Human beings start putting each other into boxes the second that they see each other -- Is that person dangerous? Are they attractive? Are they a potential mate? Are they a potential networking opportunity? We do this little interrogation when we meet people to make a mental resume for them. What's your name? Where are you from? How old are you? What do you do? Then we get more personal with it. Have you ever had any diseases? Have you ever been divorced? Does your breath smell bad while you're answering my interrogation right now? What are you into? Who are you into? What gender do you like to sleep with?
Os seres humanos se empurram para caixas no momento em que se vêem -- Essa pessoa é perigosa? Atraente? Parceiro potencial? Uma oportunidade profissional em potencial? Fazemos esse pequeno interrogatório ao conhecer as pessoas fazemos um currículo mental para elas. Qual o seu nome? De onde você é? Quantos anos tem? O que faz? E então vamos ficando mais íntimos. Você já teve alguma doença? É divorciado? Seu hálito cheira mal enquanto você responde a esse interrogatório nesse momento? Do que você gosta? De quem vocë gosta? Qual sexo você prefere levar para a cama?
I get it. We are neurologically hardwired to seek out people like ourselves. We start forming cliques as soon as we're old enough to know what acceptance feels like. We bond together based on anything that we can -- music preference, race, gender, the block that we grew up on. We seek out environments that reinforce our personal choices. Sometimes, though, just the question "what do you do?" can feel like somebody's opening a tiny little box and asking you to squeeze yourself inside of it. Because the categories, I've found, are too limiting. The boxes are too narrow. And this can get really dangerous.
Eu entendo. Somos neurologicamente programados para buscar pessoas como nós mesmos. Começamos a formar panelinhas tão logo temos idade suficiente para saber como é se sentir aceito. Nos unimos baseado em qualquer coisa possível -- preferência musical, raça, sexo, a região em que crescemos. Procuramos ambientes que reforcem nossas escolhas pessoais. Às vezes, no entanto, a simples questão "o que vocë faz?" pode parecer como se alguém estivesse abrindo uma pequena caixinha e pedindo a você que se esprema e entre nela. Porque as categorias, eu descobri, são muito limitantes. As caixas são muito estreitas. E isso pode se tornar realmente perigoso.
So here's a disclaimer about me, though, before we get too deep into this. I grew up in a very sheltered environment. I was raised in downtown Manhattan in the early 1980s, two blocks from the epicenter of punk music. I was shielded from the pains of bigotry and the social restrictions of a religiously-based upbringing. Where I come from, if you weren't a drag queen or a radical thinker or a performance artist of some kind, you were the weirdo. (Laughter) It was an unorthodox upbringing, but as a kid on the streets of New York, you learn how to trust your own instincts, you learn how to go with your own ideas.
Então aqui vai um aviso sobre mim, antes de nos aprofundarmos nisso. Eu cresci num ambiente muito protegido. Fui criada no centro de Manhattan, no início da década de 80, a dois quarteirões do epicentro da música punk. Eu fui protegida das dores de intolerância e das restrições sociais de uma educação baseada em religião. De onde eu venho, se você não é uma "drag queen" (transformista) ou um pensador radical ou alguma forma de artista performático, você é o estranho. (risadas) Foi uma criação não ortodoxa mas como uma criança nas ruas de Nova Iorque você aprende a confiar nos próprios instintos, você aprende a seguir suas próprias ideias.
So when I was six, I decided that I wanted to be a boy. I went to school one day and the kids wouldn't let me play basketball with them. They said they wouldn't let girls play. So I went home, and I shaved my head, and I came back the next day and I said, "I'm a boy." I mean, who knows, right? When you're six, maybe you can do that. I didn't want anyone to know that I was a girl, and they didn't. I kept up the charade for eight years.
Então, quando eu tinha 6 anos, decidi que queria ser um menino. Eu fui à escola um dia, e os garotos não me deixavam jogar basquete com eles. Eles disseram que não deixariam meninas jogarem. Então eu fui pra casa e raspei meus cabelos e voltei no dia seguinte e disse "sou um menino". Quero dizer, quem vai saber, certo? Quando você tem 6 anos, talvez vocë possa fazer isso. Eu não queria que ninguém soubesse que eu era uma menina, e eles não souberam. Mantive a encenação por 8 anos.
So this is me when I was 11. I was playing a kid named Walter in a movie called "Julian Po." I was a little street tough that followed Christian Slater around and badgered him. See, I was also a child actor, which doubled up the layers of the performance of my identity, because no one knew that I was actually a girl really playing a boy. In fact, no one in my life knew that I was a girl -- not my teachers at school, not my friends, not the directors that I worked with. Kids would often come up to me in class and grab me by the throat to check for an Adam's apple or grab my crotch to check what I was working with. When I would go to the bathroom, I would turn my shoes around in the stalls so that it looked like I was peeing standing up. At sleepovers I would have panic attacks trying to break it to girls that they didn't want to kiss me without outing myself.
Então esta imagem sou eu aos 11 anos. Eu estava interpretando um garoto chamado Walter num filme chamado "Julian Po". Eu era um garotinho de rua que seguia o Christian Slater e ficava pertubando ele. Veja, eu era também uma criança que atuava, e isso duplicava as camadas de encenação da minha identidade porque ninguém sabia que era, na verdade, uma menina realmente interpretando um garoto. Na verdade, ninguém em minha vida sabia que eu era uma menina -- nem meus professores, nem meus amigos, nem os diretores com quem trabalhei. As crianças frequentemente se aproximavam na sala e me apertavam a garganta pra procurar um pomo de Adão ou apertavam minha virilha para saber o que tinha ali. Quando eu ia ao banheiro, virava meus sapatos nas cabines para parecer que eu estava em pé ao fazer xixi. Quando dormia na casa de amigos, tinha ataques de pânico tentando explicar pras meninas que elas não queriam me beijar sem me expor.
It's worth mentioning though that I didn't hate my body or my genitalia. I didn't feel like I was in the wrong body. I felt like I was performing this elaborate act. I wouldn't have qualified as transgender. If my family, though, had been the kind of people to believe in therapy, they probably would have diagnosed me as something like gender dysmorphic and put me on hormones to stave off puberty. But in my particular case, I just woke up one day when I was 14, and I decided that I wanted to be a girl again. Puberty had hit, and I had no idea what being a girl meant, and I was ready to figure out who I actually was.
Vale mencionar, no entanto, que eu não detestava meu corpo ou minha genitália. Eu não sentia como se estivesse no corpo errado. Eu me sentia interpretando uma peça bem elaborada. Eu não seria qualificada como transgênero. Se minha família fosse o tipo de gente que acredita em terapia eles provavelmente me teriam me diagnosticado tendo algo como "gender dysmorphic" (transtorno sério de insatisfação com o corpo) e me receitado hormônios para escoar a puberdade. Mas no meu caso, particularmente, eu simplesmente acordei um dia, quando tinha 14 anos e decidi que queria ser uma menina de novo. A puberdade tinha chegado, e eu não sabia o que era ser uma garota e estava pronta pra descobrir quem exatamente eu era.
When a kid behaves like I did, they don't exactly have to come out, right? No one is exactly shocked. (Laughter) But I wasn't asked to define myself by my parents. When I was 15, and I called my father to tell him that I had fallen in love, it was the last thing on either of our minds to discuss what the consequences were of the fact that my first love was a girl. Three years later, when I fell in love with a man, neither of my parents batted an eyelash either. See, it's one of the great blessings of my very unorthodox childhood that I wasn't ever asked to define myself as any one thing at any point. I was just allowed to be me, growing and changing in every moment.
Quando uma criança se comporta como eu fiz elas não têm que "sair do armário", certo? Ninguém fica muito chocado. (risada) Mas meus pais não me pediram pra me definir. Quando eu tinha 15 anos, liguei para o meu pai para dizer que eu tinha me apaixonado era a última coisa em nossas cabeças discutir as consequências do fato de meu primeiro amor ser uma menina. 3 anos depois, quando me apaixonei por um homem, nem meu pai nem minha mãe se incomodaram. Veja, é uma das bençãos de ter uma infância bem pouco ortodoxa que nunca me foi pedido que eu me definisse como alguma coisa, em nenhum momento. Me era permitido ser eu, crescendo e mudando o tempo todo.
So four, almost five years ago, Proposition 8, the great marriage equality debate, was raising a lot of dust around this country. And at the time, getting married wasn't really something I spent a lot of time thinking about. But I was struck by the fact that America, a country with such a tarnished civil rights record, could be repeating its mistakes so blatantly. And I remember watching the discussion on television and thinking how interesting it was that the separation of church and state was essentially drawing geographical boundaries throughout this country, between places where people believed in it and places where people didn't. And then, that this discussion was drawing geographical boundaries around me.
Então há 4, quase 5 anos, a "Proposition 8" (proposta de lei), o grande debate sobre igualdade em casamentos estava levantando muita poeira nesse país. E, naquela época, me casar não era realmente algo em que eu passasse muito tempo pensando. Mas me tocou o fato de que a América, um país com um passado tão manchado para direitos civis, podia estar repetindo seus erros tão abertamente. E eu me lembro de assistir à discussão na televisão e pensar como era interessante que a separação de igreja e estado estava essencialmente desenhando fronteiras pelo país, entre lugares em que as pessoas acreditavam nisso e lugares em que não acreditavam. E depois,que essa discussão estava desenhando fronteiras geográficas para mim.
If this was a war with two disparate sides, I, by default, fell on team gay, because I certainly wasn't 100 percent straight. At the time I was just beginning to emerge from this eight-year personal identity crisis zigzag that saw me go from being a boy to being this awkward girl that looked like a boy in girl's clothes to the opposite extreme of this super skimpy, over-compensating, boy-chasing girly-girl to finally just a hesitant exploration of what I actually was, a tomboyish girl who liked both boys and girls depending on the person.
Se era uma guerra entre dois lados distintos eu, por padrão, caía no time gay porque eu com certeza não era 100% hétero. Na época eu estava apenas começando a sair desse zigzag de crise de identidadede por oito anos que me assistiu ir de ser um garoto a ser essa garota estranha que parecia um menino em roupas de menina ao extremo oposto de super magricela super compensando, garotinha feminina perseguindo garotos até finalmente uma exploração hesitante do que eu realmente era, uma garota com jeito de moleque que gostava tanto de garotos quanto de garotas, dependendo da pessoa.
I had spent a year photographing this new generation of girls, much like myself, who fell kind of between-the-lines -- girls who skateboarded but did it in lacy underwear, girls who had boys' haircuts but wore girly nail polish, girls who had eyeshadow to match their scraped knees, girls who liked girls and boys who all liked boys and girls who all hated being boxed in to anything. I loved these people, and I admired their freedom, but I watched as the world outside of our utopian bubble exploded into these raging debates where pundits started likening our love to bestiality on national television. And this powerful awareness rolled in over me that I was a minority, and in my own home country, based on one facet of my character. I was legally and indisputably a second-class citizen.
Eu tinha passado um ano fotografando essa nova geração de garotas, muito parecidas comigo que caíam meio que entre as linhas -- garotas skatistas mas de calcinha rendada garotas que tinha cortes de cabelos de meninos, mas unhas pintadas com jeito de menininha garotas com maquiagem no olho pra combinar com os joelhos ralados garotas que gostavam de meninas e garotos que gostavam de meninos e meninas que odiavam serem colocadas em caixas, qualquer caixa. Eu adorava essas pessoas, e admirava sua liberdade mas eu assistia enquanto o mundo fora da nossa bolha de utopia explodia nesses debates violentos em que sábios começaram a confundir nosso amor com bestialidade na televisão nacional. E essa consciência poderosa passou para mim que eu era um minoria, e dentro do meu próprio país, baseado em uma face da minha personalidade. Eu era legalmente e sem dúvida uma cidadã de segunda classe.
I was not an activist. I wave no flags in my own life. But I was plagued by this question: How could anyone vote to strip the rights of the vast variety of people that I knew based on one element of their character? How could they say that we as a group were not deserving of equal rights as somebody else? Were we even a group? What group? And had these people ever even consciously met a victim of their discrimination? Did they know who they were voting against and what the impact was?
Eu não era uma ativista. Eu não levantei bandeiras na minha própria vida. Mas fui contaminada por essa pergunta: Como pode alguém votar para destitiuir os direitos da grande variedade de pessoas que eu conhecia baseado em um elemento de suas personalidades? Como eles podiam dizer que nós, como um grupo, não merecíamos direitos iguais aos de outra pessoa? Éramos mesmo um grupo? Que grupo? E essas pessoas, chegaram alguma vez a encontrar conscientemente uma vítima de sua discriminação? Eles sabiam contra quem estavam votando, e qual era o impacto?
And then it occurred to me, perhaps if they could look into the eyes of the people that they were casting into second-class citizenship it might make it harder for them to do. It might give them pause. Obviously I couldn't get 20 million people to the same dinner party, so I figured out a way where I could introduce them to each other photographically without any artifice, without any lighting, or without any manipulation of any kind on my part. Because in a photograph you can examine a lion's whiskers without the fear of him ripping your face off.
E então eu percebi que talvez, se eles pudessem olhar nos olhos das pessoas que eles estavam mandando à categoria de cidadãos de segunda classe, poderia ser mais difícil pra eles. Podia dar a eles uma pausa. Obviamente, eu não conseguiria colocar 20 milhões de pessoas no mesmo jantar, então encontrei um jeito de apresentá-los fotograficamente sem nenhum artifício, sem nenhuma luz ou sem qualquer manipulação de qualquer maneira de minha parte. Porque, em uma fotografia, você pode examinar o bigode de um leão sem o medo de ele rasgar o seu rosto.
For me, photography is not just about exposing film, it's about exposing the viewer to something new, a place they haven't gone before, but most importantly, to people that they might be afraid of. Life magazine introduced generations of people to distant, far-off cultures they never knew existed through pictures. So I decided to make a series of very simple portraits, mugshots if you will. And I basically decided to photograph anyone in this country that was not 100 percent straight, which, if you don't know, is a limitless number of people.
Para mim, fotografia não é somente expor o filme, é sobre expor o observador a algo novo, um lugar em que eles nunca foram antes, mas, mais importante, a pessoas que eles podem temer. A revista "Life" apresentou várias gerações de pessoas a culturas distantes, longe, que eles não conheciam, através de fotografias. Então eu decidi fazer uma série de retratos bem simples, "mugshots" (fotos de rosto, próximas), se você preferir. E, basicamente, eu decidi fotografar qualquer um nesse país que não fosse 100% hétero o que, se você não sabe, é um número ilimitado de pessoas.
(Laughter)
(risadas)
So this was a very large undertaking, and to do it we needed some help. So I ran out in the freezing cold, and I photographed every single person that I knew that I could get to in February of about two years ago. And I took those photographs, and I went to the HRC and I asked them for some help. And they funded two weeks of shooting in New York. And then we made this.
Então esse foi um projeto muito grande e para fazê-lo nós precisamos de alguma ajuda. Então eu sai, num frio congelante, e fotografei cada pessoa que eu sabia que podia alcançar em fevereiro, cerca de dois anos atrás. E eu tirei essas fotos, e fui ao "HRC" (campanha pelos direitos humanos) e pedi ajuda. E eles financiaram duas semanas de fotografias em Nova Iorque. E fizemos isto.
(Music)
(música)
Video: I'm iO Tillett Wright, and I'm an artist born and raised in New York City. (Music)
(video) Eu sou iO Tillett Wright, e eu sou uma artista nascida e criada na cidade de Nova Iorque. (música)
Self Evident Truths is a photographic record of LGBTQ America today. My aim is to take a simple portrait of anyone who's anything other than 100 percent straight or feels like they fall in the LGBTQ spectrum in any way. My goal is to show the humanity that exists in every one of us through the simplicity of a face. (Music)
"Self Evident Truths" (verdade 'autoevidente') é um registro fotográfico da América LGBTQ hoje. Meu objetivo é fazer um retrato simples de qualquer um que seja qualquer coisa que não 100% hétero ou sente que cai no espectro LGBTQ de qualquer maneira. Meu alvo é mostrar a humanidade que existe em cada um de nós através da simplicidade de um rosto. (música)
"We hold these truths to be self-evident that all men are created equal." It's written in the Declaration of Independence. We are failing as a nation to uphold the morals upon which we were founded. There is no equality in the United States.
"Nós acreditamos que essas verdades são óbvias, que todo homem é criado igual." Está escrito na declaração da independëncia. Estamos falhando, como nação em manter a moral na qual fomos fundados. Não há igualdade nos Estados Unidos.
["What does equality mean to you?"] ["Marriage"] ["Freedom"] ["Civil rights"] ["Treat every person as you'd treat yourself"]
['O que igualdade significa pra vocë?'] [Casamento] [Liberdade] [Direitos civis] ['Trate a todos como trataria a si próprio']
It's when you don't have to think about it, simple as that. The fight for equal rights is not just about gay marriage. Today in 29 states, more than half of this country, you can legally be fired just for your sexuality.
É quando você não precisa pensar sobre isso, simples assim. A luta por direitos iguais não é só sobre casamento gay. Hoje, em 29 estados, mais da metade desse país, você pode ser legalmente dispensado do trabalho por sua sexualidade.
["Who is responsible for equality?"]
['Quem é responsável pela igualdade?']
I've heard hundreds of people give the same answer: "We are all responsible for equality." So far we've shot 300 faces in New York City. And we wouldn't have been able to do any of it without the generous support of the Human Rights Campaign. I want to take the project across the country. I want to visit 25 American cities, and I want to shoot 4,000 or 5,000 people. This is my contribution to the civil rights fight of my generation. I challenge you to look into the faces of these people and tell them that they deserve less than any other human being. (Music)
Eu consegui que centenas de pessoas dessem a mesma resposta: "Somos todos responsáveis pela igualdade." Até agora eu fotografei 300 rostos na cidade de Nova Iorque. E não teríamos sido capazes de fazer nada disso sem o apoio generoso da "Campanha pelos Direitos Humanos". Quero levar o projeto pelo país. Quero visitar 25 cidades americanas, e fotografar 4 a 5 mil pessoas. Essa é minha contribuição para a luta pelos direitos civis de minha geração. Eu os desafio a olhar nos rostos dessas pessoas e dizer a elas que elas merecem menos que qualquer outro ser humano. (música)
["Self evident truths"] ["4,000 faces across America"]
["Verdades 'autoevidentes' "] [4000 rostos pela América]
(Music) (Applause)
(música) (aplauso)
iO Tillett Wright: Absolutely nothing could have prepared us for what happened after that. Almost 85,000 people watched that video, and then they started emailing us from all over the country, asking us to come to their towns and help them to show their faces. And a lot more people wanted to show their faces than I had anticipated. So I changed my immediate goal to 10,000 faces. That video was made in the spring of 2011, and as of today I have traveled to almost 20 cities and photographed almost 2,000 people.
Absolutamente nada poderia nos ter preparado para o que aconteceu em seguida. Quase 85 mil pessoas assistiram ao vídeo e então começaram a nos mandar emails de todas as partes do país, pedindo que fôssemos às suas cidades e ajudássemos a mostrar seus rostos. E muito mais pessoas quiseram mostrar seus rostos do que eu antecipei. Então eu mudei meu objetivo imediato para 10 mil rostos. Esse vídeo foi feito na primavera de 2011, e até hoje eu viajei por quase 20 cidades e fotografei quase 2 mil pessoas.
I know that this is a talk, but I'd like to have a minute of just quiet and have you just look at these faces because there is nothing that I can say that will add to them. Because if a picture is worth a thousand words, then a picture of a face needs a whole new vocabulary.
Eu sei que isso é uma palestra mas eu gostaria de um minuto de silêncio e que vocês simplesmente olhassem para esses rostos porque não há nada que eu possa dizer que vai se somar a eles. Porque se uma imagem vale mais que mil palavras, então a imagem de um rosto precisa de todo um novo vocabulário.
So after traveling and talking to people in places like Oklahoma or small-town Texas, we found evidence that the initial premise was dead on. Visibility really is key. Familiarity really is the gateway drug to empathy. Once an issue pops up in your own backyard or amongst your own family, you're far more likely to explore sympathy for it or explore a new perspective on it. Of course, in my travels I met people who legally divorced their children for being other than straight, but I also met people who were Southern Baptists who switched churches because their child was a lesbian. Sparking empathy had become the backbone of Self Evident Truths.
Então, após viajar e conversar com as pessoas em lugares como Oklahoma ou pequenas cidades do Texas, encontramos evidências de que a premissa inicial estava correta. Visibilidade é realmente chave. Familiariedade com realidade é o atalho para empatia. Quando uma questão aparece no quintal da sua casa ou entre seus familiares você vai ficar mais tentado a explorar sentimentos bons sobre isso ou explorar uma nova perspectiva sobre isso. Claro, em minhas viagens eu conheci pessoas que estão legalmente se separando de seus filhos, porque eles são outra coisa que não hétero mas também conheci gente que era "Southern Baptist" (religião Batista) que mudou de igreja porque sua filha era lésbica. Empatia inspiradora se tornou a base para o projeto "Self Evident Truths".
But here's what I was starting to learn that was really interesting: Self Evident Truths doesn't erase the differences between us. In fact, on the contrary, it highlights them. It presents, not just the complexities found in a procession of different human beings, but the complexities found within each individual person. It wasn't that we had too many boxes, it was that we had too few.
Mas eis o que eu estava começando a aprender que era realmente interessante: "Self Evident Truths"(verdades 'autoevidentes') não apaga as diferenças entre nós. Na verdade, pelo contrário, ele destaca as diferenças. Ele apresenta não só as complexidades encontradas numa fila de seres humanos diferentes, mas as complexidades encontradas em cada pessoa individualmente. Não é que tivéssemos caixas de mais, elas eram poucas, muito poucas.
At some point I realized that my mission to photograph "gays" was inherently flawed, because there were a million different shades of gay. Here I was trying to help, and I had perpetuated the very thing I had spent my life trying to avoid -- yet another box. At some point I added a question to the release form that asked people to quantify themselves on a scale of one to 100 percent gay. And I watched so many existential crises unfold in front of me. (Laughter) People didn't know what to do because they had never been presented with the option before. Can you quantify your openness?
Em algum momento compreendi que minha missão de fotografar "gays" era inerentemente falha porque existem milhões de tons de gay. Aqui estava eu, tentando ajudar, e tinha perpetuado exatamente aquilo que passei minha vida tentando evitar -- mais outra caixa. Em algum momento eu adicionei uma questão ao formulário de liberação que pedia às pessoas para se quantificarem numa escala de 1 a 100% gay. E assisti a tantas crises existenciais se desenrolarem na minha frente. (risadas) As pessoas não sabem o que fazer porque nunca tiveram essa opção apresentada a elas antes. Você consegue quantificar quão aberto é?
Once they got over the shock, though, by and large people opted for somewhere between 70 to 95 percent or the 3 to 20 percent marks. Of course, there were lots of people who opted for a 100 percent one or the other, but I found that a much larger proportion of people identified as something that was much more nuanced. I found that most people fall on a spectrum of what I have come to refer to as "Grey."
Uma vez passado o choque, porém, muitas pessoas optaram por algo entre 70 e 95% ou entre as marcas de 3 e 20%. Claro, havia muitas pessoas que escolheram 100% uma coisa ou outra mas eu descobri que uma porção muito maior das pessoas se identificavam como algo que parecia mais sutil. Eu descobri que a maioria das pessoas caía num espectro que passei a chamar "Grey" (cinza - trocadilho com a palavra gay).
Let me be clear though -- and this is very important -- in no way am I saying that preference doesn't exist. And I am not even going to address the issue of choice versus biological imperative, because if any of you happen to be of the belief that sexual orientation is a choice, I invite you to go out and try to be grey. I'll take your picture just for trying. (Laughter) What I am saying though is that human beings are not one-dimensional. The most important thing to take from the percentage system is this: If you have gay people over here and you have straight people over here, and while we recognize that most people identify as somewhere closer to one binary or another, there is this vast spectrum of people that exist in between.
Deixe-me esclarecer -- e isso é muito importante -- não estou dizendo de forma alguma que a preferência não exista. E não vou nem começar a discutir a questão de escolha ou ímpeto biológico porque se algum de vocês por acaso acreditar que orientação sexual é uma escolha eu os convido a sair e tentar ser "grey" Eu tiraria a foto de vocês só por tentarem. (risadas) O que estou dizendo é que seres humanos não são unidimensionais. A coisa mais importante para se aprender desse sistema de porcentagens é se você tem pessoas gays aqui e pessoas hétero aqui e mesmo sabendo que a maior parte das pessoas se identifica de alguma forma mais perto de um binário ou outro há este vasto espectro de pessoas que existem no meio.
And the reality that this presents is a complicated one. Because, for example, if you pass a law that allows a boss to fire an employee for homosexual behavior, where exactly do you draw the line? Is it over here, by the people who have had one or two heterosexual experiences so far? Or is it over here by the people who have only had one or two homosexual experiences thus far? Where exactly does one become a second-class citizen?
E a realidade que isso apresenta é bem complicada. Porque, por exemplo, para uma lei ser aprovada que permita que um chefe demita um funcionário por comportamento homossexual onde exatamente se define essa linha? É aqui, pelas pessoas que tiveram uma ou duas experiências heterossexuais até agora? Ou aqui onde as pessoas tiveram uma ou duas experiências homossexuais até agora? Onde exatamente alguém se torna um cidadão de segunda classe?
Another interesting thing that I learned from my project and my travels is just what a poor binding agent sexual orientation is. After traveling so much and meeting so many people, let me tell you, there are just as many jerks and sweethearts and Democrats and Republicans and jocks and queens and every other polarization you can possibly think of within the LGBT community as there are within the human race. Aside from the fact that we play with one legal hand tied behind our backs, and once you get past the shared narrative of prejudice and struggle, just being other than straight doesn't necessarily mean that we have anything in common.
Outra coisa interessante que aprendi em meu projeto e minhas viagens é como a orientação sexual age pouco como integrador. Depois de viajar tanto e conhecer tanta gente, deixe-me dizer, há tantos idiotas e gracinhas, e democratas e republicanos, camponeses e rainhas, e qualquer outra polarização que você seja capaz de pensar dentro da comunidade LGBT quanto há dentro da raça humana. Além do fato de que agimos legalmente com uma mão amarrada nas costas, e quando superamos a narrativa compartilhada de preconceito e dificuldade só por ser diferente de hétero não necessariamente significa que temos alguma coisa em comum.
So in the endless proliferation of faces that Self Evident Truths is always becoming, as it hopefully appears across more and more platforms, bus shelters, billboards, Facebook pages, screen savers, perhaps in watching this procession of humanity, something interesting and useful will begin to happen. Hopefully these categories, these binaries, these over-simplified boxes will begin to become useless and they'll begin to fall away. Because really, they describe nothing that we see and no one that we know and nothing that we are. What we see are human beings in all their multiplicity. And seeing them makes it harder to deny their humanity. At the very least I hope it makes it harder to deny their human rights.
Então, na infindável proliferação de rostos que "Self Evident Truth" está se tornando à medida em que, se der certo, ele se espalhe em mais e mais plataformas, abrigos de ônibus, outdoors, páginas de facebook, protetores de tela talvez ao assistir a essa fila de humanidade algo interessante e útil comece a acontecer. Torço pra que essass categorias, esses binários, essas caixas super simplificadas comecem a ficar inúteis e depois comecem a sumir. Porque, realmente, elas não desecrevem nada do que vemos e ninguém que conhecemos e nada do que somos. O que vemos são seres humanos em sua total multiplicidade. E vê-los torna mais difícil lhes negar humanidade. No mínimo dos mínimos, eu espero que torne mais difícil negar direitos humanos.
So is it me particularly that you would choose to deny the right to housing, the right to adopt children, the right to marriage, the freedom to shop here, live here, buy here? Am I the one that you choose to disown as your child or your brother or your sister or your mother or your father, your neighbor, your cousin, your uncle, the president, your police woman or the fireman? It's too late. Because I already am all of those things. We already are all of those things, and we always have been. So please don't greet us as strangers, greet us as your fellow human beings, period.
Então sou eu, particularmente, que você escolheria para negar o direito à moradia o direito de adotar crianças, o direito de casar, a liberdade de comprar aqui, morar ali, pagar lá? Sou eu que você escolhe rejeitar como seu filho, seu irmão ou irmã, ou mãe, ou pai, ou vizinho, ou primo, ou tio, ou presidente, seu policial ou bombeiro? Tarde demais. Porque eu já sou todas essas coisas. Nós já somos todas essas coisas, e sempre fomos. Então não nos cumprimente como estranhos, nos cumprimente como seu colegas seres humanos, e ponto.
Thank you.
Obrigada.
(Applause)
(aplausos)