I'm a journalist, and I'm an immigrant. And these two conditions define me.
Sou jornalista e imigrante. Essas condições me definem.
I was born in Mexico, but I've spent more than half my life reporting in the United States, a country which was itself created by immigrants. As a reporter and as a foreigner, I've learned that neutrality, silence and fear aren't the best options -- not in journalism, nor in life. Neutrality is often an excuse that we journalists use to hide from our true responsibility. What is that responsibility? It is to question and to challenge those in positions of power. That's what journalism is for.
Nasci no México, mas passei mais da metade da minha vida trabalhando como repórter nos Estados unidos, um país criado por imigrantes. E como repórter e estrangeiro aprendi que a neutralidade, o silêncio e o medo não são as melhores opções nem para o jornalismo nem para a vida. A neutralidade, muitas vezes, é uma desculpa que nós, jornalistas, usamos para nos escondermos de nossa verdadeira responsabilidade. E qual é essa responsabilidade? Questionar e desafiar os que têm o poder. Para isso serve o jornalismo.
That's the beauty of journalism: to question and challenge the powerful. Of course, we have the obligation to report reality as it is, not how we would like it to be. In that sense, I agree with the principle of objectivity: if a house is blue, I say that it's blue. If there are a million unemployed people, I say there are a million. But neutrality won't necessarily lead me to the truth. Even if I'm unequivocally scrupulous, and I present both sides of a news item -- the Democratic and the Republican, the liberal and the conservative, the government's and the opposition's -- in the end, I have no guarantee, nor are any of us guaranteed that we'll know what's true and what's not true. Life is much more complicated, and I believe journalism should reflect that very complexity.
Essa é a maravilha do jornalismo: questionar e desafiar os poderosos. É claro que temos a obrigação de retratar a realidade como ela é e não como queremos que seja. Nesse sentido, concordo com o princípio da objetividade. Se uma casa é azul, digo que é azul. Se há 1 milhão de desempregados, digo que há 1 milhão. Mas a neutralidade não necessariamente vai me levar à verdade. Ainda que eu seja rigorosamente escrupuloso e apresente a vocês os dois lados de uma notícia, o lado Democrata e o Republicano, o liberal e o conservador, o governista e o oposicionista, no fim das contas, isso não garante que vamos saber dizer o que é o certo e o que não é. A vida é muito mais complexa, e acho que o jornalismo deve refletir justamente essa complexidade.
To be clear: I refuse to be a tape recorder. I didn't become a journalist to be a tape recorder. I know what you're going to say: no one uses tape recorders nowadays.
Vou dizer uma coisa a vocês: eu me recuso a ser um gravador. Não me tornei jornalista para ser um gravador. Já sei o que vão dizer: "Ninguém usa gravador hoje em dia".
(Laughter)
Então, me recuso a pegar meu celular,
In that case, I refuse to take out my cell phone and hit the record button and point it in front of me as if I were at a concert, like a fan at a concert. That is not true journalism. Contrary to what many people think, journalists are making value judgments all the time, ethical and moral judgments. And we're always making decisions that are exceedingly personal and extraordinarily subjective.
apertar o botão gravar e ficar filmando como se fosse um fã em um show. Isso não é o verdadeiro jornalismo. Ao contrário do que muitos pensam, o tempo todo, nós, jornalistas, estamos fazendo juízos de valor, juízos éticos e morais. E sempre estamos tomando decisões extremamente pessoais e extraordinariamente subjetivas.
For example: What happens if you're called to cover a dictatorship, like Augusto Pinochet's regime in Chile or Fidel Castro's in Cuba? Are you going to report only what the general and commander want, or will you confront them? What happens if you find out that in your country or in the country next door, students are disappearing and hidden graves are appearing, or that millions of dollars are disappearing from the budget and that ex-presidents are magically now multimillionaires? Will you report only the official version? Or what happens if you're assigned to cover the presidential elections of the primary superpower, and one of the candidates makes comments that are racist, sexist and xenophobic? That happened to me. And I want to tell you what I did, but first, let me explain where I'm coming from, so you can understand my reaction.
Por exemplo, imagine se você tivesse que cobrir uma ditadura como a de Augusto Pinochet, no Chile, ou a de Fidel Castro, em Cuba. Você informaria apenas o que o general e o comandante quisessem ou os enfrentaria? Imagine se você descobrisse que no seu país, ou no país vizinho, estudantes estivessem desaparecendo e valas clandestinas aparecendo, ou que milhões estivessem desaparecendo dos cofres públicos e ex-presidentes aparecendo milionários "magicamente". Você daria apenas a versão oficial? Imagine se você tivesse que cobrir a eleição presidencial da principal superpotência e um dos candidatos fizesse comentários racistas, sexistas e xenofóbicos. Isso aconteceu comigo. E quero contar para vocês o que fiz, mas antes quero explicar de onde venho para que entendam a minha reação.
I grew up in Mexico City, the oldest of five brothers, and our family simply couldn't afford to pay for all of our college tuition. So I studied in the morning, and worked in the afternoon. Eventually, I got the job I had always wanted: television reporter. It was a big opportunity. But as I was working on my third story, I ended up criticizing the president, and questioning the lack of democracy in Mexico. In Mexico, from 1929 to 2000, elections were always rigged; the incumbent president would hand-pick his successor. That's not true democracy. To me it seemed like a brilliant idea to expose the president, but to my boss --
Cresci na Cidade do México, sou o mais velho de cinco irmãos, e minha família não tinha dinheiro suficiente para pagar a faculdade de todos, por isso eu estudava de manhã e trabalhava à tarde. E depois de muito tempo, consegui um trabalho que sempre quis: repórter de televisão. Era uma grande oportunidade, mas na minha terceira reportagem, tive a ideia de criticar o presidente e questionar a falta de democracia no México. De 1929 até o ano 2000, só havia fraudes no país. O presidente vigente escolhia a dedo o seu sucessor. E isso não era uma verdadeira democracia. Para mim, a ideia de denunciar o presidente parecia genial, mas para o meu chefe,
(Laughter)
(Risos)
My boss didn't think it was such a great idea. At that time, the presidential office, Los Pinos, had issued a direct censor against the media. My boss, who, aside from being in charge of the show I worked for, was also in charge of a soccer team. I always suspected that he was more interested in goals than in the news. He censored my report. He asked me to change it, I said no, so he put another journalist on the story to write what I was supposed to say. I did not want to be a censored journalist. I don't know where I found the strength, but I wrote my letter of resignation. And so at 24 years of age -- just 24 -- I made the most difficult and most transcendental decision of my life. Not only did I resign from television, but I had also decided to leave my country.
não parecia tão genial assim. Nessa época, havia censura direta da casa presidencial de Los Pinos sobre os meios de comunicação, e meu chefe, que além de chefiar o programa em que eu trabalhava, também estava à frente de um time de futebol, sempre achei que se interessava mais pelos gols do que pelas notícias, censurou minha reportagem. Pediu para que eu a mudasse, mas recusei, então colocou outro jornalista para escrever o que eu, supostamente, deveria dizer. Eu não queria ser um jornalista censurado. Não sei de onde tirei forças, mas escrevi minha carta de demissão e assim, com 24 anos apenas, tomei a decisão mais difícil e importante da minha vida. Eu não só iria renunciar à televisão como também havia decidido deixar meu país.
I sold my car, a beat-up little red Volkswagen, came up with some money and said goodbye to my family, to my friends, to my streets, to my favorite haunts -- to my tacos --
Vendi meu carro, um fusquinha vermelho e bem velho, consegui alguns dólares, dei adeus à minha família, aos meus amigos, às minhas ruas, aos meus lugares, aos meus tacos, (Risos)
(Laughter)
e comprei uma passagem só de ida para Los Angeles, na Califórnia.
and I bought a one-way ticket to Los Angeles, California. And so I became one of the 250 million immigrants that exist in the world.
Assim, me tornei um dos 250 milhões de imigrantes que há no mundo todo.
Ask any immigrant about the first day they arrived in their new country, and you'll find that they remember absolutely everything, like it was a movie with background music. In my case, I arrived in Los Angeles, the sun was setting, and everything I owned -- a guitar, a suitcase and some documents -- I could carry all of it with my two hands. That feeling of absolute freedom, I haven't experienced since. And I survived with what little I had. I obtained a student visa; I was studying. I ate a lot of lettuce and bread, because that's all I had. Finally, in 1984, I landed my first job as a TV reporter in the United States.
Perguntem a qualquer imigrante sobre o primeiro dia em que chegam a um país novo e vão ver como se lembram de tudo, como se fosse um filme, com música de fundo. No meu caso, quando cheguei a Los Angeles, o sol estava se pondo, e tudo o que eu tinha era um violão, uma mala e uns documentos e eu podia carregar tudo com as minhas mãos. Essa sensação de liberdade absoluta, nunca mais voltei a sentir. E sobrevivi com o pouco que tinha. Consegui um visto de estudante, estava estudando; comia muita alface e pão, pois não podia comprar nada mais. E finalmente em 1984, consegui meu primeiro trabalho como repórter de televisão nos Estados Unidos.
And the first thing I noticed was that in the US, my colleagues criticized -- and mercilessly -- then president Ronald Reagan, and absolutely nothing happened; no one censored them. And I thought: I love this country.
E a primeira coisa que notei foi que meus colegas de trabalho criticavam, e duramente, o presidente vigente, Ronald Reagan, e não acontecia absolutamente nada. Não havia censura. E eu pensei: (Inglês) "Eu amo este país!"
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
And that's how it's been for more than 30 years: reporting with total freedom, and being treated as an equal despite being an immigrant -- until, without warning, I was assigned to cover the recent US presidential election.
E tem sido assim por mais de 30 anos, fazendo jornalismo com total liberdade e sendo tratado como igual apesar de eu ser imigrante. Até que um dia tive que cobrir a última eleição presidencial dos Estados Unidos.
On June 16, 2015, a candidate who would eventually become the president of the United States said that Mexican immigrants were criminals, drug traffickers and rapists. And I knew that he was lying. I knew he was wrong for one very simple reason: I'm a Mexican immigrant. And we're not like that. So I did what any other reporter would have done: I wrote him a letter by hand requesting an interview, and I sent it to his Tower in New York.
No dia 16 de junho de 2015, o candidato que acabaria se tornando o presidente dos Estados Unidos disse que os imigrantes mexicanos eram criminosos, narcotraficantes e estupradores. E eu sabia que era mentira. Eu sabia que ele estava errado por uma simples razão: eu sou um imigrante mexicano, e não somos assim. Assim, fiz o que qualquer outro repórter teria feito: escrevi para ele uma carta à mão, pedi uma entrevista e enviei a carta para a Trump Tower, em Nova Iorque. No dia seguinte,
The next day I was at work, and I suddenly began to receive hundreds of calls and texts on my cell phone, some more insulting than others. I didn't know what was happening until my friend came into my office and said, "They published your cell number online." They actually did that. Here's the letter they sent where they gave out my number. Don't bother writing it down, OK? I already changed it.
eu estava no escritório e, de repente, começo a receber um monte de ligações e mensagens no meu celular, mensagens insultantes, e eu não sabia o que estava acontecendo. Então, um amigo veio ao meu escritório e disse: "Publicaram na internet o seu número do celular". E fizeram isso mesmo. Aqui está a carta que enviaram, na qual colocaram o meu celular. Nem adianta anotar, eu já mudei meu número.
(Laughter)
(Risos)
But I learned two things. The first one is that you should never, never, ever give your cell number to Donald Trump.
Mas aprendi duas coisas: a primeira é que você nunca deve dar seu número de celular para o Donald Trump,
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
The second lesson was that I needed to stop being neutral at that point. From then on, my mission as a journalist changed. I would confront the candidate and show that he was wrong, that what he said about immigrants in the US was not true.
e a segunda é que eu deveria deixar de ser neutro naquele momento. A partir desse ponto, minha missão como jornalista mudou. Eu iria enfrentar o candidato e mostrar que ele estava errado, que não era certo o que dizia sobre os imigrantes nos Estados Unidos. Um dado para vocês:
Let me give you some figures. Ninety-seven percent of all undocumented people in the United States are good people. Less than three percent have committed a serious crime, or "felony," as they say in English. In comparison, six percent of US citizens have committed a serious crime. The conclusion is that undocumented immigrants behave much better than US citizens.
os 97% de todos os imigrantes ilegais nos Estados Unidos, são pessoas boas. Menos de 3% cometeram um delito grave, ou "felony," como dizem em inglês. Em comparação, 6% dos norte-americanos já cometeram tal delito. A conclusão é que os imigrantes ilegais se comportam muito melhor do que os norte-americanos.
Based on that data, I made a plan. Eight weeks after they published my cell number, I obtained a press pass for a press conference for the candidate gaining momentum in the polls. I decided to confront him in person. But ... things didn't turn out exactly as I had planned; watch:
Com esses dados, fiz um plano. Oito semanas depois de publicarem o número do meu celular, fiz inscrição como jornalista numa coletiva de imprensa do candidato que responderia a todas as perguntas e decidi enfrentá-lo pessoalmente. Mas... as coisas não saíram exatamente como eu havia planejado, vejam:
[Donald Trump Press Conference Dubuque, Iowa]
[Vídeo da Coletiva de imprensa de Donald Trump - Dubuque, Iowa]
(Video) Jorge Ramos: Mr. Trump, I have a question about immigration.
Jorge Ramos: Uma pergunta sobre imigração. Donald Trump: Próximo? Sim, por favor.
Donald Trump: Who's next? Yes, please.
JR: Seu plano de imigração está cheio... DT: Sente-se. Você não foi chamado.
JR: Your immigration plan is full of empty promises.
JR: Sou repórter e como imigrante e cidadão norte-americano
DT: Excuse me, you weren't called. Sit down. Sit down!
JR: I'm a reporter; as an immigrant and as a US citizen, I have the right to ask a question.
e tenho direito a uma pergunta. DT: Não. Não tem. Não foi chamado.
DT: No you don't. JR: I have the right to ask --
JR: Tenho direito a uma pergunta. DT: Volte para a Univision.
DT: Go back to Univision.
JR: Não. Você não pode deportar 11 milhões de pessoas,
JR: This is the question: You cannot deport 11 million people. You cannot build a 1900-mile wall. You cannot deny citizenship to children in this country.
não pode construir um muro de 3 mil quilômetros, não pode negar cidadania às crianças neste país...
DT: Sit down. JR: And with those ideas --
DT: Sente-se. JR: e com essas ideias...
DT: You weren't called.
JR: Sou repórter e tenho... não toque em mim, senhor.
JR: I'm a reporter and I have -- Don't touch me, sir.
Segurança 1: Por favor, não interrompa.
Guard 1: Please don't disrupt. You're being disruptive.
JR: Tenho direito a uma pergunta. S1: Sim, na sua vez, senhor.
JR: I have the right to ask a question. G1: Yes, in order. In turn, sir.
Segurança 2: E a sua credencial?
Guard 2: Do you have your media credential?
S2: Cadê? Mostre. JR: Está ali.
JR: I have the right --
G2: Where? Let me see. JR: It's over there.
Homem: Saia, fique aí fora. S2: Só tem que esperar a sua vez.
Man: Whoever's coming out, stay out.
G2: You've just got to wait your turn.
Homem: Está sendo grosseiro. A questão não é com você.
Man: You're very rude. It's not about you.
JR: Não é... Homem: Saia do meu país!
JR: It's not about you -- Man: Get out of my country!
JR: Também sou cidadão norte-americano.
Man: It's not about you.
JR: I'm a US citizen, too.
H: Que seja. Não, a Univision, não. A questão não é com você.
Man: Well ...whatever. No, Univision. It's not about you.
JR: It's not about you. It's about the United States.
JR: Não tem a ver com você, e sim com os Estados Unidos.
(Applause)
(Aplausos)
(Applause ends)
Whenever I see that video, the first thing I always think is that hate is contagious. If you notice, after the candidate says, "Go back to Univision" -- that's code; what he's telling me is, "Get out of here." One member of his entourage, as if he had been given permission, said, "Get out of my country," not knowing that I'm also a US citizen.
Depois de ver o vídeo, sempre, a primeira coisa que penso é que o ódio é contagioso. Depois que o candidato me diz: "Volte para a Univision", isso é um código, o que quer dizer é "saia daqui", um de seus seguidores, como se houvessem dado permissão, me disse "Saia do meu país", sem saber que também sou cidadão dos Estados Unidos.
After watching this video many times, I also think that in order to break free from neutrality -- and for it to be a true break -- one has to lose their fear, and then learn how to say, "No; I'm not going to be quiet. I'm not going to sit down. And I'm not going to leave." The word "no" --
Depois de ver esse vídeo muitas vezes, percebi que para se romper com a neutralidade, um verdadeiro rompimento, é preciso perder o medo e aprender a dizer: "Não. Não vou me calar, não vou me sentar e não vou embora". O "não"...
(Applause)
(Aplausos)
"no" is the most powerful word that exists in any language, and it always precedes any important change in our lives. And I think there's enormous dignity and it generates a great deal of respect to be able to step back and to push back and say, "No."
o "não" é a palavra mais poderosa que existe em qualquer linguagem e sempre antecede qualquer mudança importante em nossa vida. E acredito que exista uma enorme dignidade e gera muito respeito conseguir parar, resistir e dizer: "Não!"
Elie Wiesel -- Holocaust survivor, Nobel Peace Prize recipient and who, unfortunately, we lost very recently -- said some very wise words: "We must take a side. Neutrality helps only the oppressor, never the victim." And he's completely right. We journalists are obligated to take sides in certain circumstances; in cases of racism, discrimination, corruption, lying to the public, dictatorships and human rights, we need to set aside neutrality and indifference.
Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto, Prêmio Nobel da Paz e quem, infelizmente, perdemos há pouco tempo, disse algumas palavras sábias: "Devemos tomar partido. A neutralidade ajuda apenas o opressor, nunca a vítima". E ele tem toda razão. Nós, jornalistas, somos obrigados a tomar partido em certas situações. Em casos de racismo, discriminação, corrupção, mentiras públicas, ditaduras e direitos humanos, devemos abandonar a neutralidade e a indiferença.
Spanish has a great word to describe the stance that journalists should take. The word is "contrapoder [anti-establishment]." Basically, we journalists should be on the opposite side from those in power. But if you're in bed with politicians, if you go to the baptism or wedding of the governor's son or if you want to be the president's buddy, how are you going to criticize them? When I'm assigned to interview a powerful or influential person, I always keep two things in mind: if I don't ask this difficult and uncomfortable question, no one else is going to; and that I'm never going to see this person again. So I'm not looking to make a good impression or to forge a connection. In the end, if I have to choose between being the president's friend or enemy, I always prefer to be their enemy.
Em espanhol, existe uma palavra maravilhosa que descreve onde nós, jornalistas, devemos estar. A palavra é "contrapoder". De fato, nós, jornalistas, devemos estar do lado oposto ao dos poderosos. Mas se você vai para a cama com o político, se você vai ao batizado ou casamento do filho do governador ou se você quer ser amiguinho do presidente, como irá criticá-los? Quando tenho que entrevistar pessoas poderosas ou influentes, tenho em mente duas coisas: que se eu não fizer aquela pergunta difícil e incômoda, ninguém mais irá fazer, e que nunca mais voltarei a ver aquela pessoa. Então, o que eu quero não é ficar bem ou ter acesso. Se eu tiver que escolher ser amigo ou inimigo do presidente, é sempre preferível ser o inimigo.
In closing: I know this is a difficult time to be an immigrant and a journalist, but now more than ever, we need journalists who are prepared, at any given moment, to set neutrality aside. Personally, I feel like I've been preparing for this moment my whole life. When they censored me when I was 24, I learned that neutrality, fear and silence often make you an accomplice in crime, abuse and injustice. And being an accomplice to power is never good journalism.
Para terminar, eu sei que estes são momentos difíceis para ser imigrante e jornalista, mas agora, mais do que nunca, precisamos de jornalistas dispostos a abandonar a neutralidade em algum momento. Pessoalmente, sinto que me preparei para este momento minha vida toda. Quando me censuraram com 24 anos, aprendi que a neutralidade, o medo e o silêncio, muitas vezes, nos tornam cúmplices de crimes, abusos e injustiças. E ser cúmplice do poder nunca é um bom jornalismo.
Now, at 59 years old, I only hope to have a tiny bit of the courage and mental clarity I had at 24, and that way, never again remain quiet. Thank you very much.
Agora, com 59 anos, espero apenas ter um pouco do valor e da clareza mental que tive com 24 anos e assim nunca mais me calar. Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)
Thank you.
Obrigado.
(Applause)