So I just want to tell you my story. I spend a lot of time teaching adults how to use visual language and doodling in the workplace. And naturally, I encounter a lot of resistance, because it's considered to be anti-intellectual and counter to serious learning. But I have a problem with that belief, because I know that doodling has a profound impact on the way that we can process information and the way that we can solve problems.
Quero apenas contar-vos a minha história. Passo muito tempo a ensinar adultos a usarem a linguagem visual e a fazerem rabiscos no local de trabalho. E, naturalmente, encontro muita resistência, porque é considerado algo de anti-intelectual e contrário à aprendizagem séria. Mas eu tenho um problema em relação a essa crença, porque sei que o rabiscar tem um impacto profundo na forma como podemos processar informação e na forma como podemos resolver problemas.
So I was curious about why there was a disconnect between the way our society perceives doodling and the way that the reality is. So I discovered some very interesting things. For example, there's no such thing as a flattering definition of a doodle. In the 17th century, a doodle was a simpleton or a fool -- as in Yankee Doodle. In the 18th century, it became a verb, and it meant to swindle or ridicule or to make fun of someone. In the 19th century, it was a corrupt politician. And today, we have what is perhaps our most offensive definition, at least to me, which is the following: To doodle officially means to dawdle, to dilly dally, to monkey around, to make meaningless marks, to do something of little value, substance or import, and -- my personal favorite -- to do nothing. No wonder people are averse to doodling at work. Doing nothing at work is akin to masturbating at work; it's totally inappropriate.
Por isso, estava curiosa acerca da razão de haver uma desconexão entre a forma como a nossa sociedade entende o rabiscar e aquilo que é a realidade. Então, descobri algumas coisas muito interessantes. Por exemplo, não existe nenhuma definição lisonjeira de um rabisco. No séc. XVII, um rabisco (doodle) era um simplório ou um tolo -- tal como na expressão "Yankee Doodle". No séc. XVIII, tornou-se um verbo, e significava vigarizar ou ridicularizar ou troçar de alguém. No séc. XIX, era um político corrupto. E hoje, temos o que é talvez a nossa definição mais ofensiva, pelo menos para mim, e que é a seguinte: Rabiscar (na língua inglesa) significa oficialmente vadiar, desperdiçar o tempo, andar ao deus-dará, fazer marcas sem sentido, fazer algo sem grande valor, substância ou importância, e -- a minha favorita -- não fazer nada. Não admira que as pessoas sejam avessas a rabiscar no local de trabalho. Não fazer nada no local de trabalho equivale a masturbar-se no local de trabalho; é completamente inapropriado.
(Laughter)
(Risos)
Additionally, I've heard horror stories from people whose teachers scolded them, of course, for doodling in classrooms. And they have bosses who scold them for doodling in the boardroom. There is a powerful cultural norm against doodling in settings in which we are supposed to learn something. And unfortunately, the press tends to reinforce this norm when they're reporting on a doodling scene -- of an important person at a confirmation hearing and the like -- they typically use words like "discovered" or "caught" or "found out," as if there's some sort of criminal act being committed.
Além disso, ouvi histórias de horror de pessoas cujos professores os repreendiam, é claro, por rabiscar nas salas de aula. E têm patrões que os repreendem por rabiscar na sala de reuniões. Há uma poderosa norma cultural contra o rabiscar em contextos em que é suposto aprendermos alguma coisa. E, infelizmente, a comunicação social costuma reforçar esta norma quando relata uma cena de alguém a rabiscar -- uma pessoa importante numa audiência oficial e coisas do género -- usam habitualmente palavras como "descoberto" ou "apanhado" ou "encontrado", como se estivesse a ser cometido algum acto criminoso.
And additionally, there is a psychological aversion to doodling -- thank you, Freud. In the 1930s, Freud told us all that you could analyze people's psyches based on their doodles. This is not accurate, but it did happen to Tony Blair at the Davos Forum in 2005, when his doodles were, of course, "discovered" and he was labeled the following things. Now it turned out to be Bill Gates' doodle. (Laughter) And Bill, if you're here, nobody thinks you're megalomaniacal. But that does contribute to people not wanting to share their doodles.
E além disso, há uma aversão psicológica ao rabiscar -- obrigado, Freud. Nos anos 1930, Freud disse-nos que poderíamos analisar as mentes das pessoas com bases nos seus rabiscos. Isto não é uma descrição rigorosa, mas aconteceu ao Tony Blair no Fórum de Davos em 2005, quando os seus rabiscos foram, é claro, "descobertos" e ele foi chamado as seguintes coisas ("agressivo", "instável", "irritadiço", "pressionado", "megalomaníaco"). Ora, afinal era um rabisco do Bill Gates. (Risos) E Bill, se estás aqui, ninguém pensa que és megalomaníaco. Mas isso contribui para que as pessoas não queiram partilhar os seus rabiscos.
And here is the real deal. Here's what I believe. I think that our culture is so intensely focused on verbal information that we're almost blinded to the value of doodling. And I'm not comfortable with that. And so because of that belief that I think needs to be burst, I'm here to send us all hurtling back to the truth. And here's the truth: doodling is an incredibly powerful tool, and it is a tool that we need to remember and to re-learn.
E eis aqui a verdadeira questão. Eis aquilo em que acredito. Penso que a nossa cultura está tão intensamente centrada na informação verbal que quase cegámos para o valor de rabiscar. E não me sinto confortável com isso. E por causa dessa crença que eu penso que precisa de ser destruída, estou aqui para nos atirar a todos de volta à verdade. E eis a verdade: rabiscar é uma ferramenta incrivelmente poderosa, e é uma ferramenta que precisamos de lembrar e de reaprender.
So here's a new definition for doodling. And I hope there's someone in here from The Oxford English Dictionary, because I want to talk to you later. Here's the real definition: Doodling is really to make spontaneous marks to help yourself think. That is why millions of people doodle. Here's another interesting truth about the doodle: People who doodle when they're exposed to verbal information retain more of that information than their non-doodling counterparts. We think doodling is something you do when you lose focus, but in reality, it is a preemptive measure to stop you from losing focus. Additionally, it has a profound effect on creative problem-solving and deep information processing.
Então aqui vai uma nova definição para rabiscar. E espero que haja aqui alguém do Oxford English Dictionary (Dicionário Inglês de Oxford), porque quero falar consigo mais tarde. Aqui está a verdadeira definição: Rabiscar é, na verdade, fazer marcas espontâneas para nos ajudar a pensar. É por isso que milhões de pessoas rabiscam. Aqui está mais uma verdade interessante sobre o rabisco: As pessoas que rabiscam quando são expostas a informação verbal retêm mais dessa informação do que os que não rabiscam. Pensamos que rabiscar é algo que se faz quando se perde a concentração, mas, na verdade, é uma medida preventiva para nos impedir de perder a concentração. além disso, tem um efeito profundo na resolução criativa de problemas e no processamento profundo de informação.
There are four ways that learners intake information so that they can make decisions. They are visual, auditory, reading and writing and kinesthetic. Now in order for us to really chew on information and do something with it, we have to engage at least two of those modalities, or we have to engage one of those modalities coupled with an emotional experience. The incredible contribution of the doodle is that it engages all four learning modalities simultaneously with the possibility of an emotional experience. That is a pretty solid contribution for a behavior equated with doing nothing.
Quem aprende, recebe informação de quatro maneiras para que possa tomar decisões. Elas são a visual, a auditiva, a leitura e escrita e a cinestésica. Ora, de forma a podermos realmente mastigar a informação e fazer algo com ela, temos de nos envolver em pelo menos duas dessas modalidades, ou temos de nos envolver com uma dessas modalidades a par de uma experiência emocional. A incrível contribuição do rabisco é que nos envolve em todas as quatro modalidades simultaneamente com a possibilidade de uma experiência emocional. É uma contribuição bastante sólida para um comportamento equiparado a não fazer nada.
This is so nerdy, but this made me cry when I discovered this. So they did anthropological research into the unfolding of artistic activity in children, and they found that, across space and time, all children exhibit the same evolution in visual logic as they grow. In other words, they have a shared and growing complexity in visual language that happens in a predictable order. And I think that is incredible. I think that means doodling is native to us and we simply are denying ourselves that instinct. And finally, a lot a people aren't privy to this, but the doodle is a precursor to some of our greatest cultural assets. This is but one: this is Frank Gehry the architect's precursor to the Guggenheim in Abu Dhabi.
É mesmo à "nerd", mas isto fez-me chorar quando o descobri. Fizeram pesquisa antropológica sobre o desenvolvimento da actividade artística nas crianças, e descobriram que, através do espaço e do tempo, todas as crianças demonstram a mesma evolução na lógica visual à medida que crescem. Por outras palavras, têm uma crescente complexidade partilhada no que toca à linguagem visual, que acontece numa ordem previsível. E eu acho que isso é incrível. Acho que isso significa que rabiscar é algo de inato em nós e que estamos simplesmente a negar-nos esse instinto. E finalmente, muitas pessoas não estão a par disto, mas o rabisco é o precursor de alguns dos nossos maiores bens culturais. Este é apenas um exemplo: isto é o precursor do arquitecto Frank Gehry para o Gugenheim em Abu Dhabi.
So here is my point: Under no circumstances should doodling be eradicated from a classroom or a boardroom or even the war room. On the contrary, doodling should be leveraged in precisely those situations where information density is very high and the need for processing that information is very high. And I will go you one further. Because doodling is so universally accessible and it is not intimidating as an art form, it can be leveraged as a portal through which we move people into higher levels of visual literacy. My friends, the doodle has never been the nemesis of intellectual thought. In reality, it is one of its greatest allies.
Então, é isto que defendo: Em nenhumas circunstâncias deve o rabiscar ser erradicado de uma sala de aulas ou de uma sala de reuniões ou até da sala de guerra. Pelo contrário, rabiscar deve servir de alavanca precisamente naquelas situações em que a densidade da informação é muito alta e a necessidade de processar essa informação é muito alta. E irei mais longe. Porque rabiscar é tão universalmente acessível e não intimida enquanto forma de arte, pode servir para abrir um portal através do qual elevemos as pessoas até níveis superiores de literacia visual. Meus amigos, o rabisco nunca foi o grande rival do pensamento intelectual. Na verdade, é um dos seus maiores aliados.
Thank you. (Applause)
Obrigado. (Aplausos)