I want to start with a game. Okay? And to win this game, all you have to do is see the reality that's in front of you as it really is, all right? So we have two panels here, of colored dots. And one of those dots is the same in the two panels. And you have to tell me which one.
Quero começar com um jogo. E para vencer neste jogo, tudo o que têm de fazer é ver a realidade que está à vossa frente tal como ela é. Está bem? Então, temos aqui dois painéis com círculos coloridos. E um destes círculos é igual nos dois painéis. Vocês têm de dizer-me qual deles é.
Now, I narrowed it down to the gray one, the green one, and, say, the orange one. So by a show of hands, we'll start with the easiest one. Show of hands: how many people think it's the gray one? Really? Okay. How many people think it's the green one? And how many people think it's the orange one? Pretty even split.
Ora bem, podem restringir-se ao cinza, ao verde e ao laranja. Então, vamos começar com o mais fácil -- Levantem as mãos: quantas pessoas acham que é o cinza? A sério? OK. Quantas pessoas acham que é o verde? E quantas pessoas pensam que é o laranja? Bastante equilibrado.
Let's find out what the reality is. Here is the orange one.
Vamos descobrir qual é a realidade. Aqui está o laranja.
(Laughter)
(Risos)
Here is the green one. And here is the gray one.
Aqui está o verde. E aqui está o cinza.
(Laughter)
(Risos)
So for all of you who saw that, you're complete realists. All right?
Então, todos os que viram isto são completos realistas. (Risos)
(Laughter)
So this is pretty amazing, isn't it? Because nearly every living system has evolved the ability to detect light in one way or another. So for us, seeing color is one of the simplest things the brain does. And yet, even at this most fundamental level, context is everything. What I'm going to talk about is not that context is everything, but why context is everything. Because it's answering that question that tells us not only why we see what we do, but who we are as individuals, and who we are as a society.
Isto é bastante incrível, não é? Porque praticamente todos os sistemas vivos desenvolveram a capacidade para detetar luz de uma forma ou de outra. Para nós, ver a cor é uma das coisas mais simples que o cérebro faz. No entanto, até a este nível tão básico, o contexto é tudo. Aquilo de que quero falar não é que o contexto é tudo, mas porque é que o contexto é tudo. Porque é respondendo a essa pergunta que ficamos a saber não só porque vemos o que vemos, mas quem somos como indivíduos, e quem somos como sociedade.
But first, we have to ask another question, which is, "What is color for?" And instead of telling you, I'll just show you. What you see here is a jungle scene, and you see the surfaces according to the amount of light that those surfaces reflect. Now, can any of you see the predator that's about to jump out at you? And if you haven't seen it yet, you're dead, right?
Mas primeiro, temos de fazer outra pergunta: "Para que serve a cor?" Em vez de vos dizer, vou mostrar-vos. Vemos aqui um cenário de selva. Vemos as superfícies de acordo com a quantidade de luz que essas superfícies refletem. Agora, alguém consegue ver o predador que está prestes a atacar-vos? Se ainda não o viram, estão mortos. Certo?
(Laughter)
(Risos)
Can anyone see it? Anyone? No? Now let's see the surfaces according to the quality of light that they reflect. And now you see it.
Alguém consegue vê-lo? Alguém? Não? Agora, vejamos as superfícies de acordo com a qualidade da luz que elas refletem. Agora já o vemos.
So, color enables us to see the similarities and differences between surfaces, according to the full spectrum of light that they reflect. But what you've just done is in many respects mathematically impossible. Why? Because, as Berkeley tells us, we have no direct access to our physical world, other than through our senses. And the light that falls onto our eyes is determined by multiple things in the world, not only the color of objects, but also the color of their illumination, and the color of the space between us and those objects. You vary any one of those parameters, and you'll change the color of the light that falls onto your eye.
Então, a cor permite-nos ver as semelhanças e as diferenças entre as superfícies, consoante todo o espetro de luz que elas refletem. O que acabaram de fazer é, em muitos aspetos, matematicamente impossível. Porquê? Porque, como nos diz Berkeley, não temos acesso direto ao nosso mundo físico, a não ser com os nossos sentidos. E a luz que chega aos nossos olhos é determinada por múltiplas coisas no mundo, não só pela cor dos objetos, mas também pela cor da sua iluminação, e pela cor do espaço entre nós e esses objetos. Alterem qualquer um desses parâmetros, e vão mudar a cor da luz que chega aos vossos olhos.
This is a huge problem, because it means that the same image could have an infinite number of possible real-world sources. Let me show you what I mean. Imagine that this is the back of your eye, okay? And these are two projections from the world. They're identical in every single way. Identical in shape, size, spectral content. They are the same, as far as your eye is concerned. And yet they come from completely different sources. The one on the right comes from a yellow surface, in shadow, oriented facing the left, viewed through a pinkish medium. The one on the left comes from an orange surface, under direct light, facing to the right, viewed through sort of a bluish medium. Completely different meanings, giving rise to the exact same retinal information. And yet it's only the retinal information that we get.
Este é um enorme problema porque significa que a mesma imagem poderia ter um número infinito de fontes possíveis no mundo real. Vou mostrar o que quero dizer. Imaginem que isto é a parte de trás do olho. Estas são duas projeções do mundo. São idênticas em todos os aspetos. Idênticas na forma, no tamanho, no conteúdo espetral. São iguais, no que respeita ao vosso olho. No entanto, provêm de fontes completamente diferentes. A da direita provém de uma superfície amarela, à sombra, orientada de frente para a esquerda, vista através de um meio rosado. A da esquerda provém de uma superfície laranja, sob luz direta, orientada para a direita, vista através de um meio azulado. Significados totalmente diferentes, que dão origem, exatamente, à mesma informação retiniana. No entanto, só recebemos a informação retiniana
So how on Earth do we even see? So if you remember anything in this next 18 minutes, remember this: that the light that falls onto your eye, sensory information, is meaningless, because it could mean literally anything. And what's true for sensory information is true for information generally. There's no inherent meaning in information. It's what we do with that information that matters.
Então, como é que conseguimos ver? Se recordarem alguma coisa nestes próximos 18 minutos, recordem isto: a luz que chega aos vossos olhos, informação sensorial, não tem significado, porque poderá significar literalmente qualquer coisa. O que se aplica à informação sensorial, aplica-se à informação em geral. Não há significado inerente na informação. O importante é o que fazemos com essa informação.
So, how do we see? Well, we see by learning to see. The brain evolved the mechanisms for finding patterns, finding relationships in information, and associating those relationships with a behavioral meaning, a significance, by interacting with the world. We're very aware of this in the form of more cognitive attributes, like language. I'm going to give you some letter strings, and I want you to read them out for me, if you can.
Então, como é que vemos? Vemos aprendendo a ver. O cérebro desenvolveu os mecanismos para encontrar padrões, encontrar relações na informação, e associando essas relações com um significado comportamental, uma significância, através da interação com o mundo. Temos plena consciência disto quando toma a forma de atributos mais cognitivos, como a linguagem. Vou mostrar umas sequências de letras.
Audience: "Can you read this?" "You are not reading this." "What are you reading?"
Quero que as leiam em voz alta, se conseguirem. Audiência: Conseguem ler isto? Não estão a ler isto. O que é que estão a ler?
Beau Lotto: "What are you reading?" Half the letters are missing, right? There's no a priori reason why an "H" has to go between that "W" and "A." But you put one there. Why? Because in the statistics of your past experience, it would have been useful to do so. So you do so again. And yet you don't put a letter after that first "T." Why? Because it wouldn't have been useful in the past. So you don't do it again.
Beau Lotto: O que é que estão a ler? Faltam metade das letras. Não existe uma razão a priori para que haja um "h" entre aquele "w" e o "a". Mas colocam um lá. Porquê? Porque, na estatística da vossa experiência passada, teria sido útil fazê-lo. Por isso voltam a fazê-lo. No entanto, não colocam uma letra a seguir ao primeiro "t". Porquê? Porque não teria sido útil no passado. Por isso não o fazem novamente.
So, let me show you how quickly our brains can redefine normality, even at the simplest thing the brain does, which is color. So if I could have the lights down up here. I want you to first notice that those two desert scenes are physically the same. One is simply the flipping of the other. Now I want you to look at that dot between the green and the red. And I want you to stare at that dot. Don't look anywhere else. We're going to look at it for about 30 seconds, which is a bit of a killer in an 18-minute talk.
Vou mostrar a rapidez com que o nosso cérebro consegue redefinir a normalidade, até na coisa mais simples que o cérebro faz, que é a cor. Podem apagar as luzes aqui? Primeiro, reparem que aquelas duas cenas de deserto são fisicamente iguais. Uma é simplesmente uma versão espelhada da outra. Agora, olhem para aquele ponto entre o verde e o vermelho. Fixem aquele ponto. Não olhem para mais lado nenhum. Fixem aquele ponto durante 30 segundos, o que é um bocado chato numa palestra de 18 minutos.
(Laughter)
(Risos)
But I really want you to learn. And I'll tell you -- don't look anywhere else -- I'll tell you what's happening in your head. Your brain is learning, and it's learning that the right side of its visual field is under red illumination; the left side of its visual field is under green illumination. That's what it's learning. Okay? Now, when I tell you, I want you to look at the dot between the two desert scenes. So why don't you do that now?
Mas eu quero mesmo que vocês aprendam. Não olhem para mais lado nenhum. e eu digo-vos o que acontece dentro da vossa cabeça. O cérebro está a aprender que o lado direito do seu campo visual está sob iluminação encarnada e o lado esquerdo do campo visual está sob iluminação verde. É isso que está a aprender. Agora, quando eu disser, fixem o ponto entre as duas cenas de deserto. Então, porque não fazerem isso agora?
(Laughter)
(Risos)
Can I have the lights up again?
Podem voltar a acender as luzes?
I take it from your response they don't look the same anymore, right?
Percebo pela vossa reação que eles já não parecem iguais.
(Applause)
(Aplausos)
Why? Because your brain is seeing that same information as if the right one is still under red light, and the left one is still under green light. That's your new normal. Okay? So, what does this mean for context? It means I can take two identical squares, put them in light and dark surrounds, and the one on the dark surround looks lighter than on the light surround. What's significant is not simply the light and dark surrounds that matter. It's what those light and dark surrounds meant for your behavior in the past.
Porquê? Porque o vosso cérebro está a ver a mesma informação como se a da direita ainda esteja sob luz vermelha, e a da esquerda ainda esteja sob luz verde. Esse é o vosso novo normal. O que é que isto significa para o contexto? Posso pegar nestes dois quadrados idênticos, e colocá-los sobre fundos claros e escuros. O do fundo escuro parece mais claro do que o do fundo claro. Mas não são apenas os fundos claros e escuros que importam. É o que esses fundos significaram para o comportamento no passado.
So I'll show you what I mean. Here we have that exact same illusion. We have two identical tiles on the left, one in a dark surround, one in a light surround. And the same thing over on the right. Now, I'll reveal those two scenes, but I'm not going to change anything within those boxes, except their meaning. And see what happens to your perception.
Vou mostrar o que quero dizer. Temos aqui exatamente a mesma ilusão. Temos dois azulejos idênticos, à esquerda, um sobre um fundo escuro, um sobre um fundo claro. E a mesma coisa no lado direito. Agora, vou revelar estas duas cenas, mas não vou alterar nada dentro destas caixas, exceto o seu significado. Vejam o que acontece à vossa perceção.
Notice that on the left the two tiles look nearly completely opposite: one very white and one very dark, right? Whereas on the right, the two tiles look nearly the same. And yet there is still one on a dark surround, and one on a light surround. Why? Because if the tile in that shadow were in fact in shadow, and reflecting the same amount of light to your eye as the one outside the shadow, it would have to be more reflective -- just the laws of physics. So you see it that way.
Reparem que, à esquerda, os dois azulejos parecem praticamente opostos: um muito branco e o outro muito escuro. Enquanto à direita, os dois azulejos parecem quase iguais. No entanto continua a haver um sobre um fundo escuro e um sobre um fundo claro. Porquê? Porque, se o azulejo naquela sombra estivesse de facto na sombra, e a refletir a mesma quantidade de luz para o vosso olho do que o que está fora da sombra, teria de ser mais refletor — são apenas as leis da física. Por isso veem-no dessa forma.
Whereas on the right, the information is consistent with those two tiles being under the same light. If they're under the same light reflecting the same amount of light to your eye, then they must be equally reflective. So you see it that way. Which means we can bring all this information together to create some incredibly strong illusions.
Enquanto que à direita, a informação é consistente com o facto de os dois azulejos estarem sob a mesma luz. Se eles estão sob a mesma luz, refletindo a mesma quantidade de luz para o vosso olho, então devem ser iguais quanto à reflexão. Então veem-nos dessa forma. Assim, podemos reunir toda esta informação para criar algumas ilusões muito fortes.
This is one I made a few years ago. And you'll notice you see a dark brown tile at the top, and a bright orange tile at the side. That is your perceptual reality. The physical reality is that those two tiles are the same.
Esta é uma que criei há alguns anos. Reparem que veem um azulejo castanho escuro no topo, e um azulejo laranja vivo no lado. Essa é a vossa realidade percetual. A realidade física é que esses dois azulejos são iguais.
Here you see four gray tiles on your left, seven gray tiles on the right. I'm not going to change those tiles at all, but I'm going to reveal the rest of the scene. And see what happens to your perception. The four blue tiles on the left are gray. The seven yellow tiles on the right are also gray. They are the same. Okay? Don't believe me? Let's watch it again.
Aqui veem quatro azulejos cinzentos à vossa esquerda, sete azulejos cinzentos à direita. Não vou alterar os azulejos de forma nenhuma, mas vou revelar o resto da cena. Vejam o que acontece à vossa perceção. Os quatro azulejos azuis à esquerda são os cinzentos. Os sete azulejos amarelos à direita também são os cinzentos. São iguais. Não acreditam em mim? Vamos ver de novo.
What's true for color is also true for complex perceptions of motion. So, here we have -- let's turn this around -- a diamond. And what I'm going to do is, I'm going to hold it here, and I'm going to spin it. And for all of you, you'll see it probably spinning this direction. Now I want you to keep looking at it. Move your eyes around, blink, maybe close one eye. And suddenly it will flip, and start spinning the opposite direction. Yes? Raise your hand if you got that. Yes? Keep blinking. Every time you blink, it will switch. So I can ask you, which direction is it rotating? How do you know? Your brain doesn't know, because both are equally likely. So depending on where it looks, it flips between the two possibilities.
O que é verdade para a cor também é verdade para perceções complexas de movimento. Então, temos aqui — vamos virar isto — um losango. Vou segurá-lo aqui, e vou fazê-lo girar. E vocês, provavelmente, vão vê-lo a rodar nesta direção. Agora quero que continuem a olhar para ele. Movam o olhar, pestanejem, fechem um olho, talvez... E subitamente irá inverter-se e começar a girar na direção oposta. Sim? Levantem a mão, se conseguiram ver. Sim? Continuem a pestanejar. Cada vez que pestanejam, ele vai trocar. Então, pergunto-vos, em que direção está a rodar? Como é que sabem? O vosso cérebro não sabe, porque ambas são igualmente prováveis. Então, dependendo de para onde estamos a olhar, alterna entre as duas possibilidades.
Are we the only ones that see illusions? The answer to this question is no. Even the beautiful bumblebee, with its mere one million brain cells, which is 250 times fewer cells than you have in one retina, sees illusions, does the most complicated things that even our most sophisticated computers can't do. So in my lab we work on bumblebees, because we can completely control their experience, and see how it alters the architecture of their brain. We do this in what we call the Bee Matrix.
Somos nós os únicos que veem ilusões? A resposta a esta pergunta é não. Até a bela abelha, com o seu mero milhão de células cerebrais, o que é 250 vezes menos células do que nós temos numa retina, vê ilusões, faz as coisas mais complicadas, que os nossos computadores mais sofisticados conseguem fazer. No meu laboratório, trabalhamos com abelhas, porque conseguimos controlar a experiência e ver como isso altera a arquitetura do cérebro. Fazemo-lo naquilo a que chamamos a Matriz das Abelhas.
Here you have the hive. You can see the queen bee, the large bee in the middle. Those are her daughters, the eggs. They go back and forth between this hive and the arena, via this tube. You'll see one of the bees come out here. You see how she has a little number on her? There's another one coming out, she also has a number on her. Now, they're not born that way, right? We pull them out, put them in the fridge, and they fall asleep. Then you can superglue little numbers on them.
Esta é a colmeia. Vemos a abelha-rainha, a abelha grande ali no meio, as filhas, os ovos. Elas andam de um lado para o outro entre esta colmeia e a arena, através deste tubo. Vão ver uma das abelhas a sair, por aqui. Veem como está marcada com um pequeno número? Está aqui outra a sair. Tem outro número a marcá-la. Elas não nascem assim. Apanhamo-las, colocamo-las no frigorífico e elas adormecem. Depois usamos super cola para lhes colar pequenos números.
(Laughter)
(Risos)
And now, in this experiment they get a reward if they go to the blue flowers. They land on the flower, stick their tongue in there, called a proboscis, and drink sugar water. She's drinking a glass of water that's about that big to you and I, will do that about three times, then fly. And sometimes they learn not to go to the blue, but to go where the other bees go. So they copy each other. They can count to five. They can recognize faces. And here she comes down the ladder. And she'll come into the hive, find an empty honey pot, and throw up, and that's honey.
Nesta experiência, elas são recompensadas se forem para as flores azuis. Elas pousam na flor. Enfiam ali a língua delas, que se chama probóscide, e bebem água açucarada. Ela está a beber o equivalente a um copo de água, vai fazer isso cerca de três vezes e a seguir voa. Por vezes, aprendem a não ir às azuis, mas a ir onde as outras abelhas vão. Imitam-se. Conseguem contar até cinco. Conseguem reconhecer caras. Aqui vem a descer a escada. Vai entrar na colmeia, encontrar um pote de mel vazio, vomitar, e assim temos mel.
(Laughter)
(Risos)
Now remember, she's supposed to be going to the blue flowers, but what are these bees doing in the upper right corner? It looks like they're going to green flowers. Now, are they getting it wrong? And the answer to the question is no. Those are actually blue flowers. But those are blue flowers under green light. So they're using the relationships between the colors to solve the puzzle, which is exactly what we do.
Agora, lembrem-se, é suposto que ela vá às flores azuis. Mas estas abelhas, no canto superior direito, que estão a fazer? Parece que estão a ir às flores verdes. Será que estão erradas? A resposta à pergunta é não. Aquelas são na verdade flores azuis. Mas são flores azuis sob uma luz verde. Elas estão a usar as relações entre as cores para resolver o puzzle, que é precisamente o que nós fazemos.
So, illusions are often used, especially in art, in the words of a more contemporary artist, "to demonstrate the fragility of our senses." Okay, this is complete rubbish. The senses aren't fragile. And if they were, we wouldn't be here. Instead, color tells us something completely different, that the brain didn't actually evolve to see the world the way it is. We can't. Instead, the brain evolved to see the world the way it was useful to see in the past. And how we see is by continually redefining normality.
As ilusões são frequentemente usadas, especialmente na arte, nas palavras de um artista mais contemporâneo, "para demonstrar a fragilidade dos nossos sentidos". Isto é uma treta. Os sentidos não são frágeis. Se fossem, nós não estaríamos aqui. Em vez disso, a cor diz-nos algo completamente diferente, que o cérebro não evoluiu para ver o mundo como ele é. Não podemos. Em vez disso, o cérebro evoluiu para ver o mundo da forma como nos era útil ver no passado. Vemos através de uma redefinição contínua da normalidade.
So, how can we take this incredible capacity of plasticity of the brain and get people to experience their world differently? Well, one of the ways we do it in my lab and studio is we translate the light into sound, and we enable people to hear their visual world. And they can navigate the world using their ears.
Então, como é que podemos aproveitar esta capacidade de plasticidade incrível do cérebro e levar as pessoas a viverem o seu mundo de maneira diferente? Uma das formas que colocamos em prática no meu laboratório e estúdio consiste em traduzirmos a luz em som e possibilitarmos às pessoas ouvirem o seu mundo visual. Elas podem navegar pelo mundo usando os seus ouvidos.
Here's David on the right, and he's holding a camera. On the left is what his camera sees. And you'll see there's a faint line going across that image. That line is broken up into 32 squares. In each square, we calculate the average color. And then we just simply translate that into sound. And now he's going to turn around, close his eyes, and find a plate on the ground with his eyes closed.
Este é o David, à direita. Está a segurar uma câmara. À esquerda está o que a câmara dele vê. Vemos que há uma linha ténue que separa a imagem. Essa linha está dividida em 32 quadrados. Para cada quadrado, calculamos a cor média. Depois traduzimos essa informação em som. Agora ele vai virar-se, fechar os olhos, e encontrar um prato no chão, de olhos fechados.
(Continuous sound)
(Sound changes momentarily)
(Sound changes momentarily)
(Sound changes momentarily)
(Sound changes momentarily)
(Sound changes momentarily)
Beau Lotto: He finds it. Amazing, right? So not only can we create a prosthetic for the visually impaired, but we can also investigate how people literally make sense of the world. But we can also do something else. We can also make music with color. So, working with kids, they created images, thinking about what might the images you see sound like if we could listen to them. And then we translated these images. And this is one of those images. And this is a six-year-old child composing a piece of music for a 32-piece orchestra. And this is what it sounds like.
Ele encontra-o. Incrível. Não é? Não só podemos criar uma prótese para os invisuais, mas também podemos investigar como é que as pessoas fazem sentido do mundo, literalmente. Mas também podemos fazer outra coisa. Também podemos fazer música com cor. Então, trabalhando com crianças, elas criaram imagens, pensando como é que as imagens que vemos soariam, se as pudéssemos ouvir. Depois, traduzimos estas imagens. Esta é uma dessas imagens. Esta é uma criança de seis anos a compor uma peça de música para uma orquestra de 32 elementos. É assim que soa.
(Electronic representation of orchestral music)
(Música)
So, a six-year-old child. Okay?
Uma criança de seis anos.
Now, what does all this mean? What this suggests is that no one is an outside observer of nature, okay? We're not defined by our central properties, by the bits that make us up. We're defined by our environment and our interaction with that environment, by our ecology. And that ecology is necessarily relative, historical and empirical. So, what I'd like to finish with is this over here. Because what I've been trying to do is really celebrate uncertainty. Because I think only through uncertainty is there potential for understanding.
Então, o que é que tudo isto significa? O que isto sugere é que ninguém é um observador externo da natureza Não somos definidos pelas nossas propriedades centrais, pelos pedaços que nos dão forma. Somos definidos pelo nosso ambiente e pela nossa interação com esse ambiente, pela nossa ecologia. Essa ecologia é necessariamente relativa, histórica e empírica. Gostaria de terminar com o seguinte. Tenho procurado celebrar a incerteza. Porque penso que só através da incerteza há potencial para a compreensão.
So, if some of you are still feeling a bit too certain, I'd like to do this one. So, if we have the lights down. And what we have here -- Can everyone see 25 purple surfaces on your left, and 25, call it yellowish, surfaces on your right? So now, what I want to do, I'm going to put the middle nine surfaces here under yellow illumination, by simply putting a filter behind them. Now you can see that changes the light that's coming through there, right? Because now the light is going through a yellowish filter and then a purplish filter. I'm going to do the opposite on the left here. I'm going to put the middle nine under a purplish light.
Por isso, se alguns de vocês ainda se sentem um pouco seguros demais, gostaria de fazer isto. Por favor, apaguem a luz. E o que temos aqui... Todos conseguem ver as 25 superfícies roxas à vossa esquerda, e as 25 superfícies amareladas, à vossa direita? O que quero que façam? Vou colocar as nove superfícies do meio aqui, sob iluminação amarela colocando simplesmente um filtro por detrás delas. Muito bem. Agora vemos que isso altera a luz que está a entrar por ali. Porque agora a luz está a passar por um filtro amarelado e depois por um filtro arroxeado. Vou fazer o oposto aqui à esquerda. Vou colocar os nove do meio sob uma luz arroxeada.
Now, some of you will have noticed that the consequence is that the light coming through those middle nine on the right, or your left, is exactly the same as the light coming through the middle nine on your right. Agreed? Yes? Okay. So they are physically the same. Let's pull the covers off. Now remember -- you know that the middle nine are exactly the same. Do they look the same? No. The question is, "Is that an illusion?" And I'll leave you with that.
Agora, alguns de vocês vão reparar que a consequência da luz que está a atravessar estes nove do meio à direita, ou à vossa esquerda, é a mesma que a luz que está a atravessar os nove do meio à vossa direita. De acordo? Sim? OK. Então eles são fisicamente iguais. Vamos retirar as capas. Agora lembrem-se, vocês sabem que os nove do meio são exatamente iguais. Mas parecem iguais? Não. A questão é: "Isto é uma ilusão?" E deixo-vos com isso.
So, thank you very much.
Muito obrigado.
(Laughter)
(Aplausos)
(Applause)