Cloe Shasha: So welcome, Ibram, and thank you so much for joining us.
Cloe Shasha: Bem-vindo, Ibram, e muito obrigada por juntar-se a nós.
Ibram X. Kendi: Well, thank you, Cloe, and Whitney, and thank you everyone for joining this conversation. And so, a few weeks ago, on the same day we learned about the brutal murder of George Floyd, we also learned that a white woman in Central Park who chose not to leash her dog and was told by a black man nearby that she needed to leash her dog, instead decided to threaten this black male, instead decided to call the police and claim that her life was being threatened. And of course, when we learned about that through a video, many Americans were outraged, and this woman, Amy Cooper, ended up going on national TV and saying, like countless other Americans have said right after they engaged in a racist act, "I am not racist." And I say countless Americans, because when you really think about the history of Americans expressing racist ideas, supporting racist policies, you're really talking about a history of people who have claimed they're not racist, because everyone claims that they're not racist, whether we're talking about the Amy Coopers of the world, whether we're talking about Donald Trump, who, right after he said that majority-black Baltimore is a rat and rodent-infested mess that no human being would want to live in, and he was challenged as being racist, he said, "Actually, I'm the least racist person anywhere in the world." And so really the heartbeat of racism itself has always been denial, and the sound of that heartbeat has always been, "I'm not racist."
Ibram X. Kendi: Obrigado, Cloe e Whitney, e obrigado a todos por participarem desta conversa. Algumas semanas atrás, no mesmo dia em que soubemos da morte brutal de George Floyd, também soubemos que, no Central Park, uma mulher branca resolveu andar com seu cão solto, e foi advertida sobre isso por um homem negro. Em vez de colocar a guia no cão, ela decidiu ameaçar esse homem negro, chamar a polícia e alegar que sua vida estava sendo ameaçada. E, claro, quando soubemos disso através de um vídeo, muitos norte-americanos ficaram indignados, e essa mulher, Amy Cooper, acabou dizendo, em rede nacional, o que inúmeros outros norte-americanos dizem logo após cometer um ato racista: "Eu não sou racista". E eu digo inúmeros norte-americanos porque, quando pensamos em norte-americanos expressando ideias racistas, apoiando políticas racistas, na verdade estamos falando de pessoas que alegaram não serem racistas, porque todos alegam não serem racistas, sejam as Amy Coopers da vida, seja Donald Trump, que, logo após falar que Baltimore, com maioria da população negra, é uma bagunça infestada de ratos onde nenhum ser humano deseja morar, e de ser acusado de racista, disse: "Na verdade, sou a pessoa menos racista do mundo". A essência do racismo sempre foi a negação, e a expressão disso sempre foi: "Eu não sou racista".
And so what I'm trying to do with my work is to really get Americans to eliminate the concept of "not racist" from their vocabulary, and realize we're either being racist or anti-racist. We're either expressing ideas that suggest certain racial groups are better or worse than others, superior or inferior than others. We're either being racist, or we're being anti-racist. We're expressing notions that the racial groups are equals, despite any cultural or even ethnic differences. We're either supporting policies that are leading to racial inequities and injustice, like we saw in Louisville, where Breonna Taylor was murdered, or we're supporting policies and pushing policies that are leading to justice and equity for all.
Então, o que tento fazer com meu trabalho é conseguir que os norte-americanos eliminem o conceito de "não racista" do seu vocabulário e percebam que ou estamos sendo racistas ou antirracistas. Ou estamos expressando ideias que sugerem que certos grupos raciais são melhores ou piores que outros, superiores ou inferiores a outros e estamos sendo racistas; ou sendo antirracistas, expressando noções de que grupos raciais são iguais, apesar de qualquer diferença cultural ou étnica. Ou estamos apoiando políticas que levam à desigualdade e à injustiça racial, como vimos em Louisville, onde Breonna Taylor foi assassinada, ou estamos apoiando e promovendo políticas que levam à igualdade e justiça para todos.
And so I think we should be very clear about whether we're expressing racist ideas, about whether we're supporting racist policies, and admit when we are, because to be anti-racist is to admit when we expressed a racist idea, is to say, "You know what? When I was doing that in Central Park, I was indeed being racist. But I'm going to change. I'm going to strive to be anti-racist." And to be racist is to constantly deny the racial inequities that pervade American society, to constantly deny the racist ideas that pervade American minds. And so I want to built a just and equitable society, and the only way we're going to even begin that process is if we admit our racism and start building an anti-racist world. Thank you.
Então acho que devemos ser muito claros se estamos expressando ideias racistas, se estamos apoiando políticas racistas, e admitir quando estivermos, porque ser antirracista é admitir quando expressamos uma ideia racista. É dizer: "Sabe, quando fiz aquilo no Central Park, sem dúvida eu estava sendo racista. Mas vou mudar, vou me esforçar pra ser antirracista". E ser racista é negar constantemente as desigualdades sociais que permeiam a sociedade norte-americana, é negar constantemente as ideias racistas que permeiam as mentes norte-americanas. Então quero construir uma sociedade justa e igualitária, e a única forma de conseguir ao menos começar esse processo é admitindo nosso racismo e começando a construir um mundo antirracista. Obrigado.
CS: Thank you so much for that. You know, your book, "How to Be an Antiracist," has become a bestseller in light of what's been happening, and you've been speaking a bit to the ways in which anti-racism and racism are the only two polar opposite ways to hold a view on racism. I'm curious if you could talk a little bit more about what the basic tenets of anti-racism are, for people who aren't as familiar with it in terms of how they can be anti-racist.
CS: Muito obrigada por suas palavras. O seu livro "Como Ser Antirracista" se tornou um best-seller à luz do que tem acontecido, e você tem falado sobre como o antirracismo e o racismo são as duas únicas perspectivas possíveis e opostas sobre o racismo. Gostaria de saber se você pode falar um pouco mais sobre quais são os princípios básicos do antirracismo, para quem não está familiarizado com isso, em termos de como podem ser antirracistas.
IXK: Sure. And so I mentioned in my talk that the heartbeat of racism is denial, and really the heartbeat of anti-racism is confession, is the recognition that to grow up in this society is to literally at some point in our lives probably internalize ideas that are racist, ideas that suggest certain racial groups are better or worse than others, and because we believe in racial hierarchy, because Americans have been systematically taught that black people are more dangerous, that black people are more criminal-like, when we live in a society where black people are 40 percent of the national incarcerated population, that's going to seem normal to people. When we live in a society in a city like Minneapolis where black people are 20 percent of the population but more than 60 percent of the people being subjected to police shootings, it's going to seem normal. And so to be anti-racist is to believe that there's nothing wrong or inferior about black people or any other racial group. There's nothing dangerous about black people or any other racial group. And so when we see these racial disparities all around us, we see them as abnormal, and then we start to figure out, OK, what policies are behind so many black people being killed by police? What policies are behind so many Latinx people being disproportionately infected with COVID? How can I be a part of the struggle to upend those policies and replace them with more antiracist policies?
IXK: Claro. Como mencionei em minha palestra, a essência do racismo é a negação, e a essência do antirracismo é a confissão, é o reconhecimento de que crescer nesta sociedade significa, em algum ponto da nossa vida, internalizar ideias racistas que sugerem que certos grupos raciais são melhores ou piores que outros. E como acreditamos na hierarquia racial e como os norte-americanos têm sido ensinados sistematicamente que as pessoas negras são mais perigosas, que são mais propensas ao crime, quando vivemos em uma sociedade em que pessoas negras são 40% da população carcerária, isso parece normal. Quando vivemos em uma sociedade em uma cidade como Mineápolis, onde as pessoas negras, apesar de serem apenas 20% da população, perfazem mais de 60% das pessoas sujeitas a tiroteio policial, isso parece normal. Então, ser antirracista é acreditar que não há nada errado ou inferior sobre as pessoas negras ou outro grupo racial. Não há nada perigoso em relação às pessoas negras ou a qualquer outro grupo racial. Então, quando vemos essas disparidades raciais ao nosso redor, vemos elas como anormais, e começamos a nos dar conta: quais políticas estão por trás de tantas pessoas negras sendo mortas pela polícia? Quais políticas estão por trás de tantos latinos sendo desproporcionalmente infectados por COVID-19? Como posso participar da luta para derrubar essas políticas e substituí-las por políticas antirracistas?
Whitney Pennington Rodgers: And so it sounds like you do make that distinction, then, between not racist and anti-racist. I guess, could you talk a little bit more about that and break that down? What is the difference between the two?
Whitney Pennington Rodgers: Parece que você faz uma distinção entre não ser racista e ser antirracista. Você poderia detalhar isso um pouco mais? Qual a diferença entre os dois?
IXK: In the most simplest way, a not racist is a racist who is in denial, and an anti-racist is someone who is willing to admit the times in which they are being racist, and who is willing to recognize the inequities and the racial problems of our society, and who is willing to challenge those racial inequities by challenging policy. And so I'm saying this because literally slaveholders, slave traders, imagined that their ideas in our terms were not racist. They would say things like, "Black people are the cursed descendants of Ham, and they're cursed forever into enslavement." This isn't, "I'm not racist." This is, "God's law." They would say things, like, you know, "Based on science, based on ethnology, based on natural history, black people by nature are predisposed to slavery and servility. This is nature's law. I'm not racist. I'm actually doing what nature said I'm supposed to be doing." And so this construct of being not racist and denying one's racism goes all the way back to the origins of this country.
IXK: De maneira bem simples, um não racista é um racista em negação, e um antirracista é alguém que tenta admitir as ocasiões em que é racista, e que tenta reconhecer os problemas e desigualdades raciais da nossa sociedade, e que tenta desafiar essas desigualdades raciais desafiando a política. Digo isso porque literalmente senhores e traficantes de escravizados achavam que as ideias deles não eram racistas. Eles diziam coisas como: "Os negros são os descendentes amaldiçoados de Ham, e estão condenados à escravidão para sempre". Isso não é: "Não sou racista". Isso é: "É a lei de Deus". Diziam coisas como: "Baseado na ciência, baseado na etnologia, baseado na história natural, a natureza dos negros os predispõe à escravidão e à servidão. Essa é a lei da natureza. Não sou racista. Na verdade estou fazendo o que a natureza diz que devo fazer". Essa construção de não ser racista e de negar o racismo de alguém vem desde as origens deste pais.
CS: Yeah. And why do you think it has been so hard for some people now to still accept that neutrality is not enough when it comes to racism?
CS: Sim. E por que você acha que tem sido tão difícil para algumas pessoas aceitarem que a neutralidade não é suficiente quando falamos de racismo?
IXK: I think because it takes a lot of work to be anti-racist. You have to be very vulnerable, right? You have to be willing to admit that you were wrong. You have to be willing to admit that if you have more, if you're white, for instance, and you have more, it may not be because you are more. You have to admit that, yeah, you've worked hard potentially, in your life, but you've also had certain advantages which provided you with opportunities that other people did not have. You have to admit those things, and it's very difficult for people to be publicly, and even privately, self-critical.
IXK: Acho que porque dá muito trabalho ser antirracista. Você tem que estar muito vulnerável. Tem de querer admitir que estava errado. Tem de querer admitir que, se você tem mais, se você é branco, por exemplo, e tem mais, pode não ser porque você é mais. Você tem de admitir que, sim, possivelmente, você trabalhou duro, mas você também teve certas vantagens que lhe deram oportunidades que outras pessoas não têm. Você precisa admitir essas coisas, e é muito difícil para as pessoas serem publicamente, ou mesmo particularmente, autocríticas.
I think it's also the case of, and I should have probably led with this, how people define "racist." And so people tend to define "racist" as, like, a fixed category, as an identity. This is essential to who a person is. Someone becomes a racist. And so therefore -- And then they also connect a racist with a bad, evil person. They connect a racist with a Ku Klux Klansman or woman. And they're like, "I'm not in the Ku Klux Klan, I'm not a bad person and I've done good things in my life. I've done good things to people of color. And so therefore I can't be racist. I'm not that. That's not my identity. But that's actually not how we should be defining racist. Racist is a descriptive term. It describes what a person is saying or doing in any given moment, and so when a person in one moment is expressing a racist idea, in that moment they are being racist when they're saying black people are lazy. If in the very next moment they're appreciating the cultures of native people, they're being anti-racist.
Acho que isso também tem relação, e eu deveria ter começado por isso, pelo modo como as pessoas definem "racista". As pessoas tendem a definir "racista" como uma categoria fixa, como uma identidade. Como sendo a essência de uma pessoa. Uma pessoa se torna um racista. E assim... E também associam o racista a uma pessoa má. Associam o racista a alguém da Ku Klux Klan. E dizem: "Eu não sou da Ku Klux Klan, não sou uma pessoa má, fiz coisas boas na vida. Fiz coisas boas para pessoas negras. Então não sou racista. Não sou isso, essa não é minha identidade". Mas não é assim que devemos definir uma pessoa racista. "Racista" é um termo descritivo. Ele descreve o que uma pessoa diz ou fala em determinado momento. Quando alguém, em dado momento, expressa uma ideia racista, por exemplo, dizendo que negros são preguiçosos, está sendo racista. Se no instante a seguir estiver apreciando a cultura de povos nativos, estará sendo antirracista.
WPR: And we're going to get to some questions from our community in a moment, but I think when a lot of people hear this idea that you're putting forward, this idea of anti-racism, there's this feeling that this is something that only concerns the white community. And so could you speak a little bit to how the black community and nonwhite, other ethnic minorities can participate in and think about this idea of anti-racism?
WPR: Em breve teremos algumas perguntas da nossa comunidade, mas acho que muitas pessoas, ao ouvirem sua ideia sobre antirracismo, têm o sentimento de que isso é algo que só diz respeito à comunidade branca. Você pode falar um pouco sobre como a comunidade negra e outras comunidades não brancas, de minorias étnicas, podem participar e pensar sobre essa ideia de antirracismo?
IXK: Sure. So if white Americans commonly say, "I'm not racist," people of color commonly say, "I can't be racist, because I'm a person of color." And then some people of color say they can't be racist because they have no power. And so, first and foremost, what I've tried to do in my work is to push back against this idea that people of color have no power. There's nothing more disempowering to say, or to think, as a person of color, than to say you have no power. People of color have long utilized the most basic power that every human being has, and that's the power to resist policy -- that's the power to resist racist policies, that's the power to resist a racist society. But if you're a person of color, and you believe that people coming here from Honduras and El Salvador are invading this country, you believe that these Latinx immigrants are animals and rapists, then you're certainly not, if you're black or Asian or native, going to be a part of the struggle to defend Latinx immigrants, to recognize that Latinx immigrants have as much to give to this country as any other group of people, you're going to view these people as "taking away your jobs," and so therefore you're going to support racist rhetoric, you're going to support racist policies, and even though that is probably going to be harming you, in other words, it's going to be harming, if you're black, immigrants coming from Haiti and Nigeria, if you're Asian, immigrants coming from India. So I think it's critically important for even people of color to realize they have the power to resist, and when people of color view other people of color as the problem, they're not going to view racism as the problem. And anyone who is not viewing racism as the problem is not being anti-racist.
IXK: Claro. Se norte-americanos brancos usualmente dizem: "Não sou racista", as pessoas não brancas usualmente dizem: "Eu não posso ser racista, porque não sou branco". Portanto alguns não brancos dizem que não podem ser racistas porque eles não têm poder. Então, primeiramente, com meu trabalho tento combater a ideia de que pessoas não brancas não têm poder. Não há nada mais desempoderador do que dizer ou pensar, como pessoa não branca, que você não tem poder. Há tempo as pessoas não brancas utilizam o poder mais básico que todo ser humano tem, que é o poder de resistir a políticas racistas e o poder de resistir a uma sociedade racista. Mas se você é uma pessoa não branca e acredita que as pessoas que vêm de Honduras e El Salvador estão invadindo este país, se acredita que os imigrantes latinos são animais e estupradores, então, se você for negro ou asiático, certamente você não vai participar da luta para defender os imigrantes latinos, para reconhecer que os imigrantes latinos têm tanto para dar a este país quanto qualquer outro grupo, você vai ver essas pessoas como "tirando seu emprego", e, portanto, você vai apoiar a retórica racista, vai apoiar políticas racistas, mesmo que provavelmente isso te prejudique, ou seja, que isso prejudique imigrantes do Haiti e da Nigéria, se você for negro, e imigrantes vindos da Índia, se você for asiático. Então acho muito importante que mesmo as pessoas não brancas percebam que têm poder de resistir. Quando pessoas não brancas veem outras pessoas não brancas como problema, elas não veem o racismo como problema. E qualquer um que não vê o racismo como problema não está sendo antirracista.
CS: You touched on this a bit in your beginning talk here, but you've talked about how racism is the reason that black communities and communities of color are systematically disadvantaged in America, which has led to so many more deaths from COVID-19 in those communities. And yet the media is often placing the blame on people of color for their vulnerability to illness. So I'm curious, in line with that, what is the relationship between anti-racism and the potential for systemic change?
CS: Você falou um pouco sobre isso em sua fala inicial, mas você falou sobre como o racismo é a razão pela qual comunidades negras e comunidades não brancas são sistematicamente prejudicadas nos Estados Unidos, o que levou a tantas mortes por COVID-19 nessas comunidades. E, ainda assim, a mídia sempre culpa as pessoas não brancas por sua vulnerabilidade à doença. Por isso gostaria de saber qual a relação entre o antirracismo e o potencial para mudança sistêmica?
IXK: I think it's a direct relationship, because when you are -- when you believe and have consumed racist ideas, you're not going to even believe change is necessary because you're going to believe that racial inequality is normal. Or, you're not going to believe change is possible. In other words, you're going to believe that the reason why black people are being killed by police at such high rates or the reason why Latinx people are being infected at such high rates is because there's something wrong with them, and nothing can be changed. And so you wouldn't even begin to even see the need for systemic structural change, let alone be a part of the struggle for systemic structural change. And so, to be anti-racist, again, is to recognize that there's only two causes of racial inequity: either there's something wrong with people, or there's something wrong with power and policy. And if you realize that there's nothing wrong with any group of people, and I keep mentioning groups -- I'm not saying individuals. There's certainly black individuals who didn't take coronavirus seriously, which is one of the reasons why they were infected. But there are white people who didn't take coronavirus seriously. No one has ever proven, actually studies have shown that black people were more likely to take the coronavirus seriously than white people. We're not talking about individuals here, and we certainly should not be individualizing groups. We certainly should not be looking at the individual behavior of one Latinx person or one black person, and saying they're representatives of the group. That's a racist idea in and of itself. And so I'm talking about groups, and if you believe that groups are equals, then the only other alternative, the only other explanation to persisting inequity and injustice, is power and policy. And to then spend your time transforming and challenging power and policy is to spend your time being anti-racist.
IXK: Acho que é uma relação direta, porque quando você é... quando você acredita e consome ideias racistas, você nem ao menos vai acreditar que a mudança é necessária, porque vai acreditar que a desigualdade racial é normal. Ou não vai acreditar que a mudança é possível. Em outras palavras, vai acreditar que a razão pela qual pessoas negras são mortas pela polícia em taxas tão altas ou a razão pela qual pessoas latinas são infectadas a taxas tão altas é porque há algo errado com elas, e nada pode ser feito. Então você nem ao menos vai ver a necessidade de mudanças estruturais e sistêmicas, muito menos ser parte da luta por mudanças estruturais e sistêmicas, Então, ser antirracista, de novo, é reconhecer que só há duas causas para a desigualdade racial: ou há algo errado com as pessoas, ou há algo errado com o poder e a política. E se percebe que não há nada de errado com nenhum grupo de pessoas, e sigo falando em grupos, não falo em indivíduos... Claro que há indivíduos negros que não levam o coronavírus a sério, que é uma das razões pelas quais eles são infectados. Mas há pessoas brancas que não levam o coronavírus a sério. Ninguém jamais provou, e na verdade estudos mostram que as pessoas negras são mais propensas a levar o coronavírus a sério do que as pessoas brancas. Não estamos falando de indivíduos, e certamente não devemos individualizar grupos. Certamente não devemos olhar o comportamento individual de uma pessoa latina ou negra, e dizer que ela representa o grupo. Essa, por si só, é uma ideia racista. Então falo de grupos e, se você acredita que os grupos são iguais, então a única alternativa, a única explicação para a persistência da desigualdade e da injustiça é o poder e a política. Então, passar tempo transformando e desafiando o poder e a política é passar tempo sendo antirracista.
WPR: So we have some questions that are coming in from the audience. First one here is from a community member that asks, "When we talk about white privilege, we talk also about the privilege not to have the difficult conversations. Do you feel that's starting to change?"
WPR: Temos algumas perguntas do público. A primeira delas é de um membro da comunidade que pergunta: "Quando falamos sobre o privilégio branco, também falamos sobre o privilégio de não ter conversas difíceis. Você acha que isso começa a mudar?"
IXK: I hope so, because I think that white Americans, too, need to simultaneously recognize their privileges, the privileges that they have accrued as a result of their whiteness, and the only way in which they're going to be able to do that is by initiating and having these conversations. But then they also should recognize that, yes, they have more, white Americans have more, due to racist policy, but the question I think white Americans should be having, particularly when they're having these conversations among themselves, is, if we had a more equitable society, would we have more? Because what I'm asking is that, you know, white Americans have more because of racism, but there are other groups of people in other Western democracies who have more than white Americans, and then you start to ask the question, why is it that people in other countries have free health care? Why is it that they have paid family leave? Why is it that they have a massive safety net? Why is it that we do not? And one of the major answers to why we do not here have is racism. One of the major answers as to why Donald Trump is President of the United States is racism. And so I'm not really asking white Americans to be altruistic in order to be anti-racist. We're really asking people to have intelligent self-interest.
IXK: Espero que sim, porque acho que norte-americanos brancos, também, precisam simultaneamente reconhecer seus privilégios, os privilégios que eles têm acumulado como resultado de sua branquitude, e a única forma de fazer isso é começando e tendo essas conversas. Mas eles também teriam de reconhecer que, sim, eles têm mais, os norte-americanos brancos têm mais, devido às políticas racistas, mas o que os norte-americanos brancos deveriam se perguntar, especialmente quando eles têm essas conversas entre si, é: se tivéssemos uma sociedade mais igualitária, nós teríamos mais? O que pergunto é: os norte-americanos brancos têm mais por causa do racismo, mas há outros grupos de pessoas, em outras democracias ocidentais, que têm mais do que os norte-americanos brancos, e aí você começa a se perguntar: por que as pessoas em outros países têm atendimento à saúde de graça? Por que elas têm licença-maternidade e licença-paternidade? Por que elas têm uma rede de segurança massiva? Por que nós não temos? E uma das principais respostas para não termos isso é o racismo. Uma das principais respostas à pergunta: por que Donald Trump é presidente dos Estados Unidos é o racismo. Então não peço que os norte-americanos brancos sejam altruístas para serem antirracistas. Na verdade pedimos às pessoas que tenham interesse próprio inteligente.
Those four million, I should say five million poor whites in 1860 whose poverty was the direct result of the riches of a few thousand white slaveholding families, in order to challenge slavery, we weren't saying, you know, we need you to be altruistic. No, we actually need you to do what's in your self-interest. Those tens of millions of Americans, white Americans, who have lost their jobs as a result of this pandemic, we're not asking them to be altruistic. We're asking them to realize that if we had a different type of government with a different set of priorities, then they would be much better off right now. I'm sorry, don't get me started.
Esses 4 ou 5 milhões de brancos pobres em 1860 cuja pobreza era resultado direto da riqueza de alguns milhares de famílias brancas escravistas, para desafiar a escravidão, não dissemos que vocês tinham de ser altruístas. Não, na verdade precisamos que você faça o que é de seu próprio interesse. Esses 10 milhões de norte-americanos brancos que perderam o emprego em função da pandemia, não estamos pedindo que sejam altruístas. Pedimos que se deem conta de que, se tivéssemos outro tipo de governo, com outras prioridades, eles estariam bem melhores agora. Desculpem, não me façam começar.
CS: No, we're grateful to you. Thank you. And in line with that, obviously these protests and this movement have led to some progress: the removal of Confederate monuments, the Minneapolis City Council pledging to dismantle the police department, etc. But what do you view as the greatest priority on a policy level as this fight for justice continues? Are there any ways in which we could learn from other countries?
CS: Não, nós agradecemos. Obrigada. Alinhado a isso, obviamente esses movimentos e protestos trouxeram progresso: a remoção de monumentos confederados, a petição à câmara de Mineápolis para desmantelar o departamento de polícia, etc. Mas, politicamente, o que você vê como maior prioridade política, se essa luta por justiça continuar? Há algo a aprender com outros países?
IXK: I don't actually think necessarily there's a singular policy priority. I mean, if someone was to force me to answer, I would probably say two, and that is, high quality free health care for all, and when I say high quality, I'm not just talking about Medicare For All, I'm talking about a simultaneous scenario in which in rural southwest Georgia, where the people are predominantly black and have some of the highest death rates in the country, those counties in southwest Georgia, from COVID, that they would have access to health care as high quality as people do in Atlanta and New York City, and then, simultaneously, that that health care would be free. So many Americans not only of course are dying this year of COVID but also of heart disease and cancer, which are the number one killers before COVID of Americans, and they're disproportionately black.
IXK: Na verdade, não acho necessariamente que haja uma prioridade política única. Quero dizer, se me obrigassem a responder, eu provavelmente diria duas, que são: saúde de alta qualidade e gratuita para todos, e, quando digo de alta qualidade, não falo só de plano de saúde de baixo custo para todos, falo de um cenário simultâneo em que na região rural do sudoeste da Geórgia, onde as pessoas são predominantemente negras e há uma das mais altas taxas de mortalidade por COVID nos EUA, esses municípios no sudoeste da Geórgia teriam acesso à saúde com a mesma qualidade que as pessoas em Atlanta e Nova York, e então, simultaneamente, a atenção à saúde seria gratuita. Este ano, muitos norte-americanos estão morrendo, não só de COVID, claro, mas também de câncer e doenças cardíacas, que são as doenças que mais matam norte-americanos depois da COVID, e, de forma desproporcional, os negros.
And so I would say that, and then secondarily, I would say reparations. And many Americans claim that they believe in racial equality, they want to bring about racial equality. Many Americans recognize just how critical economic livelihood is for every person in this country, in this economic system. But then many Americans reject or are not supportive of reparations. And so we have a situation in which white Americans are, last I checked, their median wealth is 10 times the median wealth of black Americans, and according to a recent study, by 2053 -- between now, I should say, and 2053, white median wealth is projected to grow, and this was before this current recession, and black median wealth is expected to redline at zero dollars, and that, based on this current recession, that may be pushed up a decade. And so we not only have a racial wealth gap, but we have a racial wealth gap that's growing.
Então eu diria isso e, em segundo lugar, reparação. Muitos norte-americanos alegam que acreditam na igualdade racial, que querem a igualdade racial. Muitos norte-americanos reconhecem como a subsistência econômica é crítica para todos neste país, neste sistema econômico. Mas muitos norte-americanos rejeitam ou não apoiam as reparações. Então temos uma situação na qual os norte-americanos brancos, pelo que eu verifiquei, têm renda média dez vezes mais alta que a dos negros, e, de acordo com um estudo recente, de hoje a 2053 a renda média dos brancos vai crescer - esse estudo é anterior à recessão atual - e a renda média dos negros vai cair para zero. E, com base na recessão atual, isso deve ocorrer dez anos antes. Então não só temos diferença de riqueza relacionada à raça, como isso está aumentado.
And so for those Americans who claim they are committed to racial equality who also recognize the importance of economic livelihood and who also know that wealth is inherited, and the majority of wealth is inherited, and when you think of the inheritance, you're thinking of past, and the past policies that many Americans consider to be racist, whether it's slavery or even redlining, how would we even begin to close this growing racial wealth gap without a massive program like reparations?
E, para os norte-americanos que se dizem comprometidos com a igualdade racial, que reconhecem a importância da subsistência econômica e que também sabem que a maior parte da riqueza é herdada, e ao pensar em herança, pensamos no passado, e nas políticas do passado que muitos norte-americanos consideram racistas, seja a escravidão ou a segregação, como vamos pelo menos nos aproximar de reduzir a distância racial da riqueza sem um programa massivo como as reparações?
WPR: Well, sort of connected to this idea of thinking about wealth disparity and wealth inequality in this country, we have a question from community member Dana Perls. She asks, "How do you suggest liberal white organizations effectively address problems of racism within the work environment, particularly in environments where people remain silent in the face of racism or make token statements without looking internally?"
WPR: Bem, um pouco conectada com a ideia de pensar sobre a disparidade e a desigualdade de riqueza neste país, temos uma pergunta de alguém da comunidade, Dana Perls: "Como você sugere que as organizações liberais brancas encaminhem efetivamente problemas de racismo no ambiente de trabalho, especialmente em ambientes em que as pessoas silenciam diante do racismo ou fazem declarações simbólicas sem olhar internamente?"
IXK: Sure. And so I would make a few suggestions. One, for several decades now, every workplace has publicly pledged a commitment to diversity. Typically, they have diversity statements. I would basically rip up those diversity statements and write a new statement, and that's a statement committed to anti-racism. And in that statement you would clearly define what a racist idea is, what an anti-racist idea is, what a racist policy is and what an anti-racist policy is. And you would state as a workplace that you're committed to having a culture of anti-racist ideas and having an institution made up of anti-racist policies. And so then everybody can measure everyone's ideas and the policies of that workplace based on that document. And I think that that could begin the process of transformation. I also think it's critically important for workplaces to not only diversify their staff but diversify their upper administration. And I think that's absolutely critical as well.
IXK: Certo. Eu faria algumas sugestões. Uma, há várias décadas todos os locais de trabalho anunciam publicamente um compromisso com a diversidade. Tipicamente, eles têm declarações referentes à diversidade. Eu basicamente rasgaria essas declarações e escreveria uma nova, e seria uma declaração comprometida com o antirracismo. Nessa declaração, eu definiria claramente o que é uma ideia racista, o que é uma ideia antirracista, o que é uma política racista e o que é uma política antirracista. E, como local de trabalho, você declararia estar comprometido a ter uma cultura de ideias antirracistas e uma instituição feita de políticas antirracistas. Assim todos poderiam avaliar as ideias de todos e as políticas daquele local de trabalho, baseadas nesse documento. Acho que isso poderia iniciar o processo de transformação. Também acho muito importante que os locais de trabalho não só diversifiquem sua equipe, mas também a administração superior. E acho que isso também é absolutamente crítico.
CS: We have some more questions coming in from the audience. We have one from Melissa Mahoney, who is asking, "Donald Trump seems to be making supporting Black Lives Matter a partisan issue, for example making fun of Mitt Romney for participating in a peaceful protest. How do we uncouple this to make it nonpartisan?"
CS: Temos mais perguntas da audiência. Temos uma pergunta de Melissa Mahoney: "Donald Trump parece fazer do apoio ao Black Lives Matter uma questão partidária, por exemplo, debochando de Mitt Romney por participar de um protesto pacífico. Como separar isso, para que não seja algo partidário?"
IXK: Well, I mean, I think that to say the lives of black people is a Democratic declaration is simultaneously stating that Republicans do not value black life. If that's essentially what Donald Trump is saying, if he's stating that there's a problem with marching for black lives, then what is the solution? The solution is not marching. What's the other alternative? The other alternative is not marching for black lives. The other alternative is not caring when black people die of police violence or COVID. And so to me, the way in which we make this a nonpartisan issue is to strike back or argue back in that way, and obviously Republicans are going to claim they're not saying that, but it's a very simple thing: either you believe black lives matter or you don't, and if you believe black lives matter because you believe in human rights, then you believe in the human right for black people and all people to live and to not have to fear police violence and not have to fear the state and not have to fear that a peaceful protest is going to be broken up because some politician wants to get a campaign op, then you're going to institute policy that shows it. Or, you're not.
IXK: Bem, acho que dizer que a vida dos negros é uma bandeira dos democratas simultaneamente afirma que os republicanos não valorizam a vida dos negros. Se é isso, essencialmente, que Donald Trump diz, se ele declara que há um problema ao marchar pela vida dos negros, qual é a solução? A solução é não marchar. Qual é a alternativa? A alternativa é não marchar pela vida dos negros. A alternativa é não se importar quando os negros morrerem por violência policial ou por COVID. Então, para mim, a forma de tornamos isso uma questão não partidária é retaliando ou argumentando dessa forma, e obviamente os republicanos vão alegar que não estão dizendo isso, mas é algo simples: ou você acredita que vidas negras importam ou não. E se você acredita que vidas negras importam porque você acredita em direitos humanos, então você acredita no direito humano dos negros e de todas as pessoas de viver, de não ter medo da violência policial, de não ter medo do Estado e de não ter medo que um protesto pacífico enfraqueça porque algum político quer fazer campanha, então você vai instituir políticas que mostrem isso. Ou não.
WPR: So I want to ask a question just about how people can think about anti-racism and how they can actually bring this into their lives. I imagine that a lot of folks, they hear this and they're like, oh, you know, I have to be really thoughtful about how my actions and my words are perceived. What is the perceived intention behind what it is that I'm saying, and that that may feel exhausting, and I think that connects even to this idea of policy. And so I'm curious. There is a huge element of thoughtfulness that comes along with this work of being anti-racist. And what is your reaction and response to those who feel concerned about the mental exhaustion from having to constantly think about how your actions may hurt or harm others?
WPR: Quero perguntar como as pessoas podem pensar sobre o antirracismo e como podem realmente trazer isso para a vida delas. Imagino que muita gente ouve isso e pensa: preciso ser muito cuidadoso sobre como minhas ações e palavras são percebidas. Qual a intenção que se percebe no que eu falo, e isso pode ser exaustivo, e acho que isso se conecta inclusive com essa ideia de política. Então eu gostaria de saber. Há um grande elemento de preocupação que vem com esse trabalho de ser antirracista. Qual sua reação e resposta para quem se preocupa com a exaustão mental de ter que pensar constantemente sobre como suas ações podem ferir ou machucar aguém?
IXK: So I think part of the concern that people have about mental exhaustion is this idea that they don't ever want to make a mistake, and I think to be anti-racist is to make mistakes, and is to recognize when we make a mistake. For us, what's critical is to have those very clear definitions so that we can assess our words, we can assess our deeds, and when we make a mistake, we just own up to it and say, "You know what, that was a racist idea." "You know what, I was supporting a racist policy, but I'm going to change." The other thing I think is important for us to realize is in many ways we are addicted, and when I say we, individuals and certainly this country, is addicted to racism, and that's one of the reasons why for so many people they're just in denial. People usually deny their addictions. But then, once we realize that we have this addiction, everyone who has been addicted, you know, you talk to friends and family members who are overcoming an addiction to substance abuse, they're not going to say that they're just healed, that they don't have to think about this regularly. You know, someone who is overcoming alcoholism is going to say, "You know what, this is a day-by-day process, and I take it day by day and moment by moment, and yes, it's difficult to restrain myself from reverting back to what I'm addicted to, but at the same time it's liberating, it's freeing, because I'm no longer having to wallow in that addiction. And so I think, and I'm no longer having to hurt people due to my addiction." And I think that's critical. We spend too much time thinking about how we feel and less time thinking about how our actions and ideas make others feel. And I think that's one thing that the George Floyd video forced Americans to do was to really see and hear, especially, how someone feels as a result of their racism.
IXK: Acho que parte da preocupação que as pessoas têm com a exaustão mental é essa ideia de nunca querer cometer um erro, e acho que ser antirracista é cometer erros e reconhecer quando isso acontecer. Para nós, o importante é ter essas definições bem claras, assim podemos avaliar nossas palavras, podemos avaliar nossos atos, e, ao cometer um erro, podemos apenas assumi-lo e dizer: "Sabe, essa foi uma ideia racista", "Sabe, eu estava apoiando uma política racista, mas vou mudar". Outra coisa que acho importante é perceber que, de várias formas, somos viciados, e digo nós individualmente e certamente o país como um todo é viciado em racismo, e essa é uma das razões pela qual tantas pessoas simplesmente negam. As pessoas normalmente negam seus vícios. Mas então, ao percebermos o vício, todos que tinham um vício, você fala com amigos e familiares que estão superando o vício de uso de drogas, eles não dizem simplesmente que estão curados, que não precisam pensar nisso regularmente. Alguém que esteja superando o alcoolismo diz: "Esse é um processo diário, e passo por ele a cada dia e a cada momento e sim, é difícil me conter de voltar ao meu vício, mas ao mesmo tempo é libertador, porque não preciso mais me afundar naquele vício. E não preciso mais magoar pessoas por causa do meu vício". E acho isso muito importante. Passamos muito tempo pensando sobre como nos sentimos e menos tempo pensando sobre como nossas ideias e ações fazem os outros se sentirem. E uma coisa que o vídeo do George Floyd forçou os norte-americanos a fazerem foi realmente ver e especialmente escutar como alguém se sente em função do racismo dos outros.
CS: We have another question from the audience. This one is asking about, "Can you speak to the intersectionality between the work of anti-racism, feminism and gay rights? How does the work of anti-racism relate and affect the work of these other human rights issues?"
CS: Temos outra pergunta da audiência. A pergunta é: "Você pode falar sobre a interseccionalidade entre o trabalho do antirracismo, do feminismo e dos direitos homossexuais? Como o antirracismo se relaciona e afeta o trabalho dessas outras questões de direitos humanos?"
IXK: Sure. So I define a racist idea as any idea that suggests a racial group is superior or inferior to another racial group in any way. And I use the term racial group as opposed to race because every race is a collection of racialized intersectional groups, and so you have black women and black men and you have black heterosexuals and black queer people, just as you have Latinx women and white women and Asian men, and what's critical for us to understand is there hasn't just been racist ideas that have targeted, let's say, black people. There has been racist ideas that have been developed and have targeted black women, that have targeted black lesbians, that have targeted black transgender women. And oftentimes these racist ideas targeting these intersectional groups are intersecting with other forms of bigotry that is also targeting these groups. To give an example about black women, one of the oldest racist ideas about black women was this idea that they're inferior women or that they're not even women at all, and that they're inferior to white women, who are the pinnacle of womanhood. And that idea has intersected with this sexist idea that suggests that women are weak, that the more weak a person is, a woman is, the more woman she is, and the stronger a woman is, the more masculine she is. These two ideas have intersected to constantly degrade black women as this idea of the strong, black masculine woman who is inferior to the weak, white woman. And so the only way to really understand these constructs of a weak, superfeminine white woman and a strong, hypermasculine black woman is to understand sexist ideas, is to reject sexist ideas, and I'll say very quickly, the same goes for the intersection of racism and homophobia, in which black queer people have been subjected to this idea that they are more hypersexual because there's this idea of queer people as being more hypersexual than heterosexuals. And so black queer people have been tagged as more hypersexual than white queer people and black heterosexuals. And you can't really see that and understand that and reject that if you're not rejecting and understanding and challenging homophobia too.
IXK: Certo. Eu defino uma ideia racista como qualquer ideia que sugere que um grupo racial é superior ou inferior a outro por qualquer motivo. E uso o termo grupo racial em oposição a raça porque toda raça é uma coleção de grupos racializados interseccionados, então temos mulheres negras e homens negros e temos heterossexuais negros e pessoas queer negras, assim como temos mulheres latinas e mulheres brancas e homens asiáticos, e o importante para nós é entender que não são só ideias racistas que atingem as pessoas negras. Há ideias racistas que se desenvolveram e atingiram mulheres negras, que atingiram lésbicas negras, que atingiram mulheres trans negras. E muitas vezes as ideias racistas que atingem esses grupos interseccionais cruzam com outras formas de preconceito que também atingem esses grupos. Para dar um exemplo sobre mulheres negras, uma das ideias racistas mais antigas sobre as mulheres negras era a ideia de que elas eram mulheres inferiores ou que nem mesmo eram mulheres, e que eram inferiores às mulheres brancas, que eram o topo da condição feminina. E essa ideia fez uma intersecção com a ideia sexista que sugere que as mulheres são fracas, que, quanto mais fraca é uma mulher, mais feminina ela é, e, quanto mais forte é uma mulher, mais masculina ela é. Essas duas ideias se cruzaram para degradar constantemente as mulheres negras com a ideia de mulher negra forte e masculina, inferior à mulher branca e fraca. A única forma de realmente entender essas construções de uma mulher branca e fraca superfeminina e uma mulher negra e forte hipermasculina é entender as ideias sexistas, é rejeitar as ideias sexistas, e, rapidamente, o mesmo acontece na intersecção entre racismo e homofobia, na qual pessoas negras queer estão sujeitas à ideia de serem mais hipersexuais porque há essa ideia de que pessoas queer serem mais hipersexuais que as heterossexuais. Então as pessoas negras queer têm sido rotuladas de serem mais hipersexuais do que pessoas brancas queer e do que pessoas negras heterossexuais. E você não consegue realmente ver e entender e rejeitar isso se não rejeitar e entender e desafiar também a homofobia.
WPR: And to this point of challenging, we have another question from Maryam Mohit in our community, who asks, "How do you see cancel culture and anti-racism interacting. For example, when someone did something obviously racist in the past and it comes to light?" How do we respond to that?
WPR: Nessa questão de desafiar, temos outra pergunta da nossa comunidade, feita por Maryam Mohit: "Como você vê o antirracismo e a cultura do cancelamento interagindo. Por exemplo, quando alguém fez algo obviamente racista no passado e isso vem à tona?" Como reagir a isso?
IXK: Wow. So I think it's very, very complex. I do obviously encourage people to transform themselves, to change, to admit those times in which they were being racist, and so obviously we as a community have to give people that ability to do that. We can't, when someone admits that they were being racist, we can't immediately obviously cancel them. But I also think that there are people who do something so egregious and there are people who are so unwilling to recognize how egregious what they just did is, so in a particular moment, so not just the horrible, vicious act, but then on top of that the refusal to even admit the horrible, vicious act. In that case, I could see how people would literally want to cancel them, and I think that we have to, on the other hand, we have to have some sort of consequence, public consequence, cultural consequence, for people acting in a racist manner, especially in an extremely egregious way. And for many people, they've decided, you know what, I'm just going to cancel folks. And I'm not going to necessarily critique them, but I do think we should try to figure out a way to discern those who are refusing to transform themselves and those who made a mistake and recognized it and truly are committed to transforming themselves.
IXK: Uau. Acho isso muito, muito complexo. Obviamente eu encorajo as pessoas a se transformarem, a mudarem, a admitirem que eram racistas, então obviamente nós, como comunidade, devemos dar às pessoas a possibilidade de fazer isso. Quando alguém admite que estava sendo racista, claro que não podemos cancelá-lo imediatamente. Mas também acho que há pessoas que fazem coisas tão ofensivas e há pessoas tão relutantes em reconhecer como é ofensivo o que acabaram de fazer, que em determinado momento não é só o ato horrível e repulsivo, mas, acima disso, a recusa a ao menos admitir o ato horrível e repulsivo. Nesse caso, consigo entender que as pessoas queiram mesmo cancelá-las e, por outro lado, acho que é preciso ter algum tipo de consequência, consequência pública, cultural, para as pessoas que agem de forma racista, especialmente se for uma forma extremamente ofensiva. E muita gente decidiu simplesmente cancelar essas pessoas. E não vou criticá-las, mas acho que devemos encontrar uma forma de discernir aqueles que se recusam a se transformar e aqueles que cometeram um erro e reconhecem isso e estão verdadeiramente comprometidos em se transformar.
CS: Yeah, I mean, one of the concerns many activists have been expressing is that the energy behind the Black Lives Matter movement has to stay high for anti-racist change to truly take place. I think that applies to what you just said as well. And I guess I'm curious what your opinion is on when the protests start to wane and people's donation-matching campaigns fade into the background, how can we all ensure that this conversation about anti-racism stays central?
CS: Sim, uma das preocupações que muitos ativistas estão expressando é que a energia por trás do movimento Black Lives Matter deve permanecer elevada para que a mudança antirracista realmente ocorra. Acho que isso também se aplica ao que você acaba de dizer. E gostaria de saber sua opinião sobre quando os protestos começarem a enfraquecer e as campanhas de arrecadação diminuírem, como podemos garantir que a conversa sobre antirracismo continue em pauta?
IXK: Sure. So in "How to Be an Antiracist," in one of the final chapters, is this chapter called "Failure." I talked about what I call feelings advocacy, and this is people feeling bad about what's happening, what happened to George Floyd or what happened to Ahmaud Arbery or what happened to Breonna Taylor. They just feel bad about this country and where this country is headed. And so the way they go about feeling better is by coming to a demonstration. The way they go about feeling better is by donating to a particular organization. The way they go about feeling better is reading a book. And so if this is what many Americans are doing, then once they feel better, in other words once the individual feels better through their participation in book clubs or demonstrations or donation campaigns, then nothing is going to change except, what, their own feelings.
IXK: Claro. Em "Como Ser Antirracista", num dos capítulos finais, chamado "Fracasso", falei sobre o que chamo de defesa do sentimento, que é a pessoa se sentir mal com o que está acontecendo, com o que aconteceu com George Floyd ou com o que aconteceu com Ahmaud Arbery ou Breonna Taylor. Elas se sentem mal com este país e para onde ele está indo. Então a forma de elas se sentirem melhor é irem a uma manifestação. A forma de se sentirem melhor é doando para uma organização específica. A forma de se sentirem melhor é lendo um livro. E se é isso que muitos norte-americanos estão fazendo, uma vez que eles se sintam melhor, ou seja, quando o indivíduo se sentir melhor através da participação em clubes de leitura, manifestações ou campanhas de doação, nada vai mudar, a não ser seu próprio sentimento.
And so we need to move past our feelings. And this isn't to say that people shouldn't feel bad, but we should use our feelings, how horrible we feel about what is going on, to put into place, put into practice, anti-racist power and policies. In other words, our feelings should be driving us. They shouldn't be the end all. This should not be about making us feel better. This should be about transforming this country, and we need to keep our eyes on transforming this country, because if we don't, then once people feel better after this is all over, then we'll be back to the same situation of being horrified by another video, and then feeling bad, and then the cycle will only continue.
Então precisamos ir além de nossos sentimentos. E isso não é dizer que as pessoas não devem se sentir mal, mas devemos usar nossos sentimentos, o quão mal nos sentimos com o que está havendo, para colocar em prática políticas e poder antirracistas. Em outras palavras, nossos sentimentos devem nos fazer avançar. Eles não devem ser o ponto de chegada. Não tem a ver com nos sentirmos melhor. Tem a ver com transformar este país, e precisamos mirar a transformação deste país, porque, se não o fizermos, quando as pessoas se sentirem melhor depois que tudo isso tiver passado, voltaremos à mesma situação de ficarmos horrorizados por outro vídeo, e então nos sentirmos mal, e assim o ciclo só vai continuar.
WPR: You know, I think when we think about what sort of changes we can implement and how we could make the system work better, make our governments work better, make our police work better, are there models in other countries where -- obviously the history in the United States is really unique in terms of thinking about race and oppression. But when you look to other nations and other cultures, are there other models that you look at as examples that we could potentially implement here?
WPR: Sabe, acho que quando pensamos que tipo de mudanças podemos implementar e como podemos fazer o sistema funcionar melhor, fazer nossos governos funcionarem melhor, nossa polícia funcionar melhor, há modelos em outros países... Obviamente a história dos EUA é única em termos de pensamento sobre raça e opressão, mas, ao olhar outras nações e culturas, você vê outros modelos como exemplos que poderíamos implementar aqui?
IXK: I mean, there are so many. There are countries in which police officers don't wear weapons. There are countries who have more people than the United States but less prisoners. There are countries who try to fight violent crime not with more police and prisons but with more jobs and more opportunities, because they know and see that the communities with the highest levels of violent crime tend to be communities with high levels of poverty and long-term unemployment. I think that -- And then, obviously, other countries provide pretty sizable social safety nets for people such that people are not committing crimes out of poverty, such that people are not committing crimes out of despair. And so I think that it's critically important for us to first and foremost think through, OK, if there's nothing wrong with the people, then how can we go about reducing police violence? How can we go about reducing racial health inequities? What policies can we change? What policies have worked? These are the types of questions we need to be asking, because there's never really been anything wrong with the people.
IXK: Há tantos. Há países em que os policiais não usam armas. Há países que têm população maior que a dos EUA, mas menos presos. Há países que tentam combater crimes violentos não com mais policiais e prisões, mas com mais trabalho e oportunidades, porque eles sabem e veem que as comunidades com níveis mais altos de violência tendem a ser comunidades com altos níveis de pobreza e desemprego de longa duração. Acho que... Obviamente, outros países oferecem consideráveis redes de segurança social de forma que as pessoas não cometem crimes devido à pobreza, não cometem crimes devido ao desespero. Então acho que é fundamental para nós primeiramente pensar desta forma: certo, se não há nada errado com as pessoas, como podemos reduzir a violência policial? Como podemos reduzir a desigualdade racial na saúde? Quais políticas podemos mudar? Quais funcionaram? É esse tipo de pergunta que precisamos fazer, porque na verdade nunca houve nada de errado com as pessoas.
CS: In your "Atlantic" piece called "Who Gets To Be Afraid in America," you wrote, "What I am, a black male, should not matter. Who I am should matter." And I feel that's kind of what you're saying, that in other places maybe that's more possible, and I'm curious when you imagine a country in which who you are mattered first, what does that look like?
CS: No seu artigo no "The Atlantic" chamado "Who Gets To Be Afraid in America", você escreveu: "O que eu sou, um homem negro, não deveria importar. Deveria importar quem sou". Sinto que é como se você dissesse que em outros lugares talvez isso seja mais possível, e gostaria de saber, quando você imagina um país no qual importa mais quem você é, como ele seria?
IXK: Well, what it looks like for me as a black American is that people do not view me as dangerous and thereby make my existence dangerous. It allows me to walk around this country and to not believe that people are going to fear me because of the color my skin. It allows me to believe, you know what, I didn't get that job because I could have done better on my interview, not because of the color of my skin. It allows me to -- a country where there's racial equity, a country where there's racial justice, you know, a country where there's shared opportunity, a country where African American culture and Native American culture and the cultures of Mexican Americans and Korean Americans are all valued equally, that no one is being asked to assimilate into white American culture. There's no such thing as standard professional wear. There's no such thing as, well, you need to learn how to speak English in order to be an American. And we would truly not only have equity and justice for all but we would somehow have found a way to appreciate difference, to appreciate all of the human ethnic and cultural difference that exists in the United States. This is what could make this country great, in which we literally become a country where you could literally travel around this country and learn about cultures from all over the world and appreciate those cultures, and understand even your own culture from what other people are doing. There's so much beauty here amid all this pain and I just want to peel away and remove away all of those scabs of racist policies so that people can heal and so that we can see true beauty.
IXK: Para mim, como negro norte-americano, as pessoas não me achariam perigoso, e assim minha existência não seria perigosa. Isso me permite andar pelo país sem achar que os outros têm medo de mim por causa da cor da minha pele. Isso me permite acreditar que não consegui um emprego porque não me saí bem na entrevista e não por causa da cor da minha pele. Isso me permite... Um país com equidade racial, com justiça racial, com oportunidades para todos, um país onde a cultura afro-americana, a cultura nativa, a cultura de mexicanos-americanos e de coreanos-americanos são igualmente valorizadas, onde não se pede que ninguém assimile a cultura branca norte-americana. Onde não há um padrão de vestimenta profissional. Onde não é obrigatório falar inglês para ser norte-americano. E não só teríamos verdadeiramente igualdade e justiça para todos, mas encontraríamos um jeito de valorizar a diferença, de valorizar toda a diferença cultural e étnica que há nos Estados Unidos. Isso tornaria este um país incrível, seríamos realmente um país onde poderíamos de fato viajar pelo país e conhecer culturas do mundo todo, valorizar essas culturas e até mesmo entender nossa própria cultura a partir do que os outros estão fazendo. Há tanta beleza no meio de toda essa dor, e só quero de alguma forma lapidar isso e remover todas as cicatrizes de políticas racistas de forma que as pessoas possam se curar e possamos ver a verdadeira beleza.
WPR: And Ibram, when you think about this moment, where do you see that on the spectrum of progress towards reaching that true beauty?
WPR: Ibram, ao pensar neste momento, quanto precisamos avançar para conquistar essa verdadeira beleza?
IXK: Well, I think, for me, I always see progress and resistance in demonstrations and know just because people are calling from town squares and from city halls for progressive, systemic change that that change is here, but people are calling and people are calling in small towns, in big cities, and people are calling from places we've heard of and places we need to have heard of. People are calling for change, and people are fed up. I mean, we're living in a time in which we're facing a viral pandemic, a racial pandemic within that viral pandemic of people of color disproportionately being infected and dying, even an economic pandemic with over 40 million Americans having lost their jobs, and certainly this pandemic of police violence, and then people demonstrating against police violence only to suffer police violence at demonstrations. I mean, people see there's a fundamental problem here, and there's a problem that can be solved. There's an America that can be created, and people are calling for this, and that is always the beginning. The beginning is what we're experiencing now.
IXK: Bem, sempre vejo progresso e resistência nas manifestações. e só pelo fato de as pessoas estarem clamando nas praças e nas prefeituras por mudanças progressivas e sistêmicas, sei que a mudança está aqui, mas as pessoas clamam e clamam em pequenas e grandes cidades, clamam de lugares conhecidos e de lugares de que nunca ouvimos falar. As pessoas clamam por mudança e estão cansadas. Estamos vivendo um período em que enfrentamos uma pandemia viral, uma pandemia racial junto com a pandemia viral onde as pessoas não brancas são infectadas e morrem desproporcionalmente, e mesmo uma pandemia econômica em que mais de 40 milhões de norte-americanos perderam o emprego e certamente uma pandemia de violência policial, e então as pessoas se manifestam contra a violência policial só para sofrer violência policial nas manifestações. Quer dizer, as pessoas veem que há um problema fundamental aqui, e que é um problema que pode ser resolvido. Há um país que pode ser criado e as pessoas clamam por isso, e isso é sempre o começo. Começa pelo que estamos vivendo hoje.
CS: I think that this next audience question follows well from that, which is, "What gives you hope right now?"
CS: Acho que a próxima pergunta da audiência vai bem nessa linha: "O que te dá esperança agora?"
IXK: So certainly resistance to racism has always given me hope, and so even if, let's say, six months ago we were not in a time in which almost every night all over this country people were demonstrating against racism, but I could just look to history when people were resisting. And so resistance always brings me hope, because it is always resistance, and of course it's stormy, but the rainbow is typically on the other side. But I also receive hope philosophically, because I know that in order to bring about change, we have to believe in change. There's just no way a change maker can be cynical. It's impossible. So I know I have to believe in change in order to bring it about.
IXK: Com certeza a resistência ao racismo sempre me deu esperança, mesmo que seis meses atrás as pessoas não estivessem praticamente todas as noites por todo o país, se manifestando contra o racismo, mas eu podia olhar para a história e ver que as pessoas resistiam. Então a resistência sempre me dá esperança, porque sempre é resistência. E, claro, é tempestuosa, mas o arco-íris normalmente está do outro lado. Mas também recebo esperança filosoficamente, porque sei que, para gerar mudança, precisamos acreditar na mudança. Não tem como querer promover mudanças e ser cínico. É impossível. Eu sei que preciso acreditar na mudança para poder fazê-la acontecer.
WPR: And we have another question here which addresses some of the things you talked about before in terms of the structural change that we need to bring about. From Maryam Mohit: "In terms of putting into practice the transformative policies, is then the most important thing to loudly vote the right people into office at every level who can make those structural changes happen?"
WPR: Temos outra pergunta que toca em pontos que você falou antes em termos da mudança estrutural que precisamos promover. De Maryam Mohit: "Para colocar em prática as políticas transformativas, o mais importante é votar nas pessoas certas e eleger para todos os níveis pessoas que possam fazer essas mudanças estruturais?"
IXK: So I think that that is part of it. I certainly think we should vote into office people who, from school boards to the President of the United States, people who are committed to instituting anti-racist policies that lead to equity and justice, and I think that that's critically important, but I don't think that we should think that that's the only thing we should be focused on or the only thing that we should be doing. And there are institutions, there are neighborhoods that need to be transformed, that are to a certain extent outside of the purview of a policymaker who is an elected official. There are administrators and CEOs and presidents who have the power to transform policies within their spheres, within their institutions, and so we should be focused there. The last thing I'll say about voting is, I wrote a series of pieces for "The Atlantic" early this year that sought to get Americans thinking about who I call "the other swing voter," and not the traditional swing voter who swings from Republican to Democrat who are primarily older and white. I'm talking about the people who swing from voting Democrat to not voting at all. And these people are typically younger and they're typically people of color, but they're especially young people of color, especially young black and Latinx Americans. And so we should view these people, these young, black and Latino voters who are trying to decide whether to vote as swing voters in the way we view these people who are trying to decide between whether to vote for, let's say, Trump or Biden in the general election. In other words, to view them both as swing voters is to view them both in a way that, OK, we need to persuade these people. They're not political cattle. We're not just going to turn them out. We need to encourage and persuade them, and then we also for these other swing voters need to make it easier for them to vote, and typically these young people of color, it's the hardest for them to vote because of voter suppression policies.
IXK: Acho que uma parte é isso. Certamente acho que devemos votar, de diretores de escola ao presidente dos Estados Unidos, em pessoas comprometidas com instituir políticas antirracistas que levem à igualdade e justiça. E acho que isso é muito importante, mas não acho que devemos pensar que essa é a única coisa que devemos focar ou a única coisa que devemos fazer. E há instituições, há bairros que precisam ser transformados, que em certa medida estão fora da competência de um legislador oficialmente eleito. Há administradores, CEOs e presidentes com poder de transformar políticas em suas esferas e instituições, então devemos focar isso. A última coisa que vou dizer sobre votar é que escrevi uma série de artigos para o "The Atlantic" no início deste ano que buscam fazer os norte-americanos pensarem no que chamo "o outro eleitor oscilante". Não o tradicional eleitor que oscila entre republicanos e democratas, que são principalmente velhos brancos. Falo sobre os que oscilam entre votar nos democratas e não votar. E esses eleitores são tipicamente mais jovens e tipicamente não brancos, mas são especialmente jovens não brancos, especialmente jovens negros e latinos. Devemos ver essas pessoas, esses jovens eleitores negros e latinos que estão decidindo se votam ou não da mesma forma que vemos as pessoas que estão decidindo se votam em Trump ou Biden nas eleições gerais. Em outras palavras, vê-los também como eleitores oscilantes é vê-los de forma a dizer: precisamos persuadir essas pessoas. Elas não são gado político. Não vamos simplesmente desconsiderá-las. Precisamos encorajá-las e persuadi-las, e também precisamos facilitar a votação para esses outros eleitores oscilantes, e geralmente é difícil para esses jovens não brancos votarem por causa das políticas de supressão de eleitores.
CS: Thank you, Ibram. Well, we're going to come to a close of this interview, but I would love to ask you to read something that you wrote a couple of days ago on Instagram. You wrote this beautiful caption on a photo of your daughter, and I'm wondering if you'd be willing to share that with us and briefly tell us how we could each take this perspective into our own lives.
CS: Obrigada, Ibram. Bem, estamos chegando ao fim desta entrevista, mas eu adoraria que você lesse algo que escreveu alguns dias atrás no Instagram. Você fez um post lindo com uma foto de sua filha, e me pergunto se você gostaria de compartilhá-lo conosco e dizer brevemente como cada um de nós pode trazer essa perspectiva para a própria vida.
IXK: Sure, so yeah, I posted a picture of my four-year-old daughter Imani, and in the caption I wrote, "I love, and because I love, I resist. There have been many theories on what's fueling the growing demonstrations against racism in public and private. Let me offer another one: love. We love. We know the lives of our loved ones, especially our black loved ones, are in danger under the violence of racism. People ask me all the time what fuels me. It is the same: love, love of this little girl, love of all the little and big people who I want to live full lives in the fullness of their humanity, not barred by racist policies, not degraded by racist ideas, not terrorized by racist violence. Let us be anti-racist. Let us defend life. Let us defend our human rights to live and live fully, because we love." And, you know, Cloe, I just wanted to sort of emphasize that at the heart of being anti-racist is love, is loving one's country, loving one's humanity, loving one's relatives and family and friends, and certainly loving oneself. And I consider love to be a verb. I consider love to be, I'm helping another, and even myself, to constantly grow into a better form of myself, of themselves, that they've expressed who they want to be. And so to love this country and to love humanity is to push humanity constructively to be a better form of itself, and there's no way we're going to be a better form, there's no way we can build a better humanity, while we still have on the shackles of racism.
IXK: Sim, claro. Eu postei uma foto da Imani, minha filha de quatro anos, e escrevi: "Eu amo. E, por amar, eu resisto. Tem havido muitas teorias sobre o que está impulsionando o aumento das manifestações contra o racismo no âmbito público e privado. Vou oferecer outra: o amor. Nós amamos. Sabemos que a vida de quem amamos, especialmente dos negros que amamos, está em perigo pela violência do racismo. O tempo todo me perguntam o que me impulsiona. É a mesma coisa: o amor. O amor desta garotinha. O amor de todos, grandes e pequenos, que quero que tenham uma vida plena na plenitude de sua humanidade, não barrados por políticas racistas, nem degradados por ideias racistas, nem aterrorizados pela violência racista. Sejamos antirracistas. Vamos defender a vida. Vamos defender nosso direito humano de viver, e viver plenamente, porque amamos". E Cloe, só quero enfatizar que o cerne de ser antirracista é o amor, é amar seu país, amar sua humanidade, amar seus familiares e amigos e certamente amar a si mesmo. E o amor pra mim é um verbo. Para mim o amor é ajudar os outros e até eu mesmo a me tornar constantemente uma versão melhor de mim mesmo, deles mesmos, de quem eles querem ser. Então amar este país e amar a humanidade é impulsionar a humanidade de maneira construtiva a ser uma versão melhor de si mesma. E não podemos ser uma versão melhor, não podemos construir uma humanidade melhor, enquanto estivermos presos pelo racismo.
WPR: I think that's so beautiful. I appreciate everything you've shared, Ibram. I feel like it's made it really clear this is not an easy fix. Right? There is no band-aid option here that will make this go away, that this takes work from all of us, and I really appreciate all of the honesty and thoughtfulness that you've brought to this today.
WPR: Isso é lindo. Obrigada por tudo que compartilhou, Ibram. Sinto que ficou bem claro que não é algo fácil, certo? Não há um paliativo que faça isso sumir, isso exige trabalho de todos nós, e realmente agradeço pela honestidade e consideração que você nos trouxe hoje.
IXK: You're welcome. Thank you so much for having this conversation with me.
IXK: Por nada. Muito obrigado por terem essa conversa comigo.
CS: Thank you so much, Ibram. We're really grateful to you for joining us.
CS: Muito obrigada, Ibram. Estamos muito gratas por sua participação.
IXK: Thank you.
IXK: Obrigado.