When I was a teen, I had terrible periods. I had crippling cramps, I leaked blood onto my clothes and onto my bed sheets, and I had period diarrhea. And I had to miss school one to two days a month, and I remember sitting on the couch with my heating pads, thinking, "What's up with this?" When I ate food, I didn't leak saliva from my salivary glands. When I went for a walk, I didn't leak fluid from my knees, "joint fluid." Why was menstruation so different?
Na adolescência, minha menstruação era terrível. Eu tinha cólicas horríveis, sangrava nas roupas e nos lençóis da minha cama, e tinha diarreia menstrual. Tinha que faltar à escola uma ou duas vezes por mês, e me lembro de me sentar no sofá com compressas de água quente, pensando: "Mas o que é isso?" Quando comia, não saía saliva das minhas glândulas salivares. Quando ia caminhar, não secretava fluido nos meus joelhos, líquido sinovial. Por que minha menstruação era tão diferente?
I wanted answers to these questions but there was no one for me to ask. My mother knew nothing about menstruation except that it was dirty and shameful and I shouldn't talk about it. I asked girlfriends and everybody spoke in euphemisms. And finally, when I got the courage to go to the doctor and talk about my heavy periods, I was told to eat liver.
Eu queria respostas pra essas perguntas, mas não tinha a quem perguntar. Minha mãe não sabia nada sobre menstruação, só que era suja e vergonhosa, e que eu não devia falar sobre isso. Eu perguntava a amigas, e todas falavam usando eufemismos. Por fim, quando tive coragem de ir a um médico e falar sobre minha menstruação difícil, ele me disse pra comer fígado.
(Laughter)
(Risos)
And when I went to the drug store to buy my menstrual products, my 48-pack of super maxi pads, back in the day when they were the size of a tissue box, each pad --
Quando fui à drogaria comprar produtos para menstruação, meu pacote de 48 superabsorventes, na época em que eles eram do tamanho de uma caixa de lenços...
(Laughter)
(Risos)
You know what I'm talking about. You have no idea how far absorbent technology has come.
Sabem do que estou falando. Vocês não imaginam o quanto os absorventes evoluíram.
(Laughter)
(Risos)
I used to have to buy my menstrual products in the feminine hygiene aisle. And I remember standing there, thinking, "Well, why don't I buy toilet paper in the anal hygiene aisle?"
Eu tinha que comprar produtos para menstruação no corredor de higiene feminina da farmácia. Me lembro de pensar: "Por que não comprar papel higiênico no corredor de higiene anal?"
(Laughter)
(Risos)
Like, what's up with that? Why can't we talk about periods? And it's not about the blood, as Freud would have you say, because if it were, there would be an ear, nose and throat surgeon up here right now, talking about the taboos of nose bleeds, right? And it's not even about periods, because otherwise, when we got rid of our toxic, shameful periods when we became menopausal, we'd be elevated to a higher social status.
Tipo, qual é o problema? Por que não podemos falar sobre menstruação? E a questão não é o sangue, como diria Freud, porque, se fosse, haveria um cirurgião otorrino aqui agora, falando sobre os tabus do sangramento nasal, né? E a questão nem é a menstruação, senão, quando não tivéssemos mais nossa menstruação tóxica e vergonhosa e entrássemos na menopausa, seríamos elevadas a um status social mais elevado.
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
It's just a patriarchal society is invested in oppressing women, and at different points in our lives, different things are used. And menstruation is used during what we in medicine call the reproductive years. It's been around since pretty much the beginning of time, many cultures thought that women could spoil crops or milk, or wilt flowers. And then when religion came along, purity myths only made that worse. And medicine wasn't any help. In the 1920s and '30s there was the idea that women elaborated something called a menotoxin. We could wilt flowers just by walking by.
A questão é uma sociedade patriarcal que oprime as mulheres e, em diferentes fases da nossa vida, usa coisas diferentes contra nós. A menstruação é usada durante aquilo que, em medicina, chamamos de idade reprodutiva. Isso acontece desde o início dos tempos. Muitas culturas achavam que as mulheres podiam arruinar colheitas, leite, e murchar flores. Aí, quando a religião apareceu, os mitos de pureza só pioraram as coisas. A medicina não ajudava. Nas décadas de 1920 e 1930, pensava-se que as mulheres produziam algo chamado de "menotoxina". Podíamos fazer flores murcharem só de passar perto delas.
(Laughter)
(Risos)
And that's what happens when there's no diversity, right. Because there was no woman to put her hand up and go, "Well, actually, that doesn't happen." And when you can't talk about what's happening to your body, how do you break these myths? Because you don't even need to be a doctor to say that periods aren't toxic. If they were, why would an embryo implant in a toxic swill? And if we all had this secret menotoxin, we could be laying waste to crops and spoiling milk.
É o que acontece quando não há diversidade, né? Pois não havia nenhuma mulher pra levantar a mão e dizer: "Bem, na verdade, isso não acontece". E, se você não pode falar sobre o que acontece com seu corpo, como vai derrubar esses mitos? Não é nem preciso ser médico pra saber que a menstruação não é tóxica. Se fosse, por que um embrião se implantaria num líquido tóxico? Se todas tivéssemos essa menotoxina secreta, poderíamos estar estragando as colheitas e o leite.
(Laughter)
(Risos)
Why would we have not used our X-Women powers to get the vote sooner?
Por que não usar nossos superpoderes para ter direito ao voto bem antes?
(Laughter)
(Risos)
(Applause)
(Aplausos)
Even now, when I tweet about period diarrhea, as one does,
Até hoje, quando tuíto sobre diarreia menstrual, algo supernormal,
(Laughter)
(Risos)
I mention that it affects 28 percent of women. And every single time, someone approaches me and says, "I thought I was the only one." That's how effective that culture of shame is, that women can't even share their experiences.
menciono que ela acomete 28% das mulheres. E todas as vezes alguém chega e diz: "Achei que eu fosse a única". É isso que essa cultura da vergonha causa. As mulheres nem sequer podem compartilhar suas experiências.
So I began to think, "Well, what if everybody knew about periods like a gynecologist? Wouldn't that be great?" Then you would all know what I know, you'd know that menstruation is a pretty unique phenomenon among mammals. Most mammals have estrus. Humans, some primates, some bats, the elephant shrew and the spiny mouse menstruate. And with menstruation what happens is the brain triggers the ovary to start producing an egg. Estrogen is released and it starts to build up the lining of the uterus, cell upon cell, like bricks. And what happens if you build a brick wall too high without mortar? Well, it's unstable.
Então, comecei a pensar: "E se todos soubessem sobre menstruação como um ginecologista? Não seria ótimo?" Aí vocês todos saberiam o que eu sei. Saberiam que a menstruação é um fenômeno único entre os mamíferos. A maioria dos mamíferos têm um período fértil. Os humanos, alguns primatas, alguns morcegos, o musaranho-elefante e o rato africano menstruam. Com a menstruação, o cérebro aciona os ovários para que produzam óvulos. Estrogênio é liberado e começa a criar um revestimento interno no útero, célula por célula, tijolos de revestimento. O que acontece com uma parede de tijolos muito alta e sem massa? Bem, ela fica instável.
So what happens when you ovulate? You release a hormone called progesterone, which is progestational, it gets the uterus ready. It acts like a mortar and it holds those bricks together. It also causes some changes to make the lining more hospitable for implantation. If there's no pregnancy, (Whoosh) lining comes out, there's bleeding from the blood vessels and that's the period. And I always find this point really interesting. Because with estrus, the final signaling to get the lining of the uterus ready actually comes from the embryo. But with menstruation, that choice comes from the ovary. It's as if choice is coded in to our reproductive tracts.
O que acontece quando ovulamos? Liberamos um hormônio chamado progesterona, que é progestacional e prepara o útero pra fertilização. Funciona como a massa, dando estabilidade aos tijolos. Também causa algumas mudanças para tornar o revestimento mais receptivo à fecundação. Se não houver gravidez, o revestimento é expelido, ocorre sangramento, e é isso que chamamos de menstruação. Sempre acho isso muito interessante. Porque, no período fértil, o último sinal para preparar o revestimento interno do útero vem, na verdade, do embrião. Mas, na menstruação, essa sinalização vem do ovário. É como se a escolha estivesse codificada em nosso sistema reprodutor.
(Cheering and applause)
(VIvas) (Applausos)
OK, so now we know why the blood is there. And it's a pretty significant amount. It's 30 to 90 milliliters of blood, which is one to three ounces, and it can be more, and I know it seems like it's more a lot of the times. I know. So why do we have so much blood? And why doesn't it just stay there till the next cycle, right? Like, you didn't get pregnant, so why can't it hang around? Well imagine if each month it got thicker and thicker and thicker, right, like, imagine what tsunami period that would be.
Certo, agora sabemos o porquê do sangramento, e é um sangramento e tanto. São aproximadamente de 30 a 90 mililitros de sangue, e às vezes mais que isso. Sei que muitas vezes parece ser mais. Eu sei. Mas por que tanto sangue? Por que ele simplesmente não fica lá até o próximo ciclo, né? Tipo, você não engravidou, então por que ele tem que sair? Imaginem se, a cada mês, ele fosse se acumulando e acumulando. Imaginem o tsunami de menstruação que seria.
(Laughter)
(Risos)
We can't reabsorb it, because it's too much. And it's too much because we need a thick uterine lining for a very specific reason. Pregnancy exerts a significant biological toll on our bodies. There is maternal mortality, there is the toll of breastfeeding and there is the toll of raising a child until it is independent. And evolution --
É sangue demais pra ser reabsorvido. E é demais porque precisamos de um revestimento uterino espesso por uma razão bem específica. A gravidez exerce uma pressão significativa em nosso corpo. Existe a mortalidade materna, a pressão da amamentação e a pressão de criar um filho até que ele se torne independente. E a evolução...
(Laughter)
(Risos)
That goes on longer for some of us than others.
Isso se estende mais pra algumas de nós que pra outras.
(Laughter)
(Risos)
But evolution knows about risk-benefit ratio. And so evolution wants to maximize the chance of a beneficial outcome. And how do you maximize the chance of a beneficial outcome? You try to get the highest quality embryos. And how do you get the highest quality embryos? You make them work for it. You give them an obstacle course. So over the millennia that we have evolved, it's been a little bit like an arms race in the uterus, the lining getting thicker and thicker and thicker, and the embryo getting more invasive until we reach this détente with the lining of the uterus that we have.
Mas a evolução é sábia no que se refere à relação risco-benefício. Ela quer maximizar as chances de um resultado benéfico. E como maximizarmos as chances de um resultado benéfico? Temos que conseguir os embriões de melhor qualidade. E como fazer isso? Eles precisam provar que são melhores. Damos a eles um percurso cheio de obstáculos. Ao longo dos milênios da nossa evolução, tem ocorrido meio que uma guerra no útero: o revestimento ficando cada vez mais espesso, e o embrião ficando mais invasivo, até alcançarmos uma estabilidade com o revestimento do útero que temos.
So we have this thick uterine lining and now it's got to come out, and how do you stop bleeding? Well, you stop a nose bleed by pinching it, if you cut your leg, you put pressure on it. We stop bleeding with pressure. When we menstruate, the lining of the uterus releases substances that are made into chemicals called prostaglandins and other inflammatory mediators. And they make the uterus cramp down, they make it squeeze on those blood vessels to stop the bleeding. They might also change blood flow to the uterus and also cause inflammation and that makes pain worse.
Temos um revestimento uterino espesso e ele agora precisa ser expelido, e como paramos de sangrar? Você para um sangramento no nariz se comprimi-lo. Se você tem um corte na perna, põe pressão nela. Paramos o sangramento com pressão. Ao menstruarmos, o revestimento do útero libera substâncias que são transformadas no que chamamos de prostaglandina e outros agentes inflamatórios. E eles fazem o útero se contrair, comprimir os vasos sanguíneos para deter o sangramento. Também podem alterar o fluxo sanguíneo no útero bem como causar inflamação, o que faz a cólica piorar.
And so you say, "OK, how much pressure is generated?" And from studies where some incredible women have volunteered to have pressure catheters put in their uterus that they wear their whole menstrual cycle -- God bless them, because we wouldn't have this knowledge without, and it's very important knowledge, because the pressure that's generated in the uterus during menstruation is 120 millimeters of mercury. "Well what's that," you say. Well, it's the amount of pressure that's generated during the second stage of labor when you're pushing.
Então você diz: "Tá, de quanta pressão estamos falando?" A partir de estudos em que mulheres incríveis se voluntariaram para terem cateteres de pressão colocados no útero, durante todo o ciclo menstrual... Benditas sejam, porque não teríamos esse conhecimento sem isso, e é um conhecimento importante, porque a pressão gerada no útero durante a menstruação é de 120 milímetros de mercúrio. "Mas o que é isso?", dirão alguns. Bem, é a quantidade de pressão gerada no segundo estágio do parto, quando se está fazendo força.
(Audience gasps)
(Plateia suspira)
Right. Which, for those of you who haven't had an unmedicated delivery, that's what it's like when the blood pressure cuff is not quite as tight as it was at the beginning, but it's still pretty tight, and you wish it would stop. So that kind of makes it different, right? If you start thinking about the pain of menstruation, we wouldn't say if someone needed to miss school because they were in the second stage of labor and pushing, we wouldn't call them weak. We'd be like, "Oh my God, you made it that far," right?
Certo. Para aquelas de nós que tiveram um parto medicado, é o que acontece quando o medidor de pressão não está tão apertado quanto no início, mas ainda está bem apertado, e você gostaria que parasse. Isso então torna tudo diferente, não? Se pensarmos nas cólicas menstruais, não diríamos a uma mulher que precisasse faltar à aula por estar em trabalho de parto que ela é fraca. Diríamos: "Ai, meu Deus, você frequentou até onde deu", né?
(Laughter)
(Risos)
And we wouldn't deny pain control to women who have typical pain of labor, right? So it's important for us to call this pain "typical" instead of "normal," because when we say it's normal, it's easier to dismiss. As opposed to saying it's typical, and we should address it.
E não negaríamos controle de dor a mulheres com dores comuns de parto, né? Então, é importante chamarmos essa dor de "comum", em vez de "normal", porque, ao dizermos que é normal, é mais provável que seja ignorada. Melhor dizermos que é comum, e que deve ser controlada.
And we do have some ways to address menstrual pain. One way is with something called a TENS unit, which you can wear under your clothes and it sends an electrical impulse to the nerves and muscles and no one really knows how it works, but we think it might be the gate theory of pain, which is counterirritation. It's the same reason why, if you hurt yourself, you rub it. Vibration travels faster to your brain than pain does.
E existem algumas formas de melhorar a cólica menstrual. Uma delas é algo chamado dispositivo TENS, que você pode usar sob as roupas e que envia impulsos elétricos aos nervos e músculos, e ninguém sabe de fato como funciona, mas tem a ver com a teoria do controle do portão da dor, que é a contrairritação. É o mesmo motivo pelo qual, se você se machucar, você esfrega o ferimento. A vibração viaja mais rápido até o cérebro que a dor.
We also have medications called nonsteroidal anti-inflammatory medications. And what they do is they block the release of prostaglandins. They can reduce menstrual pain for 80 percent of women. They also reduce the volume of blood by 30 to 40 percent and they can help with period diarrhea. And we also have hormonal contraception, which gives us a thinner lining of the uterus, so there's less prostaglandins produced and with less blood, there's less need for cramping.
Também temos medicamentos chamados de anti-inflamatórios não esteroides. Eles impedem a liberação de prostaglandinas. Eles podem reduzir a cólica menstrual em 80% das mulheres. Também reduzem o volume de sangue em 30% a 40% e podem ajudar com a diarreia menstrual. Também temos a contracepção hormonal, que deixa o revestimento do útero mais fino, então menos prostaglandina é produzida e, com menos sangue, menos necessidade de cólicas.
Now, if those treatments fail you -- and it's important to use that word choice, because we never fail the treatment, the treatment fails us. If that treatment fails you, you could be amongst the people who have a resistance to nonsteroidal anti-inflammatories. We don't quite understand, but there are some complex mechanisms why those medications just don't work for some women. It's also possible that you could have another reason for painful periods. You could have a condition called endometriosis, where the lining of the uterus is growing in the pelvic cavity, causing inflammation and scar tissue and adhesions. And there may be other mechanisms we don't quite understand yet, because it's a possibility that pain thresholds could be different due to very complex biological mechanisms. But we're only going to find that out by talking about it.
Se esses medicamentos não funcionarem em você... e é importante dizer isso, pois a culpa não é nossa, a medicação é que não funciona em nós... Se a medicação não funcionar em você, talvez você esteja entre as pessoas que têm resistência a anti-inflamatórios não esteroides. Ainda não entendemos muito bem, mas existem mecanismos complexos que fazem esses medicamentos simplesmente não funcionarem em algumas mulheres. Também é possível que você tenha cólicas dolorosas por outro motivo. Talvez você tenha um problema chamado endometriose, em que o revestimento do útero cresce na cavidade pélvica, causando inflamação, cicatrizes e aderência. E talvez haja outros mecanismos que ainda não compreendemos. Os níveis de tolerância à dor podem variar devido a mecanismos biológicos muito complexos. Mas só vamos descobrir isso falando a respeito.
It shouldn't be an act of feminism to know how your body works. It shouldn't --
Não devia ser um ato feminista saber como seu corpo funciona. Não devia...
(Applause)
(Aplausos) (Vivas)
It shouldn't be an act of feminism to ask for help when you're suffering. The era of menstrual taboos is over.
Não devia ser um ato feminista pedir ajuda quando se está sofrendo. A era dos tabus da menstruação acabou.
(Cheers and applause)
(Vivas) (Aplausos)
The only curse here is the ability to convince half the population that the very biological machinery that perpetuates the species, that gives everything that we have, is somehow dirty or toxic. And I'm not going to stand for it.
A única maldição aqui é a capacidade de convencer metade da população de que a mesma mecânica biológica que perpetua a espécie, que nos dá tudo que temos, é de alguma forma suja ou tóxica. Não vou apoiar isso.
(Applause)
(Aplausos)
And the way we break that curse? It's knowledge.
E a forma de derrubarmos essa maldição é através do conhecimento.
Thank you.
Obrigada.
(Cheers and applause)
(Vivas) (Aplausos)