All right, let's get ready for the worst TED Talk ever.
Muito bem, vamos preparar-nos para a pior palestra TED de sempre.
(Laughter)
(Risos)
I mean it. We prepared 30 minutes ago. I want to have it clear -- I love to be here with you all, but I wanted to be here not to tell my story but to tell the story of the amazing people of Puerto Rico that came together to feed the people of Puerto Rico.
A sério. Preparámo-la há 30 minutos. Quero deixar bem claro: adoro estar aqui com todos vocês, não para contar a minha história, mas para contar a história das pessoas incríveis de Porto Rico que se juntaram para alimentar as pessoas de Porto Rico.
My name is José Andrés, and you know I love to feed the few, but even more, I love to feed the many. Here, right after the hurricane, like we'd done many times before after an earthquake in Haiti or Sandy or others, I had this sense of urgency to be there and to try to feed one person, and always, you have crazy friends that want to join you in those impossible endeavors. I'm always surrounded by amazing friends that only help me to be better. Nate came next to me.
Chamo-me José Andrés, adoro alimentar as pessoas, mas, mais ainda, alimentar os muitos que precisam. Aqui, após o furacão, tal como fizemos tantas vezes após o terramoto no Haiti ou o furacão Sandy, ou outros, tive a urgência de estar presente e tentar alimentar uma pessoa, e há sempre amigos malucos que se juntam a estes esforços impossíveis. Estou sempre rodeado de amigos incríveis que me ajudam a ser uma pessoa melhor. O Nate veio comigo.
This was a Monday, and this is what we found. The destruction you saw on TV, one more hurricane, but this destruction was real. More than 95 percent of the electricity in the island was gone. Every single electric post was gone. All the cell towers were gone. You couldn't communicate with anybody. You couldn't find anybody the moment you moved away from San Juan. Even in San Juan, we had issues trying to use our cell phones. And what I found was that the island was hungry, and the people didn't have money, because ATMs were not working, or their cards, which are electronic, for food stamps, they couldn't use it in their supermarkets, or there was no food or gas or clean water to cook. The need and the urgency of now was real, and I was just able to get into a meeting at FEMA, where many of the main NGO partners were having a conversation about how to feed the island in the weeks to come, but the urgency was right now, in this minute, in this second, and we almost had three million people that needed to be fed.
Era uma segunda-feira e encontrámos isto. A destruição que viram na televisão, mais um furacão, mas esta destruição era real. Mais de 95% da eletricidade da ilha não funcionava. Todos os postes de eletricidade desapareceram. Todas as antenas de telemóveis desapareceram. Não era possível comunicar com ninguém. Não era possível encontrar ninguém quando se saía de San Juan. Até em San Juan tínhamos dificuldade em usar os nossos telemóveis. Percebi que a ilha estava a passar fome, as pessoas não tinham dinheiro pois as caixas Multibanco não funcionavam, não podiam utilizar os cartões eletrónicos para os vales-refeição nos supermercados, não havia comida, nem gás, nem água potável para cozinhar. A necessidade e a urgência do momento era real, e só consegui participar numa reunião na FEMA, onde muitas das principais ONG parceiras analisavam como alimentar as pessoas da ilha nas semanas seguintes, mas a urgência era naquele minuto, naquele segundo, e tínhamos quase três milhões de pessoas que precisavam de alimento.
So we began doing what we do best. We went to see the sources of food, and I was able to see that the private industry actually was ready and prepared and thriving, but somebody at FEMA was not able even to be aware of that. And what we did was use fine kitchens. José Enrique, one of my favorite men in the whole world, one of the great restaurants in San Juan, where before landing, I began calling all the chefs of Puerto Rico, and everybody was like, "Let's not plan, let's not meet, let's start cooking."
Então, começámos a fazer o que melhor sabemos fazer. Fomos às fontes de alimentos, onde verifiquei que a indústria privada estava pronta e próspera, mas ninguém da FEMA estava a par disso. Utilizámos cozinhas profissionais. José Enrique, uma das melhores pessoas que conheço, tem um dos melhores restaurantes em San Juan. Antes de aterrar, liguei a todos os "chefs" de Porto Rico e todos diziam: "Não vamos planear nada nem reunir-nos, "vamos começar a cozinhar."
(Laughter)
(Risos)
And that's what we did. We began feeding the people of Puerto Rico, on a Monday. On a Monday, we did a thousand meals, sancocho, an amazing stew with corn and yucca and pork. By Sunday, we were doing 25,000. By Sunday, we already didn't only use the restaurant, but we rented the parking lot right across. We began bringing food trucks, and a rice and chicken paella operation, and refrigerators, and volunteers began coming. Why? Because everybody wants to find a place to help, a place to do something.
E foi o que fizemos. Começámos a alimentar as pessoas de Porto Rico, numa segunda-feira. Numa segunda-feira, servimos mil "sancochos", um guisado espetacular com milho, mandioca e carne de porco. No domingo seguinte, já servíamos 25 mil. No domingo seguinte, não só utilizávamos o restaurante, mas também tínhamos alugado o parque de estacionamento. Começámos a trazer rulotes de comida, utensílios para "paella" de arroz e frango, frigoríficos, e os voluntários apareceram. Porquê? Porque todos querem encontrar um sítio para ajudar, um sítio para fazer alguma coisa.
This is how we began our first delivery. The hospitals -- nobody was feeding the nurses and the doctors, and we began feeding our first project, Hospital Carolina. All of a sudden, every single hospital was calling us. "We need food so we can feed our 24/7 employees taking care of the sick and the elderly and the people in need."
Foi assim que começámos as primeiras entregas. Ninguém estava a alimentar os enfermeiros e os médicos nos hospitais e começámos a implementar o nosso primeiro projeto, o Hospital Carolina. De repente, todos os hospitais estavam a chamar-nos. "Precisamos de comida para os empregados que trabalham 24 horas por dia "a cuidar dos doentes, dos idosos e das pessoas necessitadas."
And then the place was too small. We were receiving orders. Every time we got one guest, one customer, we never stopped serving them, because we wanted to make sure that we were able to be stabilizing any place we were joining, any city, any hospital, any elderly home. Every time we made contact with them, we kept serving them food, day after day, so we needed to grow. We moved into the big coliseum. 25,000 meals became 50,000 meals, became, all of a sudden, the biggest restaurant in the world. We were making close to 70,000 meals a day from one location alone.
O espaço tornou-se demasiado pequeno. Estávamos a receber encomendas. Cada vez que recebíamos um convidado ou um cliente, nunca deixávamos de os servir, porque queríamos ter a certeza de que levávamos estabilidade onde quer que fôssemos, a cada cidade, a cada hospital, a cada lar de idosos. Cada vez que os contactávamos, servíamos-lhes comida, dia após dia, portanto tivemos de crescer. Mudámo-nos para o grande coliseu. De 25 mil refeições passámos para 50 mil, este tornou-se, do nada, o maior restaurante do mundo. Estávamos a preparar cerca de 70 mil refeições por dia num só espaço.
(Applause)
(Aplausos)
Volunteers began showing up by the hundreds. At one point, we got more than 7,000 volunteers that were at least one hour or more with us, at any given moment, more than 700 people at once. You saw that we began creating a movement, a movement that had a very simple idea everybody could rally behind: let's feed the hungry.
Os voluntários começaram a aparecer às centenas. A certa altura, tínhamos mais de 7000 voluntários que estavam pelo menos uma hora ou mais connosco, em certas ocasiões, mais de 700 pessoas ao mesmo tempo. Vocês viram que criámos um movimento, um movimento com uma ideia simples e que reunia toda a gente: vamos alimentar quem tem fome.
And we began making food that people could recognize, not things that come from a faraway place in plastic bags that you open and you cannot even smell.
Começámos a confecionar comida que as pessoas reconheciam, não eram coisas que vinham de um lugar longínquo em pacotes de plástico que se abrem e que nem sequer têm cheiro.
(Laughter)
(Risos)
We began making the foods that people feel home. People in these moments, they had this urgency of feeling they are alive, that somebody cares. One meal at a time, it didn't only become something used to bring calories to their bodies, calories that they needed, but they needed something else. They wanted to make sure that you and you and you and you, that you were caring, that we were sending the message that we are with you. Give us time, we are trying to fix this. That's what we found every time we began joining the communities. Fresh fruit began coming, even when in FEMA, they were asking me, "José, how are you able to get the food?" Simple: by calling and paying and getting.
Começámos a confecionar comida que era familiar para as pessoas. Nestes momentos, as pessoas têm a necessidade de se sentirem vivas, de que alguém se preocupa. Uma refeição de cada vez, não era somente algo que fornecia calorias ao seu corpo, calorias necessárias, mas precisavam de algo mais. Tinham de ter a certeza de que vocês, vocês e vocês, eram solidários, de que transmitíamos a mensagem "estamos convosco". "Deem-nos tempo, estamos a tentar resolver isto." Era o que encontrávamos quando nos juntávamos às comunidades. Começaram a chegar frutos frescos, até mesmo na FEMA perguntaram-me: "José, onde é que arranjas a comida?" Simples: é só telefonar, pagar e receber.
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
We began feeding people in San Juan. Before you knew, we were feeding the 78 municipalities all across the island. We needed a plan. One kitchen alone was not going to feed the island. I went to FEMA. They kicked me out with eight armored guards and AK-47s. I told them, "I want 18 kitchens around the island." Guess what? Three days ago, we reached our 18th kitchen around Puerto Rico.
Começámos em San Juan. Sem dar por isso, já alimentávamos 78 municípios por toda a ilha. Precisávamos de um plano. Uma só cozinha não chegava para alimentar todos. Fui à FEMA. Expulsaram-me oito guardas armados com "AK-47". Eu disse-lhes: "Quero 18 cozinhas por toda a ilha". E adivinhem? Há três dias chegámos à nossa 18.ª cozinha em Porto Rico.
(Applause)
(Aplausos)
People began being fed. Volunteers kept showing up. We never had any system to deliver the food, people would tell me. Sure, we had the system. The entire island of Puerto Rico was the perfect delivery system. Anybody with a truck wanted to help. Anybody going from A to B was for us the way to be bringing hope and a plate and a whole meal to anybody. We began finding amazing systems to do these food trucks, 10 amazing food trucks. We began learning not to use the place that needed the food, but the number, the number of the apartment: Lolo, a 92-year-old veteran that was surrounded by water. We began giving not only hope to people, but knowing their names, checking day after day, making sure that those elderly people will never, ever again feel alone in a moment of disrepair.
As pessoas começaram a ter comida. Os voluntários iam aparecendo. Diziam-me que nunca tivemos um sistema de entrega de comida. Claro que tínhamos um sistema. A ilha inteira de Porto Rico era o serviço de entregas perfeito. Qualquer um com uma rulote queria ajudar. Qualquer um que se deslocasse ajudava-nos a levar esperança, um prato e uma refeição completa a qualquer pessoa. Começámos a encontrar sistemas incríveis para estas rulotes de comida, dez rulotes de comida incríveis. Descobrimos que não devíamos usar o nome do local que precisava de comida, mas o número, o número do apartamento: Lolo, um veterano de 92 anos, que só tinha água à sua volta. Começámos não só a levar a esperança às pessoas, mas também a conhecer os nomes delas, a verificar como elas estavam dia após dia, ter a certeza de que os mais idosos nunca mais se iriam sentir sozinhos num momento de desolação.
And we began going to the deeper areas, places that all of a sudden, the bridges were broken, but we had to go, because it was easy to stay in San Juan. We had to go to those places that actually, they really needed us. And we kept going, and people kept waiting for us, because they knew that we will always show up, because we will never leave them alone.
Começámos a ir às localidades mais longínquas, onde, de um momento para o outro, as pontes tinham ficado destruídas, mas tínhamos de ir, porque era prático ficar em San Juan. Tínhamos de ir a essas localidades que precisavam de nós. Continuámos a ir lá e as pessoas esperavam por nós, porque sabiam que iríamos sempre lá, que nunca as abandonaríamos.
(Applause)
(Aplausos)
The food trucks became our angels, and the food trucks kept sending hope, but we saw we needed more: Vieques and Culebra, two islands far away from the island -- somebody had to be feeding them. We didn't only bring food and make a hotel kitchen operation in Vieques and bring daily food to Culebra. We brought the first water purification system to the island of Vieques, where we could be filtering one gallon per minute. All of a sudden, big problems become very simple, low-hanging fruit solutions, only by doing, not planning and meeting in a very big building.
As rulotes de comida tornaram-se nos nossos anjos, as rulotes de comida continuaram a transmitir esperança, mas era preciso mais: Vieques e Culebra, duas ilhas longe da ilha principal, precisavam que alguém lhes levasse comida. Não nos limitámos a levar comida, usar uma cozinha de hotel em Vieques e levar comida diariamente a Culebra. Levámos o primeiro sistema de purificação de água à ilha de Vieques, onde podíamos filtrar quase quatro litros por minuto. De repente, problemas graves tornaram-se simples, soluções acessíveis apenas pondo em prática, sem planear, sem reuniões num edifício enorme.
(Laughter)
(Risos)
And then we found creative ways. We needed helicopters. We asked. We got. We needed planes. We asked, we paid, and we got. We kept sending food to those places that really were in need. And the simple ideas just become powerful. Volunteers will go to the edges of the island. All of a sudden, it was a movement. The teams of World Central Kitchen will be received with prayers, with songs, with claps, with hugs, with smiles. We were able to connect in so many corners. When I tell you that even the National Guard began calling us because our national poor guy's guards, big heroes in a moment of chaos, they couldn't get a simple humble plate of hot food.
Encontrámos métodos criativos. Precisávamos de helicópteros. Pedimo-los. Tivemo-los. Precisávamos de aviões. Pedimo-los, pagámo-los e tivemo-los. Continuámos a enviar comida às localidades onde era mesmo preciso. E as ideias simples tornaram-se poderosas. Os voluntários foram a cada ponta da ilha. De repente, tornou-se num movimento. Equipas da World Central Kitchen eram recebidas com preces, canções, palmas, abraços, sorrisos. Pudemos estabelecer ligações em imensos pontos. Quando vos digo que até a Guarda Nacional começou a ligar-nos porque os nossos pobres guardas nacionais, grandes heróis num momento de caos, não conseguiam ter um simples e humilde prato de comida quente.
And partnerships show up. Mercy Corps, HSI from Homeland Security, partnerships that they didn't happen calling the top. They happened in the hotel room, in the middle of the street, in the middle of the mountains. We saw that by working together, we can even reach more people. Partnerships that happen by logic, and the urgency of now is put to the service of the people. When we have emergency relief organizations, we cannot be planning about how to give aid a month from now. We have to be ready to start giving help the second after something happens.
E surgiram parcerias. Mercy Corps, HSI da Segurança Interna, parcerias que não surgiram por contacto com os superiores. Surgiram num quarto de hotel, no meio da rua, no meio da montanha. Vimos que, ao trabalharmos juntos, podemos chegar a mais pessoas. As parcerias que surgem pela lógica e que, pela urgência do momento, são postas ao serviço das pessoas. Quando temos organizações de socorro de emergência, não podemos fazer planos sobre a forma de ajudar daqui a um mês. Temos de estar preparados para ajudar logo no segundo seguinte em que acontece algo.
And children were fed, and all of a sudden, the island, while still in a very special moment where everything is fragile, we saw that an NGO like ours -- we didn't want to break the private sector -- that already, small restaurants were being opened, that somehow, normalcy, whatever normalcy means today in Puerto Rico, was happening. We began trying to be sending the message: we need to start moving away from the places that are already stabilized and keep concentrating in the areas that really need help.
Alimentámos crianças e de repente a ilha, que ainda estava naquele momento excecional onde tudo era frágil, vimos que uma ONG como a nossa — não queríamos interferir no setor privado, já estavam a abrir pequenos restaurantes que, de certa forma, demonstravam que a normalidade, fosse como fosse, estava a regressar a Porto Rico. Começámos a tentar enviar a mensagem: temos de começar a sair das localidades que já estabilizaram e continuar a focar-nos nas zonas que realmente precisam de ajuda.
(Video): People of Puerto Rico, two million meals!
(Vídeo)
Gente de Porto Rico, dois milhões de refeições!
José Andrés OK, let me translate this to you.
JA: Bom, deixem-me traduzir isto.
(Laughter)
(Risos)
Almost 28 days later, more than 10 food trucks, more than 7,000 volunteers, 18 kitchens ... we served more than two million meals.
Quase 28 dias depois, mais de 10 rulotes de comida, mais de 7 mil voluntários, 18 cozinhas... Servimos mais de dois milhões de refeições.
(Applause)
(Aplausos)
(Applause ends)
And you guys coming here to TED, you should be proud, because we know many of you, you are part of the change. But the change is only going to happen if after we leave this amazing conference, we put the amazing ideas and inspiration that we get, and we believe that nothing is impossible, and we put our know-how to the service of those in need.
E vocês que vêm aqui à TED, devem orgulhar-se, porque sabemos que muitos de vós fazem parte da mudança. Mas a mudança só acontecerá se, quando sairmos desta conferência incrível, pusermos em prática as ideias incríveis e a inspiração que obtemos, se acreditarmos que nada é impossível, e colocarmos o nosso conhecimento ao serviço de quem precisa.
I arrived to an island trying to feed a few people, and I saw a big problem, and all of a sudden, the people of Puerto Rico saw the same problem as me, and only we did one thing: we began cooking. And so the people of Puerto Rico and the chefs of Puerto Rico, in a moment of disrepair, began bringing hope, not by meeting, not by planning, but with only one simple idea: let's start cooking and let's start feeding the people of Puerto Rico.
Cheguei a uma ilha para tentar alimentar algumas pessoas e vi um problema grave, e, de repente, a população de Porto Rico viu o mesmo problema que eu e só fizemos uma coisa: começámos a cozinhar. Foi assim que as pessoas de Porto Rico e os "chefs" de Porto Rico, num momento de desolação, começaram a espalhar a esperança, não com reuniões, não com planeamento, mas sim com uma ideia simples: vamos começar a cozinhar e vamos começar a alimentar as pessoas de Porto Rico.
Thank you.
Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)
Dave Troy: Go back out.
Dave Troy: Volta para o palco.
(Laughter)
(Aplausos)
DT: The public loves you.
O público adora-te.
(Applause)
(Aplausos)
Nate Mook: A couple of quick questions, because I think some folks would be interested to hear. So as you said, you came the first time, got on the ground, went to the government command center, started to have some meetings with people, and they weren't very receptive.
Nate Mook: Só umas perguntas rápidas, porque acho que as pessoas estão interessadas. Como disseste, na primeira vez que vieste, chegaste ao terreno, foste ao centro de comando do governo, começaste a reunir com pessoas que não foram muito recetivas.
José Andrés: This is great. This is how good my talk was.
José Andrés: Excelente. A minha palestra foi mesmo boa.
(Laughter)
(Risos)
It's the first talk with a follow-up in the history of TED. I feel so good.
É a primeira palestra TED com continuidade. Sinto-me muito bem.
(Laughter)
(Risos)
NM: So tell us why, what were some of the challenges, and then when you noticed, they started coming to you to ask you.
NM: Então, diz-nos porquê, quais foram alguns dos desafios, e quando deste por isso, vinham fazer-te perguntas.
JA: We cannot be asking everything from Red Cross or Salvation Army. But the idea is, I donated before to those organizations, and they are the big organizations, and maybe the problem is that we're expecting too much from them. It's not like they didn't do what they were supposed to do. It's that the perception is that that's what they do. But all of a sudden, you cannot get into a moment like this and wash your hands, and you say somebody else is going to be picking it up. We had a simple problem that had a very simple solution. This was not a faraway country or the Green Zone in Baghdad. This was American soil, a beautiful place called Puerto Rico, with hundreds, thousands of restaurants and people willing to help, but all of a sudden, we had people hungry, and we didn't have a plan how to feed them in the short term.
JA: Não podemos pedir tudo à Cruz Vermelha ou ao Exército de Salvação. Mas a ideia é que já fiz donativos a essas organizações, são as organizações principais, e talvez o problema seja exigirmos demasiado delas. Não quer dizer que não fizessem o que era suposto. É a perceção de que aquilo é o que elas fazem. Mas não podemos assistir a uma situação daquelas e lavar as mãos, e dizer que outras pessoas é que vão assumir esse trabalho. Tínhamos um problema simples com uma solução muito simples. Não era um país longínquo nem a Zona Verde de Bagdade. Era solo norte-americano, um sítio lindíssimo chamado Porto Rico, com centenas ou milhares de restaurantes e pessoas dispostas a ajudar, mas, de repente, havia pessoas a passar fome e não tínhamos um plano para as alimentar de imediato.
So yes, FEMA, to a degree, was thinking about how to feed the people. Red Cross didn't have the right answers, because Southern Baptist Church, the biggest food organization in America, my heroes, they were never called to Puerto Rico. When you see the Red Cross delivering food in America after a hurricane, it's Southern Baptist Church doing it. We didn't have that in Puerto Rico. Salvation Army came and asked me for 420 meals on a Wednesday rainy night for a local elderly shop. I love to help the Salvation Army, but in my world, they are the ones who are supposed to be helping us to answer those calls of help. Thursday morning is when I wake up super worried that actually we didn't have the plan to feed the island. And some people will say maybe you are making the problem bigger than it was.
Claro, a FEMA estava a pensar numa forma de alimentar a população. A Cruz Vermelha não dava respostas adequadas porque a Convenção Batista do Sul, a maior organização alimentar dos EUA, os meus heróis, nunca foram chamados a Porto Rico. Quando vemos a Cruz Vermelha a entregar comida nos EUA após um furacão, é a Convenção Batista do Sul que o faz. Não tivemos isso em Porto Rico. O Exército da Salvação pediu 420 refeições numa noite chuvosa de quarta-feira para um centro de idosos local. Adoro ajudar o Exército da Salvação, mas no meu mundo é suposto serem eles a ajudar-nos a nós para dar resposta aos pedidos de ajuda. Na quinta-feira de manhã acordei bastante preocupado, porque não tínhamos um plano para alimentar as pessoas da ilha. Poderão dizer que talvez estivéssemos a tornar o problema maior do que realmente era.
Well, we had hundreds and hundreds and hundreds and hundreds of organizations knocking on our door, asking for a tray of food, so if that's not proof that the need was real ... We cannot be feeding people in America anymore with MREs or something like you open and, you know, I was giving to this little cat a little bit of those same foods --
Bem, tivemos centenas e centenas de organizações a bater-nos à porta, a pedir uma travessa de comida. Se isso não é prova suficiente de que a necessidade era real... Já não podemos alimentar as pessoas dos EUA com comida embalada ou algo que possamos abrir. Eu estava a dar comida dessa a um gatinho...
(Laughter)
(Risos)
and then I gave them the chicken and rice we made, and they went for the chicken and rice.
e depois dei-lhe o frango e o arroz que fizemos, e ele preferiu o frango e o arroz.
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
They don't even eat that themselves. We can feed humanity for a day or two or five, but those MREs cost, like, 12, 14, 15, 20 dollars to the American taxpayer. It's OK for certain moments, during battle, but not to be feeding Americans for weeks and weeks and weeks, when actually, you can be hiring the local private business community to do the same job better, creating local jobs, helping the local economy to come back, and in the process making sure that everything was going to go back as normal as quick as possible. That's where we began cooking. You were there with me, and that's why we spent every single dollar we had in our credit cards. If AmEx is listening to this, please, a discount would be appreciated.
Nem eles comem disso. Podemos alimentar a humanidade durante um dia, ou dois, ou cinco, mas essa comida custa 12, 14, 15 ou 20 dólares aos contribuintes norte-americanos. Não faz mal em certas alturas, durante a guerra, mas não para alimentar norte-americanos durante semanas e semanas, quando na verdade podemos contratar empresas privadas da comunidade local para fazer melhor o mesmo trabalho, e criar empregos a nível local, ajudar a economia local a recuperar e, nesse processo, certificar-se de que tudo volta à normalidade o mais depressa possível. Aí começámos a cozinhar. Vocês estiveram lá comigo, é por isso que gastámos cada dólar dos nossos cartões de crédito. Se a "AmEx" estiver a ouvir, por favor, dava mesmo jeito um desconto.
(Laughter)
(Risos)
Or Visa.
Ou a Visa.
NM: So what's the situation now? You know, it's been a month. You said there's been some improvements in San Juan and focus on the areas outside, but obviously there are still major challenges, and what's next?
NM: Qual é o ponto da situação neste momento? Já passou um mês. Vocês disseram que tem havido alguns progressos em San Juan que se focaram noutras zonas, mas obviamente ainda há grandes desafios, qual é o próximo passo?
JA: There are. So what's next is we slowly began going down after, more or less, FEMA let us know that they thought they had everything under control and we were no longer needed, but you only believe everything so much. We moved from the big place you saw, 60,000 meals a day, to another one, as big, but more strategically located, also cheaper, where we are going to be making 20-25,000 meals a day, and then we are leaving four, five, six kitchens strategically located around the island, very high up in the mountains, in the poor areas. We got a lot of data. We know who is using SNAPs, who is using food stamps, the cards. We know who has them and we know who is using them. So in the parts of the island where nobody is using them, those are the parts of the island where we are going to be focusing our efforts. So it's amazing how sometimes simple data can give you a clue of who are the people in need. So we went to a town called Morovis. Beautiful. The best chicken restaurant in the history of mankind. You should all travel to Morovis.
JA: O próximo passo é começarmos a abrandar aos poucos depois de a FEMA nos informar que já tem a situação sob controlo e que já não é preciso a nossa ajuda, mas não se pode acreditar em tudo. Mudámo-nos daquele espaço maior — 60 mil refeições por dia — para outro espaço, também grande, mas num ponto mais estratégico, também mais barato, onde vamos preparar entre 20 a 25 mil refeições por dia e depois vamos colocar quatro, cinco ou seis cozinhas em pontos estratégicos por toda a ilha, nos pontos elevados das montanhas, nas zonas mais pobres. Temos bastantes dados. Sabemos quem beneficia de programas de alimentação, de cupões, de cartões. Sabemos quem os tem e quem os utiliza. Portanto, nas zonas da ilha onde ninguém os utiliza, essas são as zonas da ilha onde iremos concentrar os nossos esforços. É incrível como por vezes dados simples podem dar uma ideia de quem está a passar dificuldades. Fomos a uma cidade chamada Morovis. Lindíssima. O restaurante com o melhor frango da história. Vocês deviam ir a Morovis.
DT: Sounds good.
DT: Parece-me bem.
JA: So I saw the chicken. We were bringing sandwiches. I stopped. I was with these Homeland Security officers. We ate the chicken. I left to drop these sandwiches in this other place called San Lorenzo. San Lorenzo was critical, because the bridge was broken, and so it was an island inside the island, a little community surrounded by water. Everybody told us, "It's a disaster down there." We dropped the sandwiches. I went back to Morovis, and I thought, you know, if it's a disaster, sandwiches is not enough. I brought 120 chickens, with yucca and with rice, and we went back to that broken bridge, we crossed the river, water up to everywhere. We arrived with the 120 chickens, we dropped the food, and the community were very thankful, but they told us, "We're OK, we don't need more food. We have gas, we have money, we have good food and our water is clean. Take care of the other communities around us that are in more need."
JA: Então, vi o frango. Levávamos sanduíches. Parei. Estávamos com uns agentes da segurança interna. Comemos o frango. Saí para levar as sanduíches para outro local chamado San Lorenzo. Aí a situação era grave porque a ponte estava destruída, era uma ilha dentro da ilha, uma pequena comunidade rodeada de água. Toda a gente nos tinha dito: "Aquilo está um desastre." Entregámos as sanduíches. Voltei a Morovis e pensei: "Se está um desastre, as sanduíches não chegam." Levei 120 frangos com mandioca e arroz, e voltámos à ponte destruída, atravessámos o rio, havia água por todo o lado. Chegámos com os 120 frangos, entregámos a comida e a comunidade ficou muito agradecida, mas disse-nos: "Estamos bem, não é preciso mais comida." "Temos gás, temos dinheiro, "temos comida suficiente e temos água potável." "Cuidem das outras comunidades à nossa volta que precisem mais de ajuda."
You see, communication is key. In these scenarios, we can be relying on fake news or we can be having the real information that we can make smart decisions to really take care of the true issues. That's what we are doing.
Sabem, a comunicação é fundamental. Nestas situações, podemos estar a confiar em notícias falsas ou podemos receber as informações reais que nos ajudam a tomar boas decisões para resolver os problemas reais. É o que estamos a fazer.
(Applause)
(Aplausos)
NM: It was an amazing operation, and to witness it firsthand and to play a small role --
NM: Foi uma operação incrível, testemunhar em primeira mão, e desempenhar um pequeno papel.
JA: You made it happen.
JA: Vocês também ajudaram.
NM: At its peak, I think you were up to about 150,000 meals per day, across the island, which is pretty incredible. And I think, at the same time, really sort of setting a model for how this can be done, hopefully, moving forward. I mean, I think that's one of the big learnings out of this --
NM: No máximo, acho que chegou a cerca de 150 mil refeições por dia, em toda a ilha, o que é mesmo incrível. E acho que, ao mesmo tempo, deste um exemplo de como pode ser feito, esperemos, daqui para a frente. JA: Creio que é uma das maiores lições que retiramos.
DT: This is possible. You know, people can replicate this.
DT: É possível. As pessoas podem seguir o exemplo.
JA: But I'm going to stop coming to watch TED Talks, because you've got ideas that anything can happen.
JA: Mas eu vou deixar de vir assistir a palestras TED, porque vocês dizem que tudo pode acontecer.
(Laughter)
(Risos)
And then my wife told me, "Man, you told me you were going to cook a thousand meals a day. I cannot leave you alone for a day."
A minha mulher disse-me: "Tu disseste-me que ias cozinhar mil refeições por dia." "Não podes ficar sozinho por um dia."
(Laughter)
(Risos)
But I hope that World Central Kitchen -- you know, one thing we did I didn't say: I picked up the phone and I began calling people, people that I thought had expertise that could help us. So I picked up the phone and I called a company called Bon Appétit, Fedele. Bon Appétit's one of the big catering companies. They do food for Google and for arenas. They're out of California. They belong to a bigger group called Compass. And I told them, "You know what? I need cooks, and I need cooks that can do volume and that can do good, quality volume." In less than 24 hours, I began getting people and chefs. At one point, we got 16 of the best chefs that America can offer. You see, America is an amazing heart country that always is sending their best. What we've been learning over the years is that those chefs of America are going to be playing a role in how we are going to be feeding America and maybe other parts of the world in times of need. What we need to start is bringing the right expertise where the expertise is needed. Sometimes I have a feeling, like with FEMA, we are bringing the wrong expertise in the areas that it's not even needed. The people of FEMA are great people. The men and women are smart, they are prepared, but they live under this amazing hierarchy pyramidal organizational chart that everybody falls out of their own weight. We need to be empowering people to be successful. What we did was a flatter organizational chart where everybody was owning the situation and we all made quick decisions to solve the problems on the spot.
Mas espero que a World Central Kitchen... Há uma coisa que fizemos e eu não contei: Peguei no telemóvel e comecei a ligar a pessoas que eu achava terem competências para nos ajudar. Peguei no telemóvel e liguei à empresa Bon Appétit, ao Fedele. É uma das maiores empresas de "catering". Fornecem comida à Google e a arenas. Fica na Califórnia. Pertencem a um grupo maior chamado Compass. E disse-lhes: "Sabem que mais?" "Preciso de cozinheiros, cozinheiros que trabalhem muito "e que seja trabalho de qualidade." Em menos de 24 horas, comecei a receber pessoas e "chefs". A certa altura, tivemos 16 dos melhores "chefs" dos EUA. Sabem, os EUA são um país com um enorme coração que envia sempre o que tem de melhor. O que temos visto ao longo dos anos é que esses "chefs" dos EUA vão desempenhar um papel em como alimentar os EUA e talvez outras partes do mundo em alturas de necessidade. Para começar, temos de levar os conhecimentos adequados para onde são necessários. Às vezes tenho uma sensação, como com a FEMA, de que estamos a levar os conhecimentos errados para zonas onde nem é necessário. As pessoas da FEMA são fantásticas. São homens e mulheres inteligentes, estão preparados, mas vivem sob um organograma de pirâmide hierárquica assombroso onde toda a gente cede com o próprio peso. Precisamos de ter autonomia para ter sucesso. Fizemos um organograma mais simples onde toda a gente geria a situação e todos tomávamos decisões rápidas para resolver os problemas no momento.
(Applause)
(Aplausos)
DT: Absolutely.
DT: Sem dúvida.
(Applause)
(Aplausos)
Another round of applause for José Andrés.
Mais um grande aplauso para José Andrés.
(Applause) (Cheering)
(Aplausos)