I've been studying work since the 1980s, and I've never seen anything like what's happening today. Pandemic-fueled anxiety is surging around the world. In the US, more than half of all employees report feeling stressed a lot of the day. Job quits are at record levels, running at four million a month. People are burning out.
Tenho estudado o trabalho desde os anos 80, e nunca vi nada como o que está a acontecer hoje. A ansiedade alimentada pela pandemia está a aparecer em todo o mundo. Nos EUA, mais de metade dos empregados relatam que se sentem cheios de <i>stress</i> durante o dia, O abandono de empregos atingiu recordes, atingindo os quatro milhões por mês. As pessoas estão a ter esgotamentos.
In response, a growing number of companies are offering a four-day, 32-hour week, but with five days of pay. Now, it's not a new idea, but the pandemic has turbocharged it. Employers are realizing that if they can rethink where people work, they can also rethink how many days they're on the job.
Em resposta, um número crescente de empresas estão a oferecer uma semana de quatro dias, ou seja, 32 horas, embora paguem cinco dias. Esta ideia não é nova, mas a pandemia deu-lhe uma velocidade acelerada. Os empregadores estão a perceber que, se podem repensar o local onde as pessoas trabalham, também podem repensar quantos dias estão a trabalhar.
Sounds pretty great, but is it realistic? Well, actually, yes. Unlike policies in which one party profits at the expense of another, the four-day week can benefit workers, companies and society, and it can even be a gateway for addressing climate change.
Parece ótimo, mas será realista? Na verdade, é. Ao contrário das políticas em que uma das partes ganha à custa da outra, a semana de quatro dias pode beneficiar trabalhadores, empresas e a sociedade e até pode ser uma porta de entrada para resolver a alteração climática.
But first, let's talk about the workplace. For nearly a decade, companies and governments have been experimenting with shorter hours with no cuts in pay. While the results do vary, the research shows that people are less stressed, value their jobs more and have better lives outside of work. In most cases, they are as productive in four days as they are in five. Companies can also see benefits through lower turnover and a higher-quality applicant pool. Less burnout reduces health care costs, mistakes and poor service. With colleagues, I'm studying four-day week trials now in progress in the United States and Ireland, with summer start dates for the UK, New Zealand and Australia. We have thousands of employees participating.
Mas primeiro falemos do local de trabalho. Durante quase 10 anos, as empresas e os governos têm vindo a experimentar reduzir o número de horas sem cortes nos salários. Embora os resultados sejam variados, a investigação mostra que as pessoas sentem menos <i>stress</i>, dão mais valor ao seu trabalho e têm uma vida melhor fora do trabalho. Na maioria dos casos, são tão produtivos em quatro dias como são em cinco. As empresas também podem encontrar benefícios com uma menor rotação de pessoal e um grupo de mais alta qualidade. Menos esgotamentos reduzem os custos da assistência à saúde, os erros e trabalho inferior. Com colegas meus, estamos a estudar experiências de semana de quatro dias nos EUA e na Irlanda, com datas marcadas para começar no verão, no Reino Unido, na Nova Zelândia e na Austrália. Temos milhares de empregados a participarem.
Healthwise, an education company, didn't wait for our trial to begin.
A Healthwise, uma empresa de formação,
In June, their employees were quitting in droves. By August, they'd implemented a four-day week. Six months later, CEO Adam Husney reports that people are dramatically happier and have never been more productive. Resignations and sick days are down, revenue has grown and customer satisfaction scores are outstanding. Healthwise employees are spending their Fridays off doing family activities like sports or errands. One mother of young children reported that now she can occasionally manage a guilt-free pedicure. The four-day week can help with self-care and managing the daily stresses of systemic racism, sexism and classism.
não esperou pelo começo da nossa experiência. Em junho, os empregados estavam a despedir-se aos montes. Em agosto, implementaram a semana de quatro dias. Seis meses depois, o CEO Adam Husney relata que as pessoas estão muito mais felizes e nunca foram tão produtivas. As demissões e as baixas por doença diminuíram, as receitas aumentaram e a satisfação dos clientes atingiu números recorde. Os empregados da Healthwise passam as sextas-feiras em atividades com a família, como desportos ou compras. Uma mãe de filhos pequenos relatou que agora consegue ir à pedicura, sem sentimentos de culpa. A semana de quatro dias pode ajudar nos cuidados pessoais na gestão do <i>stress </i>diário do racismo sistémico, do sexismo e do classicismo.
Now a key part of the model is that in return for the gift of a day off, people are willing to squeeze all their productivity into four days. So while they may be spending less time at work, they're not necessarily doing less work. The secret sauce is work reorganization, cutting out the least productive activities. Meetings are a prime target. Yes, I see everyone nodding. Most companies reduce their frequency and length and the number of attendees. At Healthwise, people save time by messaging colleagues rather than making phone calls, which inevitably includes some social chatting. They shifted personal tasks, like doctor's appointments, to the off-day. And yes, the pace of work at the office does go up. "Let's be honest," one explained, "I'm not goofing off or looking at Facebook, which I was." But people have adapted and they prefer getting their downtime as a whole day off rather than in snippets.
Uma parte importante deste modelo é que, em troca deste dia livre, as pessoas estão dispostas a aumentar a sua produtividade nos quatro dias. Assim, embora possam passar menos tempo a trabalhar, não estão necessariamente a realizar menos trabalho. O segredo é a reorganização do trabalho, eliminando as atividades menos produtivas. As reuniões são um alvo principal. Estou a ver toda a gente a concordar. A maioria das empresas reduzem a frequência e a duração das reuniões e o número de pessoas que as frequentam. Na Healthwise, as pessoas poupam tempo enviando mensagens aos colegas, em vez de telefonemas, o que inevitavelmente inclui alguma conversa social. Marcam tarefas pessoais, como consultas médicas no dia livre. E o ritmo de trabalho na empresa aumenta. “Sejamos sinceros”, explicou um, “Deixei de espreitar no Facebook, como costumava fazer.” Mas as pessoas adaptaram-se e preferem ter um dia inteiro livre do que aos bocadinhos.
Government initiatives have similar findings. In 2015, the city of Reykjavik and then the National Government of Iceland started offering 36 and 35-hour weeks, eventually enrolling more than 2,500 employees. The results have been remarkable. Physical and mental stress went down while work ethic, job satisfaction, work-life balance, energy levels, all improved. Productivity and service quality stayed the same or got better, and the trial was revenue-neutral. Today, roughly 85 percent of all Icelandic employees are either on or eligible for these schedules. The governments of Spain and Scotland have announced four-day week trials in which they'll be subsidizing the fifth day's pay.
As iniciativas do governo chega a conclusões semelhantes. Em 2015, a cidade de Reykjavik e depois o governo nacional da Islândia começaram a oferecer semanas de 36 e de 35 horas, acabando por contratar mais de 2500 empregados. Os resultados foram espetaculares. O <i>stress </i>físico e mental baixou enquanto a ética no trabalho, a satisfação no trabalho, o equilíbrio trabalho-vida, os níveis de energia, tudo melhorou. A produtividade e a qualidade do serviço mantiveram-se ou melhoraram. e a experiência foi considerada neutra em termos de receitas. Hoje, cerca de 85% de todos os empregados da Islândia gozam estes horários ou estão prestes a gozá-los. Os governos da Espanha e da Escócia anunciaram experiências da semana de quatro dias em que vão subsidiar o pagamento do quinto dia.
Now one reason for these successes is that with reduced work time, each hour typically becomes more productive. Norway and Denmark, the two European countries with the shortest average hours of work at about 1,380, have outsized productivity. France and Germany are similar. In contrast, the long-hours countries like the UK and Italy have much, much lower productivity. The US historically led the world in productivity and would likely do better now if its work time weren't so high. While tech firms comprise the biggest group adopting four-day reduced hours schedules, companies are also making the switch in banking, PR, marketing and design, nonprofits, consumer goods, even a restaurant chain.
Uma das razões para estes êxitos é que, com a redução do tempo de trabalho, cada hora torna-se mais produtiva. A Noruega e a Dinamarca os dois países da Europa com o menor número de horas de trabalho, em média, em cerca de 1380, aumentaram a produtividade. A França e a Alemanha igualmente. Em contraste, os países de muitas horas como o Reino Unido e a Itália têm uma produtividade muito, muito mais baixa. Os EUA, historicamente, são líderes mundiais de produtividade e provavelmente ainda seriam melhores hoje se o tempo de trabalho não fosse tão alto. Embora as firmas de tecnologia englobem o maior grupo que adotou a semana de quatro dias, as empresas também estão a mudar na banca, nas relações públicas, no <i>marketing </i>e no <i>design</i>, nas organizações sem fins lucrativos, bens de consumo e até uma cadeia de restaurantes.
But it's also true that doing 100 percent of the work in 80 percent of the time isn't feasible everywhere. Manufacturing was sped up decades ago. Many teachers and flight attendants need to slow down, not intensify. And of course, health care workers on the front lines of the pandemic need to work less, not more.
Mas também é verdade, que fazer 100% do trabalho em 80% do tempo não é possível em todo o lado. As manufaturas foram aceleradas já há décadas. Muitos professores e assistentes de bordo precisam de trabalhar com vagar, sem intensidade. E, claro, os trabalhadores da saúde na linha da frente duma pandemia precisam de trabalhar menos, em vez de mais.
(Applause)
(Aplausos)
Thank you, health care workers.
Obrigada aos trabalhadores da saúde.
Here, another government effort is instructive. In 2014, the city of Gothenburg in Sweden gave nurses at one of its facilities a six-hour day. As expected, the nurses' health and overall well-being improved, as did productivity and patient care. But in this trial, they hired new staff for the hours that weren't being covered. The striking finding was how much lower sick pay and unemployment benefits helped offset those additional salaries.
Aqui, é instrutivo outro esforço do governo. Em 2014, a cidade de Gotemburgo, na Suécia, deu aos enfermeiros o dia de seis horas, numa das suas instalações Como se esperava, a saúde dos enfermeiros e o seu bem-estar geral melhoraram, tal como a produtividade e a assistência aos doentes. Mas, nesta experiência, contrataram novo pessoal para as horas que não eram cobertas. O surpreendente foi descobrir que o menor pagamento de baixas por doença e subsídios de desemprego ajudaram a compensar esses salários adicionais.
Now the Swedish case raises a bigger, more existential question. How much time should we be dedicating to work? In many countries, jobs are getting more, not less demanding. And scarcity thinking, the idea that even rich countries need to tighten their belts, has taken hold. But really, we should be heading in the opposite direction as digitization and artificial intelligence offer the chance to reduce work time. Amid pandemic fatigue, we should be doubling down on restoring the quality of life and our social fabric, especially in wealthy countries where we already produce enough for everyone to have a good standard of living.
Este caso dos suecos levanta uma questão mais importante e mais existencial. Quanto tempo devíamos dedicar ao trabalho? Em muitos países, os empregos estão a ser mais exigentes, em vez de menos. E, se pensarmos na escassez, a ideia de que até os países ricos precisam de apertar o cinto, assentou raízes. Mas, na realidade, devíamos caminhar na direção oposta, à medida que a digitalização e a inteligência artificial oferecem a possibilidade de reduzir o tempo de trabalho. No meio da fadiga pandémica, devíamos duplicar os esforços para restaurar a qualidade de vida e o tecido social, especialmente nos países ricos onde já se produz o suficiente para todos terem um bom nível de vida.
And this path has the added benefit of addressing the climate crisis. "How so," you may ask. Well, with the four-day week, there's the obvious impact of less commuting. But if we use productivity growth to continue to reduce hours of work just by a couple of percent a year, we can create a longer-term dynamic of decarbonization. Research by me and others has shown this time and again across countries, across states, across households. One reason is that when people are time-stressed, they tend to choose faster and more polluting modes of travel and daily life activities. In contrast, when people get time rather than money, they tend to have a lower carbon footprint. But the bigger reason has to do with the size of the economy. By opting to work less, countries are choosing not to expand production to its max, thereby avoiding additional emissions. Carbon success stories like Germany and Denmark tend to have low annual hours. France and the Netherlands are also low on both carbon and work time. The four-day week is a down payment on a new way to live and work. And yes, we're going to need government help if we're going to move beyond the innovative companies that already see its virtues. But as the three-day weekend spreads, we can realize everyone deserves a right to free time. And that brings the logic of a universal basic income squarely into view. Because without financial support, low-earners can't afford to take that fifth day off.
Esta via tem o valor acrescentado de ajudar a resolver a crise climática. “Como assim?” podem perguntar. Com a semana dos quatro dias, há o impacto óbvio da redução dos transportes. Mas se usarmos o crescimento da produtividade para continuar a reduzir as horas de trabalho, apenas nalguns pontos percentuais por ano, podemos criar uma dinâmica de descarbonização a longo prazo. A minha investigação, e as de outros, têm mostrado isto vezes sem conta em diversos países, estados e famílias. Uma das razões é que, quando as pessoas vivem sob <i>stress</i>, têm tendência a escolher modos de viagem e atividades da vida diária mais rápidos e mais poluentes. Em contraste, quando as pessoas têm mais tempo do que dinheiro, têm tendência a ter uma pegada de carbono mais baixa. Mas a principal razão tem a ver com a dimensão da economia. Se optarem por trabalhar menos, os países estão a optar por não expandir a produção ao máximo, evitando assim emissões adicionais. As histórias de sucesso do carbono como a Alemanha e a Dinamarca têm tendência a ter menos horas de trabalho por ano. A França e os Países Baixos também têm taxas baixas em carbono e tempo de trabalho. A semana de quatro dias é um pagamento adiantado a uma nova forma de viver e trabalhar. E vamos precisar de ajuda do governo se queremos ultrapassar as empresas inovadoras que já viram as suas virtudes. Mas à medida que se espalha o fim de semana de três dias, podemos perceber que toda a gente merece o direito a tempo livre. Isso leva-nos à lógica de um rendimento base universal. Porque, sem apoio financeiro, os baixos salários não podem tirar o quinto dia.
There's a lot of talk these days about the future of work and the opportunities that it offers. But there's more at stake here than opportunity. We have an imperative. An imperative to face the challenges of our current moment. The pandemic, burnout and depression, inequalities of race and income, the climate crisis. A four-day week addresses each one of these.
Há muito debate hoje em dia sobre o futuro do trabalho e as oportunidades que oferece. Mas há mais coisas em jogo aqui do que a oportunidade. Temos um imperativo. Um imperativo para enfrentar os desafios do momento atual. A pandemia, o esgotamento e a depressão, as desigualdades de etnias e de rendimentos, a crise climática. Uma semana de quatro dias aborda cada uma destas áreas.
For now, we're starting company by company. But as momentum builds and it becomes universal, we'll have made the transition from scarcity thinking to appreciating the true wealth that we possess. Our ingenuity, our compassion and our humanity.
Por agora, estamos a começar empresa a empresa. Mas à medida que se cria um impulso que se vai tornando universal, teremos de fazer a transição da resolução quanto à escassez para apreciar a verdadeira riqueza que representa. A nossa criatividade, a nossa solidariedade e a nossa humanidade.
Thank you.
Obrigada.
(Applause)
(Aplausos)
Helen Walters: Juliet, thank you so much. I have a very practical question for you. So you mentioned in the talk that people were taking Friday off. Is the recommendation that people all take the same day off, or is this something that people can take, kind of, any day they want off? What's the ideal mechanism to have in place here?
Helen Walters: Juliet, muito obrigada. Tenho uma pergunta prática para si. Referiu na palestra que as pessoas estavam a aproveitar a sexta-feira. Há alguma recomendação para que as pessoas tirem todas o mesmo dia, ou isto é uma coisa que as pessoas podem escolher, o dia que querem? Qual é o mecanismo ideal para implementar?
JS: Every company does it the way that works for them. And that's one of the things in our trial. We do coaching, and we work with the companies before they start to figure out are they a company that can shut down for one day? Do they need to have 24/7, you know, customer service available? So really, it depends, and we're seeing every type.
JS: Cada empresa fá-lo-á como melhor funcionar para eles. É uma das coisas que consta na nossa experiência. Fazemos formação e trabalhamos com as empresas antes de começarem para perceber se são uma empresa que possa fechar durante um dia. Precisarão de ter disponíveis serviços a clientes permanentes? Por isso, tudo depende, estamos a ver diversos tipos.
HW: Juliet, thank you so much.
HW. Obrigada Juliet.
(Applause)
(Aplausos)