I want to talk to you today about prosperity, about our hopes for a shared and lasting prosperity. And not just us, but the two billion people worldwide who are still chronically undernourished. And hope actually is at the heart of this. In fact, the Latin word for hope is at the heart of the word prosperity. "Pro-speras," "speras," hope -- in accordance with our hopes and expectations. The irony is, though, that we have cashed-out prosperity almost literally in terms of money and economic growth. And we've grown our economies so much that we now stand in a real danger of undermining hope -- running down resources, cutting down rainforests, spilling oil into the Gulf of Mexico, changing the climate -- and the only thing that has actually remotely slowed down the relentless rise of carbon emissions over the last two to three decades is recession. And recession, of course, isn't exactly a recipe for hope either, as we're busy finding out. So we're caught in a kind of trap. It's a dilemma, a dilemma of growth. We can't live with it; we can't live without it. Trash the system or crash the planet -- it's a tough choice; it isn't much of a choice. And our best avenue of escape from this actually is a kind of blind faith in our own cleverness and technology and efficiency and doing things more efficiently. Now I haven't got anything against efficiency. And I think we are a clever species sometimes. But I think we should also just check the numbers, take a reality check here.
Hoje quero falar-vos sobre a prosperidade, sobre as nossas esperanças para uma prosperidade partilhada e duradora. E não só da nossa mas também da dos dois mil milhões de pessoas pelo mundo inteiro que continuam cronicamente subnutridos. E a esperança, na realidade, está no cerne disto. Na verdade, a palavra Latina para esperança é o núcleo da palavra prosperidade. "Pro-speras", "speras", esperança -- de acordo com as nossas esperanças e expetativas. A ironia é, no entanto, que esgotámos a prosperidade quase literalmente, em termos de dinheiro e crescimento económico. E fizemos crescer as nossas economias de tal forma que agora estamos em perigo eminente de debilitar a esperança -- esgotar recursos, destruir as florestas tropicais, derramar óleo no Golfo de México, alterar o clima -- e a única coisa que na realidade tem conseguido abrandar, ligeiramente, o implacável aumento das emissões de carbono nestas últimas duas ou três décadas é a recessão. A recessão, claro, também não é propriamente uma receita para a esperança, como estamos agora a descobrir. Portanto estamos presos numa espécie de armadilha. É um dilema, um dilema de crescimento. Não podemos viver com ele, mas também não podemos viver sem ele. Dar cabo do sistema ou dar cabo do planeta -- é uma decisão difícil; não há grande escolha. E a nossa melhor forma de escapar a esta realidade é uma espécie de confiança cega na nossa própria inteligência, tecnologia e eficácia e em fazer as coisas de forma mais eficiente. Eu não tenho nada contra a eficácia. E penso que somos uma espécie inteligente, às vezes. Mas também acho que devemos verificar os números, fazer um ponto de situação.
So I want you to imagine a world, in 2050, of around nine billion people, all aspiring to Western incomes, Western lifestyles. And I want to ask the question -- and we'll give them that two percent hike in income, in salary each year as well, because we believe in growth. And I want to ask the question: how far and how fast would be have to move? How clever would we have to be? How much technology would we need in this world to deliver our carbon targets? And here in my chart -- on the left-hand side is where we are now. This is the carbon intensity of economic growth in the economy at the moment. It's around about 770 grams of carbon. In the world I describe to you, we have to be right over here at the right-hand side at six grams of carbon. It's a 130-fold improvement, and that is 10 times further and faster than anything we've ever achieved in industrial history. Maybe we can do it, maybe it's possible -- who knows? Maybe we can even go further and get an economy that pulls carbon out of the atmosphere, which is what we're going to need to be doing by the end of the century. But shouldn't we just check first that the economic system that we have is remotely capable of delivering this kind of improvement?
Portanto gostaria que imaginassem um mundo, em 2050, com cerca de nove mil milhões de pessoas, todas com a ambição de obter rendimentos do mundo Ocidental, estilos de vida Ocidentais. E quero perguntar o seguinte -- e vamos conceder-lhes aquele aumento de vencimento de 2%, todos os anos, porque acreditamos no crescimento. E quero perguntar: que distância teríamos que percorrer e a que velocidade? Quão inteligentes teríamos de ser? De quanta tecnologia precisaríamos neste mundo para alcançar os nossos objetivos relativamente às emissões de carbono? E aqui no meu gráfico -- no lado esquerdo, é onde nos encontramos agora. Esta é a intensidade de carbono do crescimento económico na economia neste momento. Cerca de 770 gramas de carbono. No mundo que vos descrevo, temos de estar mesmo aqui, no lado direito do gráfico a 6 gramas de carbono. É 130 vezes melhor e 10 vezes mais longe e mais rápido do que qualquer outro objetivo alcançado na história industrial. Talvez possamos fazê-lo, talvez seja possível -- quem sabe? Talvez possamos ir ainda mais longe e obter uma economia que consegue extrair o carbono da atmosfera, que é o que teremos de estar a fazer no final do século. Mas não deveríamos primeiro verificar que o sistema económico que temos é remotamente capaz de conseguir este tipo de melhoria?
So I want to just spend a couple of minutes on system dynamics. It's a bit complex, and I apologize for that. What I'll try and do, is I'll try and paraphrase it is sort of human terms. So it looks a little bit like this. Firms produce goods for households -- that's us -- and provide us with incomes, and that's even better, because we can spend those incomes on more goods and services. That's called the circular flow of the economy. It looks harmless enough. I just want to highlight one key feature of this system, which is the role of investment. Now investment constitutes only about a fifth of the national income in most modern economies, but it plays an absolutely vital role. And what it does essentially is to stimulate further consumption growth. It does this in a couple of ways -- chasing productivity, which drives down prices and encourages us to buy more stuff. But I want to concentrate on the role of investment in seeking out novelty, the production and consumption of novelty. Joseph Schumpeter called this "the process of creative destruction." It's a process of the production and reproduction of novelty, continually chasing expanding consumer markets, consumer goods, new consumer goods.
Nesse sentido, queria falar uns breves minutos na dinâmica de sistemas. É um pouco complexo e peço desculpa por isso. O que vou tentar fazer é explicar em linguagem simples. Portanto, é mais ou menos assim. As empresas fazem produtos para uso doméstico -- isto é, para nós -- e fornecem-nos rendimentos, o que é ainda melhor porque podemos gastar esses rendimentos em mais produtos e serviços. A isso chamamos o fluxo circular da economia. Parece suficientemente inofensivo. Queria apenas salientar um ponto fundamental deste sistema, que é o papel do investimento. O investimento forma apenas cerca de um quinto do rendimento nacional na maioria das economias modernas, mas desempenha um papel absolutamente fundamental. E o que faz, essencialmente, é estimular ainda mais o crescimento de consumo. Faz isto de um par de formas -- prosseguir produtividade, que incita a redução dos preços e incentiva-nos a comprar mais. Mas gostaria de focar no papel do investimento na descoberta da novidade, a produção e consumo da novidade. O Joseph Schumpeter chamou a isto "o processo de destruição criadora." É o processo da produção e reprodução da novidade que está constantemente a perseguir os crescentes mercados de consumo, bens consumíveis, novos bens consumíveis.
And this, this is where it gets interesting, because it turns out that human beings have something of an appetite for novelty. We love new stuff -- new material stuff for sure -- but also new ideas, new adventures, new experiences. But the materiality matters too, because in every society that anthropologists have looked at, material stuff operates as a kind of language -- a language of goods, a symbolic language that we use to tell each other stories -- stories, for example, about how important we are. Status-driven, conspicuous consumption thrives from the language of novelty. And here, all of a sudden, we have a system that is locking economic structure with social logic -- the economic institutions, and who we are as people, locked together to drive an engine of growth. And this engine is not just economic value; it is pulling material resources relentlessly through the system, driven by our own insatiable appetites, driven in fact by a sense of anxiety. Adam Smith, 200 years ago, spoke about our desire for a life without shame. A life without shame: in his day, what that meant was a linen shirt, and today, well, you still need the shirt, but you need the hybrid car, the HDTV, two holidays a year in the sun, the netbook and iPad, the list goes on -- an almost inexhaustible supply of goods, driven by this anxiety. And even if we don't want them, we need to buy them, because, if we don't buy them, the system crashes. And to stop it crashing over the last two to three decades, we've expanded the money supply, expanded credit and debt, so that people can keep buying stuff. And of course, that expansion was deeply implicated in the crisis.
E é aqui que as coisas se tornam interessantes, porque acontece que os seres humanos têm um grande apetite para a novidade. Adoramos coisas novas -- bens materiais novos, sem dúvida -- mas também ideias novas, aventuras novas, experiências novas. Mas a materialidade também importa, porque em qualquer sociedade que os antropólogos investigaram, os bens materiais são uma espécie de linguagem -- uma linguagem de bens, uma linguagem simbólica que utilizamos para contar histórias uns aos outros -- histórias estas, por exemplo, de quão importante somos. O consumo flagrante incentivado pelo prestígio é fomentado pela linguagem da novidade. E então, de repente, estamos perante um sistema que está a prender a estrutura económica com a lógica social -- as instituições económicas e quem somos como pessoas, presos na fomentação de um motor de crescimento. E este motor não tem apenas valor económico; está a arrastar recursos materiais implacavelmente pelo sistema, guiado pelos nossos próprios apetites insaciáveis, guiado, na realidade, por uma sensação de ansiedade. Há cerca de 200 anos, Adam Smith falou da nossa vontade de ter uma vida sem vergonha. Uma vida sem vergonha: na época dele, o que isto significava era uma camisa de linho, e hoje, bem, ainda precisamos da camisa, mas também do carro híbrido, de televisão HD, dois períodos de férias por ano passados ao sol, de um netbook e um iPad e a lista continua -- um quase incansável fornecimento de bens, guiado por esta ansiedade. Mesmo se não quisermos os bens, temos que os comprar, porque, se não, o sistema entra em colapso. E para impedir esse colapso durante as últimas duas a três décadas, temos alargado o fornecimento de dinheiro, aumentado o crédito e o débito, para que as pessoas pudessem continuar a comprar. E, claro, este alargamento foi profundamente implicado na crise.
But this -- I just want to show you some data here. This is what it looks like, essentially, this credit and debt system, just for the U.K. This was the last 15 years before the crash, and you can see there, consumer debt rose dramatically. It was above the GDP for three years in a row just before the crisis. And in the mean time, personal savings absolutely plummeted. The savings ratio, net savings, were below zero in the middle of 2008, just before the crash. This is people expanding debt, drawing down their savings, just to stay in the game. This is a strange, rather perverse, story, just to put it in very simple terms. It's a story about us, people, being persuaded to spend money we don't have on things we don't need to create impressions that won't last on people we don't care about.
Mas isto -- gostaria apenas de mostrar aqui uns dados. É assim que parece, basicamente, este sistema de crédito e débito, apenas para o Reino Unido. Este são os últimos 15 anos, antes do colapso, e como podem ver, o endividamento subiu drasticamente. Estava acima do PIB durante três anos consecutivos mesmo antes da crise. E enquanto isso, as poupanças pessoais caíram completamente a pique. O índice da poupança, poupanças líquidas, estava abaixo de zero em meados de 2008, mesmo antes do colapso. Isto são as pessoas a contraírem dívidas, a retirarem dinheiro das suas poupanças, para se manterem no jogo. Isto é uma história estranha, um pouco perversa, para poder explicar em termos simples. É uma história acerca de nós, as pessoas, a serem persuadidas a gastar dinheiro que não temos em coisas que não precisamos para criar impressões que não vão durar em pessoas com as quais não nos importamos.
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
But before we consign ourselves to despair, maybe we should just go back and say, "Did we get this right? Is this really how people are? Is this really how economies behave?" And almost straightaway we actually run up against a couple of anomalies. The first one is in the crisis itself. In the crisis, in the recession, what do people want to do? They want to hunker down, they want to look to the future. They want to spend less and save more. But saving is exactly the wrong thing to do from the system point of view. Keynes called this the "paradox of thrift" -- saving slows down recovery. And politicians call on us continually to draw down more debt, to draw down our own savings even further, just so that we can get the show back on the road, so we can keep this growth-based economy going. It's an anomaly, it's a place where the system actually is at odds with who we are as people.
Mas antes que comecemos a entrar em desespero, talvez devêssemos voltar atrás e perguntar: "Será que fizemos isto como deve ser? É mesmo assim que as pessoas são? É mesmo assim que as economias agem?" E quase imediatamente encontramos um par de anomalias. A primeira está na crise em si. Na crise, na recessão, o que é que as pessoas querem fazer? Querem encolher, olhar para o futuro. Querem gastar menos e poupar mais. Mas poupar é precisamente o que não se deve fazer, de ponto de vista do sistema. Keynes chamou a isto o "paradoxo da poupança" -- a poupança abranda a recuperação. E os políticos estão constantemente a pedir-nos para atrair mais dívida, para recorrer ainda mais às nossas economias, para podermos andar para a frente e manter em andamento esta economia baseada no crescimento. É uma anomalia, é onde o sistema está de facto em conflito com quem somos como pessoas.
Here's another one -- completely different one: Why is it that we don't do the blindingly obvious things we should do to combat climate change, very, very simple things like buying energy-efficient appliances, putting in efficient lights, turning the lights off occasionally, insulating our homes? These things save carbon, they save energy, they save us money. So is it that, though they make perfect economic sense, we don't do them? Well, I had my own personal insight into this a few years ago. It was a Sunday evening, Sunday afternoon, and it was just after -- actually, to be honest, too long after -- we had moved into a new house. And I had finally got around to doing some draft stripping, installing insulation around the windows and doors to keep out the drafts. And my, then, five year-old daughter was helping me in the way that five year-olds do. And we'd been doing this for a while, when she turned to me very solemnly and said, "Will this really keep out the giraffes?" (Laughter) "Here they are, the giraffes." You can hear the five-year-old mind working. These ones, interestingly, are 400 miles north of here outside Barrow-in-Furness in Cumbria. Goodness knows what they make of the Lake District weather. But actually that childish misrepresentation stuck with me, because it suddenly became clear to me why we don't do the blindingly obvious things. We're too busy keeping out the giraffes -- putting the kids on the bus in the morning, getting ourselves to work on time, surviving email overload and shop floor politics, foraging for groceries, throwing together meals, escaping for a couple of precious hours in the evening into prime-time TV or TED online, getting from one end of the day to the other, keeping out the giraffes.
E aqui está outra -- completamente diferente: Porque é que não fazemos as coisas que devíamos tão obviamente fazer para combater as alterações climáticas, coisas tão simples como comprar eletrodomésticos com uma boa eficiência energética, utilizar lâmpadas economizadores, desligar as luzes ocasionalmente, isolar as nossas casas? Estas coisas diminuem as emissões de carbono, poupam energia, poupam-nos dinheiro. Por isso, se bem que façam todo o sentido em termos económicos, porque é que não as fazemos? Bem, eu tive a minha própria experiência nesse aspeto há uns anos atrás. Era um Domingo, ao final da tarde e foi logo a seguir -- na realidade, honestamente, demasiado tempo depois -- de termos mudado para uma casa nova. Finalmente comecei a tapar as frestas, a colocar isolamento à volta das janelas e das portas para evitar as correntes de ar. A minha filha, nessa altura com 5 anos, estava-me a ajudar da forma como as crianças com aquela idade ajudam. Estávamos a trabalhar assim durante algum tempo quando ela se virou para mim, muito seriamente, e me perguntou: "Isto vai mesmo manter as girafas afastadas?" (Risos) "Aqui estão elas, as girafas." Conseguia-se ouvir a mente de uma criança com 5 anos a trabalhar. Estas girafas, curiosamente, estão a 644km a norte da nossa localização nos arredores de Barrow-in-Furness, em Cumbria. Só Deus sabe o que acham do clima do Lake District (zona de Lagos na região). Mas, na verdade, essa distorção infantil ficou comigo, porque de repente apercebi-me porque é que não fazemos as coisas tão óbvias. Estamos demasiado ocupados em manter as girafas afastadas -- a assegurar que os miúdos chegam à escola, que nós chegamos ao trabalho a tempo e a horas a resistir à sobrecarga de emails as políticas do escritório, a busca por alimentos, a cozinhar, a escapar por um par de preciosas horas à noite no horário nobre da televisão ou online no portal da TED, a sobreviver do final de um dia para o outro, mantendo as girafas afastadas.
(Laughter)
(Risos)
What is the objective? "What is the objective of the consumer?" Mary Douglas asked in an essay on poverty written 35 years ago. "It is," she said, "to help create the social world and find a credible place in it." That is a deeply humanizing vision of our lives, and it's a completely different vision than the one that lies at the heart of this economic model. So who are we? Who are these people? Are we these novelty-seeking, hedonistic, selfish individuals? Or might we actually occasionally be something like the selfless altruist depicted in Rembrandt's lovely, lovely sketch here? Well psychology actually says there is a tension -- a tension between self-regarding behaviors and other regarding behaviors. And these tensions have deep evolutionary roots, so selfish behavior is adaptive in certain circumstances -- fight or flight.
Qual é o objetivo? "Qual é o objetivo do consumidor?" Mary Douglas perguntou isto numa redação sobre a pobreza escrita há 35 anos. "É," - disse ela - "para ajudar a criar o mundo social e encontrar um lugar credível dentro dele." Isto é uma visão profundamente humana das nossas vidas, e é uma visão completamente diferente daquela que está no cerne deste modelo económico. Portanto, quem somos nós? Quem são estas pessoas? Será que somos indivíduos hedonísticos e egoístas que procuram a novidade? Ou será que somos de facto, ocasionalmente, um pouco mais parecidos com o altruísta representado aqui neste deslumbrante retrato de Rembrandt? Bem, a psicologia de facto diz que existe uma tensão -- uma tensão entre comportamentos acerca de nós próprios e comportamentos acerca dos outros. E estas tensões têm raízes evolutivas profundas, portanto o comportamento egoísta é adaptável em determinadas circunstâncias -- lutar ou fugir.
But other regarding behaviors are essential to our evolution as social beings. And perhaps even more interesting from our point of view, another tension between novelty-seeking behaviors and tradition or conservation. Novelty is adaptive when things are changing and you need to adapt yourself. Tradition is essential to lay down the stability to raise families and form cohesive social groups. So here, all of a sudden, we're looking at a map of the human heart. And it reveals to us, suddenly, the crux of the matter. What we've done is we've created economies. We've created systems, which systematically privilege, encourage, one narrow quadrant of the human soul and left the others unregarded. And in the same token, the solution becomes clear, because this isn't, therefore, about changing human nature. It isn't, in fact, about curtailing possibilities. It is about opening up. It is about allowing ourselves the freedom to become fully human, recognizing the depth and the breadth of the human psyche and building institutions to protect Rembrandt's fragile altruist within.
Mas os comportamentos acerca dos outros são essenciais à nossa evolução como seres sociais. E talvez ainda mais interessante do nosso ponto de vista, outra tensão entre comportamentos de procura de novidade e a tradição ou preservação. A novidade é adaptável quando as coisas estão em mudança e vocês próprios têm de se adaptar. A tradição é essencial para formar a estabilidade para criar famílias e formar grupos sociais coesos. E assim, de repente, estamos a olhar para um mapa do coração humano. E revela-nos, subitamente, o busílis da questão. O que fizemos foi criar economias. Criámos sistemas, que sistematicamente favorecem, fomentam, um quadrante estreito da alma humana e pôs os outros de lado. E pelo mesmo padrão, a solução torna-se evidente, porque isto não se trata, por isso, da modificação da natureza humana. Não se trata, na realidade, de limitar possibilidades. Trata-se de sermos abertos. Trata-se de permitirmos a nós próprios a liberdade de nos tornarmos completamente humanos, de reconhecer a profundidade e extensão da psique humana e de construir instituições para proteger o altruísta frágil de Rembrandt dentro de nós.
What does all this mean for economics? What would economies look like if we took that vision of human nature at their heart and stretched them along these orthogonal dimensions of the human psyche? Well, it might look a little bit like the 4,000 community-interest companies that have sprung up in the U.K. over the last five years and a similar rise in B corporations in the United States, enterprises that have ecological and social goals written into their constitution at their heart -- companies, in fact, like this one, Ecosia. And I just want to, very quickly, show you this. Ecosia is an Internet search engine. Internet search engines work by drawing revenues from sponsored links that appear when you do a search. And Ecosia works in pretty much the same way. So we can do that here -- we can just put in a little search term. There you go, Oxford, that's where we are. See what comes up. The difference with Ecosia though is that, in Ecosia's case, it draws the revenues in the same way, but it allocates 80 percent of those revenues to a rainforest protection project in the Amazon. And we're going to do it. We're just going to click on Naturejobs.uk. In case anyone out there is looking for a job in a recession, that's the page to go to. And what happened then was the sponsor gave revenues to Ecosia, and Ecosia is giving 80 percent of those revenues to a rainforest protection project. It's taking profits from one place and allocating them into the protection of ecological resources.
O que é que tudo isto significa para o sistema económico? Como é que seriam as economias se utilizássemos essa visão da natureza humana no seu cerne e os esticássemos ao longo dessas dimensões ortogonais da psique humana? Bem, podia parecer um pouco como as 4.000 empresas de interesse comunitário que surgiram no Reino Unido ao longo destes últimos 5 anos e ao aumento semelhante de sociedades B (do benefício) nos Estados Unidos, empresas que têm objetivos ecológicos e sociais incorporados nas suas constituições nas suas raízes -- empresas, na realidade, como esta, Ecosia. E gostaria de, muito rapidamente, mostrar-vos isto. Ecosia é um motor de busca da internet. Os motores de busca da internet funcionam através das receitas obtidas dos links patrocinados que aparecem quando fazemos uma busca. E o Ecosia funciona basicamente da mesma forma. Portanto podemos fazer o mesmo aqui -- podemos colocar um termo de busca. Vou colocar, "Oxford", é onde estamos. Vejam o que aparece. A diferença com o Ecosia, no entanto, é que, no caso do Ecosia gere receitas da mesma forma, mas concede 80% dessas receitas a um projeto de proteção das florestas tropicais na Amazónia. E nós vamos fazer isso. Vamos clicar no "Naturejobs.uk". No caso de haver alguém que esteja a procurar emprego numa recessão, é esta a página a visitar. E o que aconteceu a seguir foi que o patrocinador entregou receitas à Ecosia, que por sua vez vai dar 80% dessas receitas a um projeto de proteção das florestas tropicais. Está a tirar os lucros de um sítio para alocá-los à proteção de recursos ecológicos.
It's a different kind of enterprise for a new economy. It's a form, if you like, of ecological altruism -- perhaps something along those lines. Maybe it's that. Whatever it is, whatever this new economy is, what we need the economy to do, in fact, is to put investment back into the heart of the model, to re-conceive investment. Only now, investment isn't going to be about the relentless and mindless pursuit of consumption growth. Investment has to be a different beast. Investment has to be, in the new economy, protecting and nurturing the ecological assets on which our future depends. It has to be about transition. It has to be investing in low-carbon technologies and infrastructures. We have to invest, in fact, in the idea of a meaningful prosperity, providing capabilities for people to flourish.
É um género de empresa diferente para uma nova economia. É uma espécie de altruísmo ecológico, por assim dizer -- talvez algo assim parecido. Talvez seja isso. Seja o que for, seja o que esta nova economia for, o que nós precisamos que a economia faça, na realidade, é de colocar o investimento novamente no coração do modelo, para criar investimento novamente. Só que agora, o investimento não vai ser em torno da implacável e irracional caça ao crescimento do consumo. O investimento tem de ser um animal diferente. Tem de ser, nesta nova economia, protetor e estimulador dos ativos ecológicos dos quais o nosso futuro depende. Tem de se tratar de uma transição. De investir em tecnologias e infraestruturas com baixas emissões de carbono. Temos de investir, na realidade, na ideia de uma prosperidade com significado, providenciando as capacidades que permitem às pessoas desenvolverem-se.
And of course, this task has material dimensions. It would be nonsense to talk about people flourishing if they didn't have food, clothing and shelter. But it's also clear that prosperity goes beyond this. It has social and psychological aims -- family, friendship, commitments, society, participating in the life of that society. And this too requires investment, investment -- for example, in places -- places where we can connect, places where we can participate, shared spaces, concert halls, gardens, public parks, libraries, museums, quiet centers, places of joy and celebration, places of tranquility and contemplation, sites for the "cultivation of a common citizenship," in Michael Sandel's lovely phrase. An investment -- investment, after all, is just such a basic economic concept -- is nothing more nor less than a relationship between the present and the future, a shared present and a common future. And we need that relationship to reflect, to reclaim hope.
E, claro, esta tarefa tem dimensões materiais. Seria disparatado falar das pessoas a desenvolverem-se se não tivessem comida, roupa e abrigo. Mas também é evidente que a prosperidade vai para além disto. Tem objetivos sociais e psicológicos -- família, amizade, compromissos, a sociedade, a participação na vida dessa sociedade. E isto também requer investimento, investimento -- como por exemplo, em locais -- locais onde nos podemos relacionar, locais onde pudemos participar, espaços partilhados, salas de concerto, jardins, parques públicos, bibliotecas, museus, centros tranquilos, locais de alegria e celebração, locais de tranquilidade e contemplação, sítios para a "cultivação de uma cidadania comum." segundo uma bela frase de Michael Sandel. Um investimento -- o investimento é, afinal, um conceito económico básico -- não é nada mais, nada menos que uma relação entre o presente e o futuro, um presente partilhado e um futuro comum. E precisamos que essa relação reflita, para recuperar a esperança.
So let me come back, with this sense of hope, to the two billion people still trying to live each day on less than the price of a skinny latte from the cafe next door. What can we offer those people? It's clear that we have a responsibility to help lift them out of poverty. It's clear that we have a responsibility to make room for growth where growth really matters in those poorest nations. And it's also clear that we will never achieve that unless we're capable of redefining a meaningful sense of prosperity in the richer nations, a prosperity that is more meaningful and less materialistic than the growth-based model. So this is not just a Western post-materialist fantasy. In fact, an African philosopher wrote to me, when "Prosperity Without Growth" was published, pointing out the similarities between this view of prosperity and the traditional African concept of ubuntu. Ubuntu says, "I am because we are." Prosperity is a shared endeavor. Its roots are long and deep -- its foundations, I've tried to show, exist already, inside each of us. So this is not about standing in the way of development. It's not about overthrowing capitalism. It's not about trying to change human nature. What we're doing here is we're taking a few simple steps towards an economics fit for purpose. And at the heart of that economics, we're placing a more credible, more robust, and more realistic vision of what it means to be human.
Permitem-me agora voltar, com esta sensação de esperança, aos dois mil milhões de pessoas a tentarem viver cada dia com menos do que o preço de um galão com leite magro do café aqui ao lado. O que é que podemos oferecer a essas pessoas? Está claro que temos uma responsabilidade para os ajudar a saírem da pobreza. Está claro que temos uma responsabilidade para criar espaço para o crescimento onde o crescimento realmente importa, nessas nações mais pobres. E também está claro que nunca iremos alcançar esse objetivo a não ser que sejamos capazes de redefinir um sentido de prosperidade com significado nas nações mais ricas, uma prosperidade com mais significado e menos materialista que o modelo à base de crescimento. Portanto, isto não é apenas uma fantasia pós-materialista do Ocidente. Na verdade, um filósofo Africano enviou-me uma carta quando "Prosperidade sem Crescimento" foi publicado, onde apontou as semelhanças entre esta perspetiva da prosperidade e o conceito tradicional Africano de "ubuntu". "Ubuntu" diz: "Eu sou porque nós somos." A prosperidade é um empreendimento coletivo. As suas raízes são extensas e profundas -- as suas bases, tentei demonstrar, já existem, dentro de cada um de nós. Portanto isto não se trata de estar no caminho do desenvolvimento. Não se trata de derrubar o capitalismo. Não se trata de de tentar alterar a natureza humana. O que aqui estamos a fazer é estar a dar uns simples passos a caminho de um sistema económico adequado a um propósito. E no núcleo desse sistema, estamos a colocar uma visão mais credível, mais resistente e mais realista do que significa ser um humano.
Thank you very much.
Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)
Chris Anderson: While they're taking the podium away, just a quick question. First of all, economists aren't supposed to be inspiring, so you may need to work on the tone a little. (Laughter) Can you picture the politicians ever buying into this? I mean, can you picture a politician standing up in Britain and saying, "GDP fell two percent this year. Good news! We're actually all happier, and a country's more beautiful, and our lives are better."
Chris Anderson: Enquanto estão a remover o pódio, tenho uma pergunta rápida. Antes de mais, não é suposto os economistas serem inspiradores, portanto é capaz de precisar de trabalhar um pouco o seu tom. (Risos) Consegue imaginar os políticos a adotarem esta visão algum dia? Quero dizer, consegue imaginar um político a levantar-se na Grã-Bretanha e dizer: "O PIB contraiu 2% este ano. Boas notícias! Estamos, de facto, todos mais contentes e o país está mais bonito e as nossas vidas estão melhores."
Tim Jackson: Well that's clearly not what you're doing. You're not making news out of things falling down. You're making news out of the things that tell you that we're flourishing. Can I picture politicians doing it? Actually, I already am seeing a little bit of it. When we first started this kind of work, politicians would stand up, treasury spokesmen would stand up, and accuse us of wanting to go back and live in caves. And actually in the period through which we've been working over the last 18 years -- partly because of the financial crisis and a little bit of humility in the profession of economics -- actually people are engaging in this issue in all sorts of countries around the world.
Tim Jackson: Bem, isso é claramente o que não está a fazer. Não está a fazer notícia de coisas que estão em colapso. Está a fazer notícias de coisas que nos dizem que nos estamos a desenvolver. Consigo imaginar os políticos a fazê-lo? Na verdade, já vejo um pouco disso a acontecer. Quando começámos este tipo de trabalho, os políticos levantavam-se, os porta-vozes da Tesouraria levantavam-se e acusavam-nos de querer voltar a viver em cavernas. E, por acaso, no período durante o qual temos estado a trabalhar nestes últimos 18 anos -- em parte devido à crise financeira e um pouco de humildade na profissão de economista -- as pessoas por acaso estão a interessar-se por esta questão em todo o tipo de países pelo mundo fora.
CA: But is it mainly politicians who are going to have to get their act together, or is it going to be more just civil society and companies?
CA: Mas são principalmente os políticos que vão ter de se compor, ou será mais a sociedade civil e as empresas?
TJ: It has to be companies. It has to be civil society. But it has to have political leadership. This is a kind of agenda, which actually politicians themselves are kind of caught in that dilemma, because they're hooked on the growth model themselves. But actually opening up the space to think about different ways of governing, different kinds of politics, and creating the space for civil society and businesses to operate differently -- absolutely vital.
TJ: Têm de ser as empresas. Tem de ser a sociedade civil. Mas também tem de ter liderança política. É uma espécie de ordem de trabalhos, em que os próprios políticos estão presos, por assim dizer, nesse dilema porque estão viciados no modelo de crescimento. Mas abrir o espaço para pensar em diferentes maneiras de governar, em políticas diferentes, e criar o espaço para a sociedade civil e as empresas funcionarem de maneira diferente -- é absolutamente vital.
CA: And if someone could convince you that we actually can make the -- what was it? -- the 130-fold improvement in efficiency, of reduction of carbon footprint, would you then actually like that picture of economic growth into more knowledge-based goods?
CA: E se alguém o pudesse convencer que seríamos capazes de alcançar -- o que era? -- a melhoria de eficiência em 130 vezes da redução da pegada de carbono, preferia, então, essa visão de crescimento económico a bens baseados mais no conhecimento?
TJ: I would still want to know that you could do that and get below zero by the end of the century, in terms of taking carbon out of the atmosphere, and solve the problem of biodiversity and reduce the impact on land use and do something about the erosion of topsoils and the quality of water. If you can convince me we can do all that, then, yes, I would take the two percent.
TJ: Gostaria de saber que isso seria possível e que ainda fosse possível chegar abaixo do zero até ao final do século, em termos de extrair o carbono da atmosfera e de resolver o problema da biodiversidade e reduzir o impacto no uso da terra e fazer algo em relação à erosão do solo e da qualidade da água. Se me conseguirem convencer que somos capazes de fazer isso tudo, então, aí sim, aceitaria os 2%.
CA: Tim, thank you for a very important talk. Thank you.
CA: Tim, obrigado por uma palestra tão importante. Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)