The story that I'm going to tell you today, for me, began back in 2006. That was when I first heard about an outbreak of mysterious illness that was happening in the Amazon rainforest of Peru. The people that were getting sick from this illness, they had horrifying symptoms, nightmarish. They had unbelievable headaches, they couldn't eat or drink. Some of them were even hallucinating -- confused and aggressive. The most tragic part of all was that many of the victims were children. And of all of those that got sick, none survived. It turned out that what was killing people was a virus, but it wasn't Ebola, it wasn't Zika, it wasn't even some new virus never before seen by science. These people were dying of an ancient killer, one that we've known about for centuries. They were dying of rabies. And what all of them had in common was that as they slept, they'd all been bitten by the only mammal that lives exclusively on a diet of blood: the vampire bat.
A história que contarei a vocês hoje, para mim, começou em 2006. Foi quando ouvi falar do surto de uma doença misteriosa pela primeira vez que estava acontecendo na floresta amazônica no Peru. As pessoas que contraíam essa doença sofriam sintomas horrendos, aterradores. Tinham dores de cabeça inacreditáveis, não conseguiam beber ou comer. Alguns tinham até alucinações, confusas e agressivas. A parte mais trágica disso tudo é que muitas das vítimas eram crianças. E de todos os que adoeceram, ninguém sobreviveu. E o que matava as pessoas era um vírus, mas não era o Ebola, não era o Zika, não era nem um novo vírus nunca antes visto pela ciência. Essas pessoas morriam por um destruidor antigo, um que já conhecemos há séculos. Morriam da raiva. E o que todos tinham em comum era que enquanto dormiam, todos foram mordidos pelo único mamífero que vive em uma dieta exclusiva de sangue: o morcego-vampiro.
These sorts of outbreaks that jump from bats into people, they've become more and more common in the last couple of decades. In 2003, it was SARS. It showed up in Chinese animal markets and spread globally. That virus, like the one from Peru, was eventually traced back to bats, which have probably harbored it, undetected, for centuries. Then, 10 years later, we see Ebola showing up in West Africa, and that surprised just about everybody because, according to the science at the time, Ebola wasn't really supposed to be in West Africa. That ended up causing the largest and most widespread Ebola outbreak in history.
Esses tipos de surtos, que passam dos morcegos para as pessoas, se tornaram cada vez mais comuns nas últimas décadas. Em 2003, foi a SRAG. Que surgiu nos mercados chineses de animais e se espalhou pelo mundo. Esse vírus, como o do Peru, acabou sendo atribuído aos morcegos, que provavelmente o hospedaram, despercebido, por séculos. Então, dez anos depois, nós vemos o Ebola aparecendo na África Ocidental, o que surpreendeu todo mundo porque, de acordo com a ciência na época, o Ebola não deveria estar na África Ocidental. Isso acabou causando o maior e mais abrangente surto de Ebola da história.
So there's a disturbing trend here, right? Deadly viruses are appearing in places where we can't really expect them, and as a global health community, we're caught on our heels. We're constantly chasing after the next viral emergency in this perpetual cycle, always trying to extinguish epidemics after they've already started. So with new diseases appearing every year, now is really the time that we need to start thinking about what we can do about it. If we just wait for the next Ebola to happen, we might not be so lucky next time. We might face a different virus, one that's more deadly, one that spreads better among people, or maybe one that just completely outwits our vaccines, leaving us defenseless.
Aqui há uma evolução preocupante, não? Vírus mortais estão aparecendo em lugares onde não são esperados, e como comunidade sanitária global, fomos pegos de surpresa. Estamos sempre buscando a próxima emergência viral neste ciclo perpétuo, sempre tentando extinguir epidemias depois de já terem começado. E com novas doenças aparecendo todo ano, agora é a hora certa de começar a pensar no que podemos fazer a respeito. Se só esperarmos que o próximo Ebola apareça, talvez não tenhamos tanta sorte. Talvez enfrentemos um vírus diferente, um que seja mais mortal, um que se dissemine mais facilmente, ou talvez um que drible completamente nossas vacinas, nos deixando indefesos.
So can we anticipate pandemics? Can we stop them? Those are really hard questions to answer, and the reason is that the pandemics -- the ones that spread globally, the ones that we really want to anticipate -- they're actually really rare events. And for us as a species that is a good thing -- that's why we're all here. But from a scientific standpoint, it's a little bit of a problem. That's because if something happens just once or twice, that's really not enough to find any patterns. Patterns that could tell us when or where the next pandemic might strike. So what do we do? Well, I think one of the solutions we may have is to study some viruses that routinely jump from wild animals into people, or into our pets, or our livestock, even if they're not the same viruses that we think are going to cause pandemics. If we can use those everyday killer viruses to work out some of the patterns of what drives that initial, crucial jump from one species to the next, and, potentially, how we might stop it, then we're going to end up better prepared for those viruses that jump between species more rarely but pose a greater threat of pandemics.
Será que conseguimos prever pandemias? Conseguimos impedi-las? Essas questões são realmente difíceis de responder, e a razão é que as pandemias, as que se espalham globalmente, as que realmente queremos prever, são eventos raros, na verdade. E para nós, como espécie, isso é bom. É por isso que estamos aqui. Mas do ponto de vista científico, é um pequeno problema. Isso porque se algo acontece somente uma ou duas vezes, não é suficiente para que encontremos padrões. Padrões que poderiam nos dizer quando ou onde a próxima pandemia atacará. Então o que fazemos? Acho que uma das soluções é estudar alguns vírus que normalmente passam de animais selvagens para pessoas, ou para animais de estimação ou gado, mesmo que não sejam os mesmos vírus que pensamos que causarão as pandemias. Se pudermos usar esses vírus matadores para desenvolver alguns dos padrões do que causa essa primeira passagem crucial de uma espécie à outra, e, potencialmente, como podemos impedi-la, já estaremos melhor preparados para os vírus que passam entre espécies mais raramente, mas representam uma maior ameaça de pandemia.
Now, rabies, as terrible as it is, turns out to be a pretty nice virus in this case. You see, rabies is a scary, deadly virus. It has 100 percent fatality. That means if you get infected with rabies and you don't get treated early, there's nothing that can be done. There is no cure. You will die. And rabies is not just a problem of the past either. Even today, rabies still kills 50 to 60,000 people every year. Just put that number in some perspective. Imagine the whole West African Ebola outbreak -- about two-and-a-half years; you condense all the people that died in that outbreak into just a single year. That's pretty bad. But then, you multiply it by four, and that's what happens with rabies every single year.
A raiva, por mais terrível que seja, por acaso é um vírus bem bacana nesse caso. Vejam, a raiva é um vírus assustador e mortal. Tem 100% de fatalidade. Ou seja, se alguém for infectado e não for tratado no início, não há nada que possa ser feito. Não há cura. Você vai morrer. E a raiva tampouco é só um problema do passado. Mesmo hoje, a raiva ainda mata de 50 a 60 mil pessoas todo ano. Para colocar esse número em perspectiva: imaginem todo o surto de Ebola na África Ocidental, cerca de dois anos e meio atrás, coloquem todas as pessoas que morreram nesse surto em um único ano. É terrível. Mas agora multiplique por quatro, e é isso o que acontece com a raiva todos os anos.
So what sets rabies apart from a virus like Ebola is that when people get it, they tend not to spread it onward. That means that every single time a person gets rabies, it's because they were bitten by a rabid animal, and usually, that's a dog or a bat. But it also means that those jumps between species, which are so important to understand, but so rare for most viruses, for rabies, they're actually happening by the thousands. So in a way, rabies is almost like the fruit fly or the lab mouse of deadly viruses. This is a virus that we can use and study to find patterns and potentially test out new solutions. And so, when I first heard about that outbreak of rabies in the Peruvian Amazon, it struck me as something potentially powerful because this was a virus that was jumping from bats into other animals often enough that we might be able to anticipate it ... Maybe even stop it.
O que diferencia a raiva do vírus como o Ebola é que quando as pessoas se contaminam, elas costumam não contagiar outros. Significa que sempre que alguém pega raiva, é porque foi mordido por um animal contaminado, e normalmente por um cão ou um morcego. Mas também significa que as transmissões entre espécies, que precisam ser compreendidas, são muito raras para a maioria dos vírus, mas que com a raiva acontece aos milhares. De certo modo, a raiva é quase como a mosca-das-frutas ou o ratinho cobaia com vírus mortais. É um vírus que podemos usar e estudar para encontrar padrões e potencialmente testar novas soluções. Assim quando fiquei sabendo desse surto de raiva na Amazônia peruana, me pareceu algo extremamente poderoso porque era um vírus que passava de morcegos para outros animais com frequência suficiente que talvez pudéssemos prever. Talvez até impedir.
So as a first-year graduate student with a vague memory of my high school Spanish class, I jumped onto a plane and flew off to Peru, looking for vampire bats. And the first couple of years of this project were really tough. I had no shortage of ambitious plans to rid Latin America of rabies, but at the same time, there seemed to be an equally endless supply of mudslides and flat tires, power outages, stomach bugs all stopping me. But that was kind of par for the course, working in South America, and to me, it was part of the adventure. But what kept me going was the knowledge that for the first time, the work that I was doing might actually have some real impact on people's lives in the short term. And that struck me the most when we actually went out to the Amazon and were trying to catch vampire bats. You see, all we had to do was show up at a village and ask around. "Who's been getting bitten by a bat lately?" And people raised their hands, because in these communities, getting bitten by a bat is an everyday occurrence, happens every day. And so all we had to do was go to the right house, open up a net and show up at night, and wait until the bats tried to fly in and feed on human blood. So to me, seeing a child with a bite wound on his head or blood stains on his sheets, that was more than enough motivation to get past whatever logistical or physical headache I happened to be feeling on that day.
E como estudante do primeiro ano com uma vaga lembrança do espanhol do colegial, entrei num avião e parti para o Peru, em busca de morcegos-vampiros. E os primeiros anos desse projeto foram muito difíceis. Não me faltavam planos ambiciosos de acabar com a raiva na América Latina, mas ao mesmo tempo, parecia haver uma fonte infinita de deslizamentos e pneus furados, faltas de energia e infecções estomacais para me impedir. Mas fazia parte do processo, trabalhar na América do Sul, e para mim, fazia parte da aventura. Mas o que me dava forças para seguir era saber que, pela primeira vez, o trabalho que eu estava fazendo poderia ter impactos reais na vida das pessoas a curto prazo. E foi o que mais me impressionou quando partimos para a Amazônia tentando capturar morcegos-vampiros. Era só aparecer no vilarejo e perguntar: "Quem foi mordido por morcegos recentemente?' E as pessoas levantavam a mão, porque nessas comunidades, ser mordido por um morcego é um fato cotidiano, acontece todo dia. E era só ir à casa certa, abrir uma rede, estar lá de noite e esperar até que os morcegos tentassem entrar e se alimentar de sangue humano. Para mim, ver uma criança com feridas de mordida na cabeça ou manchas de sangue nos lençóis era motivação mais que suficiente para superar qualquer problema logístico ou físico que, por acaso, eu estivesse sentindo no dia.
Since we were working all night long, though, I had plenty of time to think about how I might actually solve this problem, and it stood out to me that there were two burning questions. The first was that we know that people are bitten all the time, but rabies outbreaks aren't happening all the time -- every couple of years, maybe even every decade, you get a rabies outbreak. So if we could somehow anticipate when and where the next outbreak would be, that would be a real opportunity, meaning we could vaccinate people ahead of time, before anybody starts dying. But the other side of that coin is that vaccination is really just a Band-Aid. It's kind of a strategy of damage control. Of course it's lifesaving and important and we have to do it, but at the end of the day, no matter how many cows, how many people we vaccinate, we're still going to have exactly the same amount of rabies up there in the bats. The actual risk of getting bitten hasn't changed at all. So my second question was this: Could we somehow cut the virus off at its source? If we could somehow reduce the amount of rabies in the bats themselves, then that would be a real game changer.
Mas já que trabalhávamos a noite toda, eu tinha bastante tempo para pensar em como resolver esse problema, e me saltou à vista que havia duas grandes questões. A primeira era que sabíamos que as pessoas eram mordidas o tempo todo, mas surtos de raiva não acontecem o tempo todo, de tantos em tantos anos, ou talvez a cada década, acontece um surto de raiva. Se pudéssemos de algum modo prever quando e onde o próximo surto aconteceria, seria uma oportunidade real, ou seja, poderíamos vacinar as pessoas de antemão, antes que alguém morra. Mas o outro lado da moeda é que a vacinação é só um curativo. É uma estratégia de controle de danos. Claro, pode salvar vidas e é importante e temos que fazê-la, mas no fim das contas, não importa quantas vacas, quantas pessoas vacinemos, ainda haveria a mesma quantia de raiva lá com os morcegos. O risco real de ser mordido não havia mudado. E a segunda questão era: será que podíamos eliminar o vírus pela raiz? Se pudéssemos, de algum modo, reduzir a quantia de raiva nos próprios morcegos, seria um grande divisor de águas.
We'd been talking about shifting from a strategy of damage control to one based on prevention. So, how do we begin to do that? Well, the first thing we needed to understand was how this virus actually works in its natural host -- in the bats. And that is a tall order for any infectious disease, particularly one in a reclusive species like bats, but we had to start somewhere. So the way we started was looking at some historical data. When and where had these outbreaks happened in the past? And it became clear that rabies was a virus that just had to be on the move. It couldn't sit still. The virus might circulate in one area for a year, maybe two, but unless it found a new group of bats to infect somewhere else, it was pretty much bound to go extinct. So with that, we solved one key part of the rabies transmission challenge. We knew we were dealing with a virus on the move, but we still couldn't say where it was going.
Estávamos falando de mudar de uma estratégia de controle de danos para uma baseada em prevenção. E como começamos? A primeira coisa que temos que entender é como o vírus funciona em seu hospedeiro natural, nos morcegos. E isso não é fácil para qualquer doença infecciosa, particularmente em uma espécie reclusa como morcegos, mas tínhamos que começar em algum lugar. Começamos analisando dados históricos. Quando e onde aconteceram esses surtos no passado? E ficou claro que a raiva é um vírus que tinha que estar em movimento. Não podia ficar parado. O vírus circulava por uma área por um ano, talvez dois, mas caso não encontrasse um novo grupo de morcegos para infectar, ele estava fadado a se extinguir. E com isso, resolvemos uma parte chave do desafio da transmissão da raiva. Sabíamos que lidávamos com um vírus em movimento, mas ainda não sabíamos aonde estava indo.
Essentially, what I wanted was more of a Google Maps-style prediction, which is, "What's the destination of the virus? What's the route it's going to take to get there? How fast will it move?" To do that, I turned to the genomes of rabies. You see, rabies, like many other viruses, has a tiny little genome, but one that evolves really, really quickly. So quickly that by the time the virus has moved from one point to the next, it's going to have picked up a couple of new mutations. And so all we have to do is kind of connect the dots across an evolutionary tree, and that's going to tell us where the virus has been in the past and how it spread across the landscape. So, I went out and I collected cow brains, because that's where you get rabies viruses. And from genome sequences that we got from the viruses in those cow brains, I was able to work out that this is a virus that spreads between 10 and 20 miles each year.
Essencialmente, o que eu queria era uma previsão como no Google Maps, que seria: "Qual é o destino do vírus? Qual caminho ele vai tomar para chegar lá? Com que velocidade ele vai?" Para isso, olhei para o genoma da raiva. A raiva, como muitos outros vírus, tem um genoma minúsculo, mas que evolui muito rápido. Tão rápido que quando o vírus se move de um ponto a outro, ele já desenvolveu algumas mutações. E tudo o que temos que fazer é ligar os nodos através de uma árvore filogenética, e isso nos dirá onde o vírus esteve no passado e como ele se espalhou pela área. Então eu fui e coletei cérebros de vacas, porque é aí que estão os vírus da raiva. E pelo sequenciamento do genoma dos vírus nos cérebros de vaca, eu pude deduzir que é um vírus que avança de 15 a 30 km / ano.
OK, so that means we do now have the speed limit of the virus, but still missing that other key part of where is it going in the first place. For that, I needed to think a little bit more like a bat, because rabies is a virus -- it doesn't move by itself, it has to be moved around by its bat host, so I needed to think about how far to fly and how often to fly. My imagination didn't get me all that far with this and neither did little digital trackers that we first tried putting on bats. We just couldn't get the information we needed. So instead, we turned to the mating patterns of bats. We could look at certain parts of the bat genome, and they were telling us that some groups of bats were mating with each other and others were more isolated. And the virus was basically following the trail laid out by the bat genomes. Yet one of those trails stood out as being a little bit surprising -- hard to believe. That was one that seemed to cross straight over the Peruvian Andes, crossing from the Amazon to the Pacific coast, and that was kind of hard to believe, as I said, because the Andes are really tall -- about 22,000 feet, and that's way too high for a vampire to fly. Yet --
Certo, agora nós temos o limite e velocidade do vírus, mas ainda nos falta a parte essencial de aonde está indo. Para isso, eu precisava pensar um pouco mais como um morcego, porque a raiva é um vírus; não se move sozinho, é levado pelo seu morcego hospedeiro, então precisava pensar até onde voar e com que frequência. Minha imaginação não ajudou muito nesse caso e nem os pequenos rastreadores digitais que colocamos nos morcegos. Não conseguimos a informação de que precisávamos. Logo observamos os padrões de acasalamento dos morcegos. Podíamos olhar certas partes do genoma do morcego, que nos diziam que certos grupos de morcegos cruzavam uns com os outros e outros eram mais isolados. E o vírus basicamente seguia a trilha deixada pelo genoma dos morcegos. Porém, uma dessas trilhas se destacou sendo um pouco inesperada... difícil de acreditar. Era uma que parecia cruzar os Andes peruanos, que passava da Amazônia à Costa do Pacífico, e era difícil de acreditar, como eu disse, porque os Andes são bem altos: 6.700 m, e isso é alto demais para um vampiro voar. Porém...
(Laughter)
(Risos)
when we looked more closely, we saw, in the northern part of Peru, a network of valley systems that was not quite too tall for the bats on either side to be mating with each other. And we looked a little bit more closely -- sure enough, there's rabies spreading through those valleys, just about 10 miles each year. Basically, exactly as our evolutionary models had predicated it would be.
quando olhamos mais de perto, vimos, na parte norte do Peru, uma rede de vales que não era alta demais para que os morcegos de ambos os lados se acasalassem. E olhamos mais de perto: sem dúvida, havia raiva se espalhando por esses vales, cerca de 15 km / ano. Basicamente, assim como nosso modelo filogenético tinha previsto.
What I didn't tell you is that that's actually kind of an important thing because rabies had never been seen before on the western slopes of the Andes, or on the whole Pacific coast of South America, so we were actually witnessing, in real time, a historical first invasion into a pretty big part of South America, which raises the key question: "What are we going to do about that?"
O que não contei a vocês é que isso é importante porque a raiva nunca havia sido vista na encosta oeste dos Andes antes, ou em toda a Costa Pacífica da América do Sul. Estávamos presenciando, em tempo real, a primeira invasão histórica de uma grande área da América do Sul, que levantou a questão: "O que faremos a respeito?"
Well, the obvious short-term thing we can do is tell people: you need to vaccinate yourselves, vaccinate your animals; rabies is coming. But in the longer term, it would be even more powerful if we could use that new information to stop the virus from arriving altogether. Of course, we can't just tell bats, "Don't fly today," but maybe we could stop the virus from hitching a ride along with the bat.
Bem, o que fizemos a curto prazo foi dizer às pessoas: vocês têm que se vacinar, vacinar seus animais, a raiva está chegando. Mas a longo prazo, seria ainda mais eficaz se pudéssemos usar essa nova informação para evitar inteiramente que o vírus chegue. Claro, não podemos dizer aos morcegos: "Hoje você não pode voar". Mas talvez pudéssemos evitar que o vírus pegue uma carona.
And that brings us to the key lesson that we have learned from rabies-management programs all around the world, whether it's dogs, foxes, skunks, raccoons, North America, Africa, Europe. It's that vaccinating the animal source is the only thing that stops rabies.
E isso nos traz à principal lição que aprendemos com programas de controle da raiva ao redor do mundo, seja com cães, raposas, gambás, guaxinins, América do Norte, África, Europa. Vacinar a fonte animal é a única maneira de deter a raiva.
So, can we vaccinate bats? You hear about vaccinating dogs and cats all the time, but you don't hear too much about vaccinating bats. It might sound like a crazy question, but the good news is that we actually already have edible rabies vaccines that are specially designed for bats. And what's even better is that these vaccines can actually spread from bat to bat. All you have to do is smear it on one and let the bats' habit of grooming each other take care of the rest of the work for you. So that means, at the very least, we don't have to be out there vaccinating millions of bats one by one with tiny little syringes.
Então, será que podemos vacinar os morcegos? Escuta-se da vacinação de cães e gatos o tempo todo, mas não muito da vacinação de morcegos. Pode parecer uma pergunta louca, mas a boa notícia é que já temos vacinas comestíveis contra a raiva especialmente produzidas para morcegos. E ainda melhor é que essas vacinas podem ser disseminadas de um morcego ao outro. Tudo o que temos que fazer é passá-la em um deles e deixar que, ao limparem uns aos outros, eles façam o resto do trabalho. E que significa, no mínimo, que não temos que sair por aí vacinando milhões de morcegos com seringas minúsculas.
(Laughter)
(Risos)
But just because we have that tool doesn't mean we know how to use it. Now we have a whole laundry list of questions. How many bats do we need to vaccinate? What time of the year do we need to be vaccinating? How many times a year do we need to be vaccinating? All of these are questions that are really fundamental to rolling out any sort of vaccination campaign, but they're questions that we can't answer in the laboratory. So instead, we're taking a slightly more colorful approach. We're using real wild bats, but fake vaccines. We use edible gels that make bat hair glow and UV powders that spread between bats when they bump into each other, and that's letting us study how well a real vaccine might spread in these wild colonies of bats. We're still in the earliest phases of this work, but our results so far are incredibly encouraging. They're suggesting that using the vaccines that we already have, we could potentially drastically reduce the size of rabies outbreaks. And that matters, because as you remember, rabies is a virus that always has to be on the move, and so every time we reduce the size of an outbreak, we're also reducing the chance that the virus makes it onto the next colony. We're breaking a link in the chain of transmission. And so every time we do that, we're bringing the virus one step closer to extinction. And so the thought, for me, of a world in the not-too-distant future where we're actually talking about getting rid of rabies altogether, that is incredibly encouraging and exciting.
Mas só porque temos essa ferramenta não quer dizer que sabemos usá-la. Agora temos toda uma lista de questões. Quantos morcegos temos que vacinar? Em que época do ano temos que vacinar? Quantas vezes por ano temos que vacinar? Todas essas questões são muito importantes para implantar qualquer tipo de campanha de vacinação, mas são questões que não podemos responder no laboratório. Portanto, estamos adotando uma abordagem mais colorida. Lidamos com verdadeiros morcegos selvagens, mas com vacinas falsas. Usamos géis comestíveis que dão brilho ao pelo do morcego e pó ultravioleta que se dispersa entre eles quando se chocam, e isso nos permite estudar como uma vacina real se propagaria nessas colônias de morcegos selvagens. Ainda estamos nas primeiras etapas desse processo, mas os resultados até agora são incrivelmente motivadores. Sugerem que usando as vacinas que já temos, poderíamos reduzir drasticamente o tamanho dos surtos de raiva. E isso é importante, pois se bem se lembram, a raiva é um vírus que tem que estar em movimento, e toda vez que reduzimos o tamanho de um surto, também reduzimos a chance que o vírus siga adiante para a próxima colônia. Estamos quebrando um elo na cadeia de transmissão. E toda vez que fazemos isso, colocamos o vírus um pouco mais próximo da extinção. E a ideia, para mim, de um mundo num futuro não tão distante onde se fala de eliminar a raiva completamente é incrivelmente motivador e empolgante.
So let me return to the original question. Can we prevent pandemics? Well, there is no silver-bullet solution to this problem, but my experiences with rabies have left me pretty optimistic about it. I think we're not too far from a future where we're going to have genomics to forecast outbreaks and we're going to have clever new technologies, like edible, self-spreading vaccines, that can get rid of these viruses at their source before they have a chance to jump into people.
Então voltando à questão original: "Será que podemos prevenir pandemias?" Bem, não há uma solução mágica para esse problema, mas minha experiência com a raiva me deixou bastante otimista. Acho que não estamos muito longe de um futuro onde teremos a medicina genômica para prever surtos e teremos novas tecnologias inteligentes, como vacinas comestíveis que se autopropagam, que podem eliminar esses vírus em sua fonte antes que tenham a chance de chegar nas pessoas.
So when it comes to fighting pandemics, the holy grail is just to get one step ahead. And if you ask me, I think one of the ways that we can do that is using some of the problems that we already have now, like rabies -- sort of the way an astronaut might use a flight simulator, figuring out what works and what doesn't, and building up our tool set so that when the stakes are high, we're not flying blind.
E quando se trata de combater pandemias, a mágica é a de estar um passo à frente. E se me perguntarem, creio que uma das maneiras de fazer isso é usando os problemas que já temos agora, como a raiva, assim como um astronauta usa um simulador de voo, para entender o que funciona e o que não, montando nosso kit de ferramentas, para que quando o risco for alto, não naveguemos às cegas.
Thank you.
Obrigado.
(Applause)
(Aplausos)