Chris Anderson: So Robert spent the last few years think about how weird human behavior is, and how inadequate most of our language trying to explain it is. And it's very exciting to hear him explain some of the thinking behind it in public for the first time. Over to you now, Robert Sapolsky.
Chris Anderson: Robert passou os últimos anos pensando quão bizarro é o comportamento humano e como nossa linguagem é inadequada para tentar explicá-lo. É fascinante ouvi-lo explicar as ideias por trás disso, pela primeira vez em público. Agora com vocês, Robert Sapolsky.
(Applause)
(Aplausos)
Robert Sapolsky: Thank you. The fantasy always runs something like this. I've overpowered his elite guard, burst into his secret bunker with my machine gun ready. He lunges for his Luger. I knock it out of his hand. He lunges for his cyanide pill. I knock that out of his hand. He snarls, comes at me with otherworldly strength. We grapple, we fight, I manage to pin him down and put on handcuffs. "Adolf Hitler," I say, "I arrest you for crimes against humanity."
Robert Sapolsky: Obrigado. A fantasia é sempre mais ou menos assim. Eu domino a segurança de elite dele, invado seu abrigo secreto com minha metralhadora em punho. Ele agarra sua pistola Luger. Eu a tiro da mão dele. Ele agarra a cápsula de cianeto. Eu a arranco da mão dele. Ele dá um grunhido, me ataca com uma força descomunal. Nos atracamos, lutamos, consigo imobilizá-lo e algemá-lo. "Adolf Hitler", eu digo, "você está preso por crimes cometidos contra a humanidade".
Here's where the Medal of Honor version of the fantasy ends and the imagery darkens. What would I do if I had Hitler? It's not hard to imagine once I allow myself. Sever his spine at the neck. Take out his eyes with a blunt instrument. Puncture his eardrums. Cut out his tongue. Leave him alive on a respirator, tube-fed, not able to speak or move or see or hear, just to feel, and then inject him with something cancerous that's going to fester and pustulate until every cell in his body is screaming in agony, until every second feels like an eternity in hell. That's what I would do to Hitler.
É aqui que a versão Medalha de Honra da fantasia termina, e as imagens se esvanecem. O que eu faria se apanhasse Hitler? Não é difícil imaginar, quando assim o permito. Quebraria sua espinha no pescoço. Arrancaria seus olhos com uma faca cega. Furaria seus tímpanos, cortaria sua língua. Eu o largaria vivo num respirador, alimentado por tubos, incapaz de falar ou se mover, de ver ou ouvir, só sentir, e depois injetaria nele algo canceroso que supurasse e criasse pústulas, até cada célula de seu corpo gritar de agonia, até cada segundo lhe parecer uma eternidade no inferno. É isso o que eu faria com Hitler.
I've had this fantasy since I was a kid, still do sometimes, and when I do, my heart speeds up -- all these plans for the most evil, wicked soul in history. But there's a problem, which is I don't actually believe in souls or evil, and I think wicked belongs in a musical. But there's some people I would like to see killed, but I'm against the death penalty. But I like schlocky violent movies, but I'm for strict gun control. But then there was a time I was at a laser tag place, and I had such a good time hiding in a corner shooting at people. In other words, I'm your basic confused human when it comes to violence.
Tive essa fantasia quando criança, e ainda tenho às vezes e, quando ela vem, meu coração dispara, todos esses planos para a alma mais perversa e malvada da história. Mas há um problema. É que não acredito em almas nem no mal, e acho que "Wicked", malvado, é só o nome de um musical. Mas há algumas pessoas que eu gostaria de ver mortas, porém sou contra a pena de morte. Gosto de filmes muito violentos, mas defendo um rigoroso controle de armas. Mas, certa vez, jogando Laser Tag, me diverti demais disparando, escondido num canto, contra as pessoas. Em outras palavras, sou um ser humano comum e confuso quando se trata da violência.
Now, as a species, we obviously have problems with violence. We use shower heads to deliver poison gas, letters with anthrax, airplanes as weapons, mass rape as a military strategy. We're a miserably violent species. But there's a complication, which is we don't hate violence, we hate the wrong kind. And when it's the right kind, we cheer it on, we hand out medals, we vote for, we mate with our champions of it. When it's the right kind of violence, we love it. And there's another complication, which is, in addition to us being this miserably violent species, we're also this extraordinarily altruistic, compassionate one.
Agora, como espécie, temos óbvios problemas com a violência. Usamos duchas para liberar gás venenoso, cartas com antraz, aviões como armas, estupros em massa como estratégia militar. Somos uma espécie lastimavelmente violenta. Mas há uma complicação: nós não odiamos a violência, mas a forma "errada" de violência. Quando é a forma "correta", festejamos, premiamos com medalhas, votamos a favor, nos unimos aos nossos campeões da violência. Quando é a forma correta de violência, nós a adoramos. E há uma outra complicação: além de sermos uma espécie lastimavelmente violenta, também somos uma espécie extraordinariamente altruísta e compassiva.
So how do you make sense of the biology of our best behaviors, our worst ones and all of those ambiguously in between?
Então, como explicamos a biologia dos nossos melhores comportamentos, dos nossos piores comportamentos e de todos que ficam ambiguamente no meio?
Now, for starters, what's totally boring is understanding the motoric aspects of the behavior. Your brain tells your spine, tells your muscles to do something or other, and hooray, you've behaved. What's hard is understanding the meaning of the behavior, because in some settings, pulling a trigger is an appalling act; in others, it's heroically self-sacrificial. In some settings, putting your hand one someone else's is deeply compassionate. In others, it's a deep betrayal. The challenge is to understand the biology of the context of our behaviors, and that's real tough.
Bem, para os leigos é muito chato compreender os aspectos motores do comportamento. O cérebro diz à espinha dorsal, diz aos músculos, para fazer isto ou aquilo e, viva, agimos. O difícil é compreender o significado do nosso comportamento, porque, em algumas situações, apertar o gatilho é um ato chocante, mas, em outros, é autossacrifício heroico. Em algumas situações, colocar a mão em outra pessoa é profundamente compassivo. Em outras, é uma traição profunda. O problema é compreender a biologia do contexto dos nossos comportamentos. E isso é muito difícil.
One thing that's clear, though, is you're not going to get anywhere if you think there's going to be the brain region or the hormone or the gene or the childhood experience or the evolutionary mechanism that explains everything. Instead, every bit of behavior has multiple levels of causality.
No entanto, uma coisa é clara: não vamos a lugar nenhum se pensarmos que é a parte do cérebro, ou o hormônio, ou o gene, ou a experiência na infância, ou o mecanismo evolutivo que explica tudo. Em vez disso, cada comportamento tem múltiplos níveis de causalidade.
Let's look at an example. You have a gun. There's a crisis going on: rioting, violence, people running around. A stranger is running at you in an agitated state -- you can't quite tell if the expression is frightened, threatening, angry -- holding something that kind of looks like a handgun. You're not sure. The stranger comes running at you and you pull the trigger. And it turns out that thing in this person's hand was a cell phone.
Vejamos um exemplo. Você está armado. Há uma crise acontecendo: tumultos, violência, pessoas correndo por todo o lado. Um estranho corre, agitado, em sua direção, e você não consegue distinguir se a expressão dele demonstra pânico, ameaça ou raiva, segurando algo que parece ser uma pistola. Você não tem certeza. O estranho corre em sua direção, e você puxa o gatilho. Acontece que a pessoa tinha um celular na mão.
So we asked this biological question: what was going on that caused this behavior? What caused this behavior? And this is a multitude of questions.
Então, fazemos esta pergunta biológica: o que estava acontecendo que causou esse comportamento? O que causou esse comportamento? De fato, há múltiplas questões envolvidas.
We start. What was going on in your brain one second before you pulled that trigger? And this brings us into the realm of a brain region called the amygdala. The amygdala, which is central to violence, central to fear, initiates volleys of cascades that produce pulling of a trigger. What was the level of activity in your amygdala one second before?
Vamos começar. O que estava acontecendo no seu cérebro um segundo antes de apertar o gatilho? E isso nos leva para o reino da região do cérebro chamada amígdala, que é fundamental para a violência e para o medo, e inicia uma série em cascata que produz o aperto do gatilho. Qual era o nível de atividade na amígdala um segundo antes?
But to understand that, we have to step back a little bit. What was going on in the environment seconds to minutes before that impacted the amygdala? Now, obviously, the sights, the sounds of the rioting, that was pertinent. But in addition, you're more likely to mistake a cell phone for a handgun if that stranger was male and large and of a different race. Furthermore, if you're in pain, if you're hungry, if you're exhausted, your frontal cortex is not going to work as well, part of the brain whose job it is to get to the amygdala in time saying, "Are you really sure that's a gun there?"
Mas, para compreendermos isso, temos de recuar um pouco. O que estava acontecendo no ambiente segundos ou minutos antes que teve impacto na amígdala? Obviamente, a visão e os sons do tumulto são pertinentes. Mas, para além disso, tendemos a confundir um celular com uma pistola se esse estranho for um homem grande e de uma raça diferente. Além disso, se estivermos com dor, com fome ou exaustos, o córtex frontal também não funciona bem, a parte do cérebro cuja função é alertar a amígdala a tempo de dizer: "Você tem certeza de que aquilo é uma pistola?"
But we need to step further back. Now we have to look at hours to days before, and with this, we have entered the realm of hormones. For example, testosterone, where regardless of your sex, if you have elevated testosterone levels in your blood, you're more likely to think a face with a neutral expression is instead looking threatening. Elevated testosterone levels, elevated levels of stress hormones, and your amygdala is going to be more active and your frontal cortex will be more sluggish.
Mas temos de recuar ainda mais. Agora temos de voltar horas ou dias e, com isso, entramos no reino dos hormônios. Por exemplo, a testosterona. Independentemente do sexo, se houver elevados níveis de testosterona no sangue, tendemos a pensar que um rosto com uma expressão neutra tem um ar ameaçador. Elevados níveis de testosterona e de hormônios do estresse ativarão mais a amígdala, e o córtex frontal ficará mais lento.
Pushing back further, weeks to months before, where's the relevance there? This is the realm of neural plasticity, the fact that your brain can change in response to experience, and if your previous months have been filled with stress and trauma, your amygdala will have enlarged. The neurons will have become more excitable, your frontal cortex would have atrophied, all relevant to what happens in that one second.
Recuando ainda mais, semanas ou meses, qual a relevância? Esse é o reino da plasticidade neuronal, por meio do qual o cérebro consegue mudar em resposta à experiência. Se os meses anteriores tiverem sido estressantes e traumáticos, a amígdala estará aumentada, os neurônios estarão mais excitáveis e o córtex frontal estará atrofiado, tudo muito relevante para o que acontece naquele segundo.
But we push back even more, back years, back, for example, to your adolescence. Now, the central fact of the adolescent brain is all of it is going full blast except the frontal cortex, which is still half-baked. It doesn't fully mature until you're around 25. And thus, adolescence and early adulthood are the years where environment and experience sculpt your frontal cortex into the version you're going to have as an adult in that critical moment.
Mas recuamos ainda mais, anos, para a adolescência, por exemplo. Agora, o fato mais importante sobre o cérebro adolescente é que tudo está funcionando a todo vapor, exceto o córtex frontal, que ainda está meio imaturo. Só amadurece completamente por volta dos 25 anos. Por isso, é na adolescência e no início da idade adulta que o ambiente e as experiências esculpem o córtex frontal na versão que teremos quando adultos, naquele momento crítico.
But pushing back even further, even further back to childhood and fetal life and all the different versions that that could come in. Now, obviously, that's the time that your brain is being constructed, and that's important, but in addition, experience during those times produce what are called epigenetic changes, permanent, in some cases, permanently activating certain genes, turning off others. And as an example of this, if as a fetus you were exposed to a lot of stress hormones through your mother, epigenetics is going to produce your amygdala in adulthood as a more excitable form, and you're going to have elevated stress hormone levels.
Mas, recuando mais ainda, vamos até a infância e a vida fetal, e todas as diversas versões em que elas se apresentam. Obviamente, esse é o momento em que o cérebro está sendo construído, e isso é importante, mas, para além disso, as experiências durante esse período produzem as chamadas mudanças epigenéticas, permanentes, em alguns casos, ativando alguns genes e desativando outros permanentemente. E, como exemplo, se, enquanto fetos, somos expostos a muitos hormônios do estresse da mãe, quando adultos, a epigenética irá produzir uma amígdala mais excitável, e teremos um nível elevado de hormônios do estresse.
But pushing even further back, back to when you were just a fetus, back to when all you were was a collection of genes. Now, genes are really important to all of this, but critically, genes don't determine anything, because genes work differently in different environments. Key example here: there's a variant of a gene called MAO-A, and if you have that variant, you are far more likely to commit antisocial violence if, and only if, you were abused as a child. Genes and environment interact, and what's happening in that one second before you pull that trigger reflects your lifetime of those gene-environment interactions.
Mas, vamos recuar ainda mais, quando éramos apenas um feto, quando nos resumíamos a um conjunto de genes. Os genes são muito importantes nisso tudo, mas não determinam nada de essencial, porque funcionam de forma diferente em ambientes diferentes. Exemplos-chave aqui: existe uma variante de um gene chamado MAO-Alfa. Se tivermos essa variante, temos uma tendência maior de praticar violência antissocial, mas somente se sofrermos abusos quando crianças. Os genes e o ambiente interagem, e o que aconteceu naquele segundo antes de apertarmos o gatilho reflete nosso histórico dessas interações entre genes e ambiente.
Now, remarkably enough, we've got to push even further back now, back centuries. What were your ancestors up to. And if, for example, they were nomadic pastoralists, they were pastoralists, people living in deserts or grasslands with their herds of camels, cows, goats, odds are they would have invented what's called a culture of honor filled with warrior classes, retributive violence, clan vendettas, and amazingly, centuries later, that would still be influencing the values with which you were raised.
O mais extraordinário é que temos de recuar ainda mais, séculos. Como eram nossos antepassados? Se, por exemplo, fossem pastores nômades, pessoas que viviam em desertos ou pradarias com seus camelos, vacas, cabras, é provável que tenham inventado a chamada "cultura da honra", cheia de classes de guerreiros, de violência retributiva, de vinganças entre clãs e, incrivelmente, séculos mais tarde, isso continuaria a influenciar os valores com os quais fomos criados.
But we've got to push even further back, back millions of years, because if we're talking about genes, implicitly we're now talking about the evolution of genes. And what you see is, for example, patterns across different primate species. Some of them have evolved for extremely low levels of aggression, others have evolved in the opposite direction, and floating there in between by every measure are humans, once again this confused, barely defined species that has all these potentials to go one way or the other.
Mas temos de recuar mais ainda, milhões de anos, porque, se estamos falando de genes, implicitamente estamos falando de evolução genética. E o que vemos, por exemplo, são padrões em espécies de diferentes primatas. Alguns deles evoluíram para níveis extremamente baixos de agressividade, outros evoluíram na direção oposta e, pairando no meio, os seres humanos, mais uma vez, essa espécie confusa e indefinida, com todo esse potencial de pender para um lado ou para o outro.
So what has this gotten us to? Basically, what we're seeing here is, if you want to understand a behavior, whether it's an appalling one, a wondrous one, or confusedly in between, if you want to understand that, you've got take into account what happened a second before to a million years before, everything in between.
Mas aonde foi que isso nos levou? Basicamente, o que vemos aqui é, se queremos compreender um comportamento, seja monstruoso, seja admirável, ou confusamente no meio, se queremos entender isso, temos de levar em conta o que aconteceu desde um segundo antes até milhões de anos para trás, e tudo o que ocorreu nesse ínterim. Então, o que podemos concluir até aqui?
So what can we conclude at this point? Officially, it's complicated. Wow, that's really helpful. It's complicated, and you'd better be real careful, real cautious before you conclude you know what causes a behavior, especially if it's a behavior you're judging harshly.
Oficialmente, é complicado. "Puxa, isso ajudou tanto." É complicado, e é melhor ter muito cuidado e muita cautela antes de tirarmos conclusões sobre as causas de um comportamento, especialmente com aqueles que avaliamos com rigor.
Now, to me, the single most important point about all of this is one having to do with change. Every bit of biology I have mentioned here can change in different circumstances. For example, ecosystems change. Thousands of years ago, the Sahara was a lush grassland. Cultures change. In the 17th century, the most terrifying people in Europe were the Swedes, rampaging all over the place. This is what the Swedish military does now. They haven't had a war in 200 years. Most importantly, brains change. Neurons grow new processes. Circuits disconnect. Everything in the brain changes, and out of this come extraordinary examples of human change.
Para mim, a questão mais importante disso tudo é a que se refere à mudança. Toda a biologia mencionada aqui pode mudar em circunstâncias diferentes. Por exemplo, os ecossistemas mudam. Há milhares de anos, o Saara era uma pradaria exuberante. As culturas mudam. No século 17, o povo mais aterrorizante da Europa eram os suecos, que destruíam tudo por toda parte. Vejam o que o exército sueco faz agora. Não tem uma guerra faz 200 anos. E o mais importante de tudo, o cérebro muda. Os neurônios criam novos processos, os circuitos se desconectam. Tudo no cérebro muda, e daí surgem exemplos extraordinários de mudança humana.
First one: this is a man named John Newton, a British theologian who played a central role in the abolition of slavery from the British Empire in the early 1800s. And amazingly, this man spent decades as a younger man as the captain of a slave ship, and then as an investor in slavery, growing rich from this. And then something changed. Something changed in him, something that Newton himself celebrated in the thing that he's most famous for, a hymn that he wrote: "Amazing Grace."
Primeiro: este homem é John Newton, um teólogo britânico, que teve um papel central na abolição da escravatura no Império Britânico no início do século 19. Espantosamente, este homem passou décadas, quando jovem, comandando um navio negreiro, e depois enriqueceu investindo na escravatura. De repente, algo mudou. Algo mudou nele, algo que o próprio Newton celebrou naquilo pelo qual é mais conhecido, o hino que ele compôs: "Amazing Grace".
This is a man named Zenji Abe on the morning of December 6, 1941, about to lead a squadron of Japanese bombers to attack Pearl Harbor. And this is the same man 50 years later to the day hugging a man who survived the attack on the ground. And as an old man, Zenji Abe came to a collection of Pearl Harbor survivors at a ceremony there and in halting English apologized for what he had done as a young man.
Este homem é Zenji Abe na manhã de 6 de dezembro de 1941, pronto para chefiar um esquadrão de bombardeiros japoneses no ataque a Pearl Harbor. Este é o mesmo homem 50 anos depois, abraçando um homem que sobreviveu ao ataque em terra. Já idoso, Zenji Abe foi a uma reunião de sobreviventes de Pearl Harbor, onde participou de uma cerimônia e, num inglês hesitante, pediu perdão pelo que fez quando jovem.
Now, it doesn't always require decades. Sometimes, extraordinary change could happen in just hours. Consider the World War I Christmas truce of 1914. The powers that be had negotiated a brief truce so that soldiers could go out, collect bodies from no-man's-land in between the trench lines. And soon British and German soldiers were doing that, and then helping each other carry bodies, and then helping each other dig graves in the frozen ground, and then praying together, and then having Christmas together and exchanging gifts, and by the next day, they were playing soccer together and exchanging addresses so they could meet after the war. That truce kept going until the officers had to arrive and said, "We will shoot you unless you go back to trying to kill each other." And all it took here was hours for these men to develop a completely new category of "us," all of us in the trenches here on both sides, dying for no damn reason, and who is a "them," those faceless powers behind the lines who were using them as pawns.
Nem sempre são necessárias décadas. Às vezes, uma mudança extraordinária pode ocorrer em questão de horas. Pensem na trégua de Natal na Primeira Guerra Mundial, em 1914. As potências em guerra negociaram uma breve trégua para que os soldados pudessem recolher corpos na terra-de-ninguém entre as trincheiras. E logo os soldados britânicos e alemães se puseram em ação. E eles ajudaram uns aos outros a carregar os corpos, e a abrir sepulturas no solo gelado. Depois oraram juntos, passaram o Natal juntos e trocaram presentes. No dia seguinte, estavam todos juntos jogando futebol, trocando endereços para poderem se visitar depois da guerra. Aquela trégua continuou até os oficiais chegarem e dizerem: "Vamos fuzilar todos se não voltarem e tentarem matar uns aos outros". Bastaram apenas algumas horas para esses homens criarem uma categoria totalmente nova de "nós", todos nós entrincheirados, ambos os lados, morrendo sem nenhuma razão, e de "eles," aquelas potências sem rosto por trás das linhas, que os usavam como peões.
And sometimes, change can occur in seconds. Probably the most horrifying event in the Vietnam War was the My Lai Massacre. A brigade of American soldiers went into an undefended village full of civilians and killed between 350 and 500 of them, mass-raped women and children, mutilated bodies. It was appalling. It was appalling because it occurred, because the government denied it, because the US government eventually did nothing more than a slap on the wrist, and appalling because it almost certainly was not a singular event. This man, Hugh Thompson, this is the man who stopped the My Lai Massacre. He was piloting a helicopter gunship, landed there, got out and saw American soldiers shooting babies, shooting old women, figured out what was going on, and he then took his helicopter and did something that undid his lifetime of conditioning as to who is an "us" and who is a "them." He landed his helicopter in between some surviving villagers and American soldiers and he trained his machine guns on his fellow Americans, and said, "If you don't stop the killing, I will mow you down."
Às vezes, a mudança pode ocorrer em segundos. Provavelmente, o acontecimento mais horripilante da Guerra do Vietnã tenha sido o Massacre de My Lai. Uma brigada de soldados norte-americanos invadiu uma vila indefesa, cheia de civis, e matou de 350 a 500 civis, estuprou mulheres e crianças em massa, mutilou corpos. Foi monstruoso. Foi monstruoso porque aconteceu, porque o governo negou, porque o governo norte-americano acabou não fazendo nada, a não ser uma palmadinha na mão, e monstruoso porque quase certamente não foi um acontecimento isolado. Foi este homem, Hugh Thompson, que fez parar o Massacre de My Lai. Ele estava pilotando um helicóptero de combate, pousou no local, desceu e viu soldados americanos disparando contra bebês e velhinhas percebeu o que estava acontecendo, pilotou seu helicóptero e fez algo que desfez sua vida de condicionamentos quanto a quem somos "nós" e quem são "eles". Ele pousou o helicóptero entre os aldeões sobreviventes e os soldados americanos, apontou a metralhadora do helicóptero para os colegas americanos e disse: "Se não pararem com a chacina, vou acabar com vocês".
Now, these people are no more special than any of us. Same neurons, same neurochemicals, same biology. What we're left with here is this inevitable cliche: "Those who don't study history are destined to repeat it." What we have here is the opposite of it. Those who don't study the history of extraordinary human change, those who don't study the biology of what can transform us from our worst to our best behaviors, those who don't do this are destined not to be able to repeat these incandescent, magnificent moments.
Essas pessoas não são mais especiais do que nós. Os mesmos neurônios, a mesma neuroquímica e a mesma biologia. Temos aqui este clichê inevitável: "Quem não estuda a história está destinado a repeti-la". O que temos aqui é o oposto disso. Aqueles que não estudam a história da extraordinária mudança humana, aqueles que não estudam a biologia daquilo que pode transformar nossos piores atos em nossos melhores comportamentos, aqueles que não o fazem estão destinados a serem incapazes de repetir esses momentos arrebatadores e magníficos.
So thank you.
Então, obrigado.
(Applause)
(Aplausos)
CA: Talks that really give you a new mental model about something, those are some of my favorite TED Talks, and we just got one. Robert, thank you so much for that. Good luck with the book. That was amazing, and we're going to try and get you to come here in person one year. Thank you so much.
CA: As palestras que nos trazem um novo modelo de algo são as minhas TED favoritas. E acabamos de assistir a uma delas. Robert, muito obrigado, e sucesso com seu livro. Foi incrível. Um ano desses, vamos tentar trazê-lo aqui pessoalmente. Muito obrigado. (Aplausos)
RS: Thank you. Thank you all.
RS: Obrigado a todos.