One of my earliest memories is of trying to wake up one of my relatives and not being able to. And I was just a little kid, so I didn't really understand why, but as I got older, I realized we had drug addiction in my family, including later cocaine addiction.
Uma das minhas recordações mais antigas é tentar acordar um dos meus familiares e não conseguir. Eu era apenas uma criança, por isso não entendi porquê. À medida que fui crescendo, dei-me conta que tínhamos toxicodependentes na minha família, incluindo o uso da cocaína.
I'd been thinking about it a lot lately, partly because it's now exactly 100 years since drugs were first banned in the United States and Britain,
Tenho pensando nisso ultimamente, em parte porque faz exatamente100 anos
and we then imposed that on the rest of the world. It's a century since we made this really fateful decision to take addicts and punish them and make them suffer, because we believed that would deter them; it would give them an incentive to stop.
que as drogas foram proibidas nos EUA e na Grã-Bretanha, e depois isso foi imposto no resto do mundo. Faz um século que tomámos essa decisão fatal de castigar os toxicodependentes e fazê-los sofrer porque acreditávamos que isso iria dissuadi-los
And a few years ago, I was looking at some of the addicts in my life who I love, and trying to figure out if there was some way to help them. And I realized there were loads of incredibly basic questions I just didn't know the answer to, like, what really causes addiction? Why do we carry on with this approach that doesn't seem to be working, and is there a better way out there that we could try instead?
e dar-lhes um incentivo para parar. Há uns anos, pensei nos toxicodependentes na minha vida, que eu amo, tentando ver se haveria maneira de os ajudar. Percebi que havia muitas questões bastante fundamentais a que eu não sabia responder, como por exemplo: O que é que causa a dependência? Porque continuarmos com esta abordagem que parece não funcionar? Haverá uma melhor forma que podemos tentar?
So I read loads of stuff about it, and I couldn't really find the answers I was looking for, so I thought, okay, I'll go and sit with different people around the world who lived this and studied this and talk to them and see if I could learn from them. And I didn't realize I would end up going over 30,000 miles at the start, but I ended up going and meeting loads of different people, from a transgender crack dealer in Brownsville, Brooklyn, to a scientist who spends a lot of time feeding hallucinogens to mongooses to see if they like them -- it turns out they do, but only in very specific circumstances -- to the only country that's ever decriminalized all drugs, from cannabis to crack, Portugal. And the thing I realized that really blew my mind is, almost everything we think we know about addiction is wrong, and if we start to absorb the new evidence about addiction, I think we're going to have to change a lot more than our drug policies.
Li muita coisa a esse respeito mas não encontrei as respostas que procurava. Então pensei: "Vou falar com pessoas do mundo inteiro, que passaram por isto e estudaram isto. Vou falar com elas a ver se posso aprender alguma coisa. Não sabia que iria acabar numa viagem de mais de 48 000 km, mas fui e acabei por conhecer muitas pessoas diferentes desde um transsexual traficante de "crack" em Brownsville, Brooklyn, a um cientista que passa o tempo a alimentar mangustos com alucinogénios para ver se eles gostam disso. Parece que eles gostam, mas só em circunstâncias muito específicas. Até chegar ao único país que até agora descriminalizou todas as drogas, desde o haxixe ao "crack", Portugal. O que compreendi, o que abriu o meu espírito, foi que quase tudo o que pensávamos saber sobre a dependência está errado. Se começarmos a assimilar os novos indícios sobre a dependência, penso que vamos ter que alterar muito mais do que a política da droga.
But let's start with what we think we know, what I thought I knew. Let's think about this middle row here. Imagine all of you, for 20 days now, went off and used heroin three times a day. Some of you look a little more enthusiastic than others at this prospect. (Laughter) Don't worry, it's just a thought experiment. Imagine you did that, right? What would happen? Now, we have a story about what would happen that we've been told for a century. We think, because there are chemical hooks in heroin, as you took it for a while, your body would become dependent on those hooks, you'd start to physically need them, and at the end of those 20 days, you'd all be heroin addicts. Right? That's what I thought.
Comecemos primeiro com o que pensamos saber, o que eu julgava saber. Vamos pensar nisso, nesta fila aqui, a do meio. Imaginem que vocês passaram a usar heroína, durante 20 dias, 3 vezes por dia. Há aí alguém muito entusiasmado com esta perspetiva... (Risos) Não se preocupem, é apenas uma situação hipotética. Imaginem a situação, ok? O que aconteceria? Durante um século contaram-nos a história do que aconteceria. Como há uma dependência química da heroína, quando é usada durante uns tempos, pensamos que o nosso corpo fica dependente e precisa dela, começa a necessitar dela fisicamente e, ao fim desses 20 dias, vocês estariam viciados em heroína. Isso era o que eu pensava.
First thing that alerted me to the fact that something's not right with this story is when it was explained to me. If I step out of this TED Talk today and I get hit by a car and I break my hip, I'll be taken to hospital and I'll be given loads of diamorphine. Diamorphine is heroin. It's actually much better heroin than you're going to buy on the streets, because the stuff you buy from a drug dealer is contaminated. Actually, very little of it is heroin, whereas the stuff you get from the doctor is medically pure. And you'll be given it for quite a long period of time. There are loads of people in this room, you may not realize it, you've taken quite a lot of heroin. And anyone who is watching this anywhere in the world, this is happening. And if what we believe about addiction is right -- those people are exposed to all those chemical hooks -- What should happen? They should become addicts. This has been studied really carefully. It doesn't happen; you will have noticed if your grandmother had a hip replacement, she didn't come out as a junkie. (Laughter)
A primeira coisa que me alertou para que algo estava errado com esta historia foi quando ma explicaram. Se eu sair desta palestra TED hoje, for atropelado e partir a anca, serei levado para o hospital e vão dar-me montes de diamorfina. A diamorfina é heroína. Seria uma heroína muito melhor do que a comprada na rua, porque a droga do traficante é adulterada. Contém pouquíssima heroína enquanto que a que se obtém no médico é quimicamente pura. E é administrada durante um longo período de tempo Muita gente nesta sala, talvez não se tenha dado conta de que já usou muita heroína. Isto acontece em qualquer lugar do mundo. Se o que acreditamos sobre a dependência fosse verdade o que aconteceria às pessoas expostas a esses químicos viciantes? Tornar-se-iam dependentes. Isto tem sido estudado com muito cuidado. Isso não acontece! Nós daríamos por isso. A nossa avó que foi operada à anca e não voltou para casa viciada. (Risos)
And when I learned this, it seemed so weird to me, so contrary to everything I'd been told, everything I thought I knew, I just thought it couldn't be right, until I met a man called Bruce Alexander. He's a professor of psychology in Vancouver who carried out an incredible experiment I think really helps us to understand this issue. Professor Alexander explained to me, the idea of addiction we've all got in our heads, that story, comes partly from a series of experiments that were done earlier in the 20th century. They're really simple. You can do them tonight at home if you feel a little sadistic. You get a rat and you put it in a cage, and you give it two water bottles: One is just water, and the other is water laced with either heroin or cocaine. If you do that, the rat will almost always prefer the drug water and almost always kill itself quite quickly. So there you go, right? That's how we think it works. In the '70s, Professor Alexander comes along and he looks at this experiment and he noticed something. He said ah, we're putting the rat in an empty cage. It's got nothing to do except use these drugs. Let's try something different. So Professor Alexander built a cage that he called "Rat Park," which is basically heaven for rats. They've got loads of cheese, they've got loads of colored balls, they've got loads of tunnels. Crucially, they've got loads of friends. They can have loads of sex. And they've got both the water bottles, the normal water and the drugged water. But here's the fascinating thing: In Rat Park, they don't like the drug water. They almost never use it. None of them ever use it compulsively. None of them ever overdose. You go from almost 100 percent overdose when they're isolated to zero percent overdose when they have happy and connected lives.
Quando ouvi isto, pareceu-me estranho, tão contrário a tudo o que se dizia, a tudo que eu pensava saber. Achei que isso não podia estar certo, até que conheci Bruce Alexander. Ele é professor universitário de Psicologia em Vancouver e realizou um teste científico incrível que nos ajuda a entender esta questão. O Professor Alexander explicou-me que o conceito que temos da dependência, surgiu em parte devido a testes realizados no início do século XX. São testes muito simples. Podem realizá-los em casa se se sentirem um pouco sádicos. Coloquem um rato dentro duma gaiola, e deem-lhe duas garrafas de água uma só com água, e outra com água e heroína ou cocaína. O rato quase sempre preferirá a água com droga e quase sempre morrerá bastante rapidamente. E aí está! Certo? É assim que pensamos que funciona. No anos 70, o Professor Alexander analisou este teste e notou uma coisa. Disse: "Ah, estamos a colocar o rato numa gaiola vazia. "Não tem nada que fazer a não ser usar drogas. "Vamos fazer outra coisa". Então, ele construiu uma gaiola a que chamou "Parque dos Ratos" que é basicamente um paraíso para os ratos. Têm montes de queijo, montes de bolas coloridas e de túneis. Muito importante, têm muitos amigos, e podem ter montes de sexo. E têm as duas garrafas de água normal e de água com droga. Mas aqui vai a coisa fascinante: No Parque dos Ratos, eles não gostam da água com droga, quase nunca a bebem. Nenhum deles a usa compulsivamente. Nenhum deles sofreu uma "overdose". Passámos de 100% de sobredosagem, quando estão isolados, para 0%, quando têm uma vida feliz e com relações.
Now, when he first saw this, Professor Alexander thought, maybe this is just a thing about rats, they're quite different to us. Maybe not as different as we'd like, but, you know -- But fortunately, there was a human experiment into the exact same principle happening at the exact same time. It was called the Vietnam War. In Vietnam, 20 percent of all American troops were using loads of heroin, and if you look at the news reports from the time, they were really worried, because they thought, my God, we're going to have hundreds of thousands of junkies on the streets of the United States when the war ends; it made total sense. Now, those soldiers who were using loads of heroin were followed home. The Archives of General Psychiatry did a really detailed study, and what happened to them? It turns out they didn't go to rehab. They didn't go into withdrawal. Ninety-five percent of them just stopped. Now, if you believe the story about chemical hooks, that makes absolutely no sense, but Professor Alexander began to think there might be a different story about addiction. He said, what if addiction isn't about your chemical hooks? What if addiction is about your cage? What if addiction is an adaptation to your environment?
Quando observou isto, o Prof. Alexander pensou: "Talvez isto seja coisa de ratos, eles são muito diferentes de nós. "Talvez não tão diferentes quanto gostaríamos". Mas felizmente, houve um teste com pessoas, em que aconteceu a mesma coisa, exatamente na mesma altura. Foi a Guerra do Vietname. No Vietname, 20% das tropas americanas usavam montes de heroína. Se virmos as noticias dessa época, andavam bastante preocupados porque pensavam: "Meu Deus, vamos ter centenas de viciados pelas ruas dos EUA". Quando a guerra acabou, fazia todo o sentido. Os soldados que estavam a usar heroína a mais foram seguidos até casa. Os Arquivos de Psiquiatria Geral fizeram estudos bastante detalhados. E o que lhes aconteceu? Eles não precisaram de desintoxicação. Não foram suspensos. Pura e simplesmente, 95% deixaram de a usar. A acreditar na história da dependência química, isto não fazia sentido. O Professor Alexander começou a pensar que a história devia ser outra e disse: "E se a dependência não tem a ver com uma dependência química "mas tem a ver com a nossa gaiola? "E se a dependência é uma forma de adaptação ao nosso ambiente?"
Looking at this, there was another professor called Peter Cohen in the Netherlands who said, maybe we shouldn't even call it addiction. Maybe we should call it bonding. Human beings have a natural and innate need to bond, and when we're happy and healthy, we'll bond and connect with each other, but if you can't do that, because you're traumatized or isolated or beaten down by life, you will bond with something that will give you some sense of relief. Now, that might be gambling, that might be pornography, that might be cocaine, that might be cannabis, but you will bond and connect with something because that's our nature. That's what we want as human beings.
Perante isto, outro professor, chamado Peter Cohen, na Holanda, disse que talvez não devêssemos chamar-lhe dependência. Talvez devêssemos chamar-lhe adesão. Os seres humanos têm uma necessidade natural e inata de criar laços sociais. Quando somos felizes e saudáveis, criamos ligações uns com os outros mas, quando não o podemos fazer porque estamos traumatizados, isolados ou derrubados pela vida, criamos uma relação com outras coisas que nos deem uma sensação de alívio. Poderão ser apostas, pornografia, cocaína ou haxixe. Criamos ligações porque essa é a nossa natureza. É isso que desejamos como seres humanos.
And at first, I found this quite a difficult thing to get my head around, but one way that helped me to think about it is, I can see, I've got over by my seat a bottle of water, right? I'm looking at lots of you, and lots of you have bottles of water with you. Forget the drugs. Forget the drug war. Totally legally, all of those bottles of water could be bottles of vodka, right? We could all be getting drunk -- I might after this -- (Laughter) -- but we're not. Now, because you've been able to afford the approximately gazillion pounds
Inicialmente, achei muito difícil de entender. O que me ajudou a entender foi... Eu tenho uma garrafa de água debaixo do banco. Vejo que vocês também têm garrafas de água. Esqueçam as drogas. Esqueçam a guerra às drogas. Legalmente essas garrafas de água podiam ser garrafas de vodka, não é? Podíamos estar a embebedar-nos... (Risos) ... mas não estamos.
that it costs to get into a TED Talk, I'm guessing you guys could afford to be drinking vodka for the next six months. You wouldn't end up homeless. You're not going to do that, and the reason you're not going to do that is not because anyone's stopping you. It's because you've got bonds and connections that you want to be present for. You've got work you love. You've got people you love. You've got healthy relationships. And a core part of addiction, I came to think, and I believe the evidence suggests, is about not being able to bear to be present in your life.
Suponho que quem pode pagar milhares de euros para assistir a um TED Talk, podia dar-se ao luxo de beber vodka nos próximos 6 meses sem correr o risco de ficar sem casa. Mas não o farão, — não porque vos impeçam — mas pela simples razão de que têm laços sociais e relações que pretendem manter. Têm um trabalho de que gostam. Têm pessoas que amam. Têm relações saudáveis. Penso que tudo indica que o problema central da dependência tem a ver com não ser capaz de enfrentar a vida.
Now, this has really significant implications. The most obvious implications are for the War on Drugs. In Arizona, I went out with a group of women who were made to wear t-shirts saying, "I was a drug addict," and go out on chain gangs and dig graves while members of the public jeer at them, and when those women get out of prison, they're going to have criminal records that mean they'll never work in the legal economy again. Now, that's a very extreme example, obviously, in the case of the chain gang, but actually almost everywhere in the world we treat addicts to some degree like that. We punish them. We shame them. We give them criminal records. We put barriers between them reconnecting. There was a doctor in Canada, Dr. Gabor Maté, an amazing man, who said to me, if you wanted to design a system that would make addiction worse, you would design that system.
Isto tem implicações significativas. As implicações mais óbvias são na Guerra Contra as Drogas. No Arizona, estive com um grupo de mulheres que foram obrigadas a vestir "T-shirts" que diziam "Eu fui uma drogada" e a sair acorrentadas para escavar sepulturas enquanto a populaça fazia troça delas. Essas mulheres vão sair da prisão, com cadastro criminal o que significa que jamais arranjarão emprego. Obviamente este é um exemplo extremo, no caso das correntes, mas em quase todo o mundo tratamos os toxicodependentes assim, com punições, humilhações e registos criminais. Pomos barreiras à sua reintegração social. O Dr. Gabor Maté, médico no Canadá, um homem incrível, disse-me: "Se pudéssemos criar um sistema "que tornasse o problema da dependência mais grave, criá-lo-íamos". Mas existe um lugar que decidiu fazer exatamente o oposto,
Now, there's a place that decided to do the exact opposite, and I went there to see how it worked. In the year 2000, Portugal had one of the worst drug problems in Europe. One percent of the population was addicted to heroin, which is kind of mind-blowing, and every year, they tried the American way more and more. They punished people and stigmatized them and shamed them more, and every year, the problem got worse. And one day, the Prime Minister and the leader of the opposition got together, and basically said, look, we can't go on with a country where we're having ever more people becoming heroin addicts. Let's set up a panel of scientists and doctors to figure out what would genuinely solve the problem. And they set up a panel led by an amazing man called Dr. João Goulão, to look at all this new evidence, and they came back and they said, "Decriminalize all drugs from cannabis to crack, but" -- and this is the crucial next step -- "take all the money we used to spend on cutting addicts off, on disconnecting them, and spend it instead on reconnecting them with society." And that's not really what we think of as drug treatment in the United States and Britain. So they do do residential rehab, they do psychological therapy, that does have some value. But the biggest thing they did was the complete opposite of what we do: a massive program of job creation for addicts, and microloans for addicts to set up small businesses. So say you used to be a mechanic. When you're ready, they'll go to a garage, and they'll say, if you employ this guy for a year, we'll pay half his wages. The goal was to make sure that every addict in Portugal had something to get out of bed for in the morning. And when I went and met the addicts in Portugal, what they said is, as they rediscovered purpose, they rediscovered bonds and relationships with the wider society.
e fui lá ver como funcionava. Em 2000, Portugal tinha um dos piores problemas com drogas da Europa. Havia 1% da população viciada em heroína, o que é catastrófico. Ano após ano, tentaram o sistema americano. Puniam, estigmatizavam e humilhavam os toxicodependentes, e ano após anos, o problema ia piorando. O primeiro-ministro e o líder da oposição reuniram e disseram: "Não podemos continuar a ter tantas pessoas viciadas em heroína." "Vamos criar um painel de cientistas e médicos "para pensar genuinamente em como resolver este problema." O tal painel foi liderado por um homem incrível, o Dr. João Goulão, para avaliar esta nova situação. E eles voltaram e disseram: "Descriminalizem todas as drogas, desde o haxixe ao "crack" mas..." — e este é o ponto crucial — "... utilizem todo o dinheiro, que gastamos na punição e prisão dos toxicodependentes, "para a sua desintoxicação e reintegração social". Isto não é propriamente o que pensamos quanto a tratamento de drogas nos EUA e na Grã-Bretanha. Eles proporcionam reabilitação em casa, terapia psicológica, que tem o seu valor. Mas a melhor coisa que fizeram foi oposta ao que nós fazemos: um programa maciço de criação de empregos para toxicodependentes, e microcrédito para iniciarem pequenos negócios. Suponhamos que se trata de um mecânico. Depois de recuperado, eles arranjam-lhe um emprego, pagando metade do salário durante um ano. Garantem assim que os toxicodependentes em Portugal tenham um motivo para se levantarem de manhã. Quando contactei toxicodependentes em Portugal, eles disseram-me que, à medida que redescobriam um objetivo, redescobriam mais relações e mais laços sociais. Há 15 anos que começou esta experiência
It'll be 15 years this year since that experiment began, and the results are in: injecting drug use is down in Portugal, according to the British Journal of Criminology, by 50 percent, five-zero percent. Overdose is massively down, HIV is massively down among addicts. Addiction in every study is significantly down. One of the ways you know it's worked so well is that almost nobody in Portugal wants to go back to the old system.
e o resultado é este: o uso de drogas injetáveis diminuiu em Portugal. De acordo com o British Journal of Criminology. diminuiu 50% — cinquenta por cento! As "overdoses" e a SIDA diminuíram drasticamente nos toxicodependentes. Em todos os estudos, a toxicodependência diminuiu significativamente. Sabemos que isto funcionou tão bem porque ninguém em Portugal quer voltar ao sistema antigo.
Now, that's the political implications. I actually think there's a layer of implications to all this research below that. We live in a culture where people feel really increasingly vulnerable to all sorts of addictions, whether it's to their smartphones or to shopping or to eating. Before these talks began -- you guys know this -- we were told we weren't allowed to have our smartphones on, and I have to say, a lot of you looked an awful lot like addicts who were told their dealer was going to be unavailable for the next couple of hours. (Laughter) A lot of us feel like that, and it might sound weird to say, I've been talking about how disconnection is a major driver of addiction and weird to say it's growing, because you think we're the most connected society that's ever been, surely. But I increasingly began to think that the connections we have or think we have, are like a kind of parody of human connection. If you have a crisis in your life, you'll notice something. It won't be your Twitter followers who come to sit with you. It won't be your Facebook friends who help you turn it round. It'll be your flesh and blood friends who you have deep and nuanced and textured, face-to-face relationships with, and there's a study I learned about from Bill McKibben, the environmental writer, that I think tells us a lot about this. It looked at the number of close friends the average American believes they can call on in a crisis. That number has been declining steadily since the 1950s. The amount of floor space an individual has in their home has been steadily increasing, and I think that's like a metaphor for the choice we've made as a culture. We've traded floorspace for friends, we've traded stuff for connections, and the result is we are one of the loneliest societies there has ever been. And Bruce Alexander, the guy who did the Rat Park experiment, says, we talk all the time in addiction about individual recovery, and it's right to talk about that, but we need to talk much more about social recovery. Something's gone wrong with us, not just with individuals but as a group, and we've created a society where, for a lot of us, life looks a whole lot more like that isolated cage and a whole lot less like Rat Park.
Estas são apenas as implicações políticas. Eu acho que existe um outro nível de implicações para esta investigação. Vivemos numa cultura em que as pessoas se sentem cada vez mais vulneráveis a todo o tipo de dependências, desde as compras aos "smartphones" ou à comida. Antes desta palestra começar — vocês repararam — disseram-nos que não era permitido telemóveis ligados. Tenho que dizer, muitos de vocês pareciam toxicodependentes a quem diziam que o seu traficante estaria indisponível nas próximas horas. Muitos de nós sentimo-nos assim, e talvez seja estranho dizer — eu referi como a falta de relações é uma causa importante da dependência — essa dependência está a aumentar, porque achamos que vivemos na sociedade mais ligada que já existiu. Mas começo a pensar cada vez mais que as relações que temos ou pensamos ter, são uma espécie de caricatura das relações humanas. Se tivermos uma crise na nossa vida, vão reparar numa coisa. Não serão os vossos seguidores no Twitter que se sentarão ao vosso lado. Nem os amigos do Facebook que vos ajudarão a dar a volta por cima. Serão os amigos de carne e osso, com quem têm uma ligação profunda, com quem têm uma relação cara-a-cara. Há um estudo, que me mostrou Bill McKibben, o escritor ambientalista, que fala bastante sobre isto. Determinava o número de amigos próximos com quem o americano médio pode contar num momento de crise. Esse número tem vindo a diminuir regularmente desde os anos 50. Mas o espaço que um indivíduo tem em casa tem aumentado regularmente. Penso que isto é como uma metáfora das escolhas que fazemos enquanto cultura. Trocámos amigos por mais espaço, trocámos interação social por coisas, e o resultado é que somos a sociedade mais solitária que alguma vez existiu. Bruce Alexander, que criou o Parque dos Ratos, diz: "Estamos sempre a falar de dependência. de recuperação individual, "e é correto falarmos disso. ""mas precisamos de falar muito mais sobre recuperação social. "Algo correu mal connosco, não só como indivíduos, mas como grupo. "Criámos uma sociedade onde, para muitos de nós, "a vida cada vez é mais parecida com uma gaiola isolada "e cada vez menos com o Parque dos Ratos".
If I'm honest, this isn't why I went into it. I didn't go in to the discover the political stuff, the social stuff. I wanted to know how to help the people I love. And when I came back from this long journey and I'd learned all this, I looked at the addicts in my life, and if you're really candid, it's hard loving an addict, and there's going to be lots of people who know in this room. You are angry a lot of the time, and I think one of the reasons why this debate is so charged is because it runs through the heart of each of us, right? Everyone has a bit of them that looks at an addict and thinks, I wish someone would just stop you. And the kind of scripts we're told for how to deal with the addicts in our lives is typified by, I think, the reality show "Intervention," if you guys have ever seen it. I think everything in our lives is defined by reality TV, but that's another TED Talk. If you've ever seen the show "Intervention," it's a pretty simple premise. Get an addict, all the people in their life, gather them together, confront them with what they're doing, and they say, if you don't shape up, we're going to cut you off. So what they do is they take the connection to the addict, and they threaten it, they make it contingent on the addict behaving the way they want. And I began to think, I began to see why that approach doesn't work, and I began to think that's almost like the importing of the logic of the Drug War into our private lives.
Para ser franco, não foi por isso que comecei a investigar. Não me interessava descobrir as questões políticas e sociais. Eu queria saber como ajudar as pessoas que amo. Quando voltei desta longa jornada, onde aprendi tudo isto, olhei para os toxicodependentes da minha vida e, para ser franco, é difícil amar um toxicodependente. Muita gente nesta sala deve saber disso. Sentimo-nos zangados muitas vezes, e acho que uma das razões para este debate ser tão cheio de carga é porque ele passa pelo coração de cada um de nós. Temos um lado que olha para um toxicodependente e pensa; "Gostava que alguém te fizesse parar". As fórmulas que nos dão sobre como lidar com dependentes na nossa vida estão tipificadas pela série televisiva "Intervention", Acho que tudo na vida é definido pela "realidade" da TV, mas isso dava para outra palestra TED. Se já viram o programa televisivo "Intervention", é uma premissa bastante simples. Juntem um toxicodependente com as pessoas da vida dele, confrontem-no com o que ele está a fazer, e digam-lhe: "Se não te endireitares, deixamos de falar contigo". Isto é uma ameaça para terminar a relação com o dependente. Tornam a relação dependente do comportamento dele, de o toxicodependente se comportar da forma que eles querem. Comecei a ver porque é que esta abordagem não funciona. Comecei a pensar que é quase como imitar a lógica da Guerra Contra as Drogas para a nossa vida privada.
So I was thinking, how could I be Portuguese? And what I've tried to do now, and I can't tell you I do it consistently and I can't tell you it's easy, is to say to the addicts in my life that I want to deepen the connection with them, to say to them, I love you whether you're using or you're not. I love you, whatever state you're in, and if you need me, I'll come and sit with you because I love you and I don't want you to be alone or to feel alone.
Então pensei: "Como poderei ser português?" É o que tenho tentado fazer agora, e não posso dizer que seja consistente, ou que seja fácil dizer aos toxicodependentes da minha vida que quero aprofundar a nossa relação. Dizer-lhes: "Amo-te, não me importa que uses drogas ou não. "Amo-te, não me importa o estado em que estejas. "Se precisares de mim, sentar-me-ei ao teu lado, "porque te amo e não quero deixar-te só nem que te sintas só".
And I think the core of that message -- you're not alone, we love you -- has to be at every level of how we respond to addicts, socially, politically and individually. For 100 years now, we've been singing war songs about addicts. I think all along we should have been singing love songs to them, because the opposite of addiction is not sobriety. The opposite of addiction is connection.
Penso que a essência desta mensagem — não estás sozinho, amamos -te — deve ser incluída nas respostas que damos aos toxicodependentes, social, política e individualmente. Há 100 anos que temos vindo a cantar canções de guerra sobre os dependentes. Acho que todo este tempo devíamos ter-lhes cantado canções de amor, porque o oposto de dependência não é sobriedade. O oposto de dependência é relações.
Thank you.
Obrigado
(Applause)
(Aplausos)