization, of the agricultural surpluses that we set out to achieve 12,000 years ago. It is a success story. It has been a success story. But what we have to recognize now is that we are reaching the ecological limits that our planet can bear, and when we chop down forests, as we are every day, to grow more and more food, when we extract water from depleting water reserves, when we emit fossil fuel emissions in the quest to grow more and more food, and then we throw away so much of it, we have to think about what we can start saving.
Quando as pessoas falam da necessidade de aumentar a produção mundial de alimentos para alimentar os 9000 milhões de pessoas, que se preveem no planeta em 2050, eu penso sempre nestes gráficos. A verdade é que, nos países ricos, temos uma enorme almofada entre nós e a fome. Nunca tivemos excedentes tão gigantescos. De muitas formas, é uma história de enorme êxito da civilização humana, dos excedentes agrícolas que começámos há 12 000 anos. Tem sido uma história de êxito. Mas temos de reconhecer agora que atingimos os limites ecológicos que o nosso planeta consegue aguentar. Quando deitamos abaixo as florestas, como estamos a fazer todos os dias, para cultivar cada vez mais comida, quando extraímos água das reservas cada vez mais esgotadas, quando produzimos emissões de combustíveis fósseis na ânsia de produzir cada vez mais comida, e depois a deitamos fora em quantidades tão grandes, temos de pensar no que podemos começar a poupar.
And yesterday, I went to one of the local supermarkets that I often visit to inspect, if you like, what they're throwing away. I found quite a few packets of biscuits amongst all the fruit and vegetables and everything else that was in there. And I thought, well this could serve as a symbol for today.
Ontem, fui a um dos supermercados locais que costumo visitar para inspecionar o que eles estão a deitar fora. Encontrei alguns pacotes de biscoitos entre a fruta e os vegetais e outras coisas que lá havia. Pensei, isto pode servir de símbolo para o dia de hoje.
So I want you to imagine that these nine biscuits that I found in the bin represent the global food supply, okay? We start out with nine. That's what's in fields around the world every single year. The first biscuit we're going to lose before we even leave the farm. That's a problem primarily associated with developing work agriculture, whether it's a lack of infrastructure, refrigeration, pasteurization, grain stores, even basic fruit crates, which means that food goes to waste before it even leaves the fields. The next three biscuits are the foods that we decide to feed to livestock, the maize, the wheat and the soya. Unfortunately, our beasts are inefficient animals, and they turn two-thirds of that into feces and heat, so we've lost those two, and we've only kept this one in meat and dairy products. Two more we're going to throw away directly into bins. This is what most of us think of when we think of food waste, what ends up in the garbage, what ends up in supermarket bins, what ends up in restaurant bins. We've lost another two, and we've left ourselves with just four biscuits to feed on. That is not a superlatively efficient use of global resources, especially when you think of the billion hungry people that exist already in the world.
Imaginem que estas nove bolachas que encontrei no lixo representam o abastecimento mundial de comida, ok? Começamos com nove. É o que existe nos campos em todo o mundo, por ano. Vamos perder o primeiro biscoito ainda antes de sair da quinta. É um problema associado sobretudo à evolução da agricultura, seja a falta de infraestruturas, de refrigeração, de pasteurização, armazenagem dos cereais, ou simples caixas para a fruta. Os alimentos perdem-se antes mesmo de saírem do campo. As três bolachas seguintes são os alimentos que decidimos dar ao gado, o milho, o trigo e a soja. Infelizmente, os nossos animais são pouco eficazes e transformam dois terços disso em excrementos e calor, por isso, perdemos dois e só aproveitamos um sob a forma de carne e laticínios. Duas outras bolachas são deitadas diretamente no caixote do lixo. É nisto que nós pensamos quando pensamos em desperdício de comida, o que acaba no lixo, o que acaba no lixo dos supermercados, o que acaba no lixo dos restaurantes. Perdemos esses dois e restam-nos quatro biscoitos para nos alimentarmos. Isto não é uma utilização eficaz dos recursos globais, especialmente quando pensamos nos milhares de milhões de pessoas com fome que existem no mundo inteiro.
Having gone through the data, I then needed to demonstrate where that food ends up. Where does it end up? We're used to seeing the stuff on our plates, but what about all the stuff that goes missing in between?
Depois de analisar os números, eu precisava de demonstrar onde iam parar os alimentos. Onde é que eles vão parar? Estamos habituados a vê-los no prato, mas o que acontece aos que desaparecem entretanto?
Supermarkets are an easy place to start. This is the result of my hobby, which is unofficial bin inspections. (Laughter) Strange you might think, but if we could rely on corporations to tell us what they were doing in the back of their stores, we wouldn't need to go sneaking around the back, opening up bins and having a look at what's inside. But this is what you can see more or less on every street corner in Britain, in Europe, in North America. It represents a colossal waste of food, but what I discovered whilst I was writing my book was that this very evident abundance of waste was actually the tip of the iceberg. When you start going up the supply chain, you find where the real food waste is happening on a gargantuan scale.
Os supermercados são um local por onde é fácil começar. Este é o resultado do meu passatempo que é inspecionar o lixo, não oficialmente. Por estranho que pareça, se pudéssemos confiar nas empresas para nos dizerem o que fazem nas traseiras dos seus armazéns, não seria preciso andar a bisbilhotar lá atrás, a abrir caixotes do lixo e ver o que está lá dentro. Isto é, mais ou menos, o que podemos ver em cada esquina, na Grã-Bretanha, na Europa, na América do Norte. Representa um desperdício colossal de comida. Quando estava a escrever o meu livro, descobri que esta abundância tão evidente de desperdícios era apenas a ponta do icebergue. Quando começamos a subir pela cadeia de abastecimento, descobrimos onde acontece o verdadeiro desperdício de comida a uma escala gigantesca.
Can I have a show of hands if you have a loaf of sliced bread in your house? Who lives in a household where that crust -- that slice at the first and last end of each loaf -- who lives in a household where it does get eaten? Okay, most people, not everyone, but most people, and this is, I'm glad to say, what I see across the world, and yet has anyone seen a supermarket or sandwich shop anywhere in the world that serves sandwiches with crusts on it? (Laughter) I certainly haven't. So I kept on thinking, where do those crusts go? (Laughter) This is the answer, unfortunately: 13,000 slices of fresh bread coming out of this one single factory every single day, day-fresh bread. In the same year that I visited this factory, I went to Pakistan, where people in 2008 were going hungry as a result of a squeeze on global food supplies. We contribute to that squeeze by depositing food in bins here in Britain and elsewhere in the world. We take food off the market shelves that hungry people depend on.
Podem levantar a mão? Quem tem em casa um pão fatiado? Quem vive numa casa onde se consome a crosta — as fatias do princípio e do fim de cada pão fatiado? Ok, a maioria das pessoas, não todas, mas a maioria. Felizmente, posso dizer que é o que eu vejo em todo o mundo. Contudo já alguém viu num supermercado ou numa loja de sanduíches em qualquer local do mundo que sirva sanduíches com fatias com crosta? Eu nunca vi. Fiquei a pensar: Para onde irão todas essas crostas? (Risos) Infelizmente, a resposta é esta: São 13 000 fatias de pão fresco, acabado de sair duma única fábrica, todos os dias, pão acabado de fazer. Nesse mesmo ano visitei esta fábrica. Fui ao Paquistão, onde, em 2008, as pessoas passavam fome por causa da escassez de fornecimento mundial de comida. Contribuímos para essa escassez depositando comida no lixo, aqui na Grã-Bretanha e em todos os sítios do mundo. Tiramos alimentos das prateleiras, que fazem falta às pessoas esfomeadas.
Go one step up, and you get to farmers, who throw away sometimes a third or even more of their harvest because of cosmetic standards. This farmer, for example, has invested 16,000 pounds in growing spinach, not one leaf of which he harvested, because there was a little bit of grass growing in amongst it. Potatoes that are cosmetically imperfect, all going for pigs. Parsnips that are too small for supermarket specifications, tomatoes in Tenerife, oranges in Florida, bananas in Ecuador, where I visited last year, all being discarded. This is one day's waste from one banana plantation in Ecuador. All being discarded, perfectly edible, because they're the wrong shape or size.
Damos mais um passo e chegamos aos agricultores. que deitam fora, por vezes um terço ou mais, das suas colheitas por causa de padrões cosméticos. Este agricultor, por exemplo, investiu 16 000 libras na cultura de espinafres e não apanhou uma única folha porque havia algumas ervas a crescer no meio deles. As batatas que são imperfeitas, cosmeticamente, vão todas para os porcos. As cherovias demasiado pequenas segundo as normas dos supermercados, os tomates em Tenerife, as laranjas na Flórida, as bananas no Equador, onde fui no ano passado, tudo a ser deitado fora. Isto é um só dia de desperdício duma plantação de bananas no Equador. Tudo a ser deitado fora, coisas perfeitamente comestíveis, só porque têm a forma ou o tamanho errados.
If we do that to fruit and vegetables, you bet we can do it to animals too. Liver, lungs, heads, tails, kidneys, testicles, all of these things which are traditional, delicious and nutritious parts of our gastronomy go to waste. Offal consumption has halved in Britain and America in the last 30 years. As a result, this stuff gets fed to dogs at best, or is incinerated. This man, in Kashgar, Xinjiang province, in Western China, is serving up his national dish. It's called sheep's organs. It's delicious, it's nutritious, and as I learned when I went to Kashgar, it symbolizes their taboo against food waste. I was sitting in a roadside cafe. A chef came to talk to me, I finished my bowl, and halfway through the conversation, he stopped talking and he started frowning into my bowl. I thought, "My goodness, what taboo have I broken? How have I insulted my host?" He pointed at three grains of rice at the bottom of my bowl, and he said, "Clean." (Laughter) I thought, "My God, you know, I go around the world telling people to stop wasting food. This guy has thrashed me at my own game." (Laughter)
Se fazemos isso à fruta e aos vegetais, podem apostar que fazemos o mesmo aos animais. O fígado, os pulmões, as cabeças, os rabos, os rins, os testículos, todas essas coisas que são tradicionais, partes deliciosas e nutritivas da nossa gastronomia, vão para o lixo. O consumo das miudezas reduziu-se a metade na Grã-Bretanha e nos EUA nos últimos 30 anos. Em resultado disso, são dadas aos cães, quando muito, ou são incineradas. Este homem, em Kashgar, na província de Xinjiang, na China ocidental, está a servir um prato nacional. Chama-se "órgãos de carneiro". É delicioso, é nutritivo. Como aprendi, quando fui a Kashgar, simboliza o seu tabu contra o desperdício de comida. Eu estava numa esplanada de um café. Um "chef" veio ter comigo, eu acabara a minha tigela. A meio da conversa, ele deixou de falar olhou para minha tigela de sobrolho franzido. Eu pensei: "Bolas, que tabu é que infringi? "Terei insultado o meu anfitrião?" Ele apontou para três grãos de arroz no fundo da tigela e disse: "Come o resto". (Risos) E eu: "Meu Deus, ando a passear pelo mundo, "a dizer às pessoas para deixarem de desperdiçar comida "e este tipo apanhou-me nas curvas".
But it gave me faith. It gave me faith that we, the people, do have the power to stop this tragic waste of resources if we regard it as socially unacceptable to waste food on a colossal scale, if we make noise about it, tell corporations about it, tell governments we want to see an end to food waste, we do have the power to bring about that change.
(Risos) Mas deu-me esperança, de que nós temos o poder de deter este trágico desperdício de recursos se considerarmos que é socialmente inaceitável desperdiçar comida numa escala colossal. Se o denunciarmos, se falarmos com as empresas, se dissermos aos governos que queremos acabar com o desperdício de comida,
Fish, 40 to 60 percent of European fish are discarded at sea, they don't even get landed. In our homes, we've lost touch with food. This is an experiment I did on three lettuces. Who keeps lettuces in their fridge? Most people. The one on the left was kept in a fridge for 10 days. The one in the middle, on my kitchen table. Not much difference. The one on the right I treated like cut flowers. It's a living organism, cut the slice off, stuck it in a vase of water, it was all right for another two weeks after this.
temos o poder de provocar essa mudança. O peixe: 40 a 60% dos peixes europeus são deitados ao mar, nem sequer chegam a terra. Em nossa casa, perdemos o contacto com a comida. Isto é uma experiência que eu fiz com três alfaces. Quem guarda as alfaces no frigorífico? A maioria das pessoas. A da esquerda esteve no frigorífico durante 10 dias. a do meio, na mesa da cozinha — a diferença é pouca. Tratei a da direita como trato as flores numa jarra. É um organismo vivo. Cortei-lhe a ponta, meti-a num jarro com água, manteve-se ótima durante duas semanas ou mais.
Some food waste, as I said at the beginning, will inevitably arise, so the question is, what is the best thing to do with it? I answered that question when I was 15. In fact, humans answered that question 6,000 years ago: We domesticated pigs to turn food waste back into food. And yet, in Europe, that practice has become illegal since 2001 as a result of the foot-and-mouth outbreak. It's unscientific. It's unnecessary. If you cook food for pigs, just as if you cook food for humans, it is rendered safe. It's also a massive saving of resources. At the moment, Europe depends on importing millions of tons of soy from South America, where its production contributes to global warming, to deforestation, to biodiversity loss, to feed livestock here in Europe. At the same time we throw away millions of tons of food waste which we could and should be feeding them. If we did that, and fed it to pigs, we would save that amount of carbon. If we feed our food waste which is the current government favorite way of getting rid of food waste, to anaerobic digestion, which turns food waste into gas to produce electricity, you save a paltry 448 kilograms of carbon dioxide per ton of food waste. It's much better to feed it to pigs. We knew that during the war. (Laughter)
Algum desperdício de comida, como disse no início, existirá sempre, por isso a questão é esta: Qual é a melhor coisa a fazer com isso? Respondi a isso quando tinha 15 anos. Os seres humanos responderam a esta pergunta há 6000 anos. Domesticámos os porcos para transformar os desperdícios de comida em alimentos. Contudo, na Europa, essa prática passou a ser ilegal, a partir de 2001, na sequência de um surto de febre aftosa. Não é científico. Não é necessário. Se cozinharmos a comida para porcos, tal como cozinhamos a comida para as pessoas, não há qualquer perigo. Também é uma enorme poupança de recursos. De momento, a Europa depende da importação de milhares de toneladas de soja da América do Sul, onde esta produção contribui para o aquecimento global, para a desflorestação, para a perda da biodiversidade, para alimentar o gado aqui na Europa. Ao mesmo tempo, deitamos fora milhões de toneladas de alimentos desperdiçados que podiam e deviam estar a alimentá-lo. Se o fizéssemos e alimentássemos os porcos, pouparíamos essa quantidade de carbono. Se dermos os nossos desperdícios de comida — que é a forma preferida dos governos de se verem livres desses desperdícios — à digestão anaeróbica, que transforma os desperdícios de comida em gás que produz eletricidade, poupamos uns insignificantes 448 kg de dióxido de carbono por tonelada de comida desperdiçada, Mais vale dá-la aos porcos. Sabíamos isso durante a guerra.
A silver lining: It has kicked off globally, the quest to tackle food waste. Feeding the 5,000 is an event I first organized in 2009. We fed 5,000 people all on food that otherwise would have been wasted. Since then, it's happened again in London, it's happening internationally, and across the country. It's a way of organizations coming together to celebrate food, to say the best thing to do with food is to eat and enjoy it, and to stop wasting it. For the sake of the planet we live on, for the sake of our children, for the sake of all the other organisms that share our planet with us, we are a terrestrial animal, and we depend on our land for food. At the moment, we are trashing our land to grow food that no one eats. Stop wasting food. Thank you very much. (Applause) (Applause)
(Risos) Um lado bom é que desencadeámos, a nível mundial, a luta contra os desperdícios de alimentos. "Alimentar 5000" é um evento que organizei em 2009. Alimentámos 5000 pessoas só com comida que, de outro modo, teria sido desperdiçada. Desde aí, aconteceu de novo em Londres, está a acontecer a nível internacional, e por todo o país. As organizações juntam-se para festejar a comida, para dizer que a melhor coisa a fazer com a comida é comê-la e apreciá-la e deixar de a desperdiçar. Por amor ao planeta em que vivemos, por amor aos nossos filhos, por amor a todos os outros organismos que partilham connosco o nosso planeta, somos um animal terrestre e dependemos da terra para nos alimentarmos. De momento, estamos a dar cabo da terra para produzir comida que ninguém come. Deixemos de desperdiçar comida. Muito obrigado.