You know for me, the interest in contemporary forms of slavery started with a leaflet that I picked up in London. It was the early '90s, and I was at a public event. I saw this leaflet and it said, "There are millions of slaves in the world today." And I thought, "No way, no way." And I'm going to admit to hubris. Because I also, I'm going to admit to you, I also thought, "How can I be like a hot-shot young full professor who teaches human rights and not know this? So it can't be true."
Para mim, o interesse pelas formas contemporâneas da escravatura começou com um folheto que me deram em Londres. Foi no início dos anos 90 e eu estava num evento público. Vi este folheto que dizia: "Há milhões de escravos no mundo, nos dias de hoje". E pensei: "Impossível, não pode ser". Devo confessar a minha arrogância, porque vou confessar que também pensei: "Como é possível que eu seja um jovem professor "que ensina os direitos humanos e não tenha conhecimento disto? "Não pode ser verdade".
Well, if you teach, if you worship in the temple of learning, do not mock the gods, because they will take you, fill you with curiosity and desire, and drive you. Drive you with a passion to change things. I went out and did a lit review, 3,000 articles on the key word "slavery." Two turned out to be about contemporary -- only two. All the rest were historical. They were press pieces and they were full of outrage, they were full of speculation, they were anecdotal -- no solid information.
Se ensinam, se reverenciam no Templo do Ensino, não façam troça dos deuses, porque eles vingar-se-ão, encher-vos-ão de curiosidade e desejo e guiar-vos-ão. Encher-vos-ão de paixão de alterar as coisas. Comecei a fazer alguma pesquisa. 3000 artigos com a palavra-chave "escravatura". Acabaram por aparecer duas contemporâneas — só duas. Tudo o resto era histórico. Eram peças da imprensa e estavam cheias de indignação, estavam cheias de especulação, tratavam de episódios, não havia informações sólidas.
So, I began to do a research project of my own. I went to five countries around the world. I looked at slaves. I met slaveholders, and I looked very deeply into slave-based businesses because this is an economic crime. People do not enslave people to be mean to them. They do it to make a profit. And I've got to tell you, what I found out in the world in four different continents, was depressingly familiar. Like this: Agricultural workers in Africa, whipped and beaten, showing us how they were beaten in the fields before they escaped from slavery and met up with our film crew. It was mind-blowing.
Então, lancei-me num projeto de investigação pessoal. Fui a cinco países em todo o mundo. Vi escravos, conheci esclavagistas, e observei profundamente os negócios baseados em escravos, porque isto é um crime económico. As pessoas não escravizam outras pessoas por pura maldade. Fazem-no para terem lucros. Devo dizer-vos que o que encontrei pelo mundo, em quatro continentes diferentes. foi deprimentemente familiar. Como isto: Trabalhadores agrícolas em África, chicoteados e espancados, que nos mostraram como eram espancados nos campos antes de terem fugido da escravatura e terem encontrado a nossa equipa de filmagem. Era uma coisa assustadora.
And I want to be very clear. I'm talking about real slavery. This is not about lousy marriages, this is not about jobs that suck. This is about people who can not walk away, people who are forced to work without pay, people who are operating 24/7 under a threat of violence and have no pay. It's real slavery in exactly the same way that slavery would be recognized throughout all of human history.
Tenho que ser muito claro. Estou a falar de escravatura real. Não se trata de casamentos péssimos, não se trata de empregos de exploração. Trata-se de pessoas que não podem ir-se embora, pessoas que são forçadas a trabalhar sem pagamento, pessoas que trabalham 24 horas, sete dias por semana sob a ameaça da violência e não recebem qualquer pagamento. É escravatura real, exatamente do mesmo modo como reconhecemos a escravatura em toda a história da humanidade.
Now, where is it? Well, this map in the sort of redder, yellower colors are the places with the highest densities of slavery. But in fact that kind of bluey color are the countries where we can't find any cases of slavery. And you might notice that it's only Iceland and Greenland where we can't find any cases of enslavement around the world.
Onde é que ela existe? Este mapa, com cores mais vermelhas, mais amarelas, mostra os locais com a mais alta densidade de escravatura. Naquela cor azulada são os países onde não encontrámos nenhum caso de escravatura. Reparem que só na Islândia e na Groenlândia não encontrámos nenhum caso de escravatura, em todo o mundo.
We're also particularly interested and looking very carefully at places where slaves are being used to perpetrate extreme environmental destruction. Around the world, slaves are used to destroy the environment, cutting down trees in the Amazon; destroying forest areas in West Africa; mining and spreading mercury around in places like Ghana and the Congo; destroying the coastal ecosystems in South Asia. It's a pretty harrowing linkage between what's happening to our environment and what's happening to our human rights.
Também estávamos interessados particularmente e procurámos cuidadosamente em locais onde se usam escravos para perpetrar destruições ambientais extremas. Em todo o mundo usam-se escravos para destruir o ambiente, deitando árvores abaixo na Amazónia; destruindo áreas florestais na África Ocidental; explorando minas e espalhando mercúrio em volta em locais como o Gana e o Congo; destruindo os ecossistemas costeiros no sul da Ásia. É uma relação devastadora entre o que está a acontecer ao nosso ambiente e o que está a acontecer aos direitos humanos.
Now, how on Earth did we get to a situation like this, where we have 27 million people in slavery in the year 2010? That's double the number that came out of Africa in the entire transatlantic slave trade. Well, it builds up with these factors. They are not causal, they are actually supporting factors. One we all know about, the population explosion: the world goes from two billion people to almost seven billion people in the last 50 years. Being numerous does not make you a slave. Add in the increased vulnerability of very large numbers of people in the developing world, caused by civil wars, ethnic conflicts, kleptocratic governments, disease ... you name it, you know it.
Como é possível termos chegado a uma situação destas em que temos 27 milhões de pessoas escravizadas, no ano 2010? É o dobro do número dos que saíram de África durante todo o tráfico de escravos transatlântico. Baseia-se nestes fatores: Não são causais, são fatores de apoio. Um deles é conhecido de todos: a explosão populacional. O mundo passou de dois mil milhões de pessoas para quase sete mil milhões de pessoas, nos últimos 50 anos. Mas sermos numerosos não nos torna escravos. Juntemos uma maior vulnerabilidade de grandes números de pessoas no mundo em desenvolvimento, provocada pelas guerras civis, pelos conflitos étnicos, por governos cleptocráticos, pelas doenças... tudo o que sabemos.
We understand how that works. In some countries all of those things happen at once, like Sierra Leone a few years ago, and push enormous parts ... about a billion people in the world, in fact, as we know, live on the edge, live in situations where they don't have any opportunity and are usually even destitute. But that doesn't make you a slave either. What it takes to turn a person who is destitute and vulnerable into a slave, is the absence of the rule of law. If the rule of law is sound, it protects the poor and it protects the vulnerable. But if corruption creeps in and people don't have the opportunity to have that protection of the rule of law, then if you can use violence, if you can use violence with impunity, you can reach out and harvest the vulnerable into slavery.
Percebemos como funciona. Nalguns países, estas coisas acontecem ao mesmo tempo, como na Serra Leoa, aqui há uns anos, e empurram imensa gente... cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo, como sabemos, que vivem no limite, vivem numa situação em que não têm a menor hipótese e, habitualmente, são indigentes. Mas isso também não nos torna escravos. O que leva uma pessoa, indigente e vulnerável, a ser um escravo, é a ausência de um estado de direito. Se o estado de direito for sólido, protege os pobres e protege os vulneráveis. Mas, se a corrupção se instala e as pessoas não têm a oportunidade de ter a proteção das leis, se podemos usar da violência, se podemos usar da violência com impunidade, podemos lançar os vulneráveis na escravatura.
Well, that is precisely what has happened around the world. Though, for a lot of people, the people who step into slavery today don't usually get kidnapped or knocked over the head. They come into slavery because someone has asked them this question.
É isso precisamente o que acontece em todo o mundo. Embora, para muita gente as pessoas que são escravizadas hoje não sejam habitualmente raptadas ou levem uma pancada na cabeça. São escravizadas porque alguém lhes faz esta pergunta: [Queres trabalhar?]
All around the world I've been told an almost identical story. People say, "I was home, someone came into our village, they stood up in the back of a truck, they said, 'I've got jobs, who needs a job?'" And they did exactly what you or I would do in the same situation. They said, "That guy looked sketchy. I was suspicious, but my children were hungry. We needed medicine. I knew I had to do anything I could to earn some money to support the people I care about." They climb into the back of the truck. They go off with the person who recruits them. Ten miles, 100 miles, 1,000 miles later, they find themselves in dirty, dangerous, demeaning work. They take it for a little while, but when they try to leave, bang!, the hammer comes down, and they discover they're enslaved.
Em todo o mundo, contaram-me quase a mesma história. As pessoas dizem: "Eu estava em casa, chegaram à nossa aldeia "puseram-se na traseira do camião e disseram: " 'Tenho trabalho. Quem quer trabalhar?' " Eles fizeram o que vocês ou eu teríamos feito na mesma situação. Disseram: "Aquele tipo tem um ar suspeito. Fiquei desconfiado, "mas os meus filhos têm fome. "Precisávamos de medicamentos. "Eu sabia que tinha que fazer tudo o que pudesse "para ganhar algum dinheiro para sustentar as pessoas que me são caras". Entram para o camião. Partem com a pessoa que os recruta. Dez quilómetros, 100 quilómetros, 1000 quilómetros depois, encontram-se num trabalho sujo, perigoso, aviltante. Trabalham durante uns tempos mas, quando querem ir-se embora, bang, aparece a marreta e descobrem que são escravos.
Now, that kind of slavery is, again, pretty much what slavery has been all through human history. But there is one thing that is particularly remarkable and novel about slavery today, and that is a complete collapse in the price of human beings -- expensive in the past, dirt cheap now. Even the business programs have started picking up on this. I just want to share a little clip for you.
Este tipo de escravatura é como a escravatura por toda a história humana. Mas há uma coisa especialmente notável e nova na escravatura de hoje. É a total ausência do preço dos seres humanos — caros no passado, quase gratuitos no presente. Até os programas das empresas começaram a praticar isto. Quero mostrar-vos um pequeno vídeo.
Daphne: OK. Llively discussion guaranteed here, as always, as we get macro and talk commodities. Continuing here in the studio with our guest Michael O'Donohue, head of commodities at Four Continents Capital Management. And we're also joined by Brent Lawson from Lawson Frisk Securities.
Daphne: Como sempre, a discussão aqui é ao vivo. Vamos falar de obter produtos em grande escala. No estúdio, temos Michael O'Donohue, chefe de produtos de Four Continents Capital Management. Também temos connosco Brent Lawson da Lawson Frisk Securities.
Brent Lawson: Happy to be here.
Brent Lawson: É um prazer estar aqui.
D: Good to have you with us, Brent. Now, gentlemen ... Brent, where is your money going this year?
D: É um prazer tê-lo aqui, Brent. Brent, para onde vai este ano o seu dinheiro?
BL: Well Daphne, we've been going short on gas and oil recently and casting our net just a little bit wider. We really like the human being story a lot. If you look at a long-term chart, prices are at historical lows and yet global demand for forced labor is still real strong. So, that's a scenario that we think we should be capitalizing on.
BL: Bom, temos reduzido o gás e o petróleo, ultimamente, e vamos alargar um pouco a nossa rede. Gostamos muito da história dos seres humanos Se olhar para um gráfico a longo prazo, os preços atingiram baixos históricos e a procura mundial de trabalho forçado ainda é muito forte. Por isso, achamos que é um cenário em que devemos apostar.
D: Michael, what's your take on the people story? Are you interested?
D: Michael, o que acha da história das pessoas? Isso interessa-o?
Michael O'Donoghue: Oh definitely. Non-voluntary labor's greatest advantage as an asset is the endless supply. We're not about to run out of people. No other commodity has that.
Michael O'Donohue: Claro. A maior vantagem do trabalho forçado, enquanto existir, é a sua oferta inextinguível. Não nos vão faltar pessoas. Não é como outras matérias-primas.
BL: Daphne, if I may draw your attention to one thing. That is that private equity has been sniffing around, and that tells me that this market is about to explode. Africans and Indians, as usual, South Americans, and Eastern Europeans in particular are on our buy list.
BL: Daphne, pode dar-me atenção? O capital privado começou a entrar neste jogo e é um sinal que me diz que o mercado está pronto a explodir. Africanos e indianos, como de costume, sul-americanos e, em especial, europeus de leste estão todos na nossa lista.
D: Interesting. Micheal, bottom line, what do you recommend?
D: Interessante, Michael, na prática, que recomenda?
MO: We're recommending to our clients a buy and hold strategy. There's no need to play the market. There's a lot of vulnerable people out there. It's very exciting.
MO: Recomendamos a todos os nossos clientes uma estratégia de aquisição e conservação. Não há necessidade de jogar no mercado. Há muita gente vulnerável. É muito excitante.
D: Exciting stuff indeed. Gentlemen, thank you very much.
D: Muito excitante, na verdade, Meus senhores, muito obrigada.
Kevin Bales: Okay, you figured it out. That's a spoof. Though I enjoyed watching your jaws drop, drop, drop, until you got it. MTV Europe worked with us and made that spoof, and they've been slipping it in between music videos without any introduction, which I think is kind of fun. Here's the reality. The price of human beings across the last 4,000 years in today's money has averaged about 40,000 dollars. Capital purchase items. You can see that the lines cross when the population explodes.
Kevin Bales: Ok, vocês perceberam. É uma caricatura. Embora tenha gostado de ver-vos de boca aberta, até perceberem. A MTV Europe trabalhou connosco e fez esta caricatura. e têm-na inserido entre vídeos de música, sem qualquer introdução, o que acho que é divertido. Esta é a realidade. O preço das pessoas escravizadas nos últimos 4000 anos em dinheiro de hoje, tem sido uma média de 40 000 dólares. São bens de equipamento. Vemos que as linhas se cruzam quando a população explode.
The average price of a human being today, around the world, is about 90 dollars. They are more expensive in places like North America. Slaves cost between 3,000 to 8,000 dollars in North America, but I could take you places in India or Nepal where human beings can be acquired for five or 10 dollars. They key here is that people have ceased to be that capital purchase item and become like Styrofoam cups. You buy them cheaply, you use them, you crumple them up, and then when you're done with them you just throw them away.
O preço médio de um escravo hoje, em todo o mundo é de uns 90 dólares. Há sítios onde é mais caro, como na América do Norte, onde os escravos custam entre 3000 a 8000 dólares. Mas posso levar-vos a sítios na Índia ou no Nepal, onde podemos adquirir um ser humano por 5 ou 10 dólares. A questão importante aqui é que as pessoas deixaram de ser bens de equipamento. e passaram a ser como os copos de esferovite. Compramo-los baratos, usamo-los, amarfanhamo-los e, quando já não servem, deitamo-los fora.
These young boys are in Nepal. They are basically the transport system on a quarry run by a slaveholder. There are no roads there, so they carry loads of stone on their backs, often of their own weight, up and down the Himalaya Mountains. One of their mothers said to us, "You know, we can't survive here, but we can't even seem to die either." It's a horrible situation. And if there is anything that makes me feel very positive about this, it's that there are also -- in addition to young men like this who are still enslaved -- there are ex-slaves who are now working to free others. Or, we say, Frederick Douglass is in the house.
Estes rapazes estão no Nepal. São, basicamente, o sistema de transporte, numa pedreira, dirigida por um esclavagista. Não há estradas, por isso eles acarretam pedras às costas, muitas vezes, com o mesmo peso deles, subindo e descendo os Himalaias. Uma das mães deles disseram-nos: "Não podemos sobreviver aqui, "mas parece que também não podemos morrer aqui". É uma situação terrível. Se há alguma coisa que me faz sentir positivo em tudo isto é que também há, para além destes jovens que continuam escravizados, há antigos escravos que trabalham para libertar os outros, seguindo o exemplo de Frederick Douglass.
I don't know if you've ever had a daydream about, "Wow. What would it be like to meet Harriet Tubman? What would it be like to meet Frederick Douglass?" I've got to say, one of the most exciting parts about my job is that I get to, and I want to introduce you to one of those. His name is James Kofi Annan. He was a slave child in Ghana enslaved in the fishing industry, and he now, after escape and building a new life, has formed an organization that we work closely with to go back and get people out of slavery. This is not James, this is one of the kids that he works with.
Não sei se alguma vez sonharam: Como seria conhecer Harriet Tubman? Como seria conhecer Frederick Douglass? Devo dizer que uma das coisas mais excitantes na minha profissão é que eu já sonhei e quero ser apresentado a um desses. Chama-se James Kofi Annan. Foi escravo, em criança, no Gana, na indústria da pesca. Hoje, depois de fugir e de construir uma vida nova, formou uma organização com que trabalhamos estreitamente. para lá voltar e libertar as pessoas da escravatura. Este não é James, este é um dos rapazes com quem ele trabalha.
James Kofi Annan (Video): He was hit with a paddle in the head. And this reminds me of my childhood when I used to work here.
James Kofi Annan: Bateram-lhe com um remo na cabeça. Isso recorda-me a minha infância quando eu trabalhava aqui.
KB: James and our country director in Ghana, Emmanuel Otoo are now receiving regular death threats because the two of them managed to get convictions and imprisonment for three human traffickers for the very first time in Ghana for enslaving people, from the fishing industry, for enslaving children.
KB: James e o nosso diretor no Gana, Emmanuel Otoo estão a receber regulares ameaças de morte porque os dois conseguiram obter condenações e detenções para três traficantes de pessoas, pela primeira vez no Gana, por escravizarem pessoas, para a indústria da pesca, por escravizarem crianças.
Now, everything I've been telling you, I admit, is pretty disheartening. But there is actually a very positive side to this, and that is this: The 27 million people who are in slavery today, that's a lot of people, but it's also the smallest fraction of the global population to ever be in slavery. And likewise, the 40 billion dollars that they generate into the global economy each year is the tiniest proportion of the global economy to ever be represented by slave labor.
Reconheço que tudo aquilo que vos tenho estado a contar é muito deprimente. Mas tem um lado muito positivo que é este: Os 27 milhões de pessoas que estão escravizadas hoje, são uma enormidade de pessoas, mas são também a fração mais pequena da população mundial que já esteve escravizada. Do mesmo modo, os 40 mil milhões de dólares que geram na economia global, por ano, é a proporção mais diminuta da economia mundial jamais representada pelo trabalho escravo.
Slavery, illegal in every country has been pushed to the edges of our global society. And in a way, without us even noticing, has ended up standing on the precipice of its own extinction, waiting for us to give it a big boot and knock it over. And get rid of it. And it can be done.
A escravatura, ilegal em todos os países, foi empurrada para as franjas da nossa sociedade global. De certa forma, sem darmos por isso, acabou por se encontrar no precipício da sua própria extinção, à espera que lhe demos um grande pontapé a deitemos lá abaixo e nos vejamos livres dela. E podemos fazer isso.
Now, if we do that, if we put the resources and the focus to it, what does it actually cost to get people out of slavery? Well, first, before I even tell you the cost I've got to be absolutely clear. We do not buy people out of slavery. Buying people out of slavery is like paying a burglar to get your television back; it's abetting a crime. Liberation, however, costs some money.
Se o fizermos, se arranjarmos os recursos e nos dedicarmos a isso, quanto custa libertar as pessoas da escravatura? Antes de vos dizer qual é o custo, tenho que ser muito claro. Não compramos pessoas para as libertar da escravatura. Comprar pessoas para as libertar da escravatura é como pagar a um ladrão para nos devolver a TV. É incentivar um crime. Mas a libertação custa dinheiro.
Liberation, and more importantly all the work that comes after liberation. It's not an event, it's a process. It's about helping people to build lives of dignity, stability, economic autonomy, citizenship. Well, amazingly, in places like India where costs are very low, that family, that three-generation family that you see there who were in hereditary slavery -- so, that granddad there, was born a baby into slavery -- but the total cost, amortized across the rest of the work, was about 150 dollars to bring that family out of slavery and then take them through a two year process to build a stable life of citizenship and education.
A libertação e, mais importante ainda, todo o trabalho que vem depois da libertação. Não é um acontecimento, é um processo. Trata-se de ajudar as pessoas a viver com dignidade, estabilidade, autonomia económica. cidadania. Espantosamente, em sítios como a Índia onde os custos são muito baixos, aquela família, de três gerações, que veem ali, que viviam em escravatura hereditária — o avô já nascera em escravatura — o custo total, amortizado pelo mundo inteiro era de cerca de 150 dólares, para libertar aquela família da escravatura, e fazê-los passar por um processo de dois anos para criar uma vida estável de cidadania e educação.
A boy in Ghana rescued from fishing slavery, about 400 dollars. In the United States, North America, much more expensive. Legal costs, medical costs ... we understand that it's expensive here: about 30,000 dollars. But most of the people in the world in slavery live in those places where the costs are lowest. And in fact, the global average is about what it is for Ghana.
Um rapaz no Gana salvo da escravatura da pesca, cerca de 400 dólares. Nos EUA, na América do Norte, é muito mais caro. Custos legais, custos médicos, percebe-se porque é mais caro aqui: cerca de 30 000 dólares. Mas a maior parte das pessoas em escravatura, no mundo, vivem nos locais onde os custos são mais baixos. De facto, a média global é a que existe para o Gana. [400 dólares por escravo liberto]
And that means, when you multiply it up, the estimated cost of not just freedom but sustainable freedom for the entire 27 million people on the planet in slavery is something like 10.8 billion dollars -- what Americans spend on potato chips and pretzels, what Seattle is going to spend on its light rail system: usually the annual expenditure in this country on blue jeans, or in the last holiday period when we bought GameBoys and iPods and other tech gifts for people, we spent 10.8 billion dollars. Intel's fourth quarter earnings: 10.8 billion.
Isso significa, quando multiplicamos o custo estimado, não só da liberdade, mas duma liberdade sustentada pelos 27 milhões de pessoas escravizadas, no planeta, é cerca de 10 800 milhões de dólares o que os norte-americanos gastam em batatas fritas e salgadinhos, o que Seattle vai gastar no sistema de carros elétricos, o que gastamos por ano, nos EUA, em "blue jeans" ou no passado período de festas quando comprámos GameBoys e iPods e outros presentes, em que gastámos 10 800 milhões de dólares. Lucros do quarto trimestre da Intel: 10 800 milhões de dólares.
It's not a lot of money at the global level. In fact, it's peanuts. And the great thing about it is that it's not money down a hole, there is a freedom dividend. When you let people out of slavery to work for themselves, are they motivated? They take their kids out of the workplace, they build a school, they say, "We're going to have stuff we've never had before like three squares, medicine when we're sick, clothing when we're cold." They become consumers and producers and local economies begin to spiral up very rapidly.
Não é muito dinheiro, a nível global. Na verdade, são trocos. O melhor em tudo isto é que não é dinheiro perdido, há um dividendo de liberdade. Quando conseguimos que pessoas libertas da escravatura trabalhem para si mesmas, estarão motivadas? Deixam de pôr os filhos a trabalhar, constroem uma escola e dizem: "Vamos ter coisas que nunca tivemos, como três praças, "medicamentos quando estivermos doentes, "roupas para quando tivermos frio" Tornam-se consumidores e produtores, as economias locais entram em espiral muito rapidamente.
That's important, all of that about how we rebuild sustainable freedom, because we'd never want to repeat what happened in this country in 1865. Four million people were lifted up out of slavery and then dumped. Dumped without political participation, decent education, any kind of real opportunity in terms of economic lives, and then sentenced to generations of violence and prejudice and discrimination. And America is still paying the price for the botched emancipation of 1865.
É importante tudo isso, a forma como reconstroem uma liberdade sustentável, porque não queremos que se repita o que aconteceu neste pais, em 1865. Quatro milhões de pessoas libertadas da escravatura e depois abandonadas. Abandonadas sem participação política, sem um ensino decente sem qualquer tipo de uma oportunidade real em termos de vida económica. e, depois, condenadas a gerações de violência, preconceito e discriminação. Os EUA ainda hoje pagam o preço da emancipação atamancada de 1865.
We have made a commitment that we will never let people come out of slavery on our watch, and end up as second class citizens. It's just not going to happen. This is what liberation really looks like. Children rescued from slavery in the fishing industry in Ghana, reunited with their parents, and then taken with their parents back to their villages to rebuild their economic well-being so that they become slave-proof -- absolutely unenslaveable.
Assumimos um compromisso de nunca deixar as pessoas saírem da escravatura com a nossa vigilância, e acabarem como cidadãos de segunda classe. Isso nunca irá acontecer. (Vídeo) É este o aspeto da libertação. Crianças resgatadas da escravatura na indústria da pesca no Gana, reunidas com os pais e levadas, com os pais, para as suas aldeias. para reconstruir o seu bem-estar económico de modo a ficarem à prova de escravatura — totalmente impossíveis de escravizar.
Now, this woman lived in a village in Nepal. We'd been working there about a month. They had just begun to come out of a hereditary kind of slavery. They'd just begun to light up a little bit, open up a little bit. But when we went to speak with her, when we took this photograph, the slaveholders were still menacing us from the sidelines. They hadn't been really pushed back. I was frightened. We were frightened. We said to her, "Are you worried? Are you upset?"
Esta mulher vivia numa aldeia no Nepal. Estávamos a trabalhar ali, há cerca de um mês, Tinham começado a sair de um tipo de escravatura hereditária Tinham começado a iluminar-se um pouco, a abrir-se um pouco. Mas quando lá fomos falar-lhe, quando tirámos esta foto, os esclavagistas ameaçavam-nos, de longe, não tinham desaparecido totalmente. Eu tinha medo. Nós tínhamos medo. Dissemos-lhe: "Está assustada? Preocupada?"
She said, "No, because we've got hope now. How could we not succeed," she said, "when people like you from the other side of the world are coming here to stand beside us?"
Ela disse: "Não, porque, agora, temos esperança. "Como não havemos de ter êxito, "quando pessoas como vocês, do outro lado do mundo, "vêm aqui para nos apoiar?"
Okay, we have to ask ourselves, are we willing to live in a world with slavery? If we don't take action, we just leave ourselves open to have someone else jerk the strings that tie us to slavery in the products we buy, and in our government policies. And yet, if there's one thing that every human being can agree on, I think it's that slavery should end.
Ok, devemos interrogar-nos: Estamos dispostos a viver num mundo onde existe escravatura? Se não agirmos, ficamos expostos a que alguém manobre os cordelinhos que nos ligam à escravatura nos produtos que compramos e às políticas do nosso governo. No entanto, se há uma coisa com que todas as pessoas concordam, é que a escravatura tem que acabar.
And if there is a fundamental violation of our human dignity that we would all say is horrific, it's slavery. And we've got to say, what good is all of our intellectual and political and economic power -- and I'm really thinking intellectual power in this room -- if we can't use it to bring slavery to an end? I think there is enough intellectual power in this room to bring slavery to an end. And you know what? If we can't do that, if we can't use our intellectual power to end slavery, there is one last question: Are we truly free? Okay, thank you so much. (Applause)
E se há uma violação fundamental da nossa dignidade humana, que todos achamos que é horrenda, é a escravatura. E temos que dizer: Para que serve todo o nosso poder intelectual político e económico — e estou a pensar no poder intelectual, aqui nesta sala — se não o pudermos usar para acabar com a escravatura? Penso que há nesta sala poder intelectual suficiente para acabar com a escravatura. Sabem que mais? Se não o fizermos, se não usarmos o nosso poder intelectual para acabar com a escravatura, resta uma última pergunta: Somos verdadeiramente livres? Muito obrigado. (Aplausos)