In two weeks time, that's the ninth anniversary of the day I first stepped out onto that hallowed "Jeopardy" set. I mean, nine years is a long time. And given "Jeopardy's" average demographics, I think what that means is most of the people who saw me on that show are now dead. (Laughter) But not all, a few are still alive. Occasionally I still get recognized at the mall or whatever. And when I do, it's as a bit of a know-it-all. I think that ship has sailed, it's too late for me. For better or for worse, that's what I'm going to be known as, as the guy who knew a lot of weird stuff.
Daqui a duas semanas será o nono aniversário do primeiro dia em que eu pisei no estúdio sagrado do "Jeopardy". Nove anos é bastante tempo. E, considerando a média etária dos que assistem a "Jeopardy", acho que isso significa que a maioria das pessoas que me viram naquele show já morreram. (Risadas) Mas não todos, uns poucos ainda estão vivos. De vez em quando eu ainda sou reconhecido no shopping ou outro lugar qualquer. E quando me reconhecem, é meio que como um sabe-tudo. Acho que agora já era, é tarde demais para mim. Para o bem ou para o mal, é assim que vou ser conhecido, como o cara que sabia um bocado de coisas esquisitas.
And I can't complain about this. I feel like that was always sort of my destiny, although I had for many years been pretty deeply in the trivia closet. If nothing else, you realize very quickly as a teenager, it is not a hit with girls to know Captain Kirk's middle name. (Laughter) And as a result, I was sort of the deeply closeted kind of know-it-all for many years. But if you go further back, if you look at it, it's all there. I was the kind of kid who was always bugging Mom and Dad with whatever great fact I had just read about -- Haley's comet or giant squids or the size of the world's biggest pumpkin pie or whatever it was. I now have a 10-year-old of my own who's exactly the same. And I know how deeply annoying it is, so karma does work. (Laughter)
E eu não posso reclamar disso. Sinto que isso sempre foi um tipo de destino meu, ainda que por muitos anos eu tenha ficado escondido no fundo do armário da trívia. Quanto mais não seja, você, adolescente, percebe muito rapidamente que saber o segundo nome do Capitão Kirk não faz sucesso com as garotas. (Risadas) E como consequência, eu fui meio do tipo "sabe-tudo enrustidão" por muitos anos. Mas se você procurar no passado, se observar, tudo está lá. E eu fui o tipo de criança que estava sempre perturbando o pai e a mãe com qualquer fato notável sobre o qual eu tinha acabado de ler -- o cometa Haley, lulas gigantes, o tamanho da maior torta de abóbora do mundo ou o que quer que fosse. Agora tenho uma criança de 10 anos que é exatamente assim. E sei o quanto é isso imensamente chato, carma realmente funciona. (Risadas)
And I loved game shows, fascinated with game shows. I remember crying on my first day of kindergarten back in 1979 because it had just hit me, as badly as I wanted to go to school, that I was also going to miss "Hollywood Squares" and "Family Feud." I was going to miss my game shows. And later, in the mid-'80s, when "Jeopardy" came back on the air, I remember running home from school every day to watch the show. It was my favorite show, even before it paid for my house. And we lived overseas, we lived in South Korea where my dad was working, where there was only one English language TV channel. There was Armed Forces TV, and if you didn't speak Korean, that's what you were watching. So me and all my friends would run home every day and watch "Jeopardy."
Eu adorava "game shows", era fascinado por esses jogos. Recordo que chorei no meu primeiro dia de jardim de infância, lá em 1979, porque de repente eu lembrei que, além de não querer ir para a escola eu também ia perder o "Hollywood Squares" e o "Family Feud". Ia perder os meus shows. E mais tarde, em meados da década de 80, quando o "Jeopardy" voltou ao ar, lembro-me de correr para casa depois da escola todos os dias para assistir ao show. Era meu show favorito, mesmo antes que ele pagasse minha casa. E vivíamos no exterior, vivíamos na Coreia do Sul, onde meu pai estava trabalhando, e havia apenas um canal de TV em língua inglesa. Era TV Forças Armadas, e se você não falasse coreano, isso era ao que você estaria assistindo. Então eu e meus amigos corríamos para casa todo dia e víamos o "Jeopardy."
I was always that kind of obsessed trivia kid. I remember being able to play Trivial Pursuit against my parents back in the '80s and holding my own, back when that was a fad. There's a weird sense of mastery you get when you know some bit of boomer trivia that Mom and Dad don't know. You know some Beatles factoid that Dad didn't know. And you think, ah hah, knowledge really is power -- the right fact deployed at exactly the right place.
Sempre fui esse tipo de criança obcecada por trívia. Lembro-me que eu dava conta de jogar o "Trivial Pursuit" com meus pais, lá pelos anos 80, quando isso era moda, e conseguia segurar o tranco. Dá uma sensação estranha de domínio quando você sabe uma coisinha qualquer da trívia que seu pai e sua mãe não sabem. Você sabe alguma curiosidade dos Beatles que seu pai não sabia. E você pensa, ah há, conhecimento realmente é poder -- o fato certo apresentado exatamente no lugar certo.
I never had a guidance counselor who thought this was a legitimate career path, that thought you could major in trivia or be a professional ex-game show contestant. And so I sold out way too young. I didn't try to figure out what one does with that. I studied computers because I heard that was the thing, and I became a computer programmer -- not an especially good one, not an especially happy one at the time when I was first on "Jeopardy" in 2004. But that's what I was doing.
Nunca tive um orientador educacional que pensasse que esse era um caminho para uma carreira de verdade, que pensasse que você poderia se formar em trívia ou ser um competidor profissional em 'game shows'. E assim, meio que me esgotei muito jovem. Não tentei descobrir o que alguém faz com isso. Estudei computação porque ouvia que isso era a coisa do momento, e me tornei um programador de computadores -- não um programador especialmente bom, nem especialmente feliz na época em que estive pela primeira vez no "Jeopardy", em 2004. Mas era o que eu estava fazendo.
And it made it doubly ironic -- my computer background -- a few years later, I think 2009 or so, when I got another phone call from "Jeopardy" saying, "It's early days yet, but IBM tells us they want to build a supercomputer to beat you at 'Jeopardy.' Are you up for this?" This was the first I'd heard of it. And of course I said yes, for several reasons. One, because playing "Jeopardy" is a great time. It's fun. It's the most fun you can have with your pants on. (Laughter) And I would do it for nothing. I don't think they know that, luckily, but I would go back and play for Arby's coupons. I just love "Jeopardy," and I always have. And second of all, because I'm a nerdy guy and this seemed like the future. People playing computers on game shows was the kind of thing I always imagined would happen in the future, and now I could be on the stage with it. I was not going to say no.
E isso tornou-se duplamente irônico -- meu histórico com computadores -- alguns anos depois, acho que mais ou menos em 2009, quando atendi um telefonema do "Jeopardy" dizendo: "É cedo ainda para afirmar, mas a IBM nos disse que quer construir um supercomputador para ganhar de você no 'Jeopardy'. Está a fim?" Essa foi a primeira vez que ouvi isso. E, claro, eu disse sim, por várias razões. Primeiro, porque jogar "Jeopardy" é ótimo. É divertido. É a coisa mais divertida que se pode fazer quando você está usando calças. (Risadas) E eu faria isso de graça. Não creio que eles saibam disso, ainda bem, mas eu voltaria e jogaria por cupons da Arby. Simplesmente amo o "Jeopardy", sempre amei. Em segundo lugar, porque sou um cara meio nerd e isso parecia o futuro. Pessoas competindo com computadores em shows de TV era o tipo de coisa que sempre imaginei que aconteceria no futuro, e agora eu poderia estar no palco com isso. Eu não iria dizer não.
The third reason I said yes is because I was pretty confident that I was going to win. I had taken some artificial intelligence classes. I knew there were no computers that could do what you need to do to win on "Jeopardy." People don't realize how tough it is to write that kind of program that can read a "Jeopardy" clue in a natural language like English and understand all the double meanings, the puns, the red herrings, unpack the meaning of the clue. The kind of thing that a three- or four-year-old human, little kid could do, very hard for a computer. And I thought, well this is going to be child's play. Yes, I will come destroy the computer and defend my species. (Laughter)
A terceira razão por que eu disse sim é porque eu estava muito confiante em que eu ia vencer. Eu tinha tido algumas aulas de inteligência artificial. Eu sabia que não exitiam computadores que pudessem fazer o que é preciso para vencer no "Jeopardy". As pessoas não imaginam quão difícil é escrever o tipo de programa de computador que possa ler uma pista do "Jeopardy" em uma língua natural como o inglês e entender todos os duplos significados, os jogos de palavras, as pistas falsas, descobrir o significado de uma pista. O tipo de coisa que uma criança de três ou quatro anos conseguiria fazer, é muito difícil para um computador. E pensei: bem, isso vai ser moleza. Sim, vou lá destruir o computador e defender minha espécie. (Risadas)
But as the years went on, as IBM started throwing money and manpower and processor speed at this, I started to get occasional updates from them, and I started to get a little more worried. I remember a journal article about this new question answering software that had a graph. It was a scatter chart showing performance on "Jeopardy," tens of thousands of dots representing "Jeopardy" champions up at the top with their performance plotted on number of -- I was going to say questions answered, but answers questioned, I guess, clues responded to -- versus the accuracy of those answers. So there's a certain performance level that the computer would need to get to. And at first, it was very low. There was no software that could compete at this kind of arena. But then you see the line start to go up. And it's getting very close to what they call the winner's cloud. And I noticed in the upper right of the scatter chart some darker dots, some black dots, that were a different color. And thought, what are these? "The black dots in the upper right represent 74-time 'Jeopardy' champion Ken Jennings." And I saw this line coming for me. And I realized, this is it. This is what it looks like when the future comes for you. (Laughter) It's not the Terminator's gun sight; it's a little line coming closer and closer to the thing you can do, the only thing that makes you special, the thing you're best at.
Mas, à medida que os anos passaram, à medida que a IBM começou a colocar dinheiro, mão-de-obra e velocidade nisso, comecei a receber eventuais atualizações por parte deles e comecei a ficar um pouco mais preocupado. Lembro-me de um artigo de um periódico sobre um novo software que respondia perguntas e tinha um gráfico. Era um gráfico de dispersão mostrando o desempenho no "Jeopardy", dezenas de milhares de pontos representando os campeões do "Jeopardy" no topo com seus desempenhos traçados em números de -- eu ia dizer "perguntas respondidas", mas é "respostas questionadas", eu acho, "pistas respondidas" -- em relação à precisão dessas respostas. Portanto, há um certo nível de desempenho a que o computador precisaria chegar. E, no ínício, era muito baixo. Não havia software que pudesse competir nesse tipo de arena. Mas então, você vê que a linha começa a subir. E vai chegando muito perto do que eles chamam de "nuvem do vencedor". E notei, no canto superior direito do gráfico, alguns pontos mais escuros, alguns pontos negros, que eram de uma cor diferente. E eu pensei: o que é isso? "Os pontos pretos no canto superior representam o Ken Jennings, 74 vezes campeão do "Jeopardy". E vi aquela linha vindo em minha direção. E percebi, é isso aí. É assim que acontece quando o futuro vem na sua direção. (Risadas) Não é a mira do "Exterminador do Futuro"; é uma linha tênue chegando cada vez mais perto daquilo que você pode fazer, a única coisa que torna você especial, a coisa em que você é melhor.
And when the game eventually happened about a year later, it was very different than the "Jeopardy" games I'd been used to. We were not playing in L.A. on the regular "Jeopardy" set. Watson does not travel. Watson's actually huge. It's thousands of processors, a terabyte of memory, trillions of bytes of memory. We got to walk through his climate-controlled server room. The only other "Jeopardy" contestant to this day I've ever been inside. And so Watson does not travel. You must come to it; you must make the pilgrimage.
E quando o jogo finalmente aconteceu, mais ou menos um ano depois, foi muito diferente dos jogos do "Jeopardy" a que eu estava acostumado. Não estávamos jogando em Los Angeles, no cenário normal do "Jeopardy". O Watson (computador) não viaja. Na verdade, ele é enorme. São milhares de processadores, um terabyte de memória, trilhões de bytes de memória. Tivemos que caminhar pela sala climatizada do servidor. Até agora, é meu único competidor do "Jeopardy" no qual eu tive de entrar. Então, o Watson não viaja. Você tem de ir até ele, você tem de fazer a peregrinação.
So me and the other human player wound up at this secret IBM research lab in the middle of these snowy woods in Westchester County to play the computer. And we realized right away that the computer had a big home court advantage. There was a big Watson logo in the middle of the stage. Like you're going to play the Chicago Bulls, and there's the thing in the middle of their court. And the crowd was full of IBM V.P.s and programmers cheering on their little darling, having poured millions of dollars into this hoping against hope that the humans screw up, and holding up "Go Watson" signs and just applauding like pageant moms every time their little darling got one right. I think guys had "W-A-T-S-O-N" written on their bellies in grease paint. If you can imagine computer programmers with the letters "W-A-T-S-O-N" written on their gut, it's an unpleasant sight.
Assim, eu e o outro jogador humano acabamos nesse laboratório secreto de pesquisa da IBM, no meio de uma floresta cheia de neve, em Westchester County, para jogar com o computador. E percebemos imediatamente que o computador tinha a grande vantagem de jogar em casa. Havia um grande logotipo de Watson no meio do palco. Como quando joga o Chicago Bulls, e há um emblema no meio da quadra deles. E a plateia estava cheia de executivos da IBM e programadores animando seu queridinho, tendo despejado milhões de dólares nisso, esperando que os humanos se estrepassem, segurando placas com "Vai Watson", e aplaudindo como mãe em concurso de miss toda vez que o queridinho acertava uma. Acho que os caras tinham "W-A-T-S-O-N" escrito com tinta a óleo em suas entranhas. Se conseguem imaginar programadores de computador com as letras "W-A-T-S-O-N" escritas nas tripas, é uma visão desagradável.
But they were right. They were exactly right. I don't want to spoil it, if you still have this sitting on your DVR, but Watson won handily. And I remember standing there behind the podium as I could hear that little insectoid thumb clicking. It had a robot thumb that was clicking on the buzzer. And you could hear that little tick, tick, tick, tick. And I remember thinking, this is it. I felt obsolete. I felt like a Detroit factory worker of the '80s seeing a robot that could now do his job on the assembly line. I felt like quiz show contestant was now the first job that had become obsolete under this new regime of thinking computers. And it hasn't been the last.
Mas eles estavam certos. Eles estavam perfeitamente certos. Não quero estragar as surpresas, se ainda têm isso em vídeo, mas Watson venceu com folga. E lembro-me de estar lá atrás do pódio, enquanto ouvia aquele dedão insectoide clicando. Ele tinha um dedão de robô que ia clicando na campainha. E podia ouvir aquele tique, tique, tique, tique. E lembro que pensei: é isso. Eu me senti obsoleto. Eu me senti como um trabalhador de fábrica na Detroit dos anos 80, vendo um robô que podia fazer seu trabalho na linha de montagem. Senti como se o competidor de shows fosse agora o primeiro trabalho que havia se tornado obsoleto, sob esse novo regime de computadores pensantes. E não foi o último.
If you watch the news, you'll see occasionally -- and I see this all the time -- that pharmacists now, there's a machine that can fill prescriptions automatically without actually needing a human pharmacist. And a lot of law firms are getting rid of paralegals because there's software that can sum up case laws and legal briefs and decisions. You don't need human assistants for that anymore. I read the other day about a program where you feed it a box score from a baseball or football game and it spits out a news article as if a human had watched the game and was commenting on it. And obviously these new technologies can't do as clever or creative a job as the humans they're replacing, but they're faster, and crucially, they're much, much cheaper. So it makes me wonder what the economic effects of this might be. I've read economists saying that, as a result of these new technologies, we'll enter a new golden age of leisure when we'll all have time for the things we really love because all these onerous tasks will be taken over by Watson and his digital brethren. I've heard other people say quite the opposite, that this is yet another tier of the middle class that's having the thing they can do taken away from them by a new technology and that this is actually something ominous, something that we should worry about.
Se vocês assistirem às notícias, vocês verão eventualmente -- eu vejo isso o tempo todo -- que farmacêuticos agora, há uma máquina que pode preparar as prescrições automaticamente, sem necessidade de um farmacêutico humano. E muitas firmas de advocacia estão se livrando de auxiliares, porque há software que pode resumir jurisprudência, sumários e sentenças. Você não precisa mais de assistentes humanos para isso. Outro dia li sobre um programa em que você determina os pontos feitos em um jogo de futebol ou beisebol e ele cospe um artigo para o jornal como se um humano tivesse assistido ao jogo e fizesse os comentários. Obviamente, essas novas tecnologias não podem fazer um trabalho tão inteligente ou criativo como os humanos que eles estão substituindo, mas são mais rápidos e, um ponto crucial, eles são muito, muito mais baratos. Então, isso me faz pensar quais seriam os efeitos econômicos disso. Li sobre economistas dizendo que, como consequência dessas novas tecnologias, entraremos em uma nova era de ouro do lazer, em que todos teremos tempo para as coisas que realmente amamos, porque todas essas tarefas pesadas serão assumidas pelo Watson e seus irmãos digitais. Ouvi outras pessoas dizerem bem o oposto, que isso representa uma outra camada da classe média da qual uma nova tecnologia tomará as atividades em que ela é competente e que isso é, na verdade, algo sinistro, algo com que deveríamos nos preocupar.
I'm not an economist myself. All I know is how it felt to be the guy put out of work. And it was friggin' demoralizing. It was terrible. Here's the one thing that I was ever good at, and all it took was IBM pouring tens of millions of dollars and its smartest people and thousands of processors working in parallel and they could do the same thing. They could do it a little bit faster and a little better on national TV, and "I'm sorry, Ken. We don't need you anymore." And it made me think, what does this mean, if we're going to be able to start outsourcing, not just lower unimportant brain functions. I'm sure many of you remember a distant time when we had to know phone numbers, when we knew our friends' phone numbers. And suddenly there was a machine that did that, and now we don't need to remember that anymore. I have read that there's now actually evidence that the hippocampus, the part of our brain that handles spacial relationships, physically shrinks and atrophies in people who use tools like GPS, because we're not exercising our sense of direction anymore. We're just obeying a little talking voice on our dashboard. And as a result, a part of our brain that's supposed to do that kind of stuff gets smaller and dumber. And it made me think, what happens when computers are now better at knowing and remembering stuff than we are? Is all of our brain going to start to shrink and atrophy like that? Are we as a culture going to start to value knowledge less? As somebody who has always believed in the importance of the stuff that we know, this was a terrifying idea to me.
Não sou um economista. Tudo que eu sei é como foi o sentimento de ser o cara que perdeu o emprego. E foi completamente desmoralizante. Foi terrível. Ali estava a única coisa em que eu era bom, e foi necessário somente que a IBM despejasse dezenas de milhões de dólares, usar suas melhores cabeças e milhares de processadores trabalhando paralelamente e eles conseguiram fazer a mesma coisa. Eles podiam fazer isso um pouquinho mais rápido e um pouco melhor na TV nacional, e "Sinto muito, Ken. Não precisamos mais de você." E isso me fez pensar, o que isso significa, se pudermos começar a terceirizar, não apenas funções cerebrais de menor importância. Tenho certeza de que muitos de vocês se lembram de um tempo distante em que tínhamos de saber os números telefônicos, sabíamos os números telefônicos dos amigos. E, de repente, veio uma máquina que fazia isso, e agora não precisamos mais nos lembrar disso. Li que agora há evidência real de que o hipocampo, a parte de nosso cérebro que controla relações espaciais, se encolhe e atrofia em pessoas que usam ferramentas como o GPS, porque não estamos mais exercitando nosso sentido de direção. Estamos apenas obedecendo a uma vozinha em nosso painel. E, como consequência, uma parte de nosso cérebro que deveria fazer esse tipo de coisa fica menor e mais idiota. E isso me fez pensar, o que acontece quando computadores são melhores que nós para saber e lembrar coisas? Será que todo nosso cérebro vai começar a encolher e atrofiar? Como cultura, vamos começar a valorizar menos o conhecimento? Sendo eu uma pessoa que sempre acreditou na importância das coisas que sabemos, para mim essa foi uma ideia aterradora.
The more I thought about it, I realized, no, it's still important. The things we know are still important. I came to believe there were two advantages that those of us who have these things in our head have over somebody who says, "Oh, yeah. I can Google that. Hold on a second." There's an advantage of volume, and there's an advantage of time.
Quanto mais pensava sobre isso, percebia, não, ainda é importante. As coisas que sabemos ainda são importantes. Acredito que há duas vantagens que aqueles que guardam essas coisas na cabeça têm sobre alguém que diz: "Oh, sim, posso ver isso no Google. Espere um segundo." Há uma vantagem de volume e há uma vantagem de tempo.
The advantage of volume, first, just has to do with the complexity of the world nowadays. There's so much information out there. Being a Renaissance man or woman, that's something that was only possible in the Renaissance. Now it's really not possible to be reasonably educated on every field of human endeavor. There's just too much. They say that the scope of human information is now doubling every 18 months or so, the sum total of human information. That means between now and late 2014, we will generate as much information, in terms of gigabytes, as all of humanity has in all the previous millenia put together. It's doubling every 18 months now. This is terrifying because a lot of the big decisions we make require the mastery of lots of different kinds of facts. A decision like where do I go to school? What should I major in? Who do I vote for? Do I take this job or that one? These are the decisions that require correct judgments about many different kinds of facts. If we have those facts at our mental fingertips, we're going to be able to make informed decisions. If, on the other hand, we need to look them all up, we may be in trouble. According to a National Geographic survey I just saw, somewhere along the lines of 80 percent of the people who vote in a U.S. presidential election about issues like foreign policy cannot find Iraq or Afghanistan on a map. If you can't do that first step, are you really going to look up the other thousand facts you're going to need to know to master your knowledge of U.S. foreign policy? Quite probably not. At some point you're just going to be like, "You know what? There's too much to know. Screw it." And you'll make a less informed decision.
Primeiro, a vantagem do volume tem a ver com a complexidade do mundo atualmente. Há muita informação por aí. Ser um homem ou uma mulher na Renascença, é algo que só foi possível na Renascença. Agora não é possível ser razoavelmente instruído em todos os campos da atividade humana. Existe informação demais. Dizem que a extensão do conhecimento humano agora está dobrando a cada 18 meses mais ou menos, a soma total do conhecimento humano. Isso significa que, de agora até o fim de 2014, geraremos tanto conhecimento, em termos de gigabytes, quanto toda a humanidade o fez em todo o milênio anterior. Está dobrando a cada 18 meses agora. Isto é aterrorizante porque muito das decisões que tomamos exigem o domínio de muitos tipos de fatos diferentes. Uma decisão como: para qual escola vou? Em que eu deveria me formar? Para quem voto? Pego este ou aquele emprego? Essas são as decisões que exigem julgamento correto sobre muitos tipos diferentes de fatos. Se temos esses fatos disponíveis em nossa mente, vamos ser capazes de tomar decisões embasadas. Se, de outro lado, precisamos pesquisá-las, podemos ter problemas. De acordo com uma pesquisa da National Geographic que acabei de ver, algo por volta de 80 por cento das pessoas que votam na eleição presidencial dos Estados Unidos, sobre assuntos como política externa, não conseguem encontrar o Iraque ou o Afeganistão no mapa. Se você não consegue dar esse primeiro passo, você vai, realmente, pesquisar os outros milhares de fatos de que vai precisar para ter conhecimento da política externa dos Estados Unidos? Muito provavelmente não. Em certo momento você vai simplesmente dizer: "Quer saber? Tem coisa demais para saber. Dane-se" E você vai tomar uma decisão menos embasada.
The other issue is the advantage of time that you have if you have all these things at your fingertips. I always think of the story of a little girl named Tilly Smith. She was a 10-year-old girl from Surrey, England on vacation with her parents a few years ago in Phuket, Thailand. She runs up to them on the beach one morning and says, "Mom, Dad, we've got to get off the beach." And they say, "What do you mean? We just got here." And she said, "In Mr. Kearney's geography class last month, he told us that when the tide goes out abruptly out to sea and you see the waves churning way out there, that's the sign of a tsunami, and you need to clear the beach." What would you do if your 10-year-old daughter came up to you with this? Her parents thought about it, and they finally, to their credit, decided to believe her. They told the lifeguard, they went back to the hotel, and the lifeguard cleared over 100 people off the beach, luckily, because that was the day of the Boxing Day tsunami, the day after Christmas, 2004, that killed thousands of people in Southeast Asia and around the Indian Ocean. But not on that beach, not on Mai Khao Beach, because this little girl had remembered one fact from her geography teacher a month before.
A outra questão é a vantagem de tempo que você tem se você tem todas essas coisas nas pontas dos dedos. Sempre penso na história de uma garotinha chamada Tilly Smith. Ela era uma menina de 10 anos, de Surrey, Inglaterra, em férias com os pais, alguns anos atrás, em Phuket, Tailândia. Uma manhã, ela correu até eles na praia e disse: "Mãe, pai, temos que sair da praia." Eles disseram: "O que é isso? Acabamos de chegar aqui." Ela continua: "Na aula de geografia do Sr. Kearney, no mês passado, ele nos disse que quando a maré desaparece abruptamente para o mar e você vê as ondas se agitando lá longe, isso é sinal de um tsunami e você precisa sair da praia." O que você faria se sua filha de 10 anos aparecesse dizendo isso? Os pais dela refletiram e, para benefício deles, decidiram acreditar nela. Informaram o salva-vidas, voltaram ao hotel, e o salva-vidas retirou mais de 100 pessoas da praia, por sorte, porque aquele foi o dia do tsunami Boxing Day, um dia depois do Natal de 2004, que matou milhares de pessoas no sudeste da Ásia e no Oceano Índico. Mas não naquela praia, não na praia Mai Khao, porque essa garotinha tinha lembrado um fato que seu professor de geografia comentara, um mês antes.
Now when facts come in handy like that -- I love that story because it shows you the power of one fact, one remembered fact in exactly the right place at the right time -- normally something that's easier to see on game shows than in real life. But in this case it happened in real life. And it happens in real life all the time. It's not always a tsunami, often it's a social situation. It's a meeting or job interview or first date or some relationship that gets lubricated because two people realize they share some common piece of knowledge. You say where you're from, and I say, "Oh, yeah." Or your alma mater or your job, and I know just a little something about it, enough to get the ball rolling. People love that shared connection that gets created when somebody knows something about you. It's like they took the time to get to know you before you even met. That's often the advantage of time. And it's not effective if you say, "Well, hold on. You're from Fargo, North Dakota. Let me see what comes up. Oh, yeah. Roger Maris was from Fargo." That doesn't work. That's just annoying. (Laughter)
Bem, quando fatos tornam-se úteis como esse -- adoro essa história porque ela mostra o poder de um fato, um fato relembrado exatamente no lugar certo, na hora certa -- algo que normalmente é mais fácil de se ver em shows do que na vida real. Mas, neste caso aconteceu na vida real. E acontece na vida real todo o tempo. Nem sempre é um tsunami, muitas vezes é uma situação social. É uma reunião, ou uma entrevista de emprego, ou um primeiro encontro ou um relacionamento que se consolida porque duas pessoas percebem que compartilham uma parte do conhecimento. Você diz de onde é, e eu digo: "Ah, sim." Ou a universidade que cursou ou seu trabalho e sei apenas um pouquinho sobre isso, o bastante para manter a comunicação. As pessoas amam essa conexão compartilhada que se cria quando alguém sabe algo sobre você. É como se tivessem tempo para conhecer você antes mesmo de vocês se encontrarem. Muitas vezes, essa é a vantagem do tempo. E não é eficaz se você diz: "Bem, espere. Você é de Fargo, Dakota do Norte. Deixe-me ver o que aparece. Ah, sim. Roger Maris era de Fargo." Isso não funciona. Isso é só irritante. (Risadas)
The great 18th-century British theologian and thinker, friend of Dr. Johnson, Samuel Parr once said, "It's always better to know a thing than not to know it." And if I have lived my life by any kind of creed, it's probably that. I have always believed that the things we know -- that knowledge is an absolute good, that the things we have learned and carry with us in our heads are what make us who we are, as individuals and as a species. I don't know if I want to live in a world where knowledge is obsolete. I don't want to live in a world where cultural literacy has been replaced by these little bubbles of specialty, so that none of us know about the common associations that used to bind our civilization together. I don't want to be the last trivia know-it-all sitting on a mountain somewhere, reciting to himself the state capitals and the names of "Simpsons" episodes and the lyrics of Abba songs. I feel like our civilization works when this is a vast cultural heritage that we all share and that we know without having to outsource it to our devices, to our search engines and our smartphones.
O grande pensador e teólogo do século XVIII, amigo do Dr. Johnson, Samuel Parr, disse uma vez: "É sempre melhor saber uma coisa do que não sabê-la." E se eu vivi minha vida na base de uma crença, provavelmente é essa. Sempre acreditei que as coisas que sabemos -- esse conhecimento é absolutamente bom, que as coisas que aprendemos e levamos conosco em nossas mentes são as que fazem de nós quem somos, como indivíduos e como espécie. Não sei se quero viver em um mundo em que o conhecimento é obsoleto. Não quero viver em um mundo no qual o conhecimento cultural foi substituído por essas pequenas bolhas de especialidade, em que nenhum de nós conhece as associações comuns que costumavam vincular nossa civilização. Não quero ser o último sabe-tudo sentado em uma montanha qualquer, recitando para si mesmo as capitais dos estados, os nomes dos episódios dos "Simpsons" e as letras das músicas do Abba. Sinto que nossa civilização funciona quando isto é uma vasta herança cultural que todos compartilhamos e que conhecemos sem ter que terceirizá-la para nossos dispositivos, para nossos motores de busca e nossos "smartphones'.
In the movies, when computers like Watson start to think, things don't always end well. Those movies are never about beautiful utopias. It's always a terminator or a matrix or an astronaut getting sucked out an airlock in "2001." Things always go terribly wrong. And I feel like we're sort of at the point now where we need to make that choice of what kind of future we want to be living in. This is a question of leadership, because it becomes a question of who leads the future. On the one hand, we can choose between a new golden age where information is more universally available than it's ever been in human history, where we all have the answers to our questions at our fingertips. And on the other hand, we have the potential to be living in some gloomy dystopia where the machines have taken over and we've all decided it's not important what we know anymore, that knowledge isn't valuable because it's all out there in the cloud, and why would we ever bother learning anything new.
Nos filmes, quando computadores como Watson começam a pensar, as coisas não acabam bem. Esses filmes nunca são sobre lindas utopias. É sempre um exterminador, um matrix ou um astronauta sendo sugado de uma câmara, em "2001". As coisas acabam terrivelmente mal. E sinto como se estivéssemos meio que nesse ponto agora em que precisamos fazer essa escolha de em que tipo de futuro queremos viver. Essa é uma questão de liderança, porque se torna uma questão de quem lidera no futuro. De um lado, podemos escolher entre uma nova era de ouro na qual a informação está disponível mais universalmente do que já esteve alguma vez na história humana, na qual temos as respostas a nossas perguntas na ponta dos dedos. E, de outro lado, temos o potencial de estar vivendo em alguma distopia sombria na qual as máquinas comandam e todos decidimos que aquilo que sabemos não mais é importante, que o conhecimento não é valioso porque está todo lá, na nuvem, e por que nos incomodaríamos em aprender qualquer coisa nova?
Those are the two choices we have. I know which future I would rather be living in. And we can all make that choice. We make that choice by being curious, inquisitive people who like to learn, who don't just say, "Well, as soon as the bell has rung and the class is over, I don't have to learn anymore," or "Thank goodness I have my diploma. I'm done learning for a lifetime. I don't have to learn new things anymore." No, every day we should be striving to learn something new. We should have this unquenchable curiosity for the world around us. That's where the people you see on "Jeopardy" come from. These know-it-alls, they're not Rainman-style savants sitting at home memorizing the phone book. I've met a lot of them. For the most part, they are just normal folks who are universally interested in the world around them, curious about everything, thirsty for this knowledge about whatever subject.
Essas são as duas escolhas que temos. Eu sei em qual futuro eu preferiria viver. E todos podemos fazer essa escolha. Fazemos essa escolha sendo curiosos, pessoas inquisitivas que gostam de aprender, que não dizem apenas: "Bem, assim que a campainha soar e a aula acabar, não tenho mais que aprender". ou "Graças a Deus, tenho meu diploma. Minha fase de aprendizado acabou. Não tenho mais que aprender coisas novas." Não, todo dia deveríamos lutar para aprender algo novo. Deveríamos ter essa curiosidade insaciável para o mundo ao nosso redor. É daí que vêm as pessoas que você vê no "Jeopardy". Esses sabichões, eles não são criados no estilo "Rainman", sentados em casa decorando a lista telefônica. Conheci muitos deles. Na grande maioria, são apenas pessoas normais que estão universalmente interessadas no mundo ao seu redor, curiosos sobre qualquer coisa com sede de conhecimento sobre qualquer assunto.
We can live in one of these two worlds. We can live in a world where our brains, the things that we know, continue to be the thing that makes us special, or a world in which we've outsourced all of that to evil supercomputers from the future like Watson. Ladies and gentlemen, the choice is yours.
Podemos viver em um desses dois mundos. Podemos viver em um mundo em que nossos cérebros, as coisas que conhecemos, continuem a ser a coisa que nos torna especiais, ou em um mundo no qual terceirizamos tudo isso para computadores miseráveis como Watson. Senhoras e senhores, a escolha é sua.
Thank you very much.
Muito obrigado.