The career that I started early on in my life was looking for exotic life forms in exotic places, and at that time I was working in the Antarctic and the Arctic, and high deserts and low deserts. Until about a dozen years ago, when I was really captured by caves, and I really re-focused most of my research in that direction.
A carreira que comecei cedo na minha vida foi procurar formas de vida exóticas em locais exóticos. Nessa época, eu estava a trabalhar na Antártida e no Ártico e nos desertos da Califórnia, até há uma dúzia de anos, quando fiquei cativada por grutas e passei a concentrar a minha pesquisa nessa direção.
So I have a really cool day job-- I get to do some really amazing stuff. I work in some of the most extreme cave environments on the planet. Many of them are trying to kill us from the minute we go into them, but nevertheless, they're absolutely gripping, and contain unbelievable biological wonders that are very, very different from those that we have on the planet. Apart from the intrinsic value of the biology and mineralogy and geo-microbiology that we do there, we're also using these as templates for figuring out how to go look for life on other planets. Particularly Mars, but also Europa, the small, icy moon around Jupiter. And perhaps, someday, far beyond our solar system itself.
Assim, tenho um trabalho fantástico — apanho materiais espantosos. Trabalho num dos ambientes mais extremos de grutas no planeta. Muitos deles tentam matar-nos logo que lá entramos mas, apesar disso, são apaixonantes e contêm maravilhas biológicas incríveis que são muito diferentes das que temos no planeta. Para além do valor intrínseco da biologia, da mineralogia e da geomicrobiologia que aqui fazemos, também as usamos como matrizes para imaginarmos como procurar a vida noutros planetas. Em especial em Marte, mas também em Europa, a pequena lua, gelada, de Júpiter e talvez, um dia, muito longe do próprio sistema solar.
I'm very passionately interested in the human future, on the Moon and Mars particularly, and elsewhere in the solar system. I think it's time that we transitioned to a solar system-going civilization and species. And, as an outgrowth of all of this then, I wonder about whether we can, and whether we even should, think about transporting Earth-type life to other planets. Notably Mars, as a first example.
Tenho um interesse apaixonado no futuro humano, sobretudo na Lua e em Marte e noutros locais do sistema solar. Penso que é a altura de passarmos para uma civilização e uma espécie na direção de um sistema solar e, em consequência disso tudo, penso se poderíamos, ou mesmo, se deveríamos pensar em transportar vida como a da Terra para outros planetas, a começar por Marte, como primeiro exemplo.
Something I never talk about in scientific meetings is how I actually got to this state and why I do the work that I do. Why don't I have a normal job, a sensible job? And then of course, I blame the Soviet Union. Because in the mid-1950s, when I was a tiny child, they had the audacity to launch a very primitive little satellite called Sputnik, which sent the Western world into a hysterical tailspin. And a tremendous amount of money went into the funding of science and mathematics skills for kids. And I'm a product of that generation, like so many other of my peers. It really caught hold of us, and caught fire, and it would be lovely if we could reproduce that again now.
Uma coisa em que nunca falo em reuniões científicas é como cheguei a este estado e porque é que faço o trabalho que faço, porque é que não tenho um trabalho normal, sensato. Claro que a culpa é da União Soviética porque, em meados dos anos 50, quando eu era uma criança, eles tiveram a audácia de lançar um pequeno satélite, muito primitivo, chamado Sputnik, que fez entrar o mundo ocidental em parafuso histérico. Uma quantidade tremenda de dinheiro foi para financiar a ciência e as competências matemáticas das crianças. Eu sou um produto dessa geração, como muitos outros meus iguais. Apoderou-se de nós, incendiou-nos e seria maravilhoso se pudéssemos voltar a viver isso.
Of course, refusing to grow up -- -- even though I impersonate a grown-up in daily life, but I do a fairly good job of that -- but really retaining that childlike quality of not caring what other people think about what you're interested in, is really critical. The next element is the fact that I have applied a value judgment and my value judgment is that the presence of life is better than no life. And so, life is more valuable than no life. And so I think that that holds together a great deal of the work that people in this audience approach.
Claro, recusando-me a crescer — apesar de eu parecer adulta na vida diária, mas sou muito boa nisso — mas mantendo essa qualidade da infância de não me preocupar com o que os outros pensam sobre aquilo que nos interessa, é fundamental. O outro elemento é que apliquei um juízo de valores e esse meu juízo de valores é que a presença da vida é melhor do que não haver vida. Sim, a vida tem mais valor do que a ausência da vida. Por isso, penso que é isso que aglutina grande parte do trabalho que as pessoas nesta audiência abordam.
I'm very interested in Mars, of course, and that was a product of my being a young undergraduate when the Viking Landers landed on Mars. And that took what had been a tiny little astronomical object in the sky, that you would see as a dot, and turned it completely into a landscape, as that very first primitive picture came rastering across the screen. And when it became a landscape, it also became a destination, and altered, really, the course of my life.
Obviamente, estou muito interessada em Marte e isso foi o resultado de eu ser uma jovem universitária quando as sondas Viking aterraram em Marte. Esse facto transformou aquilo que era um minúsculo objeto astronómico no céu — que aparecia como um pontinho — numa verdadeira paisagem quando aquela primeira imagem primitiva apareceu no ecrã. Quando se transformou numa paisagem também se tornou num destino e alterou o curso da minha vida.
In my graduate years I worked with my colleague and mentor and friend, Steve Schneider, at the National Center for Atmospheric Research, working on global change issues. We've written a number of things on the role of Gaia hypothesis -- whether or not you could consider Earth as a single entity in any meaningful scientific sense, and then, as an outgrowth of that, I worked on the environmental consequences of nuclear war.
Nos meus anos de pós-graduação, trabalhei com Steve Schneider, meu colega e mentor, no Centro Nacional de Investigação Atmosférica, investigando problemas da alteração global. Escrevemos uma série de coisas sobre o papel da hipótese de Gaia — se podíamos considerar ou não a Terra como uma entidade única em qualquer sentido científico significativo. Depois, em resultado disso, trabalhei nas consequências ambientais de uma guerra nuclear.
So, wonderful things and grim things. But what it taught me was to look at Earth as a planet with external eyes, not just as our home. And that is a wonderful stepping away in perspective, to try to then think about the way our planet behaves, as a planet, and with the life that's on it. And all of this seems to me to be a salient point in history. We're getting ready to begin to go through the process of leaving our planet of origin and out into the wider solar system and beyond.
Coisas maravilhosas e coisas catastróficas. Mas isso ensinou-me a olhar para a Terra como um planeta com uma visão do exterior, não apenas como o nosso lar. É um distanciamento ótimo na perspetiva tentar pensar na forma como o nosso planeta se comporta, enquanto planeta com a vida que nele existe. Penso que tudo aquilo é um ponto saliente na história. Estamos a ficar preparados para começar a passar pelo processo de sair do nosso planeta de origem e a partir para o sistema solar mais amplo, e para além dele.
So, back to Mars. How hard is it going to be to find life on Mars? Well, sometimes it's really very hard for us to find each other, even on this planet. So, finding life on another planet is a non-trivial occupation and we spend a lot of time trying to think about that. Whether or not you think it's likely to be successful sort of depends on what you think about the chances of life in the universe. I think, myself, that life is a natural outgrowth of the increasing complexification of matter over time.
Voltando a Marte. Será difícil encontrar vida em Marte? Por vezes, é-nos muito difícil encontramo-nos uns aos outros mesmo neste planeta. Portanto, encontrar vida noutro planeta é uma ocupação pouco trivial e gastamos muito tempo a tentar pensar nisso. Pensar ou não que é provável ter êxito isso depende do que pensamos quanto às hipóteses de vida no universo. Quanto a mim, penso que a vida é uma consequência natural da crescente complexidade da matéria, ao longo do tempo.
So, you start with the Big Bang and you get hydrogen, and then you get helium, and then you get more complicated stuff, and you get planets forming -- and life is a common, planetary-based phenomenon, in my view. Certainly, in the last 15 years, we've seen increasing numbers of planets outside of our solar system being confirmed, and just last month, a couple of weeks ago, a planet in the size-class of Earth has actually been found. And so this is very exciting news.
Começamos com o Big Bang e obtemos o hidrogénio, depois obtemos o hélio e mais matéria complexa. Temos os planetas em formação — a vida é um fenómeno planetário vulgar, na minha opinião. Certamente, nos últimos 15 anos, temos visto um número crescente de planetas confirmados fora do nosso sistema solar. Ainda no mês passado, há umas semanas, encontrou-se um planeta da mesma dimensão da Terra. São notícias muito animadoras.
So, my first bold prediction is that, is that in the universe, life is going to be everywhere. It's going to be everywhere we look -- where there are planetary systems that can possibly support it. And those planetary systems are going to be very common. So, what about life on Mars? Well, if somebody had asked me about a dozen years ago what I thought the chances of life on Mars would be, I would've probably said, a couple of percent. And even that was considered outrageous at the time. I was once sneeringly introduced by a former NASA official, as the only person on the planet who still thought there was life on Mars. Of course, that official is now dead, and I'm not, so there's a certain amount of glory in outliving your adversaries.
A minha primeira previsão arrojada é que, no universo, vai haver vida por toda a parte. Vai estar para onde quer que olhemos — onde haja sistemas planetários que a possam sustentar. Esses sistemas planetários serão muito vulgares. Então, e quanto à vida em Marte? Se alguém me perguntasse, há uma dúzia de anos, o que é que eu pensava quanto à hipótese de vida em Marte, eu diria, provavelmente, uns dois por cento. E mesmo isso seria considerado escandaloso, na época. Um dia, fui apresentada, ironicamente, por um antigo funcionário da NASA como a única pessoa no planeta que ainda pensava que havia vida em Marte. Esse funcionário já morreu, e eu ainda não, portanto, há um certo momento de glória em sobreviver aos nossos adversários.
But things have changed greatly over the last dozen years. And the reason that they have changed is because we now have new information. The amazing Pathfinder mission that went in '97, and the MER Rover missions that are on Mars as we speak now and the European Space Agency's Mars Express, has taught us a number of amazing things. There is sub-surface ice on that planet. And so where there is water, there is a very high chance of our kind of life. There's clearly sedimentary rocks all over the place – one of the landers is sitting in the middle of an ancient seabed, and there are these amazing structures called blueberries, which are these little, rocky concretions that we are busy making biologically in my lab right now.
Mas as coisas mudaram muito nos últimos dez anos. E mudaram porque hoje temos mais informações. A fantástica missão Pathfinder que se realizou em 1997 e as missões das sondas que estão em Marte, enquanto estamos aqui, e o Mars Express da Agência Espacial Europeia têm-nos ensinado uma série de coisas espantosas. Há gelo no subsolo desse planeta. Ora bem, onde há água há uma alta probabilidade de haver vida do nosso tipo. Há rochas nitidamente sedimentárias por todo o planeta — uma das sondas está poisada no meio de um antigo fundo marinho e há estruturas espantosas chamadas "blueberries" que são estas pequenas concreções rochosas que estamos a desenvolver biologicamente, no meu laboratório, neste momento.
So, with all of these things put together, I think that the chances of life are much greater than I would've ever thought. I think that the chance of life having arisen on Mars, sometime in its past, is maybe one in four to maybe even half and half. So this is a very bold statement. I think it's there, and I think we need to go look for it, and I think it's underground. So the game's afoot, and this is the game that we play in astro-biology. How do you try to get a handle on extraterrestrial life? How do you plan to look for it? How do you know it when you find it? Because if it's big and obvious, we would've already found it -- it would've already bitten us on the foot, and it hasn't.
Juntando todas estas coisas, penso que as hipóteses de vida são muito maiores do que eu jamais pensei. Penso que a probabilidade de a vida ter surgido em Marte, algures no passado, é talvez de um em quatro, ou mesmo de 50%. Isto é uma afirmação muito ousada. Penso que existe lá, e penso que precisamos de a procurar, penso que está no subsolo. Os dados estão lançados, é o jogo que jogamos em astrobiologia. Como tentamos aperceber uma vida extraterrestre? Como pensamos procurá-la? Como a reconheceremos se a encontrarmos? Porque, se fosse grande e óbvia, já a teríamos encontrado, já nos teria aparecido, o que não aconteceu.
So, we know that it's probably quite cryptic. Very critically, how do we protect it, if we find it, and not contaminate it? And also, even perhaps more critically, because this is the only home planet we have, how do we protect us from it, while we study it? So why might it be hard to find? Well, it's probably microscopic, and it's never easy to study microscopic things, although the amazing tools that we now have to do that allow us to study things in much greater depth, at much smaller scales than ever before. But it's probably hiding, because if you are out sequestering resources from your environment, that makes you yummy, and other things might want to eat you, or consume you. And so, there's a game of predator-prey that's going to be, essentially, universal, really, in any kind of biological system. It also may be very, very different in its fundamental properties – its chemistry, or its size.
Sabemos que, provavelmente, será muito enigmática. O problema é como a protegermos, se a encontrarmos, e como não a contaminarmos? Talvez, mais importante ainda, porque este é o único planeta que temos, como nos protegermos dela, enquanto a estudamos? Porque é que será difícil de encontrar? Provavelmente, será microscópica e nunca é fácil estudar coisas microscópicas, apesar dos instrumentos fantásticos que hoje temos que nos permitem estudar coisas com maior profundidade, em escalas muito mais pequenas do que nunca. Mas, provavelmente, estará escondida. porque, se estamos lá fora a captar recursos do nosso ambiente, ficamos apetecíveis e outras coisas podem querer comer-nos, ou consumir-nos. Há um jogo de predador-presa que é, essencialmente, universal em qualquer sistema biológico. Também podem ter características fundamentais muito diferentes — a sua química, ou o seu tamanho.
We say small, but what does that mean? Is it virus-sized? Is it smaller than that? Is it bigger than the biggest bacterium? We don't know. And speed of activity, which is something that we face in our work with sub-surface organisms, because they grow very, very slowly. If I were to take a swab off your teeth and plate it on a Petri plate, within about four or five hours, I would have to see growth. But the organisms that we work with, from the sub-surface of Earth, very often it's months -- and in many cases, years -- before we see any growth whatsoever. So they are, intrinsically, a slower life-form.
Será pequena, mas o que é que isso significa? É do tamanho de um vírus ou mais pequena? É maior do que a maior bactéria? Não sabemos. E a velocidade da atividade, uma coisa que enfrentamos no nosso trabalho com organismos subterrâneos porque eles crescem muito devagar. Se obtivermos um esfregaço dos nossos dentes e o colocarmos numa placa de Petri, ao fim de quatro ou cinco horas devo ver o crescimento. Mas os organismos com que trabalhamos do subsolo da Terra, demoram meses — e, em muitos casos, anos — antes de vermos qualquer crescimento. Intrinsecamente, são uma forma de vida mais lenta.
But the real issue is that we are guided by our limited experience, and until we can think out of the box of our cranium and what we know, then we can't recognize what to look for, or how to plan for it. So, perspective is everything and, because of the history that I've just briefly talked to you about, I have learned to think about Earth as an extraterrestrial planet. And this has been invaluable in our approach to try to study these things.
Mas o verdadeiro problema é que somos guiados pela nossa experiência limitada- Só quando conseguirmos pensar para além do que conhecemos, não podemos reconhecer aquilo que procuramos nem como planear essa procura. A perspetiva é tudo e, graças à história de que vos falei resumidamente, aprendi a pensar na Terra como um planeta extraterrestre. Isso tem sido valioso na nossa abordagem para estudar estas coisas.
This is my favorite game on airplanes: where you're in an airplane and you look out the window, you see the horizon. I always turn my head on the side, and that simple change makes me go from seeing this planet as home, to seeing it as a planet. It's a very simple trick, and I never fail to do it when I'm sitting in a window seat. Well, this is what we apply to our work. This shows one of the most extreme caves that we work in. This is Cueva de Villa Luz in Tabasco, in Mexico, and this cave is saturated with sulfuric acid. There is tremendous amounts of hydrogen sulfide coming into this cave from volcanic sources and from the breakdown of evaporite -- minerals below the carbonates in which this cave is formed -- and it is a completely hostile environment for us. We have to go in with protective suits and breathing gear, and 30 parts per million of H2S will kill you. This is regularly several hundred parts per million. So, it's a very hazardous environment, with CO as well, and many other gases. These extreme physical and chemical parameters make the biology that grows in these places very special. Because contrary to what you might think, this is not devoid of life.
Este é o meu jogo preferido com aviões; Quando vamos num avião e olhamos pela janela vemos o horizonte. Eu viro sempre a cabeça para o lado e esse movimento simples faz com que eu deixe de ver este planeta como a minha casa para vê-lo como um planeta. É um truque simples, nunca deixo de o fazer quando me sento do lado da janela. É isto que aplicamos ao nosso trabalho. Isto mostra uma das grutas mais extremas em que trabalhamos. É a Cueva de Villa Luz em Tabasco, no México. Esta gruta está saturada de ácido sulfúrico. Há uma quantidade enorme de sulfeto de hidrogénio que entra nesta gruta a partir de fontes vulcânicas e da decomposição de evaporitos — minerais por baixo dos carbonatos que formam esta gruta. É um ambiente totalmente hostil para nós. Temos que lá entrar com fatos protetores e máscaras para respiração. Bastam 30 partes por milhão de H2S para nos matar. Aqui há normalmente várias centenas de partes por milhão. É, pois, um ambiente muito perigoso, também com CO e muitos outros gases. Estes parâmetros extremos, físicos e químicos, tornam muito especial a biologia que cresce nestes locais. Porque, contrariamente a tudo o que podemos pensar, existe vida.
This is one of the richest caves that we have found on the planet, anywhere. It's bursting with life. The extremes on Earth are interesting in their own right, but one of the reasons that we're interested in them is because they represent, really, the average conditions that we may expect on other planets. So, this is part of the ability that we have, to try to stretch our imagination, in terms of what we may find in the future. There's so much life in this cave, and I can't even begin to scratch the surface of it with you.
Esta é uma das grutas mais ricas que encontrámos no planeta, seja onde for. Está a transbordar de vida. Os extremos na Terra são interessantes, só por si, mas estamos interessados neles porque eles representam as condições médias que podemos esperar encontrar noutros planetas. Isto faz parte da capacidade que temos para tentar alargar a nossa imaginação, em termos do que podemos encontrar no futuro. Há muita vida nesta gruta e eu nem sequer consigo arranhar a superfície dela convosco.
But one of the most famous objects out of this are what we call Snottites, for obvious reasons. This stuff looks like what comes out of your two-year-old's nose when he has a cold. And this is produced by bacteria who are actually making more sulfuric acid, and living at pHs right around zero. And so, this stuff is like battery acid. And yet, everything in this cave has adapted to it. In fact, there's so much energy available for biology in this cave, that there's actually a huge number of cavefish. And the local Zoque Indians harvest this twice a year, as part of their Easter week celebration and Holy Week celebration.
Mas um dos objetos mais famosos em tudo isto é aquilo a que chamamos "snottites", por razões óbvias Estas coisas parecem o que sai do nariz duma criança de dois anos quando está constipada. Isto é produzido por bactérias que produzem mais ácido sulfúrico e vivem num pH próximo do zero. Isto é como o ácido duma bateria. Contudo, tudo nesta gruta está adaptado a isso. Com efeito, há tanta energia disponível nesta gruta, para a biologia, que há uma enorme série de peixes de gruta. Os índios zoque locais apanham isto duas vezes por ano para a celebração da semana da Páscoa e da Semana Santa.
This is very unusual for caves. In some of the other amazing caves that we work in -- this is in Lechuguilla cave in New Mexico near Carlsbad, and this is one of the most famous caves in the world. It's 115 miles of mapped passage, it's pristine, it has no natural opening and it's a gigantic biological, geo-microbiological laboratory. In this cave, great areas are covered by this reddish material that you see here, and also these enormous crystals of selenite that you can see dangling down. This stuff is produced biologically. This is the breakdown product of the bedrock, that organisms are busy munching their way through. They take iron and manganese minerals within the bedrock and they oxidize them. And every time they do that, they get a tiny little packet of energy. And that tiny little packet of energy is what they use, then, to run their life processes. Interestingly enough, they also do this with uranium and chromium, and various other toxic metals.
Isto é muito invulgar em grutas. Noutras grutas espantosas em que trabalhamos — esta é a gruta Lechuguilla, no Novo México, perto de Carlsbad, uma das grutas mais conhecidas do mundo. É uma passagem de 180 km no mapa. É virgem, não tem uma abertura natural e é um gigantesco laboratório biológico e geo-microbiológico. Nesta gruta, há grandes áreas cobertas por esta matéria avermelhada que aqui vemos e também estes cristais enormes de selenite que vemos pendentes. Este material é produzido biologicamente. Isto é o produto da decomposição do substrato rochoso, que os organismos vão mastigando no seu caminho. Captam os minerais de ferro e de manganésio do substrato rochoso e oxidam-nos. Sempre que o fazem, obtêm um pouquinho de energia. Esse pouquinho de energia é usado para os processos da vida. Curiosamente, também fazem isso com o urânio e o crómio, e outros metais tóxicos.
And so, the obvious avenue for bio-remediation comes from organisms like this. These organisms we now bring into the lab, and you can see some of them growing on Petri plates, and get them to reproduce the precise biominerals that we find on the walls of these caves. So, these are signals that they leave in the rock record. Well, even in basalt surfaces in lava-tube caves, which are a by-product of volcanic activity, we find these walls totally covered, in many cases, by these beautiful, glistening silver walls, or shiny pink or shiny red or shiny gold. And these are mineral deposits that are also made by bacteria. And you can see in these central images here, scanning electron micrographs of some of these guys -- these are gardens of these bacteria.
A via óbvia para a reabilitação biológica provém de organismos como este. Levamos estes organismos para o laboratório. Vemos alguns deles a crescer em placas de Petri. Conseguimos que reproduzam os mesmos minerais biológicos que encontramos nas paredes dessas grutas. Estes são sinais que deixam no registo rochoso. Mesmo nas superfícies de basalto nas grutas em chaminés de vulcões que são um subproduto da atividade vulcânica encontramos estas paredes totalmente cobertas, em muitos casos, por estas belas paredes prateadas e brilhantes ou rosa vivo, ou vermelho vivo ou dourado vivo. São depósitos minerais que também são feitos por bactérias. Vemos aqui nestas imagens centrais, micrografias eletrónicas de algumas delas — são jardins destas bactérias.
One of the interesting things about these particular guys is that they're in the actinomycete and streptomycete groups of the bacteria, which is where we get most of our antibiotics. The sub-surface of Earth contains a vast biodiversity. And these organisms, because they're very separate from the surface, make a vast array of novel compounds. And so, the potential for exploiting this for pharmaceutical and industrial chemical uses is completely untapped, but probably exceeds most of the rest of the biodiversity of the planet.
Uma das coisas interessantes nestas bactérias, em especial, é que pertencem aos grupos de bactérias actinomicetas e estreptomicetas, que é de onde obtemos a maior parte dos antibióticos. O subsolo da Terra contém uma ampla biodiversidade. Estes organismos, como estão isolados da superfície, têm um amplo leque de novos compostos. Assim, o potencial para a exploração para usos farmacêuticos e químicos industriais, está totalmente por explorar mas, provavelmente, excede todo o resto da biodiversidade do planeta.
So, lava-tube caves-- I've just told you about organisms that live here on this planet. We know that on Mars and the Moon there are tons of these structures. We can see them. On the left you can see a lava tube forming at a recent eruption -- Mount Etna in Sicily -- and this is the way these tubes form. And when they hollow out, then they become habitats for organisms. These are all over the planet Mars, and we're busy cataloguing them now. And so, there's very interesting cave real estate on Mars, at least of that type.
Voltando às grutas das chaminés de lava — já vos falei dos organismos que vivem neste planeta. Sabemos que em Marte e na Lua há toneladas destas estruturas. Podemos vê-las. À esquerda, vemos uma chaminé de lava formada numa erupção recente — o Etna, na Sicília. E assim que se formam essas chaminés. Quando elas são escavadas tornam-se "habitats" para os organismos. Há disto por todo o planeta Marte e estamos neste momento a catalogá-los. Há uma gruta muito interessante em Marte, pelo menos, daquele tipo.
In order to access these sub-surface environments that we're interested in, we're very interested in developing the tools to do this. You know, it's not easy to get into these caves. It requires crawling, climbing, rope-work, technical rope-work and many other complex human motions in order to access these. We face the problem of, how can we do this robotically? Why would we want to do it robotically? Well, we're going to be sending robotic missions to Mars long in advance of human missions.
Para chegar a estes ambientes no subsolo em que estamos interessados, queremos desenvolver os instrumentos para o fazer. Não é fácil entrar nestas grutas. Exige que rastejemos, que trepemos, é um trabalho com cordas, tecnicamente, e muitos outros movimentos humanos complexos para lá chegarmos. O problema é, como podemos fazer isso com robôs? Porque é que queremos utilizar robôs? Bom, vamos enviar missões robóticas a Marte, muito antes de missões com seres humanos.
And then, secondly, getting back to that earlier point that I made about the preciousness of any life that we may find on Mars, we don't want to contaminate it. And one of the best ways to study something without contaminating it is to have an intermediary. And in this case, we're imagining intermediary robotic devices that can actually do some of that front-end work for us, to protect any potential life that we find. I'm not going to go through all of these projects now, but we're involved in about half-a-dozen robotic development projects, in collaboration with a number of different groups. I want to talk specifically about the array that you see on the top.
Em segundo lugar, voltando àquele ponto que referi sobre a importância de qualquer vida que possamos encontrar em Marte, não queremos contaminá-la. Uma das melhores formas de estudar uma coisa sem a contaminar, é ter um intermediário. Neste caso, imaginamos aparelhos robóticos intermediários que possam fazer algum trabalho de primeira linha para nós para proteger qualquer possível vida que encontremos. Não vou referir todos esses projetos mas temos cerca de meia dúzia de projetos de desenvolvimento de robôs, em colaboração com uma série de diversos grupos. Vou falar especificamente do leque que veem ali em cima.
These are hopping microbot swarms. I'm working on this with the Field and Space Robotics Laboratory and my friend Steve Dubowsky at MIT, and we have come up with the idea of having little, jumping bean-like robots that are propelled by artificial muscle, which is one of the Dubowsky Lab's specialties -- are the EPAMs, or artificial muscles. And these allow them to hop. They behave with a swarm behavior, where they relate to each other, modeled after insect swarm behavior, and they could be made very numerous. And so, one can send a thousand of them, as you can see in this upper left-hand picture, a thousand of them could fit into the payload bay that was used for one of the current MER Rovers. And these little guys -- you could lose many of them. If you send a thousand of them, you could probably get rid of 90 percent of them and still have a mission. And so, that allows you the flexibility to go into very challenging terrain and actually make your way where you want to go.
Há enxames de microrrobôs saltitantes. Trabalho nisto com o Laboratório Robótico do Terreno e Espaço e o meu amigo Steve Dubowsky no MIT. Tivemos a ideia de fazer pequenos robôs saltitantes, como os feijões que são propulsionados por um músculo artificial, que é uma das especialidades do Laboratório Dubowsky — são os EPAM, ou músculos artificiais. Eles permitem que eles saltem. Comportam-se como um enxame em que se relacionam uns com os outros, segundo o modelo do comportamento dos enxames de insetos e podem ser fabricados em grande número. Podemos enviar uns mil, como vemos nesta imagem em cima à esquerda. Mil deles cabem no compartimento de carga usado para um dos atuais MER Rovers. Estes pequenotes — podemos perder muitos deles. Se enviarmos uns mil, podemos perder uns 90% sem prejudicar a missão. Isso permite-nos a flexibilidade de entrar num terreno muito problemático e orientarmo-nos para onde queremos ir.
Now, to wrap this up, I want to talk for two seconds about caves and the human expansion beyond Earth as a natural outgrowth of the work that we do in caves. It occurred to us a number of years ago that caves have many properties that people have used and other organisms have used as habitat in the past. And perhaps it's time we started to explore those, in the context of future Mars and the Moon exploration.
Para resumir, vou falar em dois segundos sobre grutas e a expansão humana para lá da Terra, como um resultado natural do trabalho que fazemos nas grutas. Há uns anos, lembrámo-nos que as grutas têm muitas propriedades que as pessoas usaram e outros organismos têm usado como "habitats" no passado. Talvez seja a altura de as começar a explorar no contexto da futura exploração de Marte e da Lua.
So, we have just finished a NASA Institute for Advanced Concepts Phase II study, looking at the irreducible set of technologies that you would need in order to actually allow people to inhabit lava tubes on the Moon or Mars. It turns out to be a fairly simple and small list, and we have gone in the relatively primitive technology direction. So, we're talking about things like inflatable liners that can conform to the complex topological shape on the inside of a cave, foamed-in-place airlocks to deal with this complex topology, various ways of getting breathing gases made from the intrinsic materials of these bodies. And the future is there for us to use these lava-tube caves on Mars. And right now we're in caves, and we're doing science and recreation, but I think in the future we'll be using them for habitat and science on these other bodies.
Acabámos agora um estudo na Fase II dos Conceitos Avançados da NASA procurando um conjunto mínimo de tecnologias de que precisaremos a fim de permitir que as pessoas habitem chaminés de vulcões na Lua ou em Marte. Acontece que é uma lista muito simples e pequena e virámo-nos para tecnologias relativamente primitivas. Estamos a falar de coisas como revestimentos insufláveis que possam adaptar-se à complexa forma topológica no interior de uma gruta, câmaras de vácuo moldáveis, no local, adaptáveis a essa topologia complexa, formas diversas de obter gases respiráveis feitos a partir de materiais intrínsecos desses elementos. O futuro está à nossa frente para usar estas grutas em chaminés de lava, em Marte. Neste momento, estamos em grutas e estamos a fazer ciência e recreação mas penso que, no futuro, estaremos a usá-las para "habitats" e ciência para estas espécies.
Now, my view of what the current status of potential life on Mars is that it's probably been on the planet, maybe one in two chances. The question as to whether there is life on Mars that is related to life on Earth has now been very muddied, because we now know, from Mars meteorites that have made it to Earth, that there's material that can be exchanged between those two planets.
A minha opinião quanto ao atual estado da possível vida em Marte é que provavelmente existiu nesse planeta, numa probabilidade de um para dois. A questão de saber se há vida em Marte ligada com a vida na Terra está ainda muito confusa. Sabemos hoje a partir dos meteoritos de Marte que chegaram a Terra que há material que pode ser trocado entre estes dois planetas.
One of the burning questions, of course, is if we go there and find life in the sub-surface, as I fully expect that we will, is that a second genesis of life? Did life start here and was it transported there? Did it start there and get transported here? This will be a fascinating puzzle as we go into the next half-century, and where I expect that we will have more and more Mars missions to answer these questions. Thank you.
Claro que uma das perguntas escaldantes é: Se lá formos e encontrarmos vida no subsolo, como esperamos que aconteça, será uma segunda génese de vida? Terá a vida começado aqui e sido transportada para lá? Terá começado lá e sido transportada para aqui? Isso será um "puzzle" fascinante quando entrarmos na segunda metade do século e espero que teremos cada vez mais missões a Marte para responder a estas perguntas.