You're looking at a woman who was publicly silent for a decade. Obviously, that's changed, but only recently.
Vocês estão a olhar para uma mulher que foi silenciada publicamente durante 10 anos. Obviamente, isso mudou, mas só recentemente.
It was several months ago that I gave my very first major public talk, at the Forbes "30 Under 30 Summit" -- 1,500 brilliant people, all under the age of 30. That meant that in 1998, the oldest among the group were only 14, and the youngest, just four. I joked with them that some might only have heard of me from rap songs. Yes, I'm in rap songs.
Foi há uns meses que fiz a minha primeira grande palestra pública na cimeira dos 30 no Forbes 30: 1500 pessoas brilhantes, todas com menos de 30 anos. Isto significa que em 1998, o mais velho do grupo tinha apenas 14 anos e o mais novo, apenas quatro. Eu gozei com eles dizendo que alguns deles só deviam ter ouvido falar de mim nas canções de rap.
(Laughter)
Sim, eu apareço em canções de rap.
Almost 40 rap songs.
Quase em 40 canções de rap.
(Laughter)
(Risos)
But the night of my speech, a surprising thing happened. At the age of 41, I was hit on by a 27-year-old guy.
Mas na noite da minha palestra, aconteceu uma coisa surpreendente. Aos 41 anos, fui cortejada por um rapaz de 27 anos.
(Laughter)
I know, right? He was charming, and I was flattered, and I declined. You know what his unsuccessful pickup line was? He could make me feel 22 again.
Que bom, não é? Ele era encantador e eu fiquei lisonjeada, mas recusei. Vocês sabem qual foi a frase desastrosa que ele usou? Que ele podia fazer com que me sentisse com 22 anos, novamente.
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
I realized, later that night, I'm probably the only person over 40 who does not want to be 22 again.
Naquela noite, apercebi-me de que talvez eu seja a única pessoa com mais de 40 anos que não quer voltar a ter 22 anos.
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
At the age of 22, I fell in love with my boss. And at the age of 24, I learned the devastating consequences.
Aos 22 anos, apaixonei-me pelo meu chefe, e aos 24 anos, aprendi as consequências devastadoras.
Can I see a show of hands of anyone here who didn't make a mistake or do something they regretted at 22? Yep. That's what I thought. So like me, at 22, a few of you may have also taken wrong turns and fallen in love with the wrong person, maybe even your boss. Unlike me, though, your boss probably wasn't the president of the United States of America.
Levante a mão quem aqui nunca fez um erro, nem nunca fez uma coisa de que se arrependesse aos 22 anos. Sim. Era o que pensava. Tal como eu, aos 22 anos, alguns de vocês talvez tenham escolhido o caminho errado e se tenham apaixonado pela pessoa errada, até mesmo pelo vosso chefe. No entanto, ao contrário de mim, o vosso chefe provavelmente não era o presidente dos Estados Unidos da América.
(Laughter)
Of course, life is full of surprises.
Claro, a vida é cheia de surpresas.
Not a day goes by that I'm not reminded of my mistake, and I regret that mistake deeply.
Não há um dia em que não me façam lembrar esse erro, e arrependo-me profundamente desse erro.
In 1998, after having been swept up into an improbable romance, I was then swept up into the eye of a political, legal and media maelstrom like we had never seen before. Remember, just a few years earlier, news was consumed from just three places: reading a newspaper or magazine, listening to the radio or watching television. That was it. But that wasn't my fate. Instead, this scandal was brought to you by the digital revolution. That meant we could access all the information we wanted, when we wanted it, anytime, anywhere. And when the story broke in January 1998, it broke online. It was the first time the traditional news was usurped by the internet for a major news story -- a click that reverberated around the world.
Em 1998, depois de ter sido arrastada para um romance improvável, fui apanhada no centro dum redemoinho político, legal e mediático como nunca fora visto antes. Lembrem-se, apenas há uns anos, as notícias eram conhecidas através de três fontes: lendo um jornal ou uma revista, ouvindo o rádio, ou vendo a TV. Era assim. Mas não foi esse o meu caso. Em vez disso, este escândalo apareceu em público através da revolução digital. Isso significou que tínhamos acesso a todas as informações que quiséssemos, quando as quiséssemos, a qualquer hora, em qualquer lugar, e quando a história veio à tona em janeiro de 1998, apareceu na Internet. Foi a primeira vez que as notícias habituais foram usurpadas pela Internet para uma notícia importante, um clique que repercutiu pelo mundo inteiro.
What that meant for me personally was that overnight, I went from being a completely private figure to a publicly humiliated one, worldwide. I was patient zero of losing a personal reputation on a global scale almost instantaneously.
O que isso significou para mim, pessoalmente, foi que, de um dia para o outro, deixei de ser uma pessoa privada para ser uma pessoa publicamente humilhada em todo o mundo. Eu fui a doente número zero da perda da reputação pessoal a uma escala mundial, quase instantaneamente.
This rush to judgment, enabled by technology, led to mobs of virtual stone-throwers. Granted, it was before social media, but people could still comment online, e-mail stories, and, of course, e-mail cruel jokes. News sources plastered photos of me all over to sell newspapers, banner ads online, and to keep people tuned to the TV. Do you recall a particular image of me, say, wearing a beret?
Essa ânsia para julgar, permitida pela tecnologia, gerou multidões de atiradores de pedras virtuais. Felizmente, foi antes das redes sociais, mesmo assim as pessoas podiam comentar online, enviar notícias por email, e, claro, emails com piadas cruéis. As agências de notícias divulgaram fotos de mim por toda a parte para vender jornais, fazer propaganda online, e para manter as pessoas ligadas à TV. Lembram-se de uma imagem minha em particular, a usar uma boina?
Now, I admit I made mistakes -- especially wearing that beret.
Reconheço que fiz erros, especialmente ao usar aquela boina.
(Laughter)
But the attention and judgment that I received -- not the story, but that I personally received -- was unprecedented. I was branded as a tramp, tart, slut, whore, bimbo, and, of course, "that woman." I was seen by many, but actually known by few. And I get it: it was easy to forget that that woman was dimensional, had a soul and was once unbroken.
Mas a atenção e o julgamento que eu recebi, não a notícia, mas que recebi pessoalmente, não teve precedentes. Eu fui considerada lixo, promíscua, vadia, prostituta, estúpida, e, claro, "aquela mulher". Fui vista por muitos, mas, na realidade, poucos me conheciam. Eu entendo: era fácil esquecer que aquela mulher era dimensional, tinha uma alma, e tinha sido intacta.
When this happened to me 17 years ago, there was no name for it. Now we call it "cyberbullying" and "online harassment." Today, I want to share some of my experience with you, talk about how that experience has helped shape my cultural observations, and how I hope my past experience can lead to a change that results in less suffering for others.
Quando isso aconteceu comigo, há 17 anos, não havia nome para isso. Agora chamamos-lhe violência cibernética e assédio online. Hoje, eu quero partilhar convosco alguma das minhas experiências, contar como aquela experiência tem ajudado a formar as minhas observações culturais, e como eu espero que a minha experiência passada possa gerar mudanças que resultem em menos sofrimento para outros.
In 1998, I lost my reputation and my dignity. I lost almost everything. And I almost lost my life.
Em 1998, perdi a minha reputação e dignidade. Perdi quase tudo, e quase perdi a vida.
Let me paint a picture for you. It is September of 1998. I'm sitting in a windowless office room inside the Office of the Independent Counsel, underneath humming fluorescent lights. I'm listening to the sound of my voice, my voice on surreptitiously taped phone calls that a supposed friend had made the year before. I'm here because I've been legally required to personally authenticate all 20 hours of taped conversation. For the past eight months, the mysterious content of these tapes has hung like the sword of Damocles over my head. I mean, who can remember what they said a year ago? Scared and mortified, I listen, listen as I prattle on about the flotsam and jetsam of the day; listen as I confess my love for the president, and, of course, my heartbreak; listen to my sometimes catty, sometimes churlish, sometimes silly self being cruel, unforgiving, uncouth; listen, deeply, deeply ashamed, to the worst version of myself, a self I don't even recognize.
Vou traçar-vos um quadro. Em setembro de 1998. estou sentada numa sala sem janelas, no Gabinete da Procuradoria-Geral sob luzes fluorescentes. Oiço o som da minha voz, da minha voz nas chamadas telefónicas ilegalmente gravadas que um suposto amigo tinha feito um ano antes. Estou ali porque fui convocada legalmente a autenticar pessoalmente todas as 20 horas de conversas gravadas. Nos últimos oito meses, o misterioso conteúdo dessas gravações tem estado pendurado sobre a minha cabeça como a espada de Dâmocles. Ou seja, quem se lembra do que disse um ano antes? Assustada e constrangida, escutei, escutei, quando tagarelava sobre as trivialidades do dia; escutei, quando confessei o meu amor pelo presidente, e, claro, o meu coração partido. Ouvi-me, umas vezes maliciosa, outras vezes impertinente ou idiota, a ser cruel, impiedosa, grosseira. Ouvi, profundamente constrangida, a pior versão de mim mesma, uma pessoa que nem eu mesma reconheço.
A few days later, the Starr Report is released to Congress, and all of those tapes and transcripts, those stolen words, form a part of it. That people can read the transcripts is horrific enough. But a few weeks later, the audiotapes are aired on TV, and significant portions made available online. The public humiliation was excruciating. Life was almost unbearable.
Alguns dias depois, é entregue ao Congresso o relatório Starr. Contém todas aquelas gravações e transcrições, aquelas palavras roubadas. Já é bastante horrível que as pessoas possam ler as transcrições mas, umas semanas depois, as gravações de áudio vão para o ar na TV, aparecem na Internet partes significativas. A humilhação pública foi dolorosa. A vida tornou-se quase insuportável.
This was not something that happened with regularity back then in 1998, and by "this," I mean the stealing of people's private words, actions, conversations or photos, and then making them public -- public without consent, public without context and public without compassion.
Isto não acontecia com frequência em 1998. Ou seja, o roubo de palavras, ações, conversas ou fotos privadas das pessoas, e depois torná-las públicas — públicas sem autorização, públicas fora do contexto, e públicas sem compaixão.
Fast-forward 12 years, to 2010, and now social media has been born. The landscape has sadly become much more populated with instances like mine, whether or not someone actually made a mistake, and now, it's for both public and private people. The consequences for some have become dire, very dire.
Avancemos 12 anos para 2010. Agora nasceram as redes sociais. O panorama, infelizmente, passou a ser muito mais populoso em situações como a minha, quer uma pessoa faça um erro ou não, Agora é para pessoas públicas e privadas. As consequências para alguns têm sido terríveis, desastrosas.
I was on the phone with my mom in September of 2010, and we were talking about the news of a young college freshman from Rutgers University, named Tyler Clementi. Sweet, sensitive, creative Tyler was secretly webcammed by his roommate while being intimate with another man. When the online world learned of this incident, the ridicule and cyberbullying ignited. A few days later, Tyler jumped from the George Washington Bridge to his death. He was 18.
Eu estava ao telefone com a minha mãe em setembro de 2010, e estávamos a conversar sobre a notícia de um estudante caloiro universitário da Universidade de Rutgers, chamado Tyler Clementi. O amável, sensível, criativo Tyler foi secretamente filmado por uma webcam do colega de quarto enquanto estava a ter relações com um outro homem. Quando o mundo virtual soube desse incidente, começou a ridicularização e o abuso virtual. Alguns dias depois, Tyler saltou da ponte George Washington para a morte. Tinha 18 anos.
My mom was beside herself about what happened to Tyler and his family, and she was gutted with pain in a way that I just couldn't quite understand. And then eventually, I realized she was reliving 1998, reliving a time when she sat by my bed every night, reliving -- (Chokes up)
A minha mãe estava fora de si sobre o que acontecera a Tyler e à sua família. Sofria atrozmente, de um modo que eu não percebia bem. Depois acabei por perceber que ela estava a reviver 1998, a reviver uma época em que se sentava à minha cabeceira todas as noites, a reviver uma época em que me obrigava a tomar banho de porta aberta,
sorry -- reliving a time when she made me shower with the bathroom door open, and reliving a time when both of my parents feared that I would be humiliated to death, literally.
e a reviver uma época em que os meus pais receavam que eu fosse humilhada até à morte, literalmente.
Today, too many parents haven't had the chance to step in and rescue their loved ones. Too many have learned of their child's suffering and humiliation after it was too late. Tyler's tragic, senseless death was a turning point for me. It served to recontextualize my experiences, and I then began to look at the world of humiliation and bullying around me and see something different.
Hoje, muitos pais nao têm tido hipótese de agir e salvar os seus entes queridos. Muitos deles só se apercebem do sofrimento e humilhação dos filhos quando é tarde demais. A morte trágica e sem sentido de Tyler foi um ponto de viragem para mim. Serviu para voltar a contextualizar as minhas experiências. Depois comecei a olhar para o mundo de humilhação e violência à minha volta e ver as coisas de modo diferente.
In 1998, we had no way of knowing where this brave new technology called the internet would take us. Since then, it has connected people in unimaginable ways -- joining lost siblings, saving lives, launching revolutions ... But the darkness, cyberbullying, and slut-shaming that I experienced had mushroomed. Every day online, people -- especially young people, who are not developmentally equipped to handle this -- are so abused and humiliated that they can't imagine living to the next day. And some, tragically, don't. And there's nothing virtual about that.
Em 1998, não tínhamos a mínima ideia para onde nos levaria esta nova tecnologia ousada, chamada Internet. Desde então, ela tem ligado pessoas de formas inimagináveis, juntando irmãos perdidos, salvando vidas, desencadeando revoluções. Mas a escuridão, a violência cibernética, as humilhações por que passei multiplicaram-se como cogumelos. Todos os dias, online, há pessoas, especialmente os jovens, que não têm maturidade para aguentar isto. são tão violentados e humilhados que não conseguem imaginar viver mais um dia. E alguns, tragicamente, não vivem. Não há nada de virtual nisso.
Childline, a UK nonprofit that's focused on helping young people on various issues, released a staggering statistic late last year: from 2012 to 2013, there was an 87 percent increase in calls and e-mails related to cyberbullying. A meta-analysis done out of the Netherlands showed that for the first time, cyberbullying was leading to suicidal ideations more significantly than offline bullying. And you know, what shocked me -- although it shouldn't have -- was other research last year that determined humiliation was a more intensely felt emotion than either happiness or even anger.
ChildLine, uma organização do Reino Unido que ajuda jovens em vários assuntos, publicou uma estatística alarmante no ano passado. Entre 2012 e 2013, houve um aumento de 87% em chamadas e emails relacionados com violência cibernética. Uma meta-análise feita na Holanda mostrou que, pela primeira vez, a violência cibernética estava a provocar mais tendências suicidas do que a violência na vida real. Sabem o que me chocou — embora não devesse chocar — foi outra pesquisa, no ano passado, que concluiu que a humilhação era a emoção sentida mais intensamente do que a felicidade ou mesmo a raiva.
Cruelty to others is nothing new. But online, technologically enhanced shaming is amplified, uncontained and permanently accessible. The echo of embarrassment used to extend only as far as your family, village, school or community. But now, it's the online community too. Millions of people, often anonymously, can stab you with their words, and that's a lot of pain. And there are no perimeters around how many people can publicly observe you and put you in a public stockade. There is a very personal price to public humiliation, and the growth of the internet has jacked up that price.
A crueldade para com os outros não é nada de novo, mas online, tecnologicamente a humilhação acrescida é amplificada, sem controlo, e permanentemente acessível. Outrora, o eco da humilhação estendia-se apenas à família, à aldeia, à escola ou à comunidade, mas agora estende-se também à comunidade online. Milhões de pessoas, quase sempre anónimas, podem apunhalar-nos com palavras, e isso é muito doloroso. Não há perímetros em volta do número de pessoas que podem observar-nos publicamente e colocar-nos na praça pública. Há um preço muito pessoal para a humilhação pública. O crescimento da Internet tem feito subir esse preço.
For nearly two decades now, we have slowly been sowing the seeds of shame and public humiliation in our cultural soil, both on- and offline. Gossip websites, paparazzi, reality programming, politics, news outlets and sometimes hackers all traffic in shame. It's led to desensitization and a permissive environment online, which lends itself to trolling, invasion of privacy and cyberbullying. This shift has created what Professor Nicolaus Mills calls "a culture of humiliation." Consider a few prominent examples just from the past six months alone. Snapchat, the service which is used mainly by younger generations and claims that its messages only have the life span of a few seconds. You can imagine the range of content that that gets. A third-party app which Snapchatters use to preserve the life span of the messages was hacked, and 100,000 personal conversations, photos and videos were leaked online, to now have a life span of forever. Jennifer Lawrence and several other actors had their iCloud accounts hacked, and private, intimate, nude photos were plastered across the internet without their permission. One gossip website had over five million hits for this one story. And what about the Sony Pictures cyberhacking? The documents which received the most attention were private e-mails that had maximum public embarrassment value.
Durante quase duas décadas, até hoje, temos lentamente semeado as sementes da vergonha e da humilhação pública no nosso solo cultural, tanto online como offline. Sites de mexericos, paparazzi, reality shows, políticos, agências de notícias e por vezes hackers, todo um tráfego de humilhação têm levado à insensibilidade e a um ambiente virtual permissivo que se presta à bisbilhotice, à invasão de privacidade e à violência cibernética. Esta mudança tem criado aquilo a que o professor Nicolaus Mills chama "cultura da humilhação". Considerem uns exemplos notórios só nos últimos seis meses. O Snapchat, um serviço que é usado basicamente por gerações mais jovens afirma que as mensagens têm uma vida útil de apenas uns segundos. Podem imaginar o tipo de conteúdo que aquilo tem. Um aplicativo que os utilizadores do Snapchat usam para preservar a vida útil das mensagens foi pirateada. Foram filtradas para a Internet 100 000 conversas pessoais, fotos e vídeos que agora têm uma vida útil para sempre. As contas do iCloud de Jennifer Lawrence e de muitos outros atores foram pirateadas e foram divulgadas na Internet fotos privadas, íntimas e de nudez sem autorização deles. Um site de mexericos teve mais de cinco milhões de visitas só para esta história. E o que dizer do caso do ataque cibernético à Sony Pictures? Os documentos que receberam mais atenção foram os emails privados que eram mais humilhantes.
But in this culture of humiliation, there is another kind of price tag attached to public shaming. The price does not measure the cost to the victim, which Tyler and too many others -- notably, women, minorities and members of the LGBTQ community -- have paid, but the price measures the profit of those who prey on them. This invasion of others is a raw material, efficiently and ruthlessly mined, packaged and sold at a profit. A marketplace has emerged where public humiliation is a commodity, and shame is an industry. How is the money made? Clicks. The more shame, the more clicks. The more clicks, the more advertising dollars. We're in a dangerous cycle. The more we click on this kind of gossip, the more numb we get to the human lives behind it. And the more numb we get, the more we click. All the while, someone is making money off of the back of someone else's suffering. With every click, we make a choice. The more we saturate our culture with public shaming, the more accepted it is, the more we will see behavior like cyberbullying, trolling, some forms of hacking and online harassment. Why? Because they all have humiliation at their cores. This behavior is a symptom of the culture we've created. Just think about it.
Mas nesta cultura da humilhação, há outro tipo de preço a ser pago por humilhação pública. O preço não mede o custo para a vítima, que Tyler e muitos outros, especialmente as mulheres, as minorias, e membros da comunidade LGBTQ têm pago. Mas o preço mede os lucros dos predadores. Esta invasão dos outros é a matéria-prima, eficaz e impiedosamente explorada, empacotada e vendida para ganhar dinheiro. Apareceu um mercado em que a humilhação pública é uma mercadoria e a vergonha é uma indústria. Como se ganha dinheiro? Com cliques. Quanto maior a vergonha, mais cliques. Quanto mais cliques, mais dólares de publicidade. Nós estamos num ciclo perigoso. Quanto mais clicamos nesse tipo de mexericos, mais indiferentes ficamos às vidas humanas por trás deles. Quanto mais indiferentes nos tornamos, mais clicamos. Enquanto isso, alguém está a lucrar à custa do sofrimento de alguém. Em cada clique, fazemos uma escolha. Quanto mais saturarmos a nossa cultura com a humilhação pública, mais aceitável ela é, mais vezes veremos comportamentos como a violência cibernética, a bisbilhotice, quaisquer formas de piratagem e de assédio online. Porquê? Porque todos eles têm humilhação no âmago. Este comportamento é um sintoma da cultura que criámos. Pensem nisso.
Changing behavior begins with evolving beliefs. We've seen that to be true with racism, homophobia and plenty of other biases, today and in the past. As we've changed beliefs about same-sex marriage, more people have been offered equal freedoms. When we began valuing sustainability, more people began to recycle. So as far as our culture of humiliation goes, what we need is a cultural revolution. Public shaming as a blood sport has to stop, and it's time for an intervention on the internet and in our culture.
A mudança de comportamento começa com a evolução de crenças. Assistimos a isso com o racismo, a homofobia, e muitos outros preconceitos, hoje e no passado. À medida que mudámos as nossas crenças quanto ao casamento homossexual, mais gente tem beneficiado de liberdades igualitárias. Quando começámos a valorizar a sustentabilidade, houve mais gente que começaram a reciclar. Portanto, à medida que avança a nossa cultura da humilhação, precisamos de uma revolução cultural. É preciso parar com a humilhação pública como se fosse um desporto sangrento. É altura para uma intervenção na Internet e na nossa cultura.
The shift begins with something simple, but it's not easy. We need to return to a long-held value of compassion, compassion and empathy. Online, we've got a compassion deficit, an empathy crisis.
A mudança começa com uma coisa simples, mas não muito fácil. Precisamos de nos voltar para os antigos valores de compaixão — compaixão e empatia. Online, temos um défice de compaixão, um crise de empatia.
Researcher Brené Brown said, and I quote, "Shame can't survive empathy." Shame cannot survive empathy. I've seen some very dark days in my life. It was the compassion and empathy from my family, friends, professionals and sometimes even strangers that saved me. Even empathy from one person can make a difference. The theory of minority influence, proposed by social psychologist Serge Moscovici, says that even in small numbers, when there's consistency over time, change can happen. In the online world, we can foster minority influence by becoming upstanders. To become an upstander means instead of bystander apathy, we can post a positive comment for someone or report a bullying situation. Trust me, compassionate comments help abate the negativity. We can also counteract the culture by supporting organizations that deal with these kinds of issues, like the Tyler Clementi Foundation in the US; in the UK, there's Anti-Bullying Pro; and in Australia, there's PROJECT ROCKIT.
O investigador Brené Brown disse, e eu cito: "A vergonha não sobrevive à empatia". A vergonha não sobreviverá à empatia. Eu tenho vivido muitos dias negros na minha vida, e foi a compaixão e a empatia da minha família, amigos e colegas, por vezes até de estranhos, que me salvaram. Até a empatia de uma única pessoa pode fazer a diferença. A teoria da influência minoritária, proposta pelo psicólogo social Serge Moscovici, diz que, mesmo em números pequenos, quando há consistência ao longo do tempo, pode acontecer uma mudança. No mundo online, podemos promover uma influência minoritária ao tornarmo-nos intervenientes. Um interveniente, ao contrário da apatia de um espetador, publica um comentário positivo ou denuncia uma situação de violência. Acreditem, comentários solidários ajudam a diminuir a negatividade. Também podemos contrariar a cultura ao apoiar organizações que lidam com estes tipo de problemas, como a Fundação Tyler Clementi nos EUA. No Reino Unido, há o Anti-Bullying Pro, e na Austrália, há o Projeto Rockit.
We talk a lot about our right to freedom of expression. But we need to talk more about our responsibility to freedom of expression. We all want to be heard, but let's acknowledge the difference between speaking up with intention and speaking up for attention. The internet is the superhighway for the id. But online, showing empathy to others benefits us all and helps create a safer and better world. We need to communicate online with compassion, consume news with compassion and click with compassion. Just imagine walking a mile in someone else's headline.
Nos falamos muito sobre o nosso direito à liberdade de expressão, mas precisamos falar mais sobre a nossa responsabilidade para com a liberdade de expressão. Todos nós queremos ser ouvidos, mas temos que reconhecer a diferença entre dizer com intenção e falar só para chamar a atenção. A Internet é a autoestrada para o "Id" mas online, a empatia para com os outros beneficia-nos a todos e ajuda a criar um mundo melhor e mais seguro. Precisamos de comunicar online com compaixão, consumir notícias com compaixão, e clicar com compaixão. Imaginem meter-se na pele da pessoa que dá origem a esses cabeçalhos.
I'd like to end on a personal note. In the past nine months, the question I've been asked the most is "Why?" Why now? Why was I sticking my head above the parapet? You can read between the lines in those questions, and the answer has nothing to do with politics. The top-note answer was and is "Because it's time." Time to stop tiptoeing around my past, time to stop living a life of opprobrium and time to take back my narrative.
Gostava de terminar com uma nota pessoal. Nos últimos nove meses, a pergunta que mais me têm feito é: "Porquê?" Porquê agora? Porque é que eu apareço agora? Podem imaginar o que há por detrás destas perguntas. A resposta não tem nada a ver com a política. A melhor resposta foi e é: "Porque chegou a hora, "a hora de deixar de me preocupar com o passado "a hora de deixar de viver uma vida de opróbrio "e é hora de voltar à minha narrativa".
It's also not just about saving myself. Anyone who is suffering from shame and public humiliation needs to know one thing: You can survive it. I know it's hard. It may not be painless, quick or easy, but you can insist on a different ending to your story. Have compassion for yourself. We all deserve compassion and to live both online and off in a more compassionate world.
Também não se trata apenas de me salvar. Qualquer um que esteja a sofrer de vergonha e humilhação pública precisa de saber uma coisa: Pode sobreviver. Eu sei que é difícil. Talvez não seja indolor, rápido ou fácil, mas pode insistir num final diferente para a sua história. Termos compaixão por nós mesmos. Todos nós merecemos compaixão, e viver online e offline num mundo mais compassivo.
Thank you for listening.
Obrigada por me ouvirem.
(Applause and cheers)
(Aplausos)