Think back. Where were you in May of 2020? Like many other educators, I was preparing to close out the most unique school year in my time as a teacher, after spending the past couple of months trying to figure out how to teach online from my kitchen table while also navigating the uncertainty and trauma of a global health pandemic.
Pensa no passado. Onde estavas em maio de 2020? Como muitos outros educadores, estava a preparar-me para acabar o ano escolar mais único do meu tempo enquanto professora, depois de passar os últimos meses a tentar descobrir como ensinar online a partir da minha cozinha enquanto também navegava a incerteza e trauma de uma pandemia global.
And then on May 25, 2020, George Floyd was murdered in police custody in Minneapolis. In the wake of this tragedy and the days of civil unrest that followed, my colleagues and I realized we couldn't just keep showing up to our virtual classes to teach math and science and reading and writing as if everything was fine. And so we gathered on Zoom one morning to face an urgent question: What do we say to the kids?
E então a 25 de maio de 2020, o George Floyd foi assassinado sob a custódia da polícia de Minneapolis. No despertar desta tragédia e dos dias de agitação civil que se seguiram, nós apercebemo-nos que não podíamos continuar nas nossas aulas virtuais a ensinar matemática e ciência e a ler e escrever como se tudo estivesse bem. Então reunimo-nos no Zoom uma manhã para enfrentar uma questão emergente: O que dizemos às crianças?
Since that day, I've started reflecting on more moments like this. Growing up in the '80s and '90s, I remember my parents telling me about two specific dates where they remember exactly where they were and exactly what they were doing. These were the dates that president John F. Kennedy and Dr. Martin Luther King, Jr. were assassinated. A generation later, these memorable events for me were the Columbine school shooting and September 11, 2001.
Desde aquele dia, Comecei a refletir em mais momentos como este. Enquanto crescia nos anos 80 e 90, lembro-me dos meus pais me contarem acerca de duas datas específicas em que eles se lembram exatamente onde estavam e o que estavam a fazer. Foram as datas em que o presidente John F. Kennedy e o Dr. Martin Luther King, Jr. foram assassinados. Uma geração depois, estes eventos inesquecíveis para mim foram o tiroteio na escola Columbine e o 11 de setembro de 2011.
The more I reflected on these "where were you when" moments, both as a teacher and then later as a social and emotional learning specialist, I realized that they share distinct characteristics. They're collectively experienced. They're disruptive to daily life and often they cause a shift in beliefs, behaviors or even policies. And today's young people, perhaps due to globalization or social media, may be faced with even more of them. And so educators like me, I assumed, must be faced with even more of these "What do we say to the kids?" moments too.
Quanto mais refletia nestes momentos de “onde estavas tu quando”, tanto quanto professora e mais tarde como especialista de desenvolvimento social e emocional, apercebi-me que eles apresentam caraterísticas distintas. Eles são vividos coletivamente. Eles são perturbadores para a nossa vida e muitas vezes causam uma mudança de crenças, comportamentos ou até políticas. E os jovens de hoje em dia, talvez devido à globalização ou às redes sociais, podem ser confrontados com mais. E educadores como eu, assumi, podem ser confrontados com mais momentos do género “O que dizemos às crianças?“.
So I've actually done quite a bit of study of this question and I'm going to tell you what we say to the kids. And not just for educators, but for parents and caregivers and anyone who interacts with or supports young people.
Então estudei bastante esta questão e vou dizer-vos o que dizer às crianças. E não só para educadores, mas para pais e cuidadores e qualquer pessoa que interage ou apoia jovens.
In my doctoral research, I came to call these moments consciousness-shifting current events, which are occurrences that have a profound collective impact on the community, state or nation where they take place and usually cause a change in awareness, attitude or behavior among those impacted by it. I'm going to share the insights from my research with you today, but I have to first offer a disclaimer that, since it’s not yet published -- hope to do that this spring -- I am going to focus on general broad conclusions and leave out any personal details that could be used to identify my participants.
Na minha pesquisa de doutoramento, chamei esses momentos de eventos atuais de mudança de consciência, que são ocorrências que têm um profundo impacto coletivo na comunidade, cidade ou país em que ocorrem e provocam uma maior consciencialização, atitude e comportamento entre aqueles que foram impactados por ele. Vou partilhar as descobertas do meu estudo convosco hoje, mas devo dizer que, como ainda não está publicado -- espero que seja esta primavera -- vou focar-me em conclusões gerais e deixar os detalhes pessoais que podiam ser usados para identificar os participantes.
And so with that in mind, the first broad conclusion I want to share with you is that silence is not an option. The educators I spoke to told me that it was a moral imperative to address these events with students.
E com isso em mente, a primeira conclusão geral que quero partilhar convosco é que o silêncio não é uma opção. Os educadores com que falei disseram-me que era imperativo moralmente falar sobre esses eventos com estudantes.
If it wasn't clear before, the era of COVID-19 has made it clear now that education is an essential industry. And as front line workers, educators are tasked with more than teaching. They're responsible for supporting the physical and emotional well-being of students amidst a wide variety of social crises and collective traumas: natural disasters, civil unrest, racial injustice, community violence, and of course, a global pandemic. All of the educators in my study expressed some degree of self-doubt and a lack of confidence addressing these topics with students. Yet, in the stories they shared and the strategies that they shared with one another, I discovered that actually most educators actually do have an implicit understanding of what needs to happen in those moments to get students back to a place of learning.
Se não estava claro antes, a era da COVID-19 tornou claro que a educação é uma indústria essencial. E como trabalhadores de primeira linha, educadores têm tarefas que vão para além de ensinar. Eles são responsáveis por apoiar o bem-estar físico e emocional dos estudantes no meio de uma grande variedade de crises sociais e traumas coletivos: desastres naturais, agitação civil, injustiça racial, violência na comunidade, e claro, uma pandemia global. Todos os educadores do meu estudo mostraram algum nível de dúvida e falta de confiança quando falavam desses tópicos com estudantes. No entanto, as estórias que partilhavam e as estratégias que partilhavam entre eles, descobri que, na verdade, a maioria dos educadores têm um conhecimento implícito do que precisa de acontecer nesses momentos para levar os estudantes de volta à aprendizagem.
And so today I'm going to share with you the three key moves that I saw educators making, the steps they took to facilitate community healing in their schools and classrooms.
E hoje vou então partilhar convosco os três passos chave que vi os educadores fazerem, os passos que tomaram para facilitar a cura comunitária nas suas escolas e salas de aula.
First, they sought to restore a sense of safety. Now here's what this looks like.
Primeiro, eles procuraram restaurar um sentido de segurança. É assim que isto se parece.
In one classroom, it meant facilitating breathing and mindfulness exercises to help students self-regulate, to soothe the fight-or-flight regions of their brain that had been activated after a tornado swept through their region and destroyed a nearby town.
Numa sala de aula, significou praticar exercícios de respiração e de atenção plena para ajudar alunos na autorregulação, para acalmar as regiões do cérebro que estão em alerta que foram ativadas depois do tornado varreu toda a região deles e destruiu uma cidade vizinha.
Another educator told me about a student who was a refugee from a country in political upheaval and on the day of the US capitol insurrection, this student was particularly distraught and inconsolable in comparison to her peers because her belief that the turmoil she had left behind in her home country could not and would not happen here had been shattered. She was worried that her parents were unsafe and she wasn't going to be reunited with them at the end of a school day. So the teacher reassured this student that she and her family were not in any physical danger. And then took out a map of the United States to demonstrate that although, yes, what was happening in DC was in the same country, it was nearly 3,000 miles away.
Outro educador falou-me de um estudante que era um refugiado de um país em agitação política e no dia da insurreição no capitólio dos Estados Unidos, este estudante estava particularmente perturbado e inconsolável em relação aos seus colegas porque a sua crença, de que o tumulto que havia deixado no seu país de nascença não podia e não aconteceria lá, havia sido destruída. Ela estava preocupada que os pais não estavam seguros e que ela não se iria poder reunir com eles no fim do dia escolar. Então a professora assegurou esta estudante que ela e a sua família não estavam em nenhum tipo de perigo físico. E retirou um mapa dos Estados Unidos para mostrar que ainda que, sim, o que estava a acontecer em DC era no mesmo país, era a uma distância de quase 3000 milhas.
By focusing on safety and security, these educators prioritize what Maslow tells us are our basic human needs. The lesson I learned here is that when bad things happen, we don't jump right to analyzing the root causes that got us here. We don't try to figure out who's to blame or even how to fix it yet. We simply try to hold it together and make sure our people are protected. But of course we don't and we can't stop there.
Ao focar-se na segurança e proteção, estes educadores priorizam o que Maslow diz sobre necessidades básicas humanas. A lição que aprendi aqui foi que quando coisas más acontecem, nós não analisámos imediatamente a raiz dos problemas que nos levou aqui. Nós não tentamos perceber quem tem a culpa ou até como resolvê-lo imediatamente. Nós simplesmente tentamos manter-nos unidos e que as nossas pessoas estejam protegidas. Mas claro que não paramos por aí.
After restoring physical or psychological safety, educators engage in heart work. That is, they tend to emotions, both their own and those of their students. This often involves with educators modeling their own vulnerability, admitting they're scared or uncertain or don't have all the answers and feel anxious about that. It also involves creating space for students to do the same.
Depois de restaurar a segurança física ou psicológica, educadores envolvem-se em trabalhos do coração. Isto é, eles tratam das emoções tanto as deles como as dos seus alunos. Isto envolve que os educadores modelem a sua própria vulnerabilidade, admitindo que estão assustados ou inseguros ou que não têm todas as respostas e estão ansiosos por isso. E também envolve criar um espaço em que os estudantes podem fazer o mesmo.
Many of the educators in my study talked about using talking circles as a way for students to process what they're going through without judgment. One told me about using a virtual talking circle for both adults and young people to navigate feelings of grief and loss and fear associated with coronavirus.
Muitos dos educadores do estudo falaram sobre círculos de conversa como uma forma dos estudantes processarem o que passaram sem julgamentos. Um falou-me sobre um círculo de conversa virtual tanto para adultos como para jovens para navegar sentimentos de dor e perda e medo associados ao coronavírus.
A theater arts teacher shared with me how she helped students process the death of a classmate. Realizing that students didn't feel comfortable talking openly, she led them in a silent activity to create artistic representations of their thoughts and emotions.
Uma professora de artes teatrais partilhou comigo como ela ajudou alunos a processar a perda de um colega. Apercebendo-se que os estudantes não se sentiam confortáveis a falar abertamente, ela levou-os a uma atividade silenciosa para criar representações artísticas dos seus pensamentos e emoções.
Now heart work can be hard work, but here's why it matters. When we navigate our emotions, it moves us from that survival part of our brain to a more emotionally regulated state. And do you know what else is possible when we're operating from that calmer state? Connection. Love. Belonging. Community. So it's by reinforcing and strengthening the relationships that we have with one another that we get through the hard times. It's how we develop positive coping strategies and ultimately resilience.
Trabalhos do coração podem ser trabalhos difíceis, mas aqui está o que importa. Quando navegamos nas nossas emoções, transporta-nos da parte de sobrevivência do nosso cérebro para um estado emocional mais regulamentado. E sabem o que também é possível quando operamos num estado mais calmo? Ligação. Amor. Sentido de pertença. Comunidade. Então é ao reforçar e fortalecer os relacionamentos que temos uns com os outros que ultrapassamos os tempos difíceis. É como desenvolvemos estratégias positivas para lidar e consequentemente resiliência.
And this connection, this sense of “we’re all in this together,” is what cultivates hope and leads us to the final step: empowering action. Now we've seen this many times in various social movements but powerful and inspiring action is happening on smaller scales and without social media coverage in classrooms and schools all over.
E esta ligação, Este sentido de “estamos nisto juntos,” é o que cultiva a esperança e leva-nos para o último passo: ações com poder. Vimos isto muitas vezes em vários movimentos sociais mas ações poderosas e inspiradoras acontecem em escalas menores e sem cobertura nas redes socias nas salas de aula e escolas.
In the days after 9/11, a teacher took a page from the “Mister Rogers’ Playbook” by looking for and honoring the helpers. The teacher talked about firefighters and first responders. Faith leaders from a variety of religions. Everyday people providing food, shelter and support to their neighbors.
Nos dias depois do 9/11, uma professora seguiu um passo do “Mister Rogers’ Playbook” ao procurar e honrar os ajudantes. A professora falou sobre os bombeiros e os operadores de ambulâncias. Líderes de fé de uma variedade de religiões. Pessoas que diariamente fornecem comida, abrigo e ajudam os seus vizinhos.
The day after the 2016 presidential election of Donald Trump, students whose families were primarily undocumented expressed rage and terror, fearing that their families and they would soon be deported. Recognizing their sense of helplessness and hopelessness, their teacher went to work creating opportunities for students to learn about how to get involved in political advocacy and activism.
O dia seguinte à eleição presidencial do Donald Trump em 2016, os estudantes cujas famílias não tinham documentos expressaram fúria e terror, receando que as suas famílias e eles fossem deportados brevemente. Reconhecendo o seu sentido de impotência e falta de esperança, a sua professora trabalhou na criação de oportunidades para os estudantes aprenderam como se envolver em advocacia política e ativismo.
And when community violence took away students' outdoor recess because it was deemed too unsafe, they started a podcast. And they used that platform to raise awareness, build support among community leaders and plan a peace march.
E quando a violência comunitária retirou o intervalo exterior aos estudantes porque foi considerado inseguro, eles começaram um podcast. E usaram a sua plataforma para dar conhecimento, construir apoio entre líderes das comunidades e planear uma marcha da paz.
What's key here is that we don't let ourselves or our people get stuck in the yuck. Rather than dwelling in despair, we mobilize. We reject helplessness and deficit-based thinking and harness our individual and community assets to advocate and agitate for change.
O ponto chave aqui é que não deixamos que nós ou os nossos fiquem presos no negativo. Em vez de ficar pelo desespero, mobilizamo-nos. Rejeitamos o desamparo e pensamentos baseados em deficiências e aproveitamos os nossos pontos fortes a nível individual e comunitário para defender e perturbar para a mudança.
Ginwright calls this healing-centered engagement and tells us that this approach to addressing trauma requires a different question that moves beyond "what happened to you," to "what's right with you." And it looks at those affected by trauma as agents in the creation of their own well-being. The idea here is that it's by finding what's right with all of us, our collective strengths, that we can begin to heal and transform ourselves and our communities.
Ginwright chama a isto encorajamento centrado na cura e diz-nos que esta abordagem de abordar o trauma requer questões diferentes do “o que te aconteceu,” para “o que está certo para ti.” E olha para aqueles afetados pelo trauma como agentes na criação do seu próprio bem-estar. A ideia aqui é que ao encontrar o que está certo para todos nós, os nossos pontos fortes coletivos, podemos começar a sarar e transformarmo-nos e às nossas comunidades.
And so I return once more to the question, “what do we say to the kids?” We say to the kids that it's okay to feel scared and vulnerable. We say to the kids that our safety was taken from us, but we will together create safety once again. We say to the kids that it's time to start the heart work and we will show them how to do it. We tell them to keep feeling because our feelings are what makes us human and what will help heal us. And finally, we say to the kids that we must rebuild together through action. Each and every one of us.
E então voltei mais uma vez à questão, “o que dizemos às crianças?” Dizemos às crianças que não faz mal sentirem-se assustadas e vulneráveis. Dizemos às crianças que a segurança foi-nos tirada, mas que vamos juntos criar segurança novamente. Que é tempo de começar os trabalhos do coração e vamos mostrar-lhes como o fazer. Vamos dizer-lhes para continuarem a sentir porque os sentimentos tornam-nos humanos e isso vai ajudar-nos a sarar. E finalmente, dizemos às crianças que temos de reconstruir juntos através de ação. Cada um de nós.
Today, I hope you will feel empowered, I hope we will all feel empowered, to support our communities, our educators and our young people in healing. And so the next time a consciousness-shifting event happens, we'll not only know what to say, we'll know what to do, and we'll know how to be.
Hoje, espero que se sintam empoderados, espero que todos nos sintamos empoderados, para ajudar as comunidades, os educadores e os nossos jovens a sarar. E assim, da próxima vez que um evento de mudança de consciência aconteça, não vamos só saber o que dizer, vamos saber o que fazer, e vamos saber como ser.
Thank you.
Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)