There are times when I feel really quite ashamed to be a European. In the last year, more than a million people arrived in Europe in need of our help, and our response, frankly, has been pathetic.
Às vezes me sinto realmente envergonhado de ser europeu. No último ano, mais de 1 milhão de pessoas chegaram à Europa precisando de nossa ajuda, e nossa resposta, francamente, tem sido lamentável.
There are just so many contradictions. We mourn the tragic death of two-year-old Alan Kurdi, and yet, since then, more than 200 children have subsequently drowned in the Mediterranean. We have international treaties that recognize that refugees are a shared responsibility, and yet we accept that tiny Lebanon hosts more Syrians than the whole of Europe combined. We lament the existence of human smugglers, and yet we make that the only viable route to seek asylum in Europe. We have labor shortages, and yet we exclude people who fit our economic and demographic needs from coming to Europe. We proclaim our liberal values in opposition to fundamentalist Islam, and yet -- we have repressive policies that detain child asylum seekers, that separate children from their families, and that seize property from refugees.
Existem tantas contradições. Nós lamentamos a morte trágica do menino de dois anos, Alan Kurdi, mas, desde então, mais de 200 crianças se afogaram no Mediterrâneo. Temos tratados internacionais que reconhecem os refugiados como uma responsabilidade compartilhada, e ainda assim aceitamos que o pequeno Líbano abrigue mais sírios do que toda a Europa junta. Lamentamos a existência de contrabandistas de pessoas, e ainda assim deixamos que essa seja o único caminho rota viável para buscar asilo na Europa. Temos falta de mão de obra, mas impedimos que pessoas que se enquadram em nossas necessidades econômicas e demográficas venham para a Europa. Proclamamos nossos valores liberais em oposição ao islã fundamentalista, mas ainda assim... temos políticas repressivas que detêm crianças em busca de asilo, que separam crianças de suas famílias e que confiscam os pertences dos refugiados.
What are we doing? How has the situation come to this, that we've adopted such an inhumane response to a humanitarian crisis?
O que estamos fazendo? Como a situação chegou a este ponto, de adotarmos uma resposta tão desumana para uma crise humanitária?
I don't believe it's because people don't care, or at least I don't want to believe it's because people don't care. I believe it's because our politicians lack a vision, a vision for how to adapt an international refugee system created over 50 years ago for a changing and globalized world. And so what I want to do is take a step back and ask two really fundamental questions, the two questions we all need to ask. First, why is the current system not working? And second, what can we do to fix it?
Não acredito, ou não quero acreditar, que seja porque as pessoas não se importam. Acredito que seja por falta de visão de nossos políticos sobre como adaptar um sistema internacional de refugiados, criado há mais de 50 anos, para um mundo globalizado e em transformação. Então quero dar um passo atrás e fazer duas perguntas realmente fundamentais, as duas perguntas que todos devemos fazer. Primeiro, por que o sistema atual não está funcionando? E segundo, o que podemos fazer para consertá-lo?
So the modern refugee regime was created in the aftermath of the Second World War by these guys. Its basic aim is to ensure that when a state fails, or worse, turns against its own people, people have somewhere to go, to live in safety and dignity until they can go home. It was created precisely for situations like the situation we see in Syria today. Through an international convention signed by 147 governments, the 1951 Convention on the Status of Refugees, and an international organization, UNHCR, states committed to reciprocally admit people onto their territory who flee conflict and persecution.
O regime de refugiados atual foi criado em consequência da Segunda Guerra Mundial, por estas pessoas. O objetivo básico era garantir que quando um estado falhasse, ou pior, se virasse contra seu próprio povo, as pessoas teriam para onde ir, para viver com segurança e dignidade até que pudessem voltar para casa. Ele foi criado precisamente para situações como vemos na Síria atualmente. Através de uma convenção internacional assinada por 147 governos, a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, e uma organização internacional, a UNHCR, os países se declaram reciprocamente comprometidos a admitir em seus territórios, pessoas que fogem de conflitos e perseguições.
But today, that system is failing. In theory, refugees have a right to seek asylum. In practice, our immigration policies block the path to safety. In theory, refugees have a right to a pathway to integration, or return to the country they've come from. But in practice, they get stuck in almost indefinite limbo. In theory, refugees are a shared global responsibility. In practice, geography means that countries proximate the conflict take the overwhelming majority of the world's refugees. The system isn't broken because the rules are wrong. It's that we're not applying them adequately to a changing world, and that's what we need to reconsider.
Mas hoje esse sistema está fracassando. Na teoria, os refugiados têm o direito de buscar asilo. Na prática, nossas políticas de imigração bloqueiam o caminho para a segurança. Na teoria, os refugiados têm o direito a uma via de integração, ou de retorno ao país de origem. Mas, na prática, eles ficam presos em um limbo praticamente indefinido. Na teoria, os refugiados são uma responsabilidade global compartilhada. Na prática, a geografia faz com que países próximos ao conflito fiquem com a maioria esmagadora dos refugiados. O sistema não está falido devido a regras erradas. Nós que não aplicamos adequadamente as regras a um mundo em transformação, e é isso que precisamos reconsiderar.
So I want to explain to you a little bit about how the current system works. How does the refugee regime actually work? But not from a top-down institutional perspective, rather from the perspective of a refugee. So imagine a Syrian woman. Let's call her Amira. And Amira to me represents many of the people I've met in the region. Amira, like around 25 percent of the world's refugees, is a woman with children, and she can't go home because she comes from this city that you see before you, Homs, a once beautiful and historic city now under rubble. And so Amira can't go back there. But Amira also has no hope of resettlement to a third country, because that's a lottery ticket only available to less than one percent of the world's refugees.
Quero explicar um pouco como funciona o sistema atual. Como funciona realmente o regime de refugiados? Não de uma perspectiva institucional, de cima para baixo, mas da perspectiva de um refugiado. Imaginem uma mulher síria. Vamos chamá-la Amira. Amira, para mim, representa muitas das pessoas que tenho encontrado na região. Amira, como aproximadamente 25% dos refugiados do mundo, é uma mulher com filhos, e ela não pode ir para casa porque vem desta cidade, Homs, uma cidade histórica, que já foi muito bonita, e que hoje está em ruínas. Então Amira não pode voltar para lá. Mas Amira não tem esperança de ser reassentada em outro país, pois isso é um bilhete de loteria, disponível apenas para menos de 1% dos refugiados do mundo.
So Amira and her family face an almost impossible choice. They have three basic options. The first option is that Amira can take her family to a camp. In the camp, she might get assistance, but there are very few prospects for Amira and her family. Camps are in bleak, arid locations, often in the desert. In the Zaatari refugee camp in Jordan, you can hear the shells across the border in Syria at nighttime. There's restricted economic activity. Education is often of poor quality. And around the world, some 80 percent of refugees who are in camps have to stay for at least five years. It's a miserable existence, and that's probably why, in reality, only nine percent of Syrians choose that option.
Então Amira e sua família encaram uma escolha quase impossível. Eles têm três opções básicas. A primeira opção é Amira levar sua família para um campo de refugiados. No campo ela pode conseguir assistência, mas lá existem poucas perspectivas para Amira e sua família. Os campos ficam em locais inóspitos, áridos, quase sempre no deserto. No campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, podemos ouvir os bombardeios do outro lado da fronteira síria, à noite. A atividade econômica é restrita. A educação em geral é de baixa qualidade. E ao redor do mundo, em torno de 80% dos refugiados que estão nos campos têm que ficar por no mínimo cinco anos. É uma existência miserável, e provavelmente é por isso que, na realidade, só 9% dos sírios escolhem essa opção.
Alternatively, Amira can head to an urban area in a neighboring country, like Amman or Beirut. That's an option that about 75 percent of Syrian refugees have taken. But there, there's great difficulty as well. Refugees in such urban areas don't usually have the right to work. They don't usually get significant access to assistance. And so when Amira and her family have used up their basic savings, they're left with very little and likely to face urban destitution.
Outra opção seria Amira ir para uma área urbana de algum país vizinho, como Amã ou Beirute. Em torno de 75% dos refugiados sírios têm feito essa opção. Mas lá também existem muitas dificuldades. Os refugiados nessas áreas urbanas em geral não têm direito de trabalhar. Normalmente eles não têm acesso significativo à assistência. E depois que Amira e sua família esgotarem suas economias, serão deixados com muito pouco
So there's a third alternative,
e terão que enfrentar o empobrecimento urbano.
and it's one that increasing numbers of Syrians are taking. Amira can seek some hope for her family by risking their lives on a dangerous and perilous journey to another country, and it's that which we're seeing in Europe today.
Existe uma terceira alternativa, e esta tem sido a opção de um número cada vez maior de sírios. Amira pode buscar alguma esperança para sua família, arriscando suas vidas em uma jornada perigosa e arriscada para outro país, e é isso que estamos vendo na Europa hoje.
Around the world, we present refugees with an almost impossible choice between three options: encampment, urban destitution and dangerous journeys. For refugees, that choice is the global refugee regime today. But I think it's a false choice. I think we can reconsider that choice. The reason why we limit those options is because we think that those are the only options that are available to refugees, and they're not. Politicians frame the issue as a zero-sum issue, that if we benefit refugees, we're imposing costs on citizens. We tend to have a collective assumption that refugees are an inevitable cost or burden to society. But they don't have to. They can contribute.
Em todo o mundo, apresentamos aos refugiados uma escolha quase impossível entre três opções: acampamento, empobrecimento urbano, e jornadas perigosas. Para os refugiados, essa escolha é o sistema global de refugiados hoje. Mas acho que esta é uma escolha falsa. Acho que podemos reconsiderar essas opções. A razão pela qual limitamos essa escolha é porque pensamos que essas são as únicas opções disponíveis para os refugiados, e elas não são. Os políticos enquadram essa questão como um jogo de soma zero, que se beneficiarmos os refugiados estaremos impondo custos aos cidadãos. Tendemos a assumir coletivamente que os refugiados são um custo ou um peso inevitável para a sociedade. Mas eles não precisam ser. Eles podem contribuir.
So what I want to argue is there are ways in which we can expand that choice set and still benefit everyone else: the host states and communities, our societies and refugees themselves. And I want to suggest four ways we can transform the paradigm of how we think about refugees. All four ways have one thing in common: they're all ways in which we take the opportunities of globalization, mobility and markets, and update the way we think about the refugee issue.
Então queremos argumentar que existem formas de expandir esse conjunto de escolhas e ainda beneficiar a todos: os países e comunidades anfitriões, nossas sociedades, e os refugiados. E quero sugerir quatro caminhos que podem transformar o paradigma de como pensamos sobre os refugiados. Todos eles têm algo em comum: em todos eles as oportunidades de globalização, mobilidade e mercado, atualizam a forma de pensar a questão dos refugiados.
The first one I want to think about is the idea of enabling environments, and it starts from a very basic recognition that refugees are human beings like everyone else, but they're just in extraordinary circumstances. Together with my colleagues in Oxford, we've embarked on a research project in Uganda looking at the economic lives of refugees. We chose Uganda not because it's representative of all host countries. It's not. It's exceptional. Unlike most host countries around the world, what Uganda has done is give refugees economic opportunity. It gives them the right to work. It gives them freedom of movement. And the results of that are extraordinary both for refugees and the host community. In the capital city, Kampala, we found that 21 percent of refugees own a business that employs other people, and 40 percent of those employees are nationals of the host country. In other words, refugees are making jobs for citizens of the host country. Even in the camps, we found extraordinary examples of vibrant, flourishing and entrepreneurial businesses.
A primeira ideia que quero colocar é a de ambientes possibilitadores, e começa pelo reconhecimento muito básico de que refugiados são seres humanos como qualquer outro, apenas estão em circunstâncias extraordinárias. Junto com meus colegas de Oxford, embarcamos em um projeto de pesquisa na Uganda, observando os aspectos econômicos da vida dos refugiados. Uganda foi escolhida, não por representar todos os países anfitriões. Não representa. É excepcional. Diferente da maioria dos países anfitriões ao redor do mundo, o que a Uganda faz é dar oportunidades econômicas aos refugiados. Dar a eles o direito de trabalhar. Dar a eles liberdade de movimento. E os resultados são extraordinários, tanto para os refugiados quanto para a comunidade anfitriã. Na capital, Kampala, descobrimos que 21% dos refugiados têm um negócio, que emprega outras pessoas, e 40% desses empregados são naturais do próprio país anfitrião. Em outras palavras, refugiados estão criando empregos para cidadãos do país anfitrião. Mesmo nos campos, encontramos exemplos extraordinários de negócios vibrantes, prósperos, e empreendedores.
For example, in a settlement called Nakivale, we found examples of Congolese refugees running digital music exchange businesses. We found a Rwandan who runs a business that's available to allow the youth to play computer games on recycled games consoles and recycled televisions. Against the odds of extreme constraint, refugees are innovating, and the gentleman you see before you is a Congolese guy called Demou-Kay. Demou-Kay arrived in the settlement with very little, but he wanted to be a filmmaker. So with friends and colleagues, he started a community radio station, he rented a video camera, and he's now making films. He made two documentary films with and for our team, and he's making a successful business out of very little. It's those kinds of examples that should guide our response to refugees. Rather than seeing refugees as inevitably dependent upon humanitarian assistance, we need to provide them with opportunities for human flourishing.
Por exemplo, no assentamento Nakivale encontramos refugiados congoleses administrando negócios de troca de músicas digitais. Encontramos um ruandês que administra um negócio que permite que os jovens joguem games de computador em consoles e televisores reciclados. Contra todas as chances de obstáculos extremos, os refugiados estão inovando, e o cavalheiro que vocês veem aqui é um congolês chamado Demou-Kay. Ele chegou no acampamento com muito pouco, mas queria ser um produtor de cinema. Então, com amigos e colegas, ele começou uma estação de rádio comunitária, alugou uma filmadora, e agora faz filmes. Ele fez dois documentários com e para nossa equipe, e está construindo um negócio bem-sucedido a partir de muito pouco. Exemplos como esses deveriam guiar nossa resposta aos refugiados. Em vez de ver os refugiados como inevitavelmente dependentes de assistência humanitária, temos que proporcionar a eles oportunidades para prosperarem.
Yes, clothes, blankets, shelter, food are all important in the emergency phase, but we need to also look beyond that. We need to provide opportunities to connectivity, electricity, education, the right to work, access to capital and banking. All the ways in which we take for granted that we are plugged in to the global economy can and should apply to refugees.
Sim... roupas, cobertores, abrigo, comida, tudo isso é importante na fase emergencial, mas precisamos olhar além disso. Precisamos dar oportunidades de conectividade, eletricidade, educação, direito ao trabalho, acesso a capital e transações bancárias. Todas as formas garantidas que temos de conexão à economia global podem e devem se aplicar aos refugiados.
The second idea I want to discuss is economic zones. Unfortunately, not every host country in the world takes the approach Uganda has taken. Most host countries don't open up their economies to refugees in the same way. But there are still pragmatic alternative options that we can use.
A segunda ideia que quero discutir é a de zonas econômicas. Infelizmente, nem todos os países anfitriões adotam a abordagem da Uganda. A maior parte deles não abre sua economia para os refugiados dessa forma. Mas ainda existem opções pragmáticas e alternativas que podemos usar.
Last April, I traveled to Jordan with my colleague, the development economist Paul Collier, and we brainstormed an idea while we were there with the international community and the government, an idea to bring jobs to Syrians while supporting Jordan's national development strategy. The idea is for an economic zone, one in which we could potentially integrate the employment of refugees alongside the employment of Jordanian host nationals. And just 15 minutes away from the Zaatari refugee camp, home to 83,000 refugees, is an existing economic zone called the King Hussein Bin Talal Development Area. The government has spent over a hundred million dollars connecting it to the electricity grid, connecting it to the road network, but it lacked two things: access to labor and inward investment. So what if refugees were able to work there rather than being stuck in camps, able to support their families and develop skills through vocational training before they go back to Syria? We recognized that that could benefit Jordan, whose development strategy requires it to make the leap as a middle income country to manufacturing. It could benefit refugees, but it could also contribute to the postconflict reconstruction of Syria by recognizing that we need to incubate refugees as the best source of eventually rebuilding Syria.
Em abril passado, viajei para a Jordânia com meu colega Paul Collier, economista de desenvolvimento, e tivemos uma ideia, enquanto estávamos lá com a comunidade internacional e o governo; uma ideia para trazer empregos para os sírios e dar suporte à estratégia nacional de desenvolvimento da Jordânia. A ideia é de uma zona econômica, na qual potencialmente possamos integrar o emprego de refugiados e de jordanianos. E apenas 15 minutos distante do campo de refugiados de Zaatari, onde vivem 83 mil refugiados, existe uma zona econômica chamada Área de Desenvolvimento Rei Hussein Bin Talal. O governo gastou mais de US$ 100 milhões conectando essa área à rede elétrica e viária, mas faltam duas coisas: mão de obra e investimento interno. E se em vez de ficarem presos nos campos, os refugiados pudessem trabalhar aqui, sustentar suas famílias e desenvolver habilidades com formação profissional, antes de retornarem à Síria? Vimos que isso poderia beneficiar a Jordânia, cuja estratégia de desenvolvimento requer um salto de um país de renda média para um país de produção. Isso poderia beneficiar os refugiados, mas também poderia contribuir para a reconstrução da Síria pós-conflito, reconhecendo que precisamos pensar nos refugiados como a melhor fonte para um dia reconstruir a Síria.
We published the idea in the journal Foreign Affairs. King Abdullah has picked up on the idea. It was announced at the London Syria Conference two weeks ago, and a pilot will begin in the summer.
Publicamos essa ideia no jornal "Foreign Affairs". O rei Abdulah entendeu a ideia. Ela foi anunciada na Conferência de Apoio à Síria, em Londres, há duas semanas, e um projeto-piloto vai começar no verão.
(Applause)
(Aplausos)
The third idea that I want to put to you is preference matching between states and refugees to lead to the kinds of happy outcomes you see here in the selfie featuring Angela Merkel and a Syrian refugee. What we rarely do is ask refugees what they want, where they want to go, but I'd argue we can do that and still make everyone better off. The economist Alvin Roth has developed the idea of matching markets, ways in which the preference ranking of the parties shapes an eventual match. My colleagues Will Jones and Alex Teytelboym have explored ways in which that idea could be applied to refugees, to ask refugees to rank their preferred destinations, but also allow states to rank the types of refugees they want on skills criteria or language criteria and allow those to match. Now, of course you'd need to build in quotas on things like diversity and vulnerability, but it's a way of increasing the possibilities of matching. The matching idea has been successfully used to match, for instance, students with university places, to match kidney donors with patients, and it underlies the kind of algorithms that exist on dating websites. So why not apply that to give refugees greater choice?
A terceira ideia que quero colocar é a combinação de preferências entre países e refugiados para chegar a um resultado feliz como se vê nesta "selfie" da Angela Merkel e um refugiado sírio. Raramente perguntamos aos refugiados o que eles querem, para onde querem ir. Mas eu digo que podemos fazer isso, e, ainda assim, todo mundo sair ganhando. O economista Alvin Roth desenvolveu a ideia de mercados de emparelhamento, nos quais as preferências das partes moldam uma combinação final. Meus colegas Will Jones e Alex Teytelboym exploraram formas para aplicar essa ideia a refugiados, perguntando aos refugiados sua lista de destinos preferidos, mas também permitindo que os países digam os tipos de refugiados que querem, baseados em critérios de qualificações ou idioma, e permitir a formação desses pares. Claro que é preciso incorporar cotas sobre questões como diversidade e vulnerabilidade, mas é uma forma de aumentar as possibilidades de combinação. A ideia de emparelhamento tem sido usada com sucesso para compatibilizar, por exemplo, estudantes com universidades, doadores de rins com pacientes, e isso se fundamenta em algoritmos usados em sites de relacionamento. Por que não aplicá-los para dar uma chance maior aos refugiados?
It could also be used at the national level, where one of the great challenges we face is to persuade local communities to accept refugees. And at the moment, in my country, for instance, we often send engineers to rural areas and farmers to the cities, which makes no sense at all. So matching markets offer a potential way to bring those preferences together and listen to the needs and demands of the populations that host and the refugees themselves.
Isso também pode ser usado a nível nacional, onde um dos maiores desafios enfrentados, é persuadir comunidades locais a aceitar refugiados. Atualmente, no meu país, por exemplo, muitas vezas enviamos engenheiros para áreas rurais, e pessoas do campo para cidades, o que não faz nenhum sentido. Então os mercados de emparelhamento têm potencial para unir essas preferências e ouvir as necessidades e demandas da população anfitriã e dos próprios refugiados.
The fourth idea I want to put to you is of humanitarian visas. Much of the tragedy and chaos we've seen in Europe was entirely avoidable. It stems from a fundamental contradiction in Europe's asylum policy, which is the following: that in order to seek asylum in Europe, you have to arrive spontaneously by embarking on those dangerous journeys that I described. But why should those journeys be necessary in an era of the budget airline and modern consular capabilities? They're completely unnecessary journeys, and last year, they led to the deaths of over 3,000 people on Europe's borders and within European territory.
A quarta ideia que quero colocar é a de vistos humanitários. Muitas das tragédias e do caos que temos visto na Europa seriam perfeitamente evitáveis. Eles se originam em uma contradição fundamental na política de asilo europeia, que é a seguinte: para procurar asilo na Europa, é preciso chegar espontaneamente, embarcando naquelas jornadas perigosas que descrevi. Mas por que essas jornadas são necessárias, numa época de companhias aéreas econômicas e capacidades consulares modernas? São jornadas completamente desnecessárias, e no ano passado levaram à morte de mais de 3 mil pessoas nas fronteiras da Europa e dentro do território europeu.
If refugees were simply allowed to travel directly and seek asylum in Europe, we would avoid that, and there's a way of doing that through something called a humanitarian visa, that allows people to collect a visa at an embassy or a consulate in a neighboring country and then simply pay their own way through a ferry or a flight to Europe. It costs around a thousand euros to take a smuggler from Turkey to the Greek islands. It costs 200 euros to take a budget airline from Bodrum to Frankfurt. If we allowed refugees to do that, it would have major advantages. It would save lives, it would undercut the entire market for smugglers, and it would remove the chaos we see from Europe's front line in areas like the Greek islands. It's politics that prevents us doing that rather than a rational solution.
Se os refugiados tivessem permissão para viajar diretamente e buscar asilo na Europa, evitaríamos essas mortes, e existe uma forma de fazer isso através do visto humanitário, que permite que as pessoas recebam o visto em uma embaixada ou consulado em um país vizinho e então simplesmente paguem sua viagem de balsa ou avião para a Europa. Custa em torno de mil euros para ser levado por um contrabandista da Turquia para as ilhas gregas. Custa 200 euros um voo econômico de Bodrum para Frankfurt. Se permitíssimos isso aos refugiados, teríamos grandes vantagens. Isso salvaria vidas, reduziria todo o mercado dos contrabandistas, e eliminaria o caos que vemos nas fronteiras da Europa, em áreas como as ilhas gregas. É a política que impede isso, em vez de adotar uma solução racional.
And this is an idea that has been applied. Brazil has adopted a pioneering approach where over 2,000 Syrians have been able to get humanitarian visas, enter Brazil, and claim refugee status on arrival in Brazil. And in that scheme, every Syrian who has gone through it has received refugee status and been recognized as a genuine refugee.
E essa é uma ideia que tem sido aplicada. O Brasil adotou uma abordagem pioneira. Mais de 2 mil sírios puderam receber vistos humanitários, entrar no Brasil, e solicitar o status de refugiados na chegada ao país. Nesse modelo, cada sírio que fez isso recebeu o status de refugiado e foi reconhecido como um verdadeiro refugiado.
There is a historical precedent for it as well. Between 1922 and 1942, these Nansen passports were used as travel documents to allow 450,000 Assyrians, Turks and Chechens to travel across Europe and claim refugee status elsewhere in Europe. And the Nansen International Refugee Office received the Nobel Peace Prize in recognition of this being a viable strategy.
Existe um precedente histórico para isso, também. Entre 1922 e 1942, os passaportes Nansen eram usados como documento de viagem para permitir que 450 mil assírios, turcos e chechenos, viajassem através da Europa e solicitassem o status de refugiados em qualquer país europeu. O Comitê Internacional Nansen para os Refugiados recebeu o Nobel da Paz em reconhecimento a essa estratégia.
So all four of these ideas that I've presented you are ways in which we can expand Amira's choice set. They're ways in which we can have greater choice for refugees beyond those basic, impossible three options I explained to you and still leave others better off.
Então essas quatro ideias que apresentei são formas pelas quais podemos ampliar o conjunto de opções de Amira. São formas pelas quais podemos ampliar as escolhas dos refugiados, além das três opções básicas e impossíveis que mostrei antes, e, ainda assim, todo mundo sair ganhando.
In conclusion, we really need a new vision, a vision that enlarges the choices of refugees but recognizes that they don't have to be a burden. There's nothing inevitable about refugees being a cost. Yes, they are a humanitarian responsibility, but they're human beings with skills, talents, aspirations, with the ability to make contributions -- if we let them.
Concluindo, realmente precisamos de uma nova visão, uma visão que amplie o leque de opções dos refugiados, mas que reconheça que eles não precisam ser um fardo. Não existe nada de inevitável quanto aos refugiados serem um custo. Sim, há uma responsabilidade humanitária, mas eles são seres humanos, com habilidades, talentos e aspirações, com capacidade de contribuir, se nós permitirmos.
In the new world, migration is not going to go away. What we've seen in Europe will be with us for many years. People will continue to travel, they'll continue to be displaced, and we need to find rational, realistic ways of managing this -- not based on the old logics of humanitarian assistance, not based on logics of charity, but building on the opportunities offered by globalization, markets and mobility. I'd urge you all to wake up and urge our politicians to wake up to this challenge.
No novo mundo, a migração não vai deixar de existir. O que vemos na Europa continuará ocorrendo por muitos anos. As pessoas continuarão a viajar, continuarão a ser exiladas, e precisamos encontrar formas racionais e realistas de gerenciar isso, não baseadas na velha lógica da assistência humanitária, não baseadas na lógica da caridade, mas baseadas nas oportunidades oferecidas pela globalização, mercados e mobilidade. Eu encorajo todos vocês a despertarem e obrigarem nossos políticos a tomar consciência desse desafio.
Thank you very much.
Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)