Thank you very much for the warm welcome. Listen, I'm worried about our democracy. Nowadays, we have leaders who use division itself as a political tool. They downplay or even encourage, in some cases, a deadly assault to overturn an election. And a bunch of them are working really hard to make it harder to vote. The retreat from these processes of democracy - you know, ballot access or legislative debate, judicial review - they are worrisome enough. But what’s even more concerning to me is the retreat from the purposes of democracy: these old-fashioned notions of government of, by and for the people, the rule of law as superior to the rule of any one personality, liberty and justice for all. COVID made it harder to overlook deep disparities among us in health and wealth and education and deep unfairness in too much of our policing, leaving a lot of Americans questioning whether our national commitment to social and economic justice is real. For some time now, in the words of one friend of mine, the self-evident truth that all people deserve life, liberty and the pursuit of happiness seems a long way from settled in the American mind. So to me, American democracy, the supposed model of the form, is up for grabs. I'm worried, not just as a lawyer or a former public official, but also and mainly as a patriot. I grew up on the South Side of Chicago, in a crowded two-bedroom tenement with my mother, my sister, my grandparents and various relatives who came and went. I went to big, overcrowded, under-resourced, sometimes violent public schools. And yet my grandmother would never permit us to say we were poor. “Just broke,” she’d say, because broke is temporary. Now, think about it, here is this refugee from the Jim Crow South, who still believed in an America where with hard work, preparation and faith - both religious and civic - you could lift yourself from your circumstances of birth. I am, for her, the result and the symbol of her faith in America, so you’d better believe I’m a patriot. But patriotism for Black Americans is tricky. It’s tricky to love a country that doesn’t always love you back. I think of the Black men who set off to fight for freedom in the World Wars and then came home to be denied those very freedoms, some of them lynched while wearing their military uniforms. I think of the the Black laborers who built great public universities whose doors were closed to them, the Black voters who elected great public leaders whose policies, like the GI Bill, were closed to them. For a lot of our history, American democracy itself has been closed to Black people. Lots of grandmothers, like mine, have grandsons and granddaughters who never had their chance. Still don’t. I remember in college, a white classmate asked me, “Why on earth would you want to be Black?” When I told her I hadn’t considered the alternative (Laughter) and never would, she seemed startled and confused. I attribute this, in part, to the fact that I spoke and dressed like a preppy, I get that part. But mostly, I think she was confused because she couldn’t imagine why any Black person, in his or her right mind, wouldn’t trade places with her. I think it would blow her mind, as it may some of yours, when I say I am also proud to be a patriot. Given our history, being Black and patriotic will certainly strike some people as strange, if not absurd. I don’t know when patriotism turned into, you know, lapel pins and flyovers and silly arguments about pro football players taking a knee. My love of country is about national aspiration. America is the only nation in human history organized not by geography or a common culture or language or religion or even race but by a handful of civic ideals. And we’ve come to define those ideals, over time and through struggle, as equality, opportunity and fair play. Why? Because that's what makes freedom possible. That’s the America my grandmother believed in. That’s the America that has made us a magnet to talent from all over the world. That’s the America that makes me and countless other men and women, from every race and background, a patriot. In a way, the founders, for all their flaws, designed America to be a nation of values, a sort of a country with a conscience, and we’ve struggled with and against that conscience from the start. But true patriots understand, given that context, that America cannot be great without also being good. So when we cage refugee children to discourage their parents from seeking sanctuary here, true patriots know we cannot be great without being good. When bullets fly in houses of worship or in schools or in nightclubs or in grocery stores and our leaders choose the slogans of the gun lobby over the lives of innocents, patriots know we cannot be great without being good. When unarmed Black and brown citizens are shot down by unaccountable police, when our justice system is not yet consistently just, patriots know we cannot be great without being good. When the economy moves on and leaves broken lives and broken expectations behind and our leaders just shrug, or when the public schools continue to fail poor children, and when we can always find the money for a weapons system the military doesn’t want but not the money for the health care a young family or senior needs, patriots know or must ask themselves, “Can we be great without being good?” And when we choose a power grab over a fair vote, every true patriot knows we cannot be great without being good. Patriotism demands more than ceremony and sanctimony. It’s about more than what you say you believe. It’s about living the values of equality, opportunity and fair play, even when it’s inconvenient, even when it gets in the way of partisan advantage, even when it compels us to be mindful of and compassionate towards the lowly, the vulnerable, the different and the despised. Because that’s what American democracy is for.
Muito obrigado pelo vosso acolhimento caloroso. Oiçam, estou preocupado com a nossa democracia. Atualmente, temos líderes que usam a divisão como um instrumento político. Minimizam ou, nalguns casos, até encorajam um ataque mortífero para alterar as eleições. E há alguns que fazem tudo o que podem para ser mais difícil votar. A fuga a estes processos da democracia — o acesso às urnas, ou os debates legislativos, a revisão judicial — é muito inquietante. Mas o que ainda mais me preocupa é o abandono da finalidade da democracia: essas noções antiquadas de governo do povo, pelo povo e para o povo, o primado do Direito, como superior ao primado de qualquer personalidade, a liberdade e a justiça para todos. A Covid tornou mais difícil ignorar as profundas desigualdades entre nós na saúde, na riqueza e na educação e a profunda injustiça na maior parte do policiamento, pondo muitos americanos a questionar se o nosso compromisso nacional com a justiça social e económica é real. De há uns tempos para cá, nas palavras de um amigo meu, a verdade evidente de que todas as pessoas merecem viver, ter liberdade e procurar a felicidade parece muito longe de estar instalada no espírito americano. Para mim, a democracia americana, o suposto modelo da forma, está posta em questão. Estou preocupado, não só enquanto advogado ou antigo funcionário público, mas também e principalmente enquanto patriota. Cresci no South Side de Chicago, num apartamento de dois quartos, apinhados com a minha mãe, a minha irmã, os meus avós e diversos familiares que chegavam e partiam. Frequentei escolas públicas grandes, sobrelotadas, sem recursos suficientes e, por vezes, violentas. Contudo, a minha avó nunca nos permitiu dizer que éramos pobres. “Só falidos”, dizia ela “porque falido é temporário.” Pensem nisso, este é o refúgio do Sul de Jim Crow dos que ainda acreditava numa América onde, com trabalho esforçado, preparação e fé — tanto religiosa como cívica — era possível libertarmo-nos das circunstâncias do nascimento. Para ela, eu sou o resultado e o símbolo da fé dela nos EUA, portanto, podem crer que eu sou um patriota. Mas o patriotismo para os americanos negros é muito complicado. É complicado amar um país que nem sempre retribui esse amor. Penso nos negros que partiram para lutar pela liberdade nas Guerras Mundiais e depois voltaram para casa onde lhes foi negada essa mesma liberdade, alguns deles foram linchados, apesar dos seus uniformes militares. Penso nos trabalhadores negros que construíram ótimas universidades públicas cujas portas lhe estavam vedadas, nos votantes negros que elegeram ótimos líderes políticos cujas políticas, como a Lei dos GI, lhes estavam interditas. Durante a maior parte da nossa História, a democracia americana esteve vedada à população negra. Imensas avós, como a minha, têm netos e netas que nunca tiveram uma oportunidade — e ainda não têm. Recordo, na faculdade, uma colega branca que me perguntou: “Porque raio é que queres ser negro?” Quando lhe disse que nunca tinha pensado nessa alternativa... (Risos) e nunca pensaria, ela pareceu ficar admirada e confusa. Atribuo isso, em parte, ao facto de eu falar e me vestir como um universitário, essa parte eu percebo. Mas, sobretudo, penso que ela ficou confusa porque não conseguia imaginar porque é que qualquer negro, no seu perfeito juízo, não trocaria de lugar com ela. Penso que também a estarreceu, como talvez aconteça com alguns de vocês, eu ter dito que também tenho orgulho em ser um patriota. Perante a nossa História, ser negro e ser patriota certamente chocará algumas pessoas como uma coisa estranha, ou mesmo absurda. Não sei quando é que o patriotismo se transformou em <i>pins </i>na lapela e pessoas da classe média e argumentos idiotas sobre jogadores de futebol a pôr fim ao jogo. O meu amor ao país tem a ver com aspiração nacional. Os EUA são o único país da História humana organizados não por geografia, nem por cultura comum, nem por linguagem ou religião, nem sequer por etnias, mas por uma mão cheia de ideais cívicos. E conseguimos definir esses ideais com o tempo e através de lutas, como igualdade, oportunidade e justiça. Porquê? Porque é isso que torna possível a liberdade. É essa a América em que a minha avó acreditava. É essa a América que nos tornou magnatas do talento em todo o mundo. É essa a América que faz com que eu e inúmeros homens e mulheres, de todas as etnias e origens, sejamos patriotas. De certa forma, os Fundadores com todos os seus defeitos, conceberam os EUA como um país de valores, uma espécie de país com consciência, e lutámos com essa consciência e contra ela desde o princípio. Mas os verdadeiros patriotas compreendem, considerando o contexto, que os EUA não podem ser grandes se também não forem bons. Assim, quando engaiolamos crianças refugiadas para desencorajar os pais de procurar aqui um santuário, os verdadeiros patriotas sabem que não podemos ser grandes se não formos bons. Quando voam balas nos locais de culto ou em escolas ou discotecas ou em mercearias, e os nossos líderes optam pelos slogans do <i>lobby </i>das armas, em prejuízo da vida de inocentes, os patriotas sabem que não podemos ser grandes se não formos bons. Quando cidadãos negros desarmados são abatidos por polícias irresponsáveis, quando o nosso sistema judicial não é consistentemente justo, os patriotas sabem que não podemos ser grande se não formos bons. Quando a economia avança e deixa vidas destroçadas e expetativas goradas para trás e os nossos líderes encolhem os ombros, ou quando as escolas públicas continuam a faltar às crianças pobres e quando podemos arranjar sempre dinheiro para um sistema de armamento que os militares nem sequer querem mas não o dinheiro para a assistência à saúde que uma família jovem ou um idoso necessitam, os patriotas sabem ou devem questionar: “Podemos ser grandes se não formos bons?” Quando escolhemos um assalto ao poder em vez duma eleição leal, todos os verdadeiros patriotas sabem que não podemos ser grandes se não formos bons. O patriotismo exige mais do que cerimónias e hipocrisias. Trata-se de mais do que aquilo que se diz e em que se acredita. Trata-se de viver os valores da igualdade, da oportunidade e da justiça mesmo quando isso é inconveniente, mesmo quando isso se mete no caminho da vantagem partidária, mesmo quando isso nos obriga a termos consciência e sermos solidários para com os pobres, os diferentes e os desprezados. Porque é para isso que é a democracia americana.
Of course, we have policies to fix, whether in job growth or education, in immigration or the justice system or in these processes of democracy itself. But before we can fix our policies, we have to fix our politics. And by that, I am not just talking about better tone or hyper partisanship or a willingness to compromise. As important as all of that is, I'm talking about our purpose. Sure, we should debate - and we always do - what role government should play in any of this, in meeting our civic obligations. But let’s try for once not to forget, in the heat of the debate, that social and economic justice was the point from the start.
Claro, temos políticas a corrigir, quer no aumento de empregos ou no ensino, na imigração ou no sistema de justiça, ou nestes processos da própria democracia. Mas, antes de podermos corrigir as nossas políticas, temos de corrigir os nossos políticos Com isto, não estou a falar de um tom melhor ou de um partidarismo mais forte nem da vontade de compromisso. Por mais importante que isso tudo seja, estou a falar da nossa finalidade. Claro, temos de debater — fazemos isso sempre — qual o papel que o governo devia ter nisso tudo, em satisfazer as nossas obrigações cívicas. Mas não podemos esquecer, no calor do debate, que a justiça social e económica foi o ponto de partida.
These are challenging times, but I will tell you I am encouraged. I'm encouraged by the many polls and other reporting, as well as a number of recent articles and books that suggest we are a lot less divided on the fundamentals than we sometimes seem. But I think saving our democracy will take more, not just from elected officials or civic leaders or the media, but more from each one of us. And we're going to have to start, I think, by putting our cynicism down. I’m going to give you an example of what I mean. Near the end of my time in office, America faced a crisis, not unlike today’s, when there were all these unaccompanied children, some as young as three and four years old, who were flooding across the southern border, having fled over thousands of miles from violence in Central America, and then, just like now, the federal authorities were overwhelmed. So President Obama, who was in office at the time, called on a number of states to temporarily shelter and care for some of these children while they were being processed under our laws. Feelings around immigration ran hot then, just like now. Even so, I agree that our commonwealth would help, because sheltering poor children fleeing unspeakable violence was, to me, an act of patriotism America has given sanctuary to desperate children for more than a century. We’ve rescued Irish children from famine, Russian and Ukrainian children from religious persecution, Cambodian children from genocide, Haitian children from earthquakes, Sudanese children from civil war, our own New Orleans children from Hurricane Katrina. Once, in 1939, we turned our backs on Jewish children fleeing the Nazis. And it remains a blight on our national reputation as I fear the separation of children in the last administration will be remembered. The point is that our esteem and our power is enhanced when we rescue the desperate and diminished when we don’t. Still, I'm not naive. I knew my decision would be controversial, and indeed, for that decision, I was called, on hate radio and in social media, everything but a child of God. A couple of days after I announced my decision, on an unusually quiet Saturday morning, my wife Diane gave me a list of stuff to go get at the Home Depot, proving for some of you who know her that there is no office high enough that excuses you from one of her honey-do lists. (Laughter) It was early in the day, and I thought I’d just slip out quickly, you know, on my own without bothering my security detail. What harm could come of that, right? I knew exactly where I was going and where to find everything on my list. So I set off in the truck in a T-shirt and jeans and flip flops, dark glasses and a baseball cap, and it didn’t matter. I was outed by the manager in the very first aisle: “Good morning, Governor. Welcome to the Home Depot. How can I help you?” I encountered a man in the checkout line who was red-hot mad, you know, not hostile or threatening, just really angry and loud. And he let me have it. “Governor,” he said, “I couldn’t disagree with you more about your decision.” He said, “My own wife is an immigrant. She came here legally. That's the way it ought to be. And I just want you to know I think you’re wrong.” Now, in that circumstance, there was no point in trying to engage with him about how being a refugee is legal under American law. I just thanked him for his feedback. But everybody in the checkout line and in that area of the store knew who was mad at whom and what he was mad about. Now, I had six other encounters in the store on the same subject. And in every one of those, someone came up and whispered, “Governor, you’re doing the right thing.” “Governor, thanks for looking out for those kids.” “Governor, I’m with you.” The calls to the office were two and three to one in favor of sheltering those children. And when I reflect on that, I think to myself, when did we learn to shout our anger and to whisper our kindness? It’s completely upside down. I don't know if that's the reality TV culture we live in or what, but it's totally backwards. It’s time we learned again to shout kindness, to shout compassion, to shout justice. That’s the purpose of American democracy and the source of our greatness. Blessedly, we’re starting to see more and more expressions of this kind of thing across this country: more and more people coming off the sidelines, overcoming their cynicism and fatalism and standing up for America at her generous and optimistic best, from women who are demanding to be treated with the respect and decency everyone deserves, from survivors of domestic violence and abuse demanding to be seen and heard and believed, from Black and brown people who are demanding consistent professionalism and the presumption of innocence from police, from students who are demanding we choose their lives and safety over the proliferation of military weapons in civilian hands, from all those lawyers who showed up at polling places in 2020 or at airports after the so-called Muslim ban demanding respect for the rule of law. Black Lives Matter, Time’s Up, Black Girl Magic, Occupy Wall Street, Families Belong Together - at any given time on any given issue, they may make any one of us uncomfortable. But they have taken to the legislatures, to the ballot boxes, to the courtrooms and peacefully to the streets to lay claim to their democracy - its purpose as well as its processes - and ultimately, to affirm the American conscience. They are shouting kindness. If American-style democracy is to have a chance, more of us had better put our own cynicism down, summon up our own patriotism and join them. Thank you very much. (Applause)
Vivemos tempos problemáticos mas digo-vos que estou esperançado. Estou esperançado pelas muitas sondagens e outros relatos, assim como pelo número de recentes artigos e livros que sugerem que estamos muito menos divididos quanto ao fundamental do que, por vezes, parece. Mas penso que será preciso mais, para salvar a democracia, não apenas dos funcionários eleitos nem dos líderes cívicos ou dos <i>media</i>, mas de cada um de nós. Penso que vamos ter de começar por abandonar o nosso cinismo. Vou dar-vos um exemplo do que quero dizer. Perto do final do meu mandato no cargo, a América enfrentou uma crise, não muito diferente da de hoje, quando houve aquelas crianças todas, sem ninguém, algumas com apenas três e quatro anos, que afluíam pela fronteira sul, depois de percorrerem milhares de quilómetros a fugir da violência na América Central, e, tal como hoje, as autoridades federais estavam assoberbadas. O Presidente Obama, que era o Presidente nessa altura, pediu a uma série de estados para abrigarem temporariamente e cuidarem de algumas dessas crianças enquanto eram processados os factos de acordo com a nossa lei. Os sentimentos sobre a imigração estavam ao rubro, tal como hoje. Mesmo assim, eu concordei que a nossa comunidade ia ajudar, porque abrigar crianças pobres que fogem de uma violência indescritível, para mim era um ato de patriotismo. Os EUA têm sido um santuário para crianças em desespero há mais de um século. Socorremos crianças irlandesas da fome, crianças russas e ucranianas da perseguição religiosa, crianças do Camboja do genocídio, crianças haitianas dos abalos sísmicos, crianças sudaneses da guerra civil, as nossas crianças de Nova Orleães do Furacão Katrina. Só uma vez, em 1939, virámos as costas às crianças judias que fugiam dos nazis. E isso mantém-se uma chaga na nossa reputação nacional tal como receio que seja recordada a separação das crianças na última administração. A questão é que a nossa estima e o nosso poder se reforçam quando socorremos os desesperados e diminuem quando não o fazemos. Mas eu não sou ingénuo. Eu sei que a minha decisão ia ser controversa, e, por causa dessa decisão, na rádio de ódio e nas redes sociais, chamaram-me tudo menos filho de Deus. Dias depois de eu ter anunciado a minha decisão, numa manhã de sábado inusitadamente tranquila, a minha mulher Diana deu-me uma lista de coisas para ir buscar ao Home Depot, provando a quem a conhece que não há cargo nenhum suficientemente alto que nos isente de uma das listas dela. (Risos) Ainda era bastante cedo e eu pensei que me ia esgueirar sozinho, sem incomodar o meu segurança. Que mal podia acontecer, não era? Eu sabia exatamente onde ia e onde encontrar o que estava na lista. Por isso, meti-me na carrinha, de <i>T-shirt</i> e <i>jeans </i>e chanatos, óculos escuros e boné de basebol, e tudo bem. Fui recebido pelo gerente logo no primeiro corredor: “Bom dia, Governador. Bem-vindo ao Home Depot. “Precisa de ajuda?” Encontrei um homem na fila da caixa que estava vermelho de raiva. Não foi hostil nem ameaçador, estava só danado e furioso. E tive de o ouvir. “Governador”, disse ele, “Não posso estar mais em desacordo com a sua decisão. “A minha mulher é imigrante. “Entrou aqui legalmente. “É assim que as coisas devem ser. “E eu quero que saiba que penso que o senhor está errado.” Nestas circunstâncias, não valia a pena tentar convencê-lo de que um refugiado também é legal sob a lei americana. Agradeci-lhe a sua opinião. Mas toda a gente na fila da caixa e naquela área da loja ficaram a saber quem estava furioso contra quem e contra o quê estava furioso. Eu tive mais seis encontros na loja sobre o mesmo assunto. Em todos eles, aparecia alguém que me sussurrava: “Governador, o senhor está a fazer o que é correto.” “Governador, obrigado por cuidar dessas crianças.” “Governador, estou do seu lado.” As chamadas para o meu gabinete eram duas e três vezes mais, a favor de receber essas crianças. Quando penso nisso, penso para comigo: Quando é que aprendemos a gritar a nossa raiva e a sussurrar a nossa bondade? Está tudo virado ao contrário. Não sei se é a realidade da cultura da TV em que vivemos ou não, mas é completamente ao contrário. Chegou a altura de reaprendermos a gritar a bondade, a gritar a solidariedde, a gritar a justiça. É essa a finalidade da democracia americana e a origem da nossa grandeza. Felizmente, estamos a começar a ver cada vez mais expressões deste tipo de coisas neste país: há cada vez mais gente a sair dos bastidores, a ultrapassar o cinismo e o fatalismo e a defender os EUA no melhor da sua generosidade e otimismo, das mulheres que exigem ser tratadas com o respeito e a decência que todos merecem, às sobreviventes da violência domésticas e abusos que exigem ser vistas, ouvidas e acreditadas, dos negros e pessoas de cor que exigem um profissionalismo consistente e a presunção de inocência por parte da polícia, aos estudantes que exigem que optemos pela vida e segurança deles em vez da proliferação de armas militares nas mãos de civis, e todos os advogados que apareceram nos locais de votação em 2020 ou nos aeroportos, depois da alegada proibição da imigração muçulmana, exigindo respeito pelo cumprimento da lei. Black Lives Mater, Time’s Up, Black Girl Magic, Occupy Wall Street, Families Belong Together, Todos estes movimentos, a determinada altura, podem tornar-se um pouco incómodos. Mas apareceram nas assembleias legislativas, nas assembleias eleitorais, nos tribunais, e, pacificamente, pelas ruas, para defender a democracia — a sua finalidade os seus procedimentos — e, em última análise, para afirmarem a consciência americana. Estão a gritar a bondade. Se a democracia ao estilo americano é ter uma oportunidade. devia haver mais gente a pôr de lado o seu cinismo, a invocar o seu patriotismo e a juntar-se a eles. Muito obrigado. (Aplausos)