So a few years ago, I did something really brave, or some would say really stupid. I ran for Congress.
Aqui há uns anos, fiz uma coisa muito corajosa ou, como alguns diriam, muito estúpida. Candidatei-me ao Congresso.
For years, I had existed safely behind the scenes in politics as a fundraiser, as an organizer, but in my heart, I always wanted to run. The sitting congresswoman had been in my district since 1992. She had never lost a race, and no one had really even run against her in a Democratic primary. But in my mind, this was my way to make a difference, to disrupt the status quo. The polls, however, told a very different story. My pollsters told me that I was crazy to run, that there was no way that I could win.
Durante anos, andei de maneira segura nos bastidores da política a angariar fundos, a organizar, mas, cá no fundo, sempre me quis candidatar. A congressista eleita do meu distrito mantinha-se no seu posto desde 1992. Nunca perdera umas eleições, e nunca ninguém tinha concorrido contra ela, em primárias Democratas. Na minha perspetiva, era uma forma de fazer a diferença, de romper com o "status quo". Porém, as sondagens contavam uma história bastante diferente. As sondagens diziam que eu era maluca por me candidatar, que eu não podia ganhar de modo algum.
But I ran anyway, and in 2012, I became an upstart in a New York City congressional race. I swore I was going to win. I had the endorsement from the New York Daily News, the Wall Street Journal snapped pictures of me on election day, and CNBC called it one of the hottest races in the country. I raised money from everyone I knew, including Indian aunties that were just so happy an Indian girl was running. But on election day, the polls were right, and I only got 19 percent of the vote, and the same papers that said I was a rising political star now said I wasted 1.3 million dollars on 6,321 votes. Don't do the math. It was humiliating.
De qualquer modo, candidatei-me. Em 2012, tornei-me uma novata numa corrida para o Congresso de Nova Iorque. Eu jurava que ia ganhar. Tinha o apoio do New York Daily News, o Wall Street Journal tirou-me fotos no dia das eleições, e a CNBC chamou-lhe uma das eleições mais quentes do país. Angariei dinheiro de todas as pessoas que conhecia, incluindo as minhas tias indianas que ficaram delirantes por uma indiana se estar a candidatar. Mas no dia das eleições, provou-se que as sondagens estavam corretas e só obtive 19% dos votos. Os mesmos jornais que tinham dito que eu era uma estrela nascente da política, diziam agora que eu tinha desperdiçado 1,3 milhão de dólares com 6321 votos. Não façam as contas. Foi humilhante.
Now, before you get the wrong idea, this is not a talk about the importance of failure. Nor is it about leaning in. I tell you the story of how I ran for Congress because I was 33 years old and it was the first time in my entire life that I had done something that was truly brave, where I didn't worry about being perfect.
Mas, antes que fiquem com uma ideia errada, esta não é uma palestra sobre a importância do fracasso, nem sobre passar à frente. Conto-vos a história de como me candidatei ao Congresso porque eu tinha 33 anos e foi a primeira vez em toda a minha vida que fiz uma coisa realmente corajosa, em que não me preocupei em ser perfeita.
And I'm not alone: so many women I talk to tell me that they gravitate towards careers and professions that they know they're going to be great in, that they know they're going to be perfect in, and it's no wonder why. Most girls are taught to avoid risk and failure. We're taught to smile pretty, play it safe, get all A's. Boys, on the other hand, are taught to play rough, swing high, crawl to the top of the monkey bars and then just jump off headfirst. And by the time they're adults, whether they're negotiating a raise or even asking someone out on a date, they're habituated to take risk after risk. They're rewarded for it. It's often said in Silicon Valley, no one even takes you seriously unless you've had two failed start-ups. In other words, we're raising our girls to be perfect, and we're raising our boys to be brave.
Mas não sou só eu. Muitas mulheres com quem falo dizem-me que gravitam à volta de carreiras e profissões em que sabem que serão ótimas, em que sabem que serão perfeitas. Isso não é para admirar. A maior parte das raparigas é ensinada a evitar riscos e fracassos. Somos ensinadas a sorrir com simpatia, a jogar pelo seguro, a só tirar notas altas. Os rapazes, por outro lado, são ensinados a jogar forte, a correr riscos, a trepar até ao alto das gaiolas e depois a atirar-se de cabeça. Quando chegam a adultos, quer estejam a negociar um aumento ou a convidar alguém para um encontro, estão habituados a correr riscos. São recompensados por isso. Diz-se muitas vezes, em Silicon Valley, que ninguém nos leva a sério se não tivermos duas "start-ups" falidas. Por outras palavras, estamos a educar as raparigas para serem perfeitas, e a educar os rapazes para serem corajosos.
Some people worry about our federal deficit, but I, I worry about our bravery deficit. Our economy, our society, we're just losing out because we're not raising our girls to be brave. The bravery deficit is why women are underrepresented in STEM, in C-suites, in boardrooms, in Congress, and pretty much everywhere you look.
Algumas pessoas preocupam-se com o nosso défice federal, mas eu preocupo-me com o nosso défice de bravura. Estamos a perder a nossa economia, a nossa sociedade porque não estamos a educar as raparigas a serem corajosas. É por este défice de coragem que as mulheres estão mal representadas em Ciências, Tenologia, Engenharia e Matemática, na gestão, na chefia, no Congresso e noutras coisas.
In the 1980s, psychologist Carol Dweck looked at how bright fifth graders handled an assignment that was too difficult for them. She found that bright girls were quick to give up. The higher the IQ, the more likely they were to give up. Bright boys, on the other hand, found the difficult material to be a challenge. They found it energizing. They were more likely to redouble their efforts.
Nos anos 80, a psicóloga Carol Dweck observou como alunos brilhantes do 5º ano lidavam com uma tarefa que era demasiado difícil para eles. Descobriu que as raparigas inteligentes desistiam rapidamente. Quanto mais elevado o QI, mais provável era que desistissem. Os rapazes inteligentes, por outro lado, achavam que as tarefas difíceis eram um desafio. Consideravam-no estimulante. Estavam mais dispostos a redobrar os seus esforços.
What's going on? Well, at the fifth grade level, girls routinely outperform boys in every subject, including math and science, so it's not a question of ability. The difference is in how boys and girls approach a challenge. And it doesn't just end in fifth grade. An HP report found that men will apply for a job if they meet only 60 percent of the qualifications, but women, women will apply only if they meet 100 percent of the qualifications. 100 percent. This study is usually invoked as evidence that, well, women need a little more confidence. But I think it's evidence that women have been socialized to aspire to perfection, and they're overly cautious.
O que é que se passa? Bom... ao nível do quinto ano, as raparigas, geralmente, superam os rapazes em todas as matérias, incluindo a matemática e as ciências, portanto não é uma questão de capacidades. A diferença está em como rapazes e raparigas abordam um problema. E isso não acaba no quinto ano. Um relatório da HP descobriu que os homens candidatam-se a um emprego mesmo que só tenham 60% das qualificações, mas as mulheres só se candidatam se atingirem os 100% das qualificações. Só com 100%! Este estudo também é invocado, com frequência, como prova de que as mulheres precisam de um pouco mais de confiança. Mas eu acho que é uma prova de que as mulheres têm sido educadas para aspirar à perfeição, e são excecionalmente cautelosas.
(Applause)
(Aplausos)
And even when we're ambitious, even when we're leaning in, that socialization of perfection has caused us to take less risks in our careers. And so those 600,000 jobs that are open right now in computing and tech, women are being left behind, and it means our economy is being left behind on all the innovation and problems women would solve if they were socialized to be brave instead of socialized to be perfect.
Mesmo quando somos ambiciosas, mesmo quando estamos confiantes. esta socialização da perfeição tem-nos levado a correr menos riscos nas nossas carreiras. Por isso, nos 60 000 empregos que estão agora em aberto em informática e tecnologia, as mulheres estão a ficar para trás, Isso significa que a nossa economia está a ficar para trás, em toda a inovação e problemas que as mulheres poderiam resolver se tivessem sido educadas para serem corajosas em vez de educadas para serem perfeitas.
(Applause)
(Aplausos)
So in 2012, I started a company to teach girls to code, and what I found is that by teaching them to code I had socialized them to be brave. Coding, it's an endless process of trial and error, of trying to get the right command in the right place, with sometimes just a semicolon making the difference between success and failure. Code breaks and then it falls apart, and it often takes many, many tries until that magical moment when what you're trying to build comes to life. It requires perseverance. It requires imperfection.
Em 2012, criei uma empresa para ensinar as raparigas a programar, e descobri que, ao ensiná-las a programar, estava a educá-las para serem corajosas. A programação é um processo infindável de tentativa e erro, de tentar colocar o comando certo no lugar certo, em que, por vezes, um ponto e vírgula faz a diferença entre o êxito e o fracasso. A codificação interrompe-se e depois fica arruinada. Por vezes, são precisas muitas tentativas até àquele momento mágico em que aquilo que estamos a tentar construir, ganha vida. Exige perseverança. Exige imperfeição.
We immediately see in our program our girls' fear of not getting it right, of not being perfect. Every Girls Who Code teacher tells me the same story. During the first week, when the girls are learning how to code, a student will call her over and she'll say, "I don't know what code to write." The teacher will look at her screen, and she'll see a blank text editor. If she didn't know any better, she'd think that her student spent the past 20 minutes just staring at the screen. But if she presses undo a few times, she'll see that her student wrote code and then deleted it. She tried, she came close, but she didn't get it exactly right. Instead of showing the progress that she made, she'd rather show nothing at all. Perfection or bust.
No nosso programa, vemos imediatamente o medo de errar das raparigas, de não serem perfeitas. Todas as professoras do Girls Who Code contam-me a mesma história. Durante a primeira semana, quando as raparigas estão a aprender a codificar, há uma aluna que a chama e diz: "Não sei que código escrever". A professora olha para o ecrã dela, e vê um editor de texto em branco. Se ela não a conhecesse melhor, pensaria que aquela aluna tinha passado 20 minutos a olhar para o ecrã. Mas se ela carregar em "anular" várias vezes, verá que a aluna escreveu um código e depois apagou-o. Ela tentara, estivera perto, mas não o conseguira totalmente. Em vez de mostrar o progresso que tinha feito, preferiu não mostrar nada. Perfeição ou fracasso.
It turns out that our girls are really good at coding, but it's not enough just to teach them to code.
Acontece que as raparigas são muito boas a codificar, mas isso não chega para lhes ensinar a codificar.
My friend Lev Brie, who is a professor at the University of Columbia and teaches intro to Java tells me about his office hours with computer science students. When the guys are struggling with an assignment, they'll come in and they'll say, "Professor, there's something wrong with my code." The girls will come in and say, "Professor, there's something wrong with me."
O meu amigo Lev Brie, que é professor na Universidade de Columbia e ensina introdução ao Java fala-me das horas de apoio a estudantes de ciências informáticas. Os alunos que se debatem com uma tarefa vão ter com ele e dizem: "Professor, há qualquer coisa de errado com o meu código". As raparigas vão ter com ele e dizem: "Professor, há qualquer coisa de errado comigo".
We have to begin to undo the socialization of perfection, but we've got to combine it with building a sisterhood that lets girls know that they are not alone. Because trying harder is not going to fix a broken system. I can't tell you how many women tell me,
Temos que começar a desfazer a educação da perfeição. mas temos que a combinar com a construção duma fraternidade para que as raparigas saibam que não estão sozinhas. Porque tentar mais esforçadamente não vai consertar um sistema defeituoso. Nem sei quantas mulheres já me disseram:
"I'm afraid to raise my hand, I'm afraid to ask a question, because I don't want to be the only one who doesn't understand, the only one who is struggling. When we teach girls to be brave and we have a supportive network cheering them on, they will build incredible things, and I see this every day. Take, for instance, two of our high school students who built a game called Tampon Run -- yes, Tampon Run -- to fight against the menstruation taboo and sexism in gaming. Or the Syrian refugee who dared show her love for her new country by building an app to help Americans get to the polls. Or a 16-year-old girl who built an algorithm to help detect whether a cancer is benign or malignant in the off chance that she can save her daddy's life because he has cancer. These are just three examples of thousands, thousands of girls who have been socialized to be imperfect, who have learned to keep trying, who have learned perseverance. And whether they become coders or the next Hillary Clinton or Beyoncé, they will not defer their dreams.
"Tenho medo de levantar a mão, "tenho medo de fazer uma pergunta, "porque não quero ser a única que não compreende, "a única que está a ter dificuldades." Quando ensinarmos as raparigas a serem corajosas, e tivermos uma rede de apoio a acarinhá-las, elas vão construir coisas incríveis. Eu vejo isso todos os dias. Por exemplo, duas das nossas alunas do ensino secundário construíram um jogo chamado Corrida do Tampão — sim, Corrida do Tampão — para lutar contra o tabu da menstruação e contra o sexismo nos jogos. Ou a refugiada síria que ousou mostrar o seu amor pelo seu novo país construindo uma aplicação para ajudar os americanos a chegar aos locais de voto. Ou uma rapariga de 16 anos que construiu um algoritmo para detetar se um cancro é benigno ou maligno para a remota possibilidade de poder salvar a vida do pai, porque ele tem um cancro. São só três exemplos entre milhares, milhares de raparigas que foram educadas para serem imperfeitas, que aprenderam a continuar a tentar, que aprenderam a perseverança. Quer venham a ser programadoras ou a próxima Hillary Clinton ou Beyoncé, não vão adiar os seus sonhos.
And those dreams have never been more important for our country. For the American economy, for any economy to grow, to truly innovate, we cannot leave behind half our population. We have to socialize our girls to be comfortable with imperfection, and we've got to do it now. We cannot wait for them to learn how to be brave like I did when I was 33 years old. We have to teach them to be brave in schools and early in their careers, when it has the most potential to impact their lives and the lives of others, and we have to show them that they will be loved and accepted not for being perfect but for being courageous. And so I need each of you to tell every young woman you know -- your sister, your niece, your employee, your colleague -- to be comfortable with imperfection, because when we teach girls to be imperfect, and we help them leverage it, we will build a movement of young women who are brave and who will build a better world for themselves and for each and every one of us.
Esses sonhos nunca foram tão importantes para o nosso país. Para que a economia americana, para que qualquer economia cresça, para inovar verdadeiramente, não podemos deixar para trás metade da nossa população. Temos que educar as raparigas a sentirem-se bem com a imperfeição e temos que fazê-lo já. Não podemos esperar que elas aprendam a ser corajosas como eu aprendi quando tinha 33 anos. Temos que lhes ensinar a serem corajosas nas escolas e logo no início da carreira, quando isso tem o maior potencial para ter impacto na vida delas e na vida dos outros. Temos que lhes mostrar que serão amadas e aceites não por serem perfeitas mas por serem corajosas. Por isso, é preciso que cada um de vós diga a todas as raparigas que conheça, — uma irmã, uma sobrinha, uma funcionária, uma colega — para se sentirem bem com a imperfeição, porque, quando ensinamos as raparigas a serem imperfeitas, e as ajudamos a compensar isso, vamos criar um movimento de raparigas que são corajosas e que vão criar um mundo melhor para si mesmas e para todos nós.
Thank you.
Obrigada.
(Applause) Thank you.
(Aplausos) Obrigada.
Chris Anderson: Reshma, thank you. It's such a powerful vision you have. You have a vision. Tell me how it's going. How many girls are involved now in your program?
Chris Anderson: Reshma, obrigado. Tens uma visão muito poderosa. Conta-me como vão as coisas. Quantas raparigas estão envolvidas no teu programa?
Reshma Saujani: Yeah. So in 2012, we taught 20 girls. This year we'll teach 40,000 in all 50 states.
Reshma Saujani: Em 2012, ensinámos 20 raparigas. Este ano, vamos ensinar 40 000 em todos os 50 estados.
(Applause)
(Aplausos)
And that number is really powerful, because last year we only graduated 7,500 women in computer science. Like, the problem is so bad that we can make that type of change quickly.
Este número é realmente poderoso, porque no ano passado só formámos 7500 mulheres em ciências informáticas. O problema é tão mau que podemos fazer esta mudança rapidamente.
CA: And you're working with some of the companies in this room even, who are welcoming graduates from your program?
CA: Estás a trabalhar com empresas, aqui nesta sala, que recebem alunas formadas no teu programa?
RS: Yeah, we have about 80 partners, from Twitter to Facebook to Adobe to IBM to Microsoft to Pixar to Disney, I mean, every single company out there. And if you're not signed up, I'm going to find you, because we need every single tech company to embed a Girls Who Code classroom in their office.
RS: Sim, temos cerca de 80 parceiros, desde o Twitter ao Facebook, à Adobe, IBM, Microsoft, Pixar ou a Disney, todas as empresas que há por aí. Se vocês não estão inscritos, vou contactar-vos. Precisamos que todas as empresas de tecnologia contratem uma aula de Girls Who Code no seu escritório.
CA: And you have some stories back from some of those companies that when you mix in more gender balance in the engineering teams, good things happen.
CA: E tens algumas histórias nessas empresas de que, quando equilibras mais os dois sexos nas equipas de engenharia, acontecem coisas boas?
RS: Great things happen. I mean, I think that it's crazy to me to think about the fact that right now 85 percent of all consumer purchases are made by women. Women use social media at a rate of 600 percent more than men. We own the Internet, and we should be building the companies of tomorrow. And I think when companies have diverse teams, and they have incredible women that are part of their engineering teams, they build awesome things, and we see it every day.
RS: Acontecem coisas ótimas. Ou seja, acho que é uma loucura pensar que, neste momento, 85% de todas as compras são feitas por mulheres. As mulheres usam as redes sociais a um ritmo de mais 600% que os homens. Nós é que possuímos a Internet, e devíamos estar a construir as empresas do futuro. Quando as empresas têm equipas diversificadas, e mulheres incríveis que fazem parte dessas equipas, constroem coisas espantosas, e vemos isso todos os dias.
CA: Reshma, you saw the reaction there. You're doing incredibly important work. This whole community is cheering you on. More power to you. Thank you.
CA: Reshma, viste a reação aqui. O teu trabalho é muito importante. Toda a comunidade está a aplaudir-te. Mais poder para ti. Obrigado.
RS: Thank you.
RS: Obrigada.
(Applause)
(Aplausos)