This cell phone started its trajectory in an artisanal mine in the Eastern Congo. It's mined by armed gangs using slaves, child slaves, what the U.N. Security Council calls "blood minerals," then traveled into some components and ended up in a factory in Shinjin in China. That factory -- over a dozen people have committed suicide already this year. One man died after working a 36-hour shift. We all love chocolate. We buy it for our kids. Eighty percent of the cocoa comes from Cote d'Ivoire and Ghana and it's harvested by children. Cote d'Ivoire, we have a huge problem of child slaves. Children have been trafficked from other conflict zones to come and work on the coffee plantations. Heparin -- a blood thinner, a pharmaceutical product -- starts out in artisanal workshops like this in China, because the active ingredient comes from pigs' intestines. Your diamond -- you've all heard, probably seen the movie "Blood Diamond." This is a mine in Zimbabwe right now. Cotton: Uzbekistan is the second biggest exporter of cotton on Earth. Every year when it comes to the cotton harvest, the government shuts down the schools, puts the kids in buses, buses them to the cotton fields to spend three weeks harvesting the cotton. It's forced child labor on an institutional scale. And all of those products probably end their lives in a dump like this one in Manila.
Este telemóvel iniciou o seu caminho numa mina artesanal na região este do Congo. É explorada por grupos armados usando crianças escravas, aquilo a que o Conselho de Segurança da ONU chama "minérios de sangue", que viajam até alguns dos componentes que acabam numa fábrica em Shinjin, na China. Nessa fábrica suicidaram-se mais de uma dúzia de pessoas durante este ano. Um homem morreu depois de trabalhar um turno de 36 horas. Todos nós adoramos chocolate. Compramo-los para os nossos filhos. 80% do cacau vem da Costa do Marfim e do Gana e a colheita é feita por crianças. Na Costa do Marfim temos um enorme problema de escravatura infantil. Os traficantes levam as crianças de outras zonas de conflito para irem trabalhar nas plantações de café. A heparina, um anticoagulante, um produto farmacêutico, começa em oficinas artesanais como esta na China, porque a substância ativa vem dos intestinos de porcos. Provavelmente já todos ouviram falar ou viram o filme "Diamante de sangue". Esta é uma mina no Zimbabué numa foto atual. Algodão: o Uzbequistão é o segundo maior exportador mundial de algodão. Todos os anos, quando é época da colheita de algodão, o governo fecha as escolas, põe os miúdos em autocarros e leva-os para os campos de algodão para passarem três semanas na colheita do algodão. É trabalho infantil forçado à escala institucional. Todos estes produtos provavelmente acabam a sua vida numa lixeira como esta em Manila.
These places, these origins, represent governance gaps. That's the politest description I have for them. These are the dark pools where global supply chains begin -- the global supply chains, which bring us our favorite brand name products. Some of these governance gaps are run by rogue states. Some of them are not states anymore at all. They're failed states. Some of them are just countries who believe that deregulation or no regulation is the best way to attract investment, promote trade. Either way, they present us with a huge moral and ethical dilemma. I know that none of us want to be accessories after the fact of a human rights abuse in a global supply chain. But right now, most of the companies involved in these supply chains don't have any way of assuring us that nobody had to mortgage their future, nobody had to sacrifice their rights to bring us our favorite brand name product.
Este lugares, estas origens, representam falhas na governação. Esta é a descrição mais bem-educada que tenho para isso. Estas são as poças escuras onde começam as cadeias de distribuição globais, as cadeias de distribuição globais que nos trazem os nossos produtos de marca favoritos. Algumas destas falhas de governação são dirigidas por estados marginais. Alguns já não são estados de forma alguma, são estados falhados. Alguns deles são apenas países onde se acredita que a desregulação ou nenhuma regulação é a melhor forma de captar investimentos, de promover o comércio. De qualquer forma, eles proporcionam-nos um enorme dilema moral e ético. Eu sei que nenhum de nós quer ser cúmplice depois do ato consumado da violação de Direitos Humanos numa cadeia de distribuição global. Porém, de momento, a maior parte das empresas envolvidas nessas cadeias de distribuição não têm forma de nos assegurar que ninguém teve de hipotecar o seu futuro, ninguém teve de sacrificar os seus direitos para nos trazer o nosso produto de marca favorito.
Now, I didn't come here to depress you about the state of the global supply chain. We need a reality check. We need to recognize just how serious a deficit of rights we have. This is an independent republic, probably a failed state. It's definitely not a democratic state. And right now, that independent republic of the supply chain is not being governed in a way that would satisfy us, that we can engage in ethical trade or ethical consumption. Now, that's not a new story. You've seen the documentaries of sweatshops making garments all over the world, even in developed countries. You want to see the classic sweatshop, meet me at Madison Square Garden, I'll take you down the street, and I'll show you a Chinese sweatshop.
Eu não vim aqui hoje para vos deprimir com o estado atual das cadeias de distribuição globais. Precisamos de encarar a realidade. Precisamos de reconhecer a gravidade do défice de direitos que nós temos. Isto é uma república independente, provavelmente um estado falhado. Definitivamente não é um estado democrático. Neste momento, esta república independente da cadeia de distribuição não está a ser governada de uma forma que nos garanta que podemos tomar parte num comércio ou num consumo éticos. Isto não é uma novidade. Vocês viram os documentários sobre fábricas de miséria, onde se produz vestuário por todo o mundo, mesmo em países desenvolvidos. Se quiserem ver uma fábrica de miséria venham ter comigo a Madison Square Garden. Eu levo-vos a uma rua e mostro-vos uma fábrica de miséria chinesa.
But take the example of heparin. It's a pharmaceutical product. You expect that the supply chain that gets it to the hospital, probably squeaky clean. The problem is that the active ingredient in there -- as I mentioned earlier -- comes from pigs. The main American manufacturer of that active ingredient decided a few years ago to relocate to China because it's the world's biggest supplier of pigs. And their factory in China -- which probably is pretty clean -- is getting all of the ingredients from backyard abattoirs, where families slaughter pigs and extract the ingredient. So a couple of years ago, we had a scandal which killed about 80 people around the world, because of contaminants that crept into the heparin supply chain. Worse, some of the suppliers realized that they could substitute a product which mimicked heparin in tests. This substitute cost nine dollars a pound, whereas real heparin, the real ingredient, cost 900 dollars a pound. A no-brainer. The problem was that it killed more people.
Vejam o exemplo da heparina. É um produto farmacêutico. Vocês esperam que a cadeia de distribuição que a leva até ao hospital, seja impecavelmente limpa. O problema é que a substância ativa — como eu já disse antes — vem dos porcos. O principal fornecedor nos EUA dessa substância ativa decidiu há uns anos mudar-se para a China porque a China é o maior fornecedor mundial de porcos. Mas a fábrica na China — que provavelmente é bastante limpa — está a obter todos os ingredientes de pequenos matadouros caseiros onde pequenas empresas familiares abatem porcos e extraem o ingrediente. Aqui há uns anos tivemos um escândalo, que vitimou cerca de 80 pessoas no mundo inteiro, por causa de contaminantes que penetraram na cadeia de distribuição da heparina. Pior, alguns dos fornecedores descobriram que a podiam substituir por um produto que nos testes aparentava ser heparina. Este substituto custa 4,5 dólares por kg., enquanto que a verdadeira heparina — o verdadeiro ingrediente — custa 450 dólares por kg. Não havia como hesitar. O problema é que isto matou mais gente.
And so you're asking yourself, "How come the U.S. Food and Drug Administration allowed this to happen? How did the Chinese State Agency for Food and Drugs allow this to happen?" And the answer is quite simple: the Chinese define these facilities as chemical facilities, not pharmaceutical facilities, so they don't audit them. And the USFDA has a jurisdictional problem. This is offshore. They actually do conduct a few investigations overseas -- about a dozen a year -- maybe 20 in a good year. There are 500 of these facilities producing active ingredients in China alone. In fact, about 80 percent of the active ingredients in medicines now come from offshore, particularly China and India, and we don't have a governance system. We don't have a regulatory system able to ensure that that production is safe. We don't have a system to ensure that human rights, basic dignity, are ensured.
Por isso, devem estar a perguntar: "Como é que a FDA permitiu que isto sucedesse?" "Como é que as autoridades chinesas "permitiram que isto acontecesse?" A resposta é simples: os chineses classificam estas instalações como fábricas de químicos, não de produtos farmacêuticos, por isso não fazem auditorias. E a FDA norte-americana tem um problema de jurisdição. Isto passa-se fora das fronteiras. Na realidade, realizam algumas investigações no estrangeiro — uma dúzia por ano — talvez 20 num ano bom. Só na China, existem 500 destas fábricas a produzir a substância ativa. De facto, cerca de 80% das substâncias ativas dos medicamentos, hoje em dia, vêm do estrangeiro, em particular, da China e da Índia. Nós não temos um sistema de governação, um sistema de regulação, capaz de garantir que essa produção é segura. Não temos um sistema que garanta que estão protegidos os Direitos Humanos, a dignidade pessoal
So at a national level -- and we work in about 60 different countries -- at a national level we've got a serious breakdown in the ability of governments to regulate production on their own soil. And the real problem with the global supply chain is that it's supranational. So governments who are failing, who are dropping the ball at a national level, have even less ability to get their arms around the problem at an international level. And you can just look at the headlines. Take Copenhagen last year -- complete failure of governments to do the right thing in the face of an international challenge. Take the G20 meeting a couple of weeks ago -- stepped back from its commitments of just a few months ago. You can take any one of the major global challenges we've discussed this week and ask yourself, where is the leadership from governments to step up and come up with solutions, responses, to those international problems? And the simple answer is they can't. They're national. Their voters are local. They have parochial interests. They can't subordinate those interests to the greater global public good.
Portanto, a nível nacional — e nós trabalhamos em cerca de 60 países — a nível nacional, encontramos sérias falhas na capacidade de os governos regularem a produção dentro das suas próprias fronteiras. O verdadeiros problema com a cadeia de distribuição global é que ela é supranacional. Os governos que estão a falhar, a falhar miseravelmente, a nível nacional, têm ainda menos capacidade de controlar o problema a nível internacional. Podemos ver isto nas notícias. Vejam a Conferência de Copenhaga, o ano passado, um falhanço completo por parte dos governos para tomar uma ação correta, para fazer face a um problema internacional. Vejam o exemplo da reunião do G20 há poucas semanas. Recuaram em relação aos seus compromissos de há apenas uns meses. Podemos pegar em qualquer dos maiores desafios globais de que falámos esta semana, e perguntarmos: "Onde está a liderança dos governos "para encontrarem e assumirem soluções, "respostas, "para esses problemas internacionais?" A resposta é que eles não podem. Eles são nacionais. Os seus eleitores são locais. Eles têm interesses paroquiais. Não podem subordinar esses interesses a um superior bem público global.
So, if we're going to ensure the delivery of the key public goods at an international level -- in this case, in the global supply chain -- we have to come up with a different mechanism. We need a different machine. Fortunately, we have some examples. In the 1990s, there were a whole series of scandals concerning the production of brand name goods in the U.S. -- child labor, forced labor, serious health and safety abuses. And eventually President Clinton, in 1996, convened a meeting at the White House, invited industry, human rights NGOs, trade unions, the Department of Labor, got them all in a room and said, "Look, I don't want globalization to be a race to the bottom. I don't know how to prevent that, but I'm at least going to use my good offices to get you folks together to come up with a response." So they formed a White House task force, and they spent about three years arguing about who takes how much responsibility in the global supply chain. Companies didn't feel it was their responsibility. They don't own those facilities. They don't employ those workers. They're not legally liable. Everybody else at the table said, "Folks, that doesn't cut it. You have a custodial duty, a duty of care, to make sure that that product gets from wherever to the store in a way that allows us to consume it, without fear of our safety, or without having to sacrifice our conscience to consume that product." So they agreed, "Okay, what we'll do is we agree on a common set of standards, code of conduct. We'll apply that throughout our global supply chain regardless of ownership or control. We'll make it part of the contract." And that was a stroke of absolute genius, because what they did was they harnessed the power of the contract, private power, to deliver public goods.
Portanto, se vamos garantir a concretização de um bem público essencial, a nível internacional — neste caso, na cadeia de distribuição global — teremos que encontrar um mecanismo diferente. Precisamos de uma máquina diferente. Felizmente, temos alguns exemplos. Na década de 1990, houve uma série de escândalos afetando a produção de produtos de marca nos EUA — trabalho infantil, trabalho forçado, abusos na saúde e segurança no trabalho. Por fim, o presidente Clinton, em 1996, organizou uma reunião na Casa Branca, convidando industriais, ONG defensoras dos Direitos Humanos, sindicatos, o Ministério do Trabalho. Chamou-os para uma sala de reuniões e disse: "Escutem, eu não quero "que a globalização seja uma corrida para o fundo. "Não sei como o impedir, "mas, pelo menos, vou usar os meus escritórios "para vos reunir para encontrar uma resposta." Formaram um grupo de trabalho na Casa Branca, e passaram cerca de três anos a discutir quem assumia que responsabilidades na cadeia de distribuição global. As empresas não achavam que fosse da sua responsabilidade. Não eram donas dessas fábricas. Não empregavam esses trabalhadores. Não tinham responsabilidade legal. Todos os outros em torno da mesa disseram: "Amigos, isso não pode ser. "Vocês têm um dever solidário, um dever de diligência, "para garantirem que os produtos "cheguem a qualquer loja "de forma que permita que nós os consumamos "sem recear pela nossa segurança, "ou sem ter que sacrificar a nossa consciência "para consumir esse produto." Então todos concordaram. "Certo, vamos acordar um conjunto de normas comuns, "um código de conduta. "Vamos aplicá-lo em toda a nossa cadeia de distribuição global "independentemente da propriedade ou controlo. "Passará a fazer parte do contrato." Isto foi um golpe de mestre porque usaram o poder do contrato, o poder privado, para concretizar um bem público.
And let's face it, the contract from a major multinational brand to a supplier in India or China has much more persuasive value than the local labor law, the local environmental regulations, the local human rights standards. Those factories will probably never see an inspector. If the inspector did come along, it would be amazing if they were able to resist the bribe. Even if they did their jobs, and they cited those facilities for their violations, the fine would be derisory. But you lose that contract for a major brand name, that's the difference between staying in business or going bankrupt. That makes a difference. So what we've been able to do is we've been able to harness the power and the influence of the only truly transnational institution in the global supply chain, that of the multinational company, and get them to do the right thing, get them to use that power for good, to deliver the key public goods.
Encaremos a realidade: o contrato de uma marca multinacional para um fornecedor na Índia ou na China tem muito mais força de persuasão do que a legislação laboral local, do que os regulamentos ambientais, do que as normas locais de Direitos Humanos. Essas fábricas provavelmente nunca viam um inspetor. Se um inspetor aparecesse, seria espantoso se ele fosse capaz de resistir a um suborno. Mesmo que ele fizesse o seu trabalho, e que denunciasse irregularidades nessas fábricas, a multa seria insignificante. Porém, se a fábrica perder esse contrato com uma marca importante, essa é a diferença entre continuar a funcionar ou ir à falência. Isso faz a diferença. Então o que fomos capazes de fazer, foi colocar ao nosso serviço o poder e a influência da única verdadeira instituição transnacional na cadeia de distribuição global: a empresa multinacional, para a levar a tomar a atitude certa de usar esse poder para o bem, para concretizar o bem público.
Now of course, this doesn't come naturally to multinational companies. They weren't set up to do this. They're set up to make money. But they are extremely efficient organizations. They have resources, and if we can add the will, the commitment, they know how to deliver that product. Now, getting there is not easy. Those supply chains I put up on the screen earlier, they're not there. You need a safe space. You need a place where people can come together, sit down without fear of judgment, without recrimination, to actually face the problem, agree on the problem and come up with solutions. We can do it. The technical solutions are there. The problem is the lack of trust, the lack of confidence, the lack of partnership between NGOs, campaign groups, civil society organizations and multinational companies. If we can put those two together in a safe space, get them to work together, we can deliver public goods right now, or in extremely short supply.
Como é claro, isto não é o comportamento natural das empresas multinacionais. Elas não foram feitas para isto, foram feitas para fazer dinheiro. Porém, elas são organizações extremamente eficazes. Têm recursos, e, se formos capazes de acrescentar a vontade e o empenho, elas sabem como concretizar esse produto. Chegar lá não é fácil. As cadeias de distribuição que eu pus no ecrã há bocado, não estão lá. É preciso um espaço seguro. É preciso um lugar onde as pessoas se possam reunir, sentar-se à mesa de discussões sem medo de serem julgadas, sem recriminações, para efetivamente encararem o problema, concordarem qual o problema e encontrarem soluções. Nós podemos fazê-lo, há soluções técnicas. O problema é a falta de confiança, a falta de sentido de parceria entre ONG, grupos de pressão, organizações da sociedade civil e empresas multinacionais. Se conseguirmos ter estes dois grupos num espaço seguro, levá-los a trabalhar em conjunto, podemos concretizar o bem comum agora mesmo, ou muito em breve.
This is a radical proposition, and it's crazy to think that if you're a 15-year-old Bangladeshi girl leaving your rural village to go and work in a factory in Dhaka -- 22, 23, 24 dollars a month -- your best chance of enjoying rights at work is if that factory is producing for a brand name company which has got a code of conduct and made that code of conduct part of the contract. It's crazy. Multinationals are protecting human rights. I know there's going to be disbelief. You'll say, "How can we trust them?" Well, we don't. It's the old arms control phrase: "Trust, but verify." So we audit. We take their supply chain, we take all the factory names, we do a random sample, we send inspectors on an unannounced basis to inspect those facilities, and then we publish the results. Transparency is absolutely critical to this. You can call yourself responsible, but responsibility without accountability often doesn't work. So what we're doing is, we're not only enlisting the multinationals, we're giving them the tools to deliver this public good -- respect for human rights -- and we're checking. You don't need to believe me. You shouldn't believe me. Go to the website. Look at the audit results. Ask yourself, is this company behaving in a socially responsible way? Can I buy that product without compromising my ethics? That's the way the system works.
Esta é uma proposta radical, e parece loucura pensar que para uma rapariga do Bangladeche, de 15 anos, que sai da sua aldeia rural para ir trabalhar numa fábrica em Dhaka — a 22, 23, 24 dólares por mês — a sua melhor hipótese de ter direitos no trabalho é se essa fábrica estiver a produzir para uma empresa de prestígio que tenha um código de conduta e que incluiu no contrato esse código de conduta. Parece loucura, multinacionais a proteger os Direitos Humanos? Sei que vai haver descrença. Dirão: "Como podemos confiar nelas?" Bem, não confiamos. É como nas conversações sobre o desarmamento nuclear: "Confiem, mas verifiquem." Então, nós auditamos. Vamos ver a cadeia de distribuição, pegamos nos nomes das fábricas, fazemos uma amostra aleatória, enviamos inspetores sem pré-aviso para inspecionar essas fábricas e depois publicamos os resultados. A transparência é absolutamente fundamental. Uma pessoa pode dizer-se responsável, mas responsabilidade sem prestar contas muitas vezes não resulta. Não estamos só a envolver as multinacionais, estamos a dar-lhes as ferramentas para concretizarem este bem comum — o respeito pelos Direitos Humanos — e estamos a verificar. Vocês não têm que acreditar em mim. Não devem acreditar em mim. Vão ao website. Leiam os resultados das auditorias. Perguntem se esta empresa está a comportar-se de uma forma socialmente responsável. Se posso comprar aquele produto sem comprometer os meus princípios. É assim que o sistema funciona.
I hate the idea that governments are not protecting human rights around the world. I hate the idea that governments have dropped this ball and I can't get used to the idea that somehow we can't get them to do their jobs. I've been at this for 30 years, and in that time I've seen the ability, the commitment, the will of government to do this decline, and I don't see them making a comeback right now. So we started out thinking this was a stopgap measure. We're now thinking that, in fact, this is probably the start of a new way of regulating and addressing international challenges. Call it network governance. Call it what you will. The private actors, companies and NGOs, are going to have to get together to face the major challenges we are going to face. Just look at pandemics -- swine flu, bird flu, H1N1. Look at the health systems in so many countries. Do they have the resources to face up to a serious pandemic? No. Could the private sector and NGOs get together and marshal a response? Absolutely. What they lack is that safe space to come together, agree and move to action. That's what we're trying to provide.
Eu detesto a ideia de que os governos não estão a proteger os Direitos Humanos pelo mundo fora. Detesto a ideia de que os governos falharam miseravelmente nesta matéria. E não consigo habituar-me à ideia de que não conseguimos que eles façam o seu trabalho. Tenho estado envolvido há 30 anos, e durante esse tempo tenho visto a reduzir-se a capacidade, o empenho, a vontade dos governos e não antevejo uma recuperação para breve. Por isso, começámos a pensar que isto seria uma medida provisória. Estamos agora a pensar que, de facto, este é provavelmente o começo de uma nova forma de regular e de abordar problemas internacionais. Chamemos-lhe uma governação em rede, ou chamemos-lhe outra coisa, os agentes privados, as empresas e as ONG têm que se reunir para encarar os grandes problemas que vamos encontrar. Vejam, por exemplo, as pandemias — a gripe suína, a gripe das aves, a H1N1. Vejam os sistemas de saúde em tantos países. Terão eles os recursos para encarar uma pandemia? Não. Conseguiriam o setor provado e as ONG, em conjunto, produzir uma resposta? Absolutamente sim. O que lhes falta é aquele espaço seguro para se reunirem, acordarem e passarem à ação. É isso que estamos a tentar providenciar.
I know as well that this often seems like an overwhelming level of responsibility for people to assume. "You want me to deliver human rights throughout my global supply chain. There are thousands of suppliers in there." It seems too daunting, too dangerous, for any company to take on. But there are companies. We have 4,000 companies who are members. Some of them are very, very large companies. The sporting goods industry, in particular, stepped up to the plate and have done it. The example, the role model, is there. And whenever we discuss one of these problems that we have to address -- child labor in cottonseed farms in India -- this year we will monitor 50,000 cottonseed farms in India. It seems overwhelming. The numbers just make you want to zone out. But we break it down to some basic realities.
Sei também que isto parece, muitas vezes, um nível de responsabilidade esmagador para alguém assumir. "Vocês querem que eu garanta os Direitos Humanos "em toda a minha cadeia de distribuição?" Há milhares de fornecedores por esse mundo fora. Parece assustador demais, demasiado perigoso, para qualquer empresa se comprometer. Porém, há empresas que o fazem. Temos 4000 empresas como membros. Algumas são empresas muito grandes. A indústria de produtos para desporto, em particular, assumiu um papel de destaque. O exemplo, o modelo a seguir está lá. Sempre que discutimos um desses problemas que temos que abordar — trabalho infantil em campos de algodão na Índia — este ano vamos vigiar 50 000 produtores de algodão na Índia. Parece ser esmagador. Estes números só fazem uma pessoa querer distanciar-se. No entanto, nós decompomos a questão nalguns factos básicos.
And human rights comes down to a very simple proposition: can I give this person their dignity back? Poor people, people whose human rights have been violated -- the crux of that is the loss of dignity, the lack of dignity. It starts with just giving people back their dignity. I was sitting in a slum outside Gurgaon just next to Delhi, one of the flashiest, brightest new cities popping up in India right now, and I was talking to workers who worked in garment sweatshops down the road, and I asked them what message they would like me to take to the brands. They didn't say money. They said, "The people who employ us treat us like we are less than human, like we don't exist. Please ask them to treat us like human beings." That's my simple understanding of human rights. That's my simple proposition to you, my simple plea to every decision-maker in this room, everybody out there. We can all make a decision to come together and pick up the balls and run with the balls that governments have dropped. If we don't do it, we're abandoning hope, we're abandoning our essential humanity, and I know that's not a place we want to be, and we don't have to be there. So I appeal to you. Join us, come into that safe space, and let's start to make this happen.
Os Direitos Humanos levam a uma questão muito simples: Posso devolver a dignidade a esta pessoa? Pessoas pobres, pessoas cujos Direitos Humanos foram violados. Na essência, isso é a perda de dignidade, a falta de dignidade. Tudo começa com o devolver a dignidade às pessoas. Estava eu sentado num bairro de lata junto a Gurgaon, mesmo ao lado de Deli, uma das cidades mais espantosas e brilhantes que está a crescer na Índia neste momento, e estava a falar com trabalhadores de fábricas de miséria que produzem roupas ali perto. Perguntei-lhes que mensagem gostariam que eu levasse às marcas. Eles não disseram "dinheiro", disseram: "As pessoas que nos empregam "tratam-nos como se fôssemos menos do que humanos, "como se nós não existíssemos. "Por favor, peça-lhes que nos tratem como seres humanos." Este é o meu entendimento mais simples do que são Direitos Humanos. É a minha proposta para vós, o meu simples apelo a todos os que tomam decisões nesta sala, a todos lá fora. Podemos todos tomar uma decisão para, em conjunto, tomarmos conta daquilo que os governos deixaram cair. Se não o fizermos, estaremos a abandonar a esperança, a abandonar a essência da nossa humanidade, e sei que não é para aí que queremos ir, e não temos que lá chegar. Portanto, o meu apelo para vós, juntem-se a nós, venham para esse espaço seguro, e vamos começar a fazer tudo isto acontecer.
Thank you very much.
Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)