Living in Africa is to be on the edge, metaphorically, and quite literally when you think about connectivity before 2008. Though many human intellectual and technological leaps had happened in Europe and the rest of the world, but Africa was sort of cut off. And that changed, first with ships when we had the Renaissance, the Scientific Revolution and also the Industrial Revolution. And now we've got the digital revolution. These revolutions have not been evenly distributed across continents and nations. Never have been.
Viver em África é viver em sobressalto, metafórica e literalmente quando se pensa em ligação à rede antes de 2008. Embota tenham ocorrido muitos saltos intelectuais e tecnológicos na Europa e no resto do mundo, a África ficou de fora. Isso mudou, primeiro com os navios quando tivemos o Renascimento, a Revolução Científica e também a Revolução Industrial. E agora temos a Revolução Digital. Estas revoluções não foram igualmente distribuídas pelos continentes e nações. Nunca foram.
Now, this is a map of the undersea fiber optic cables that connect Africa to the rest of the world. What I find amazing is that Africa is transcending its geography problem. Africa is connecting to the rest of the world and within itself. The connectivity situation has improved greatly, but some barriers remain. It is with this context that Ushahidi came to be.
Este é um mapa dos cabos submarinos de fibra ótica que ligam a África ao resto do mundo. O que eu acho incrível é que a África está a transcender o seu problema geográfico. A África está a ligar-se ao resto do mundo e a ela mesma. O problema da ligação à rede melhorou imenso, mas permanecem algumas barreiras. Foi neste contexto que começou o Ushahidi.
In 2008, one of the problems that we faced was lack of information flow. There was a media blackout in 2008, when there was post-election violence in Kenya. It was a very tragic time. It was a very difficult time. So we came together and we created software called Ushahidi. And Ushahidi means "testimony" or "witness" in Swahili. I'm very lucky to work with two amazing collaborators. This is David and Erik. I call them brothers from another mother. Clearly I have a German mother somewhere. And we worked together first with building and growing Ushahidi. And the idea of the software was to gather information from SMS, email and web, and put a map so that you could see what was happening where, and you could visualize that data. And after that initial prototype, we set out to make free and open-source software so that others do not have to start from scratch like we did.
Em 2008, um dos problemas que enfrentamos foi a falta de fluxo de informação. Em 2008, houve um "apagão" dos meios de comunicação, quando houve violência pós-eleitoral no Quénia. Foi um momento muito trágico, um momento muito difícil. Então juntámo-nos e criámos um "software" chamado Ushahidi. Ushahidi significa "testemunho" ou "testemunha" em suaíli. Tenho muita sorte por trabalhar com dois colaboradores fantásticos. Estes são David e Erik. Eu chamo-lhes irmãos de outra mãe. Obviamente que eu tenho uma mãe alemã algures. Primeiro, trabalhámos juntos para construir e aumentar o Ushahidi. A ideia do "software" foi reunir informações de SMS, de "e-mails" e da "web", e fazer um mapa para podermos ver o que estava a acontecer e onde e podermos visualizar esses dados. Depois do protótipo inicial, começámos a fazer "software" livre e de código aberto para que outras pessoas não precisassem de começar do zero, como nós.
All the while, we also wanted to give back to the local tech community that helped us grow Ushahidi and supported us in those early days. And that's why we set up the iHub in Nairobi, an actual physical space where we could collaborate, and it is now part of an integral tech ecosystem in Kenya. We did that with the support of different organizations like the MacArthur Foundation and Omidyar Network.
Ao mesmo tempo, também queríamos dar um retorno à comunidade tecnológica local que nos ajudou a aumentar o Ushahidi e nos apoiou no início. Foi por isso que fundámos o iHub em Nairobi, um espaço físico onde pudéssemos colaborar e que agora faz parte dum ecossistema tecnológico no Quénia. Fizemos isto com o apoio de diferentes organizações como a MacArthur Foundation e a Omidyar Network.
And we were able to grow this software footprint, and a few years later it became very useful software, and we were quite humbled when it was used in Haiti where citizens could indicate where they are and what their needs were, and also to deal with the fallout from the nuclear crisis and the tsunami in Japan. Now, this year the Internet turns 20, and Ushahidi turned five.
E pudemos aumentar a memória do "software" que poucos anos depois se tornou um "software" muito útil. Ficámos deveras honrados quando ele foi usado no Haiti onde os cidadãos podiam mostrar onde estavam e quais eram as suas necessidades, e também para lidar com os efeitos da crise nuclear e do "tsunami" no Japão. Este ano a Internet completa 20 anos, e o Ushahidi fez cinco.
Ushahidi is not only the software that we made. It is the team, and it's also the community that uses this technology in ways that we could not foresee. We did not imagine that there would be this many maps around the world. There are crisis maps, election maps, corruption maps, and even environmental monitoring crowd maps. We are humbled that this has roots in Kenya and that it has some use to people around the world trying to figure out the different issues that they're dealing with. There is more that we're doing to explore this idea of collective intelligence, that I, as a citizen, if I share the information with whatever device that I have, could inform you about what is going on, and that if you do the same, we can have a bigger picture of what's going on.
O Ushahidi não é apenas o "software" que criámos. É a equipa e também a comunidade que usa essa tecnologia de modos que não podíamos prever. Não imaginávamos que havia tantos mapas no mundo. Há mapas de crises, mapas de eleições, mapas de corrupção, e até mapas de monitorização ambiental. Sentimo-nos honrados por isto ter raízes no Quénia e por ser útil para pessoas em todo o mundo que estão a tentar entender os diversos problemas que enfrentam. Estamos a fazer mais para explorar esta ideia de informações coletivas. Como cidadã, se partilho informações usando qualquer dispositivo, posso informar sobre o que está a acontecer, e se vocês fizerem o mesmo, podemos ter uma ideia melhor do que está a acontecer.
I moved back to Kenya in 2011. Erik moved in 2010. Very different reality. I used to live in Chicago where there was abundant Internet access. I had never had to deal with a blackout. And in Kenya, it's a very different reality, and one thing that remains despite the leaps in progress and the digital revolution is the electricity problem. The day-to-day frustrations of dealing with this can be, let's just say very annoying. Blackouts are not fun. Imagine sitting down to start working, and all of a sudden the power goes out, your Internet connection goes down with it, so you have to figure out, okay, now, where's the modem, how do I switch back? And then, guess what? You have to deal with it again. Now, this is the reality of Kenya, where we live now, and other parts of Africa.
Eu voltei para o Quénia em 2011. O Erik voltou em 2010. Uma realidade muito diferente. Eu morava em Chicago onde o acesso à Internet era abundante. Nunca tive que lidar com um "apagão". No Quénia, a realidade é muito diferente, e uma coisa que ainda acontece, apesar da rápida evolução e da revolução digital, é o problema da eletricidade. As frustrações quotidianas de lidar com isso podem ser muito irritantes. Os cortes de energia não são divertidos. Imaginem-se sentados a trabalhar e, de repente, a energia vai ao ar, a ligação à Internet desaparece e temos que pensar: "Onde é que está o modem, como é que volto a ligá-lo?" E sabem que mais? Temos que lidar com isso de novo. Esta é a realidade do Quénia, onde vivemos agora, e de outras partes de África.
The other problem that we're facing is that communication costs are also still a challenge. It costs me five Kenyan shillings, or .06 USD to call the U.S., Canada or China. Guess how much it costs to call Rwanda, Ghana, Nigeria? Thirty Kenyan shillings. That's six times the cost to connect within Africa. And also, when traveling within Africa, you've got different settings for different mobile providers. This is the reality that we deal with.
Outro problema que enfrentamos é que os custos de comunicação ainda são um desafio. Custa cinco xelins quenianos ou seja, 6 cêntimos de dólar, ligar para os EUA, para o Canadá ou para a China. Adivinham quanto custa ligar para o Ruanda, o Gana ou a Nigéria? Trinta xelins quenianos! Seis vezes mais caro para falar dentro da própria África. Além disso, se viajarmos no interior de África, as configurações das operadoras de telecomunicações são diferentes. É com esta realidade que lidamos.
So we've got a joke in Ushahidi where we say, "If it works in Africa, it'll work anywhere." [Most use technology to define the function. We use function to drive the technology.] What if we could overcome the problem of unreliable Internet and electricity and reduce the cost of connection? Could we leverage the cloud? We've built a crowd map, we've built Ushahidi. Could we leverage these technologies to switch smartly whenever you travel from country to country?
Por isso, temos uma piada no Ushahidi, em que dizemos: "Se funciona em África, vai funcionar em qualquer lado". [A maioria usa a tecnologia para definir a função. Nós usamos a função para guiar a tecnologia.] E se pudéssemos resolver o problema das falhas da Internet e da eletricidade e reduzir o custo da ligação? Poderíamos melhorar o armazenamento? Criamos um mapa coletivo, criámos o Ushahidi. Poderíamos melhorar essas tecnologias para mudar de rede automaticamente quando se viaja de um país para outro?
So we looked at the modem, an important part of the infrastructure of the Internet, and asked ourselves why the modems that we are using right now are built for a different context, where you've got ubiquitous internet, you've got ubiquitous electricity, yet we sit here in Nairobi and we do not have that luxury. We wanted to redesign the modem for the developing world, for our context, and for our reality. What if we could have connectivity with less friction?
Então olhámos para o modem, uma parte importante da infraestrutura da Internet, e perguntámo-nos porque é que estamos a usar modems que são feitos para um contexto diferente, onde há uma Internet omnipresente, uma eletricidade omnipresente, e estamos sentados aqui em Nairobi onde não temos esse luxo. Quisemos redesenhar o modem para o mundo em desenvolvimento, para o nosso contexto, para a nossa realidade. E se conseguíssemos ter uma ligação com menos fricção?
This is the BRCK. It acts as a backup to the Internet so that, when the power goes out, it fails over and connects to the nearest GSM network. Mobile connectivity in Africa is pervasive. It's actually everywhere. Most towns at least have a 3G connection. So why don't we leverage that? And that's why we built this. The other reason that we built this is when electricity goes down, this has eight hours of battery left, so you can continue working, you can continue being productive, and let's just say you are less stressed. And for rural areas, it can be the primary means of connection.
Isto é o BRCK. Funciona como um "backup" para a Internet para que, quando a energia falhar, ela se ligue automaticamente à rede GSM mais próxima. A ligação à rede móvel está omnipresente em África. Está em toda parte. A maioria das cidades tem pelo menos ligação 3G. Porque não aproveitar isso? Foi por isso que o construímos. O outro motivo para a criação do sistema é que, quando a energia falha, ele tem oito horas de bateria, portanto podemos continuar a trabalhar, podemos continuar a ser produtivos, e, diga-se de passagem, ficamos menos tensos. Para as áreas rurais, pode ser o meio de comunicação mais importante. A sensibilidade do "software" no Ushahidi ainda está a ser desenvolvida
The software sensibility at Ushahidi is still at play when we wondered how can we use the cloud to be more intelligent so that you can analyze the different networks, and whenever you switch on the backup, you pick on the fastest network, so we'll have multi-SIM capability so that you can put multiple SIMs, and if one network is faster, that's the one you hop on, and if the up time on that is not very good, then you hop onto the next one. The idea here is for you to be able to connect anywhere. With load balancing, this can be possible.
quando nos interrogamos como podemos usar a nuvem de forma mais inteligente. para podermos analisar as diversas redes e, sempre que acionarmos o "backup", ele escolha a rede mais rápida. Assim, teremos uma capacidade multi-SIM para podermos ter múltiplos SIMs e, se uma rede for mais rápida, é a ela que nos ligamos. E, se o tempo de ligação não for muito bom, mudamos para a rede seguinte. A ideia é podermos ligar-nos à rede em qualquer lugar. Com equilíbrio de armazenamento, isso é possível.
The other interesting thing for us -- we like sensors -- is this idea that you could have an on-ramp for the Internet of things. Imagine a weather station that can be attached to this. It's built in a modular way so that you can also attach a satellite module so that you could have Internet connectivity even in very remote areas.
A outra coisa interessante para nós — gostamos de sensores — é a ideia de que podemos ter uma entrada para a Internet das Coisas. Imaginem uma estação meteorológica que possa ser ligada a isso. É construída em forma modular para também podermos colocar um módulo de satélite para ter ligação à Internet até mesmo em áreas muito remotas.
Out of adversity can come innovation, and how can we help the ambitious coders and makers in Kenya to be resilient in the face of problematic infrastructure? And for us, we begin with solving the problem in our own backyard in Kenya.
Da adversidade surge a inovação. Como podemos ajudar programadores e fabricantes no Quénia a serem resilientes perante uma infraestrutura problemática? Quanto a nós, começámos por resolver o problema no nosso próprio quintal, no Quénia.
It is not without challenge. Our team has basically been mules carrying components from the U.S. to Kenya. We've had very interesting conversations with customs border agents. "What are you carrying?" And the local financing is not part of the ecosystem for supporting hardware projects. So we put it on Kickstarter, and I'm happy to say that, through the support of many people, not only here but online, the BRCK has been Kickstarted, and now the interesting part of bringing this to market begins.
Não sem dificuldades. A nossa equipa tem sido um burro de carga a transportar componentes dos EUA para o Quénia. Nós tivemos conversas muito interessantes com agentes alfandegários. "O que é que está a levar"? E o financiamento local não participa no ecossistema de apoio a projetos de "hardware". Portanto, colocámos o BRCK no Kickstarter, e sinto-me feliz por dizer que, com o apoio de muita gente, não apenas aqui, mas "online", lançámos o BRCK no Kickstarter e agora começa a parte interessante de colocá-lo no mercado.
I will close by saying that, if we solve this for the local market, it could be impactful not only for the coders in Nairobi but also for small business owners who need reliable connectivity, and it can reduce the cost of connecting, and hopefully collaboration within African countries.
Vou terminar dizendo que, se resolvermos isso para o mercado local, poderá ter impacto não só para os programadores em Nairóbi, mas para os pequenos comerciantes que precisam duma ligação à rede confiável, pode reduzir o custo da ligação, e, esperemos, facilite a colaboração entre países africanos.
The idea is that the building blocks of the digital economy are connectivity and entrepreneurship. The BRCK is our part to keep Africans connected, and to help them drive the global digital revolution.
A ideia é que os alicerces da economia digital sejam a ligação à rede e o empreendedorismo. O BRCK é a nossa contribuição para manter os africanos ligados à rede e para os ajudar a conduzir a revolução digital global.
Thank you.
Obrigada.
(Applause)
(Aplausos)