Space, the final frontier.
O espaço, a fronteira final
I first heard these words when I was just six years old, and I was completely inspired. I wanted to explore strange new worlds. I wanted to seek out new life. I wanted to see everything that the universe had to offer. And those dreams, those words, they took me on a journey, a journey of discovery, through school, through university, to do a PhD and finally to become a professional astronomer. Now, I learned two amazing things, one slightly unfortunate, when I was doing my PhD. I learned that the reality was I wouldn't be piloting a starship anytime soon. But I also learned that the universe is strange, wonderful and vast, actually too vast to be explored by spaceship. And so I turned my attention to astronomy, to using telescopes.
A primeira vez que ouvi estas palavras tinha apenas seis anos, e fiquei completamente inspirada. Eu queria explorar estranhos mundos novos. Eu queria procurar nova vida. Queria ver tudo o que o universo tinha para oferecer. E esses sonhos, essas palavras, levaram-me numa viagem, uma viagem de descoberta, através da escola, da universidade, para fazer o doutoramento e finalmente tornar-me astrónoma. Então, aprendi duas coisas espantosas, uma ligeiramente infeliz, quando estava a fazer o doutoramento. Descobri que, na realidade, eu não ia pilotar nenhuma nave espacial num futuro próximo. Mas descobri também que o universo é estranho, maravilhoso e vasto, na verdade, vasto demais para ser explorado numa nave espacial. Então, voltei a minha atenção para a astronomia, usando telescópios.
Now, I show you before you an image of the night sky. You might see it anywhere in the world. And all of these stars are part of our local galaxy, the Milky Way. Now, if you were to go to a darker part of the sky, a nice dark site, perhaps in the desert, you might see the center of our Milky Way galaxy spread out before you, hundreds of billions of stars. And it's a very beautiful image. It's colorful. And again, this is just a local corner of our universe. You can see there's a sort of strange dark dust across it. Now, that is local dust that's obscuring the light of the stars. But we can do a pretty good job. Just with our own eyes, we can explore our little corner of the universe. It's possible to do better. You can use wonderful telescopes like the Hubble Space Telescope. Now, astronomers have put together this image. It's called the Hubble Deep Field, and they've spent hundreds of hours observing just a tiny patch of the sky no larger than your thumbnail held at arm's length. And in this image you can see thousands of galaxies, and we know that there must be hundreds of millions, billions of galaxies in the entire universe, some like our own and some very different. So you think, OK, well, I can continue this journey. This is easy. I can just use a very powerful telescope and just look at the sky, no problem. It's actually really missing out if we just do that. Now, that's because everything I've talked about so far is just using the visible spectrum, just the thing that your eyes can see, and that's a tiny slice, a tiny, tiny slice of what the universe has to offer us. Now, there's also two very important problems with using visible light. Not only are we missing out on all the other processes that are emitting other kinds of light, but there's two issues.
Mostro-vos aqui uma imagem do céu noturno. Podem vê-lo em qualquer parte do mundo. Todas estas estrelas fazem parte da nossa galáxia local, a Via Láctea. Se forem para uma parte mais escura do céu, um bom sítio escuro, talvez no deserto, podem conseguir ver o centro da nossa galáxia que espalha à vossa frente centenas de milhares de milhões de estrelas. É uma imagem muito bonita. É colorida. Mais uma vez, é apenas um cantinho local do nosso universo. Podem ver que há um tipo de estranha poeira escura que o atravessa. Isto é poeira local que está a obscurecer a luz das estrelas. Mas podemos fazer um bom trabalho. Com os olhos, só podemos explorar o nosso cantinho do universo. É possível fazer melhor. Podemos usar maravilhosos telescópios como o telescópio Hubble Space. Os astrónomos construíram esta imagem. É o chamado Campo Profundo do Hubble. Eles passaram centenas de horas observando apenas um fragmento do céu que não é maior do que a unha do polegar com o braço estendido. Nesta imagem, podem ver milhares de galáxias, e sabemos que deve haver centenas de milhões, milhares de milhões de galáxias em todo o universo, algumas como a nossa e outras muito diferentes. Então pensam: "Ok, bem, posso continuar esta viagem. "Isto é fácil. Posso usar só um telescópio muito poderoso "e olhar para o céu, sem problemas." Na verdade, vamos perder muito se fizermos só isso Isso é porque tudo sobre o que falei até aqui está apenas a utilizar o espetro visível, apenas o que os olhos conseguem ver, e isso é uma fatia minúscula, mesmo muito pequenina do que o universo tem para nos oferecer. Existem também dois grandes problemas com o uso da luz visível. Não só estamos a perder todos os outros processos que estão a emitir outros tipos de luz, mas também há dois problemas.
Now, the first is that dust that I mentioned earlier. The dust stops the visible light from getting to us. So as we look deeper into the universe, we see less light. The dust stops it getting to us. But there's a really strange problem with using visible light in order to try and explore the universe.
O primeiro é essa poeira que eu mencionei antes. A poeira impede a luz visível de chegar a nós. Então, à medida que observamos mais profundamente, vemos menos luz. A poeira impede-nos de a vermos. Mas há um problema muito estranho com o uso da luz visível para tentarmos explorar o universo.
Now take a break for a minute. Say you're standing on a corner, a busy street corner. There's cars going by. An ambulance approaches. It has a high-pitched siren.
Façam um intervalo por um minuto. Digamos que estão numa esquina, numa esquina movimentada. Há carros a passar. Aproxima-se uma ambulância. Tem uma sirene de tom elevado.
(Imitates a siren passing by)
(Som de sirene)
The siren appeared to change in pitch as it moved towards and away from you. The ambulance driver did not change the siren just to mess with you. That was a product of your perception. The sound waves, as the ambulance approached, were compressed, and they changed higher in pitch. As the ambulance receded, the sound waves were stretched, and they sounded lower in pitch. The same thing happens with light. Objects moving towards us, their light waves are compressed and they appear bluer. Objects moving away from us, their light waves are stretched, and they appear redder. So we call these effects blueshift and redshift.
O tom da sirene parece mudar de tom conforme se aproxima e se afasta de nós. O condutor da ambulância não mudou a sirene só para nos confundir. Isso é produto da nossa perceção. As ondas sonoras, à medida que a ambulância se aproxima, estão comprimidas, e mudam para um tom mais alto. À medida que a ambulância se afasta, as ondas sonoras esticam, e soam num tom mais baixo. O mesmo acontece com a luz. Em objetos que se movem na nossa direção, as suas ondas de luz estão comprimidas e parecem mais azuis. Em objetos que se afastam de nós, as ondas de luz esticam, parecendo mais vermelhas. Chamamos a estes efeitos desvio para o azul ou para o vermelho.
Now, our universe is expanding, so everything is moving away from everything else, and that means everything appears to be red. And oddly enough, as you look more deeply into the universe, more distant objects are moving away further and faster, so they appear more red. So if I come back to the Hubble Deep Field and we were to continue to peer deeply into the universe just using the Hubble, as we get to a certain distance away, everything becomes red, and that presents something of a problem. Eventually, we get so far away everything is shifted into the infrared and we can't see anything at all.
O nosso universo está a expandir-se, então, tudo se está a afastar de tudo o resto, e isso significa que tudo parece ser vermelho. Por muito estranho que pareça, olhando mais profundamente os objetos mais distantes estão a afastar-se cada vez mais depressa, por isso parecem mais vermelhos. Então, voltando ao Campo Profundo do Hubble, se continuássemos a espreitar profundamente o universo utilizando apenas o Hubble, à medida que atingimos uma certa distância, tudo se torna vermelho, e isso põe um problema. Eventualmente, chegamos tão longe que tudo muda para o infravermelho e não conseguimos ver nada de nada.
So there must be a way around this. Otherwise, I'm limited in my journey. I wanted to explore the whole universe, not just whatever I can see, you know, before the redshift kicks in. There is a technique. It's called radio astronomy. Astronomers have been using this for decades. It's a fantastic technique. I show you the Parkes Radio Telescope, affectionately known as "The Dish." You may have seen the movie. And radio is really brilliant. It allows us to peer much more deeply. It doesn't get stopped by dust, so you can see everything in the universe, and redshift is less of a problem because we can build receivers that receive across a large band.
Deve haver uma saída para isto, senão, estou limitada na minha viagem. Eu queria explorar todo o universo, não só o que consigo ver antes do desvio para o vermelho. Há uma técnica. Chama-se radioastronomia. Os astrónomos têm-na usado há décadas. É uma técnica fantástica. Este é o Radiotelescópio Parkes, designado afetuosamente por "Prato". Se calhar já viram o filme. E a rádio é, de facto, brilhante. Permite-nos espreitar de modo muito mais profundo. Não se deixa impedir pela poeira, por isso conseguem ver tudo no universo, e o desvio para vermelho deixa de ser um problema porque podemos construir recetores que recebem em banda larga.
So what does Parkes see when we turn it to the center of the Milky Way? We should see something fantastic, right? Well, we do see something interesting. All that dust has gone. As I mentioned, radio goes straight through dust, so not a problem. But the view is very different. We can see that the center of the Milky Way is aglow, and this isn't starlight. This is a light called synchrotron radiation, and it's formed from electrons spiraling around cosmic magnetic fields. So the plane is aglow with this light. And we can also see strange tufts coming off of it, and objects which don't appear to line up with anything that we can see with our own eyes. But it's hard to really interpret this image, because as you can see, it's very low resolution. Radio waves have a wavelength that's long, and that makes their resolution poorer. This image is also black and white, so we don't really know what is the color of everything in here.
O que é que o Parkes vê quando o apontamos para o centro da Via Láctea? Devemos ver algo fantástico, certo? Bem, vemos mesmo algo interessante. Toda aquela poeira desapareceu. Como referi, a rádio atravessa a poeira, por isso não há problema. Mas a vista é muito diferente. Podemos ver que o centro da Via Láctea está incandescente, e isto não é luz estelar. É uma luz chamada radiação sincrotrónica, formada a partir de eletrões que espiralam em torno de campos magnéticos cósmicos. Assim o plano está incandescente com esta luz. Conseguimos ver também estranhos tufos a sair dela, e objetos que não parecem alinhar-se com nada que vemos com os nossos olhos. Mas é difícil interpretar esta imagem porque, como podem ver, é de muito baixa resolução. As ondas de rádio têm um comprimento longo, e isso torna a sua resolução mais fraca. Esta imagem é também a preto e branco, por isso, não sabemos bem qual é a cor de tudo aqui.
Well, fast-forward to today. We can build telescopes which can get over these problems. Now, I'm showing you here an image of the Murchison Radio Observatory, a fantastic place to build radio telescopes. It's flat, it's dry, and most importantly, it's radio quiet: no mobile phones, no Wi-Fi, nothing, just very, very radio quiet, so a perfect place to build a radio telescope. Now, the telescope that I've been working on for a few years is called the Murchison Widefield Array, and I'm going to show you a little time lapse of it being built. This is a group of undergraduate and postgraduate students located in Perth. We call them the Student Army, and they volunteered their time to build a radio telescope. There's no course credit for this. And they're putting together these radio dipoles. They just receive at low frequencies, a bit like your FM radio or your TV. And here we are deploying them across the desert. The final telescope covers 10 square kilometers of the Western Australian desert. And the interesting thing is, there's no moving parts. We just deploy these little antennas essentially on chicken mesh. It's fairly cheap. Cables take the signals from the antennas and bring them to central processing units. And it's the size of this telescope, the fact that we've built it over the entire desert that gives us a better resolution than Parkes.
Bem, avancemos rápido até hoje. Podemos construir telescópios que podem ultrapassar estes problemas. Mostro-vos aqui uma imagem do Observatório Rádio Murchison, um sítio fantástico para construir radiotelescópios. É plano, é seco, e mais importante ainda, não tem interferências de rádio: não há telemóveis, não há Sem-Fios, nada, apenas uma zona de rádio silencioso, por isso o sítio perfeito para montar um radiotelescópio. Esse telescópio em que eu tenho vindo a trabalhar há uns anos chama-se o Murchison Widefield Array. Vou mostrar-vos um pequeno lapso temporal da sua montagem. Este é um grupo de estudantes pré-licenciados e licenciados provenientes de Perth. Nós chamamos-lhe o Exército de Estudantes. Eles ofereceram o seu tempo para montar um radiotelescópio. Não há créditos académicos para isso. Eles estão a montar estes dipolos rádio. Estes apenas recebem baixas frequências, do tipo do vosso rádio FM ou TV. E aqui estamos a implantá-los pelo deserto. O telescópio final cobre 10 quilómetros quadrados do deserto da Austrália Ocidental. O interessante disto é que não há partes móveis. Nós só implantamos estas pequenas antenas essencialmente em malha de galinheiro. É razoavelmente barato. Os cabos captam os sinais a partir das antenas e levam-nos para as unidades de processamento central. É o tamanho deste telescópio, o facto de que o montámos por todo o deserto que nos dá uma melhor resolução que o Parkes.
Now, eventually all those cables bring them to a unit which sends it off to a supercomputer here in Perth, and that's where I come in.
Agora, eventualmente, todos esses cabos levam esses sinais até uma unidade que os envia para um supercomputador aqui em Perth, e é aí que eu entro.
(Sighs)
(Suspiros)
Radio data. I have spent the last five years working with very difficult, very interesting data that no one had really looked at before. I've spent a long time calibrating it, running millions of CPU hours on supercomputers and really trying to understand that data. And with this telescope, with this data, we've performed a survey of the entire southern sky, the GaLactic and Extragalactic All-sky MWA Survey, or GLEAM, as I call it. And I'm very excited. This survey is just about to be published, but it hasn't been shown yet, so you are literally the first people to see this southern survey of the entire sky. So I'm delighted to share with you some images from this survey.
Dados por rádio. Eu passei os últimos cinco anos a trabalhar com dados muito difíceis, muito interessantes que ainda ninguém tinha observado antes. Passei muito tempo a calibrá-los, executando milhões de horas de CPU em supercomputadores tentando entender estes dados. Com este telescópio, com estes dados, fizemos uma pesquisa de todo o céu a sul, a pesquisa GaLactic and Extragalactic All-sky MWA, ou GLEAM, como eu lhe chamo. E estou muito entusiasmada. Esta pesquisa está prestes a ser publicada, mas ainda não foi, por isso vocês são os primeiros a ver esta pesquisa de todo o céu a sul. Por isso, estou deliciada por partilhar convosco algumas imagens dela.
Now, imagine you went to the Murchison, you camped out underneath the stars and you looked towards the south. You saw the south's celestial pole, the galaxy rising. If I fade in the radio light, this is what we observe with our survey. You can see that the galactic plane is no longer dark with dust. It's alight with synchrotron radiation, and thousands of dots are in the sky. Our large Magellanic Cloud, our nearest galactic neighbor, is orange instead of its more familiar blue-white.
Imaginem que iam ao Murchison, acampavam por baixo das estrelas e olhavam em direção ao sul. Viam o polo celeste do sul, a galáxia a erguer-se. Se eu diminuir gradualmente a luz rádio, isto é o que observamos com a nossa pesquisa. Podem ver que o plano galáctico já não está escuro com a poeira. Está iluminado com a radiação sincrotrónica, e há milhares de pontos no céu. A grande Nuvem de Magalhães, a nossa galáctica vizinha mais próxima, é laranja em vez do seu azul-esbranquiçado mais familiar.
So there's a lot going on in this. Let's take a closer look. If we look back towards the galactic center, where we originally saw the Parkes image that I showed you earlier, low resolution, black and white, and we fade to the GLEAM view, you can see the resolution has gone up by a factor of a hundred. We now have a color view of the sky, a technicolor view. Now, it's not a false color view. These are real radio colors. What I've done is I've colored the lowest frequencies red and the highest frequencies blue, and the middle ones green. And that gives us this rainbow view. And this isn't just false color. The colors in this image tell us about the physical processes going on in the universe. So for instance, if you look along the plane of the galaxy, it's alight with synchrotron, which is mostly reddish orange, but if we look very closely, we see little blue dots. Now, if we zoom in, these blue dots are ionized plasma around very bright stars, and what happens is that they block the red light, so they appear blue. And these can tell us about these star-forming regions in our galaxy. And we just see them immediately. We look at the galaxy, and the color tells us that they're there.
Passa-se muita coisa aqui. Vamos olhar mais de perto. Se olharmos para trás para o centro da galáxia, onde vimos inicialmente a imagem Parkes, que vos mostrei antes, a baixa resolução, a preto e branco, e revelamos a vista GLEAM, vemos que a resolução aumentou num fator de cem. Agora temos uma visão colorida do céu, uma visão tecnicolor. Não é uma visão de cor falsa. São cores rádio reais. Eu colori as frequências mais baixas a vermelho e as mais elevadas a azul, e as do meio a verde. Isto dá-nos uma visão arco-íris. Isto não é somente cor falsa. As cores nesta imagem falam-nos dos processos físicos que acontecem no universo. Por exemplo, se olharem ao longo do plano da galáxia, está iluminada com sincrotrão, que, em grande parte, é laranja, mas se olharmos bem de perto, vemos pequenos pontos azuis. Agora, se focarmos mais perto, estes pontos azuis são plasma ionizado à volta de estrelas muito brilhantes. O que acontece é que elas bloqueiam a luz vermelha, por isso, parecem azuis. Elas podem falar-nos sobre estas regiões de formação estelar na nossa galáxia. E nós vemo-las de imediato. Observamos a galáxia, e a cor diz-nos que estão lá.
You can see little soap bubbles, little circular images around the galactic plane, and these are supernova remnants. When a star explodes, its outer shell is cast off and it travels outward into space gathering up material, and it produces a little shell. It's been a long-standing mystery to astronomers where all the supernova remnants are. We know that there must be a lot of high-energy electrons in the plane to produce the synchrotron radiation that we see, and we think they're produced by supernova remnants, but there don't seem to be enough. Fortunately, GLEAM is really, really good at detecting supernova remnants, so we're hoping to have a new paper out on that soon.
Vemos pequenas bolas de sabão, pequenas imagens circulares em torno do plano galáctico, que são resquícios de supernova. Quando uma estrela explode, a sua concha exterior é libertada viaja pelo espaço, recolhendo material, e produz uma pequena casca. Tem sido um constante mistério para os astrónomos onde estarão os resquícios de supernova. Sabemos que deve haver muitos eletrões de alta energia no plano para produzir a radiação sincrotrónica que nós vemos, e pensamos que são produzidos por restos de supernova, mas parece não serem suficientes. Felizmente, como o GLEAM é muito bom em detetar esses resquícios, esperamos ter uma nova tese sobre isso, em breve.
Now, that's fine. We've explored our little local universe, but I wanted to go deeper, I wanted to go further. I wanted to go beyond the Milky Way. Well, as it happens, we can see a very interesting object in the top right, and this is a local radio galaxy, Centaurus A. If we zoom in on this, we can see that there are two huge plumes going out into space. And if you look right in the center between those two plumes, you'll see a galaxy just like our own. It's a spiral. It has a dust lane. It's a normal galaxy. But these jets are only visible in the radio. If we looked in the visible, we wouldn't even know they were there, and they're thousands of times larger than the host galaxy.
Até aqui tudo bem. Explorámos o nosso pequeno universo local, mas eu queria aprofundar mais, quis ir mais longe. Queria ir para além da Via Láctea. Ora, por acaso, podemos ver um objeto bem interessante em cima do lado direito, que é uma radiogaláxia local, a Centaurus A. Se focarmos mais um pouco, vemos que há duas enormes plumas libertando-se para o espaço. E se olharem bem para o centro entre essas duas plumas, verão uma galáxia tal como a nossa. É uma espiral. Tem uma pista de poeira. É uma galáxia normal. Mas estes jatos só são visíveis no rádio. Se olhássemos para o visível, nem saberíamos que lá estavam, são milhares de vezes maiores do que a galáxia que nos hospeda.
What's going on? What's producing these jets? At the center of every galaxy that we know about is a supermassive black hole. Now, black holes are invisible. That's why they're called that. All you can see is the deflection of the light around them, and occasionally, when a star or a cloud of gas comes into their orbit, it is ripped apart by tidal forces, forming what we call an accretion disk. The accretion disk glows brightly in the x-rays, and huge magnetic fields can launch the material into space at nearly the speed of light. So these jets are visible in the radio and this is what we pick up in our survey.
O que se está a passar? O que produz estes jatos? No centro de cada galáxia que conhecemos, está um buraco negro supermaciço. Os buracos negros são invisíveis. É por isso que se chamam assim. Tudo o que se consegue ver é a defleção da luz à sua volta e, às vezes, quando uma estrela ou uma nuvem de gás entra na sua órbita, é rasgada por forças de marés, que formam o chamado disco de acreção. O disco de acreção brilha vivamente nos Raios X, e enormes campos magnéticos podem lançar o material para o espaço quase à velocidade da luz. Então, estes jatos são visíveis no rádio e isto é o que captamos na nossa pesquisa.
Well, very well, so we've seen one radio galaxy. That's nice. But if you just look at the top of that image, you'll see another radio galaxy. It's a little bit smaller, and that's just because it's further away. OK. Two radio galaxies. We can see this. This is fine. Well, what about all the other dots? Presumably those are just stars. They're not. They're all radio galaxies. Every single one of the dots in this image is a distant galaxy, millions to billions of light-years away with a supermassive black hole at its center pushing material into space at nearly the speed of light. It is mind-blowing. And this survey is even larger than what I've shown here. If we zoom out to the full extent of the survey, you can see I found 300,000 of these radio galaxies. So it's truly an epic journey. We've discovered all of these galaxies right back to the very first supermassive black holes. I'm very proud of this, and it will be published next week.
Bem, muito bem, assim vimos uma radiogaláxia. Muito giro. Mas se apenas olharem para o topo da imagem, vão ver outra radiogaláxia. É um bocadinho mais pequena, e isso é apenas porque está mais longe. Ok. Duas radiogaláxias. Conseguimos ver isto. Muito bem. Bem, e todos os outros pontos? Talvez sejam apenas estrelas. Não são. São todos radiogaláxias. Cada um dos pontos nesta imagem é uma galáxia distante, a milhões ou milhares de milhões de anos-luz de distância com um buraco negro supermaciço no seu centro empurrando material para o espaço quase à velocidade da luz. É surpreendente. Esta pesquisa ainda é maior do que o que vos mostrámos aqui. Reduzindo o zoom até à totalidade da pesquisa, podem ver que encontrei 300 000 destas radiogaláxias. É mesmo uma viagem épica. Descobrimos todas estas galáxias de volta aos primeiros buracos negros supermaciços. Tenho muito orgulho nisto, e será publicado para a semana.
Now, that's not all. I've explored the furthest reaches of the galaxy with this survey, but there's something even more in this image. Now, I'll take you right back to the dawn of time. When the universe formed, it was a big bang, which left the universe as a sea of hydrogen, neutral hydrogen. And when the very first stars and galaxies switched on, they ionized that hydrogen. So the universe went from neutral to ionized. That imprinted a signal all around us. Everywhere, it pervades us, like the Force. Now, because that happened so long ago, the signal was redshifted, so now that signal is at very low frequencies. It's at the same frequency as my survey, but it's so faint. It's a billionth the size of any of the objects in my survey. So our telescope may not be quite sensitive enough to pick up this signal. However, there's a new radio telescope. So I can't have a starship, but I can hopefully have one of the biggest radio telescopes in the world. We're building the Square Kilometre Array, a new radio telescope, and it's going to be a thousand times bigger than the MWA, a thousand times more sensitive, and have an even better resolution. So we should find tens of millions of galaxies. And perhaps, deep in that signal, I will get to look upon the very first stars and galaxies switching on, the beginning of time itself.
Mas isto não é tudo. Explorei os alcances mais longínquos da galáxia com esta pesquisa, mas há mais qualquer coisa nesta imagem. Agora vou levá-los mesmo ao início dos tempos Quando o universo se formou, foi uma grande explosão que deixou o universo como um mar de hidrogénio, hidrogénio neutro. Quando as primeiríssimas estrelas e galáxias se incendiaram, elas ionizaram esse hidrogénio. Então o universo passou de neutro a ionizado. Isso imprimiu um sinal a toda a nossa volta. Está por todo o lado, trespassa-nos, como a força. Como isso aconteceu já há tanto tempo, o sinal desviou-se para vermelho, ou seja, agora esse sinal tem frequências muito baixas. Está na mesma frequência que a minha pesquisa, mas é muito fraco. É um milésimo milionésimo do tamanho de qualquer objeto na minha pesquisa. Por isso o nosso telescópio pode não ser sensível o suficiente para captar o sinal. Contudo, há um novo radiotelescópio. Posso não ter uma nave espacial, mas espero ter um dos maiores radiotelescópios do mundo. Estamos a montar o Square Kilometre Array, um novo radiotelescópio, e esse vai ser mil vezes maior que o MWA, e mil vezes mais sensível, e ter ainda melhor resolução. Devemos achar dezenas de milhões de galáxias. E talvez, lá no fundo desse sinal, eu consiga observar as primeiras estrelas e galáxias a incendiarem-se, o início do próprio tempo.
Thank you.
Obrigada.
(Applause)
(Aplausos)