The story starts: I was at a friend's house, and she had on her shelf a copy of the DSM manual, which is the manual of mental disorders. It lists every known mental disorder. And it used to be, back in the '50s, a very slim pamphlet. And then it got bigger and bigger and bigger, and now it's 886 pages long. And it lists currently 374 mental disorders.
Essa história começa assim: eu tava na casa de uma amiga e ela tinha na estante uma cópia do manual DSM, que é o manual das doenças mentais. Ele lista todas as doenças mentais e costumava ser, nos anos 1950, um livro fininho. Depois foi só aumentando, aumentando e aumentando, e agora tem 886 páginas. Atualmente ele lista 374 doenças mentais.
So I was leafing through it, wondering if I had any mental disorders, and it turns out I've got 12.
Eu tava dando uma folheada nele e imaginando se tinha alguma doença mental, e parece que tenho 12.
(Laughter)
(Risos)
I've got generalized anxiety disorder, which is a given. I've got nightmare disorder, which is categorized if you have recurrent dreams of being pursued or declared a failure, and all my dreams involve people chasing me down the street going, "You're a failure!"
Tenho o transtorno da ansiedade generalizada, que é adquirido. Tenho o transtorno dos pesadelos, que se caracteriza por sonhos recorrentes de ser perseguido ou de ser considerado um fracasso. E todos meus sonhos envolvem pessoas me perseguindo pela rua dizendo: "Você é um fracasso."
(Laughter)
(Risos)
I've got parent-child relational problems, which I blame my parents for.
Tenho problemas de relacionamento pais e filhos, cuja culpa atribuo a meus pais.
(Laughter)
(Risos)
I'm kidding. I'm not kidding. I'm kidding. And I've got malingering. And I think it's actually quite rare to have both malingering and generalized anxiety disorder, because malingering tends to make me feel very anxious.
Tô brincando. Não tô brincando. Tô brincando. E tenho a mania de fingir que estou doente. Acho que, na verdade, é bem raro ter tanto essa mania quanto o transtorno da ansiedade generalizada, pois fingir que estou doente me deixa bastante ansioso.
Anyway, I was looking through this book, wondering if I was much crazier than I thought I was, or maybe it's not a good idea to diagnose yourself with a mental disorder if you're not a trained professional, or maybe the psychiatry profession has a kind of strange desire to label what's essentially normal human behavior as a mental disorder. I didn't know which of these was true, but I thought it was kind of interesting, and I thought maybe I should meet a critic of psychiatry to get their view, which is how I ended up having lunch with the Scientologists.
Bom, tava olhando esse livro e imaginando se era bem mais doido que pensava, ou talvez se não era uma péssima ideia ficar se autodiagnosticando com uma doença mental se você não é um profissional treinado, ou talvez a profissão de psiquiatra tenha um estranho desejo de rotular o que é essencialmente normal no comportamento humano como doença mental. Não sabia qual dessas coisas era verdade, mas achei que era interessante. E pensei que talvez devesse procurar um crítico da psiquiatria pra ouvir a opinião deles. Foi assim que acabei almoçando com os cientologista.
(Laughter)
It was a man called Brian, who runs a crack team of Scientologists who are determined to destroy psychiatry wherever it lies. They're called the CCHR. And I said to him, "Can you prove to me that psychiatry is a pseudo-science that can't be trusted?" And he said, "Yes, we can prove it to you." And I said, "How?" And he said, "We're going to introduce you to Tony." And I said, "Who's Tony?" And he said, "Tony's in Broadmoor." Now, Broadmoor is Broadmoor Hospital. It used to be known as the Broadmoor Asylum for the Criminally Insane. It's where they send the serial killers, and the people who can't help themselves. And I said to Brian, "Well, what did Tony do?" And he said, "Hardly anything. He beat someone up or something, and he decided to fake madness to get out of a prison sentence. But he faked it too well, and now he's stuck in Broadmoor and nobody will believe he's sane. Do you want us to try and get you into Broadmoor to meet Tony?" So I said, "Yes, please."
Era um homem chamado Brian que coordena uma equipe de craques em cientologia determinados a destruir a psiquiatria de todo jeito. O nome do grupo era "Comissão de Cidadãos para os Direitos Humanos". Aí perguntei a ele: "Vocês conseguem me provar que a psiquiatria é uma pseudociência na qual não se pode confiar? E ele respondeu: " Sim, podemos te provar.". Aí perguntei, "Como?" E ele disse: "Vamos te apresentar o Tony." Eu perguntei: "Quem é Tony?" Ele falou: "Tony está em Broadmoor." Broadmoor é o Hospital Broadmoor. Costumava ser conhecido como o Sanatório Broadmoor para os Criminosos Insanos. É pra lá que eles mandam os assassinos em série e as pessoas que não conseguem se ajudar. Eu perguntei ao Brian, "O que o Tony fez?" Ele falou: "Praticamente nada. Ele espancou alguém ou coisa parecida, e decidiu fingir que estava louco pra escapar da sentença de prisão. Mas ele fingiu tão bem que agora está preso em Broadmoor e ninguém acredita que ele seja normal. Quer que a gente tente te levar a Broadmoor pra conhecer o Tony?" Eu disse: "Sim, por favor."
So I got the train to Broadmoor. I began to yawn uncontrollably around Kempton Park, which apparently is what dogs also do when anxious, they yawn uncontrollably. And we got to Broadmoor. And I got taken through gate after gate after gate after gate into the wellness center, which is where you get to meet the patients. It looks like a giant Hampton Inn. It's all peach and pine and calming colors. And the only bold colors are the reds of the panic buttons. And the patients started drifting in. And they were quite overweight and wearing sweatpants, and quite docile-looking. And Brian the Scientologist whispered to me, "They're medicated," which, to the Scientologists, is like the worst evil in the world, but I'm thinking it's probably a good idea.
Daí, peguei o trem pra Broadmoor. Comecei a bocejar incontrolavelmente perto do parque Kempton, o que, aparentemente, é o que os cachorros fazem quando estão ansiosos -- eles bocejam incontrolavelmente. E chegamos a Broadmoor. Passei por portões e mais portões até chegar ao centro de saúde, onde podemos visitar os pacientes. O prédio se parece com um gigantesco hotelzinho. Era todo em pêssego e verde, cores calmantes. A única cor forte era o vermelho dos botões de pânico. Os pacientes começaram a andar por ali. Estavam bem acima do peso, usavam calças de moletom e tinham o olhar bem dócil. Brian, o cientologista, sussurou pra mim: "Estão medicados", o que para um cientologista é tipo o pior mal no mundo, mas achei que isso provavelmente era uma boa ideia.
(Laughter)
(Risos)
And then Brian said, "Here's Tony." And a man was walking in. And he wasn't overweight, he was in very good physical shape. And he wasn't wearing sweatpants, he was wearing a pinstripe suit. And he had his arm outstretched like someone out of The Apprentice. He looked like a man who wanted to wear an outfit that would convince me that he was very sane.
E Brian disse "Olha o Tony aqui." Um homem foi se aproximando. Ele não era obeso e estava em ótima forma. Não estava usando calças de moletom. Usava um terno de risca de giz. E tinha o braço estendido como alguém do programa "O Aprendiz". Parecia um homem que queria usar uma roupa que me convencereria de que ele era bastante normal.
And he sat down. And I said, "So is it true that you faked your way in here?" And he said, "Yep. Yep. Absolutely. I beat someone up when I was 17. And I was in prison awaiting trial, and my cellmate said to me, 'You know what you have to do? Fake madness. Tell them you're mad, you'll get sent to some cushy hospital. Nurses will bring you pizzas, you'll have your own PlayStation.'" I said, "Well, how did you do it?" He said, "Well, I asked to see the prison psychiatrist. And I'd just seen a film called 'Crash,' in which people get sexual pleasure from crashing cars into walls. So I said to the psychiatrist, 'I get sexual pleasure from crashing cars into walls.'" And I said, "What else?" He said, "Oh, yeah. I told the psychiatrist that I wanted to watch women as they died, because it would make me feel more normal." I said, "Where'd you get that from?" He said, "Oh, from a biography of Ted Bundy that they had at the prison library."
Aí ele se sentou. Eu perguntei: "Então é verdade que você mentiu pra vir pra cá?" Ele respondeu: "É. É sim. Com certeza. Eu espanquei alguém quando tinha 17. Estava preso aguardando julgamento, quando meu colega de cela me falou: "Sabe o que você tem que fazer? Finja loucura. Diga que é louco. Eles vão te mandar pra algum hospital tranquilo onde as enfermeiras vão te trazer pizza. Você vai ter seu próprio playstation". Aí eu disse: "Então como você fez?" Ele disse: "Pedi pra ver o psiquiatra da prisão. Eu tinha acabado de ver o filme 'Crash', em que as pessoas têm prazer sexual batendo o carro na parede. Daí eu falei para o psiquiatra: 'Eu tenho prazer sexual batendo carros em paredes.' " Daí perguntei: "E o que mais?" Ele disse: " Ah, sim. Disse para o psiquiatra que queria assistir mulheres morrendo, pois isso faria eu me sentir mais normal." E eu perguntei: "De onde você tirou isso?" Ele respondeu: "Ah, da biografia do Ted Bundy que eles tinham na biblioteca da prisão."
Anyway, he faked madness too well, he said. And they didn't send him to some cushy hospital. They sent him to Broadmoor. And the minute he got there, said he took one look at the place, asked to see the psychiatrist, said, "There's been a terrible misunderstanding. I'm not mentally ill." I said, "How long have you been here for?" He said, "Well, if I'd just done my time in prison for the original crime, I'd have got five years. I've been in Broadmoor for 12 years."
Afinal, ele fingiu ser louco tão bem, ele disse. Mas não mandaram ele para um hospital tranquilo. Mandaram ele para o Broadmoor. E, no instante que pisou o pé lá, disse que deu uma olhada no lugar e pediu pra ver o psiquiatra e falou pra ele: "Houve um engano terrível. Não sou um doente mental." Perguntei: "Há quanto tempo você está aqui?" Ele disse: "Bom, se eu tivesse cumprido meu tempo na prisão pelo crime original, teria pego 5 anos. Estou em Broadmoor há 12 anos."
Tony said that it's a lot harder to convince people you're sane than it is to convince them you're crazy. He said, "I thought the best way to seem normal would be to talk to people normally about normal things like football or what's on TV. I subscribe to New Scientist, and recently they had an article about how the U.S. Army was training bumblebees to sniff out explosives. So I said to a nurse, 'Did you know that the U.S. Army is training bumblebees to sniff out explosives?' When I read my medical notes, I saw they'd written: 'Believes bees can sniff out explosives.'"
Tony disse que é muito mais difícil convencer as pessoas de que você é normal do que convencê-las de que você é louco. Ele disse: "Pensei que o melhor jeito de parecer normal seria conversar com as pessoas normalmente sobre coisas normais como futebol ou sobre programas de TV. Assinei a revista "New Scientist", e recentemente lá tinha um artigo sobre como o exército americano estava treinando zangões para farejar explosivos. Daí falei pra enfermeira: "Você sabia que o exército americano está treinando zangões para farejar explosivos?" Quando li meu prontuário médico, vi que escreveram lá: "Ele acredita que abelhas podem farejar explosivos."
(Laughter)
Ele disse: "Sabe, eles estão sempre procurando
He said, "You know, they're always looking out for nonverbal clues to my mental state. But how do you sit in a sane way? How do you cross your legs in a sane way? It's just impossible." When Tony said that to me, I thought to myself, "Am I sitting like a journalist? Am I crossing my legs like a journalist?"
por pistas não-verbais sobre meu estado mental. Mas como se sentar de maneira normal? Como cruzar as pernas de maneira normal? É simplesmente impossível." Quando Tony me disse isso, eu pensei comigo: "Estou sentado como um jornalista?" Estou cruzando as pernas como um jornalista?"
He said, "You know, I've got the Stockwell Strangler on one side of me, and I've got the 'Tiptoe Through the Tulips' rapist on the other side of me. So I tend to stay in my room a lot because I find them quite frightening. And they take that as a sign of madness. They say it proves that I'm aloof and grandiose." So, only in Broadmoor would not wanting to hang out with serial killers be a sign of madness. Anyway, he seemed completely normal to me, but what did I know?
Ele disse: "Sabe, de um lado tenho o Estrangulador de Stockwell e do outro o estuprador da ponta dos pés. Assim, passo bastante tempo no meu quarto, porque acho eles bem assustadores. E eles tomam isso como um sinal de loucura. Eles dizem que isso prova que sou um lunático e com mania de grandeza." Parece que só mesmo em Broadmoor não querer ficar perto de assassinos em série é um sinal de loucura. De todo jeito, ele me pareceu completamente normal -- mas o que eu sabia? Quando cheguei em casa, mandei um e-mail para o médico dele, Anthony Maden.
And when I got home I emailed his clinician, Anthony Maden. I said, "What's the story?" And he said, "Yep. We accept that Tony faked madness to get out of a prison sentence, because his hallucinations -- that had seemed quite cliche to begin with -- just vanished the minute he got to Broadmoor. However, we have assessed him, and we've determined that what he is is a psychopath." And in fact, faking madness is exactly the kind of cunning and manipulative act of a psychopath. It's on the checklist: cunning, manipulative. So, faking your brain going wrong is evidence that your brain has gone wrong. And I spoke to other experts, and they said the pinstripe suit -- classic psychopath -- speaks to items one and two on the checklist: glibness, superficial charm and grandiose sense of self-worth. And I said, "Well, but why didn't he hang out with the other patients?" Classic psychopath -- it speaks to grandiosity and also lack of empathy. So all the things that had seemed most normal about Tony was evidence, according to his clinician, that he was mad in this new way. He was a psychopath.
E perguntei: "Qual que é a história?" Ele disse: "Bom, admitimos que o Tony fingiu ser louco para se livrar da prisão, porque, pra começar, suas alucinações eram bem clichês e desapareceram no momento em que pisou em Broadmoor. No entanto, nós o avaliamos. E concluímos que ele é um psicopata." E, na verdade, fingir loucura é exatamente o tipo de ato ardil e manipulativo próprio de um psicopata. Está na lista dos sintomas: ardiloso e manipulativo. Assim, fingir que seu cérebro anda mal é uma evidência de que tem algo errado com seu cérebro. Daí conversei com outros especialistas e eles disseram: terno risca de giz -- o psicopata clássico. Tem a ver com os dois primeiros itens da lista de sintomas -- loquacidade, charme superficial, valor próprio grandioso. E eu falei: "Bom, mas por que ele não queria ficar com os outros pacientes?" Psicopata clássico -- tem a ver com a mania de grandeza e com a falta de empatia também. Assim, tudo que parecia supernormal em Tony era uma evidência, de acordo com esse médico, que ele era louco à sua maneira. Ele era um psicopata.
And his clinician said to me, "If you want to know more about psychopaths, you can go on a psychopath-spotting course run by Robert Hare, who invented the psychopath checklist." So I did. I went on a psychopath-spotting course, and I am now a certified -- and I have to say, extremely adept -- psychopath spotter.
E o médico dele me disse: "Se quiser saber mais sobre psicopatas, você pode fazer um curso de detecção de psicopatas ministrado por Robert Hare, que inventou a lista de sintomas que define um psicopata." E assim eu fiz. Frequentei um curso de detecção de psicopatas, e agora sou um credenciado -- e, devo dizer, extremamente perito -- reconhecedor de psicopata.
So, here's the statistics: One in a hundred regular people is a psychopath. So there's 1,500 people in his room. Fifteen of you are psychopaths. Although that figure rises to four percent of CEOs and business leaders, so I think there's a very good chance there's about 30 or 40 psychopaths in this room. It could be carnage by the end of the night.
E aqui estão as estatísticas: uma em cada 100 pessoas é psicopata. Tem umas 1500 pessoas nesta sala. Quinze de vocês são psicopatas. Mas esse número sobe para 4% entre os presidentes e líderes empresariais. Portanto, acho que existe uma boa chance de termos uns 30 ou 40 psicopatas nesta sala. Corremos o risco de uma carnificina até o fim da noite.
(Laughter)
(Risos) (Risos)
Hare said the reason why is because capitalism at its most ruthless rewards psychopathic behavior -- the lack of empathy, the glibness, cunning, manipulative. In fact, capitalism, perhaps at its most remorseless, is a physical manifestation of psychopathy. It's like a form of psychopathy that's come down to affect us all. Hare said, "You know what? Forget about some guy at Broadmoor who may or may not have faked madness. Who cares? That's not a big story. The big story," he said, "is corporate psychopathy. You want to go and interview yourself some corporate psychopaths."
Hare disse que a razão disso é o fato de o capitalismo, na sua forma mais cruel, recompensar o comportamento psicopata -- falta de empatia, loquacidade, ardilosidade, manipulação. Na verdade, o capitalismo, talvez na sua forma mais impiedosa, seja uma manifestação física da psicopatia. É como uma forma de psicopatia que veio para afetar todos nós. E Hare me falou: "Sabe do que mais? Esqueça esse cara em Broadmoor, que pode ter ou não fingido loucura. Quem se importa? Não é uma grande estória. A grande estória, ele disse: "é a piscopatia corporativa. Você deveria entrevistar alguns psicopatas corporativos."
So I gave it a try. I wrote to the Enron people. I said, "Could I come and interview you in prison, to find out it you're psychopaths?"
Então fiz uma tentativa. Escrevi para o pessoal da Enron e perguntei: "Será que posso entrevistar vocês na prisão para descobrir se são psicopatas?"
(Laughter)
Mas eles não responderam.
And they didn't reply.
(Laughter)
Daí mudei de tática.
So I changed tack. I emailed "Chainsaw Al" Dunlap, the asset stripper from the 1990s. He would come into failing businesses and close down 30 percent of the workforce, just turn American towns into ghost towns. And I emailed him and I said, "I believe you may have a very special brain anomaly that makes you ... special, and interested in the predatory spirit, and fearless. Can I come and interview you about your special brain anomaly?" And he said, "Come on over!"
Mandei um e-mail para Al Dunlap, apelidado de “Al Motosserra”, o desmantelador de ativos dos anos 1990. Ele entrava em empresas falidas e despedia 30% da força de trabalho, simplesmente transformando cidades americanas em cidades fantasma. Aí mandei um e-mail pra ele e disse: "Acredito que você tenha uma anomalia bem especial no cérebro que faz de você uma pessoa especial, interessado no espírito predatório e destemido. Será que poderia ir aí te entrevistar sobre essa anomalia especial do seu cérebro?" Daí ele falou: "Pode vir".
(Laughter)
So I went to Al Dunlap's grand Florida mansion. It was filled with sculptures of predatory animals. There were lions and tigers -- he was taking me through the garden -- there were falcons and eagles, he was saying, "Over there you've got sharks and --" he was saying this in a less effeminate way -- "You've got more sharks and you've got tigers." It was like Narnia.
Aí fui para a mansão imponente do Al Dunlap na Flórida, que era cheia de esculturas de animais predadores. Tinha leões e tigres. Ele estava me mostrando o jardim. Tinha falcões e águias. Ele estava me dizendo: "Ali tem tubarões." Ele falava isso de um jeito menos afeminado. "Tem mais tubarões e tem tigres." Era como o país de Nárnia.
(Laughter)
(Risos)
And then we went into his kitchen. Now, Al Dunlap would be brought in to save failing companies, he'd close down 30 percent of the workforce. And he'd quite often fire people with a joke. Like, for instance, one famous story about him, somebody came up to him and said, "I've just bought myself a new car." And he said, "Well, you may have a new car, but I'll tell you what you don't have -- a job."
E aí fomos pra cozinha. Então Al Dunlap tinha sido trazido para salvar companhias em processo de falência. Ele tinha despedido 30% dos trabalhadores. E tinha, de forma bastante frequente, despedido pessoas com uma piada. Por exemplo, um caso famoso sobre ele era que alguém chegou pra ele e disse: "Acabei de comprar um carro". E ele disse: "Você até pode ter um carro novo, mas vou lhe dizer o que você não tem mais - um emprego."
So in his kitchen -- he was in there with his wife, Judy, and his bodyguard, Sean -- and I said, "You know how I said in my email that you might have a special brain anomaly that makes you special?" He said, "Yeah, it's an amazing theory, it's like Star Trek. You're going where no man has gone before." And I said, "Well --" (Clears throat)
Aí, na cozinha dele --- ele em pé lá com sua esposa, Judy, e o guarda-costas, Sean -- eu falei: "Você sabe, como disse no e-mail, é possível que você tenha uma anomalia especial no cérebro que faz de você uma pessoa especial?" Ele falou: "É, essa é uma teoria impressionante. É como Star Trek. Você está indo aonde nenhum homem jamais foi. " E falei: "Bem, alguns psicólogos podem dizer
(Laughter)
Some psychologists might say that this makes you --" (Mumbles)
que isso faz de você ..." (Balbucios)
(Laughter)
(Risos)
And he said, "What?" And I said, "A psychopath." And I said, "I've got a list of psychopathic traits in my pocket. Can I go through them with you?"
E ele perguntou: "O quê?" E eu falei: "Um psicopata." E dissei: "Tenho aqui no bolso uma lista com as características dos psicopatas. Posso ler pra você?"
And he looked intrigued despite himself, and he said, "Okay, go on." And I said, "Okay. Grandiose sense of self-worth." Which I have to say, would have been hard for him to deny, because he was standing under a giant oil painting of himself.
E, mesmo sem querer deixar transparecer, ele pareceu intrigado e disse: OK, pode continuar". E eu disse: "OK. Senso grandioso de autovalor." O que, tenho de reconhecer, teria sido difícil pra ele negar, já que ele estava em pé debaixo de um retrato enorme dele pintado a óleo.
(Laughter)
(Risos)
He said, "Well, you've got to believe in you!" And I said, "Manipulative." He said, "That's leadership."
Ele falou: "Ué, você tem de acreditar em si mesmo!" E eu continuei: "Manipulativo." Ele disse: "Isso é liderança."
(Laughter)
And I said, "Shallow affect, an inability to experience a range of emotions." He said, "Who wants to be weighed down by some nonsense emotions?" So he was going down the psychopath checklist, basically turning it into "Who Moved My Cheese?"
E eu disse: "Afeto superficial: uma inabilidade de experimentar uma gama de emoções." Ele disse: "Quem quer ser derrubado por algumas emoções sem sentido?" Dessa forma, ele basicamente estava transformando a lista de sintomas em "Quem mexeu no meu queijo?"
(Laughter)
(Risos)
But I did notice something happening to me the day I was with Al Dunlap. Whenever he said anything to me that was kind of normal -- like he said "no" to juvenile delinquency, he said he got accepted into West Point, and they don't let delinquents in West Point. He said "no" to many short-term marital relationships. He's only ever been married twice. Admittedly, his first wife cited in her divorce papers that he once threatened her with a knife and said he always wondered what human flesh tasted like, but people say stupid things to each other in bad marriages in the heat of an argument, and his second marriage has lasted 41 years. So whenever he said anything to me that just seemed kind of non-psychopathic, I thought to myself, well I'm not going to put that in my book. And then I realized that becoming a psychopath spotter had kind of turned me a little bit psychopathic. Because I was desperate to shove him in a box marked "Psychopath." I was desperate to define him by his maddest edges.
Mas notei que estava acontecendo algo comigo no dia em que estive com Al Dunlap. Tudo o que ele dizia me parecia normal -- como quando ele disse não concordar com a deliquência juvenil. Ele disse que foi aceito na academia West Point, e lá eles não permitem delinquentes. Ele disse não concordava com relacionamentos conjugais curtos. Ele se casou apenas duas vezes. É público e notório que sua primeira esposa alegou nos papéis do divórcio que uma vez ele ameaçou a vida dela com uma faca, dizendo que sempre tinha imaginado qual seria o gosto de carne humana, mas em casamentos ruins as pessoas, no calor da briga, dizem coisas estúpidas umas para as outras, e seu segundo casamento durou 41 anos. Assim, tudo que ele me falava soava não-psicopata. Eu pensei: bem, não vou colocar isso no meu livro. Aí percebi que me tornar um detector de psicopatas me tornou um pouco psicopata. Porque eu estava doido pra colocá-lo numa caixa com o rótulo psicopata. Estava louco para defini-lo por seus limites mais loucos.
And I realized, my God -- this is what I've been doing for 20 years. It's what all journalists do. We travel across the world with our notepads in our hands, and we wait for the gems. And the gems are always the outermost aspects of our interviewee's personality. And we stitch them together like medieval monks, and we leave the normal stuff on the floor. And you know, this is a country that over-diagnoses certain mental disorders hugely. Childhood bipolar -- children as young as four are being labeled bipolar because they have temper tantrums, which scores them high on the bipolar checklist.
Aí percebi - ah, meu Deus. Isso é o que tenho feito por 20 anos. É o que todos jornalistas fazem. Viajamos ao redor do mundo com nossas anotações nas mãos, e esperamos pelas pérolas. E as pérolas são sempre os aspectos mais externos da personalidade dos nossos entrevistados. E costuramos tudo junto como monges medievais. E deixamos o material normal no chão. E este é um país que superdignostica bastante certas desordens mentais. Infância bipolar - crianças de 4 anos são rotuladas como bipolares, porque têm ataques de birra que elevam sua pontuação na lista dos dos sintomas bipolares.
When I got back to London, Tony phoned me. He said, "Why haven't you been returning my calls?" I said, "Well, they say that you're a psychopath." And he said, "I'm not a psychopath." He said, "You know what? One of the items on the checklist is lack of remorse, but another item on the checklist is cunning, manipulative. So when you say you feel remorse for your crime, they say, 'Typical of the psychopath to cunningly say he feels remorse when he doesn't.' It's like witchcraft, they turn everything upside-down." He said, "I've got a tribunal coming up. Will you come to it?" So I said okay.
Quando voltei a Londres, Tony me ligou. Ele falou: "Por que você não retorna minhas ligações?" Eu disse: "Bem, eles dizem que você é um psicopata." E ele respondeu: "Não sou um psicopata." Ele falou: "E sabe de uma coisa, um dos itens da lista é a falta de remorso, mas um outro item da lista é astúcia, a manipulação. Aí quando você diz que sente remorso pelo seu crime, eles dizem: "é típico do psicopata espertamente dizer que ele sente remorso, quando não sente'. É como bruxaria. Eles distorcem tudo." Ele disse: "Tenho uma audiência em breve. Você vai assistir?" Aí falei que sim.
So I went to his tribunal. And after 14 years in Broadmoor, they let him go. They decided that he shouldn't be held indefinitely because he scores high on a checklist that might mean that he would have a greater than average chance of recidivism. So they let him go. And outside in the corridor he said to me, "You know what, Jon? Everyone's a bit psychopathic." He said, "You are, I am. Well, obviously I am." I said, "What are you going to do now?" He said, "I'm going to go to Belgium. There's a woman there that I fancy. But she's married, so I'm going to have to get her split up from her husband."
Então fui assistir à audiência dele. E, depois de 14 anos em Broadmoor, eles o libertaram. Decidiram que ele não poderia ficar internado indefinidamente simplesmente por ter atingido uma pontuação alta numa lista, o que pode significar que ele tem uma chance maior do que a média de reincidência. Então eles soltaram ele. E no corredor ele me disse: "Sabe o que, Jon? Todo mundo é um pouco psicopata." Ele falou: "Você é. Eu sou. Bem, obviamente eu sou." Eu perguntei: "O que você vai fazer agora?" Ele disse: "Estou indo pra Bélgica, porque lá tem uma mulher de quem eu gosto. Mas ela é casada, então vou ter de fazer ela se separar do marido."
(Laughter)
(Risos)
Anyway, that was two years ago, and that's where my book ended. And for the last 20 months, everything was fine. Nothing bad happened. He was living with a girl outside London. He was, according to Brian the Scientologist, making up for lost time, which I know sounds ominous, but isn't necessarily ominous. Unfortunately, after 20 months, he did go back to jail for a month. He got into a "fracas" in a bar, he called it. Ended up going to jail for a month, which I know is bad, but at least a month implies that whatever the fracas was, it wasn't too bad.
De qualquer forma, isso foi há dois anos atrás, e é onde termina meu livro. E nos últimos 20 meses tudo estava ótimo. Não aconteceu nada de ruim. Ele estava vivendo perto de Londres com uma garota. Ele estava, de acordo com Brian, o Cientologista, recuperando o tempo perdido - que sei que soa ameaçador, mas que não o é necessariamente. Infelizmente, depois de 20 meses, ele passou um mês na cadeia. Ele arranjou uma confusão num bar, como ele chamou -- e terminou indo parar um mês na prisão, que sei que é ruim, mas, pelo menos um mês só significa que qualquer que tenha sido a confusão não foi tão ruim assim.
And then he phoned me. And you know what, I think it's right that Tony is out. Because you shouldn't define people by their maddest edges. And what Tony is, is he's a semi-psychopath. He's a gray area in a world that doesn't like gray areas. But the gray areas are where you find the complexity. It's where you find the humanity, and it's where you find the truth. And Tony said to me, "Jon, could I buy you a drink in a bar? I just want to thank you for everything you've done for me." And I didn't go. What would you have done?
Aí ele me ligou. E, querem saber, eu acho certo ele estar solto. Pois você não deve rotular as pessoas pelos seus limites mais loucos. E o que Tony é, ele é um semipsicopata. Ele é uma área cinza num mundo que não gosta de áreas cinza. Mas as áreas cinza são onde encontramos a complexidade, é onde a gente encontra a humanidade e é onde encontramos a verdade. E Tony virou pra mim e disse: "Jon, posso te pagar uma bebida? Só queria te agradecer por tudo que você fez por mim." Mas eu não fui. O que vocês teriam feito?
Thank you.
Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)