There are times when I feel really quite ashamed to be a European. In the last year, more than a million people arrived in Europe in need of our help, and our response, frankly, has been pathetic.
Há alturas em que tenho vergonha de ser europeu. No ano passado, chegou à Europa mais de um milhão de pessoas que precisavam da nossa ajuda e a nossa resposta, sinceramente, foi uma vergonha.
There are just so many contradictions. We mourn the tragic death of two-year-old Alan Kurdi, and yet, since then, more than 200 children have subsequently drowned in the Mediterranean. We have international treaties that recognize that refugees are a shared responsibility, and yet we accept that tiny Lebanon hosts more Syrians than the whole of Europe combined. We lament the existence of human smugglers, and yet we make that the only viable route to seek asylum in Europe. We have labor shortages, and yet we exclude people who fit our economic and demographic needs from coming to Europe. We proclaim our liberal values in opposition to fundamentalist Islam, and yet -- we have repressive policies that detain child asylum seekers, that separate children from their families, and that seize property from refugees.
Há tantas contradições. Lamentamos a trágica morte de Alan Kurdi, de dois anos. Mas, desde essa altura, já se afogaram mais de 200 crianças no Mediterrâneo. Temos tratados internacionais que reconhecem que os refugiados são uma responsabilidade de todos. No entanto, aceitamos que o minúsculo Líbano receba mais sírios do que toda a Europa junta. Lamentamos a existência de contrabandistas de seres humanos. Mas fazemos com que essa seja a única via possível para quem procura asilo na Europa. Temos falta de mão-de-obra. Mas impedimos que as pessoas, que preenchem as nossas necessidades económicas e demográficas, entrem na Europa. Proclamamos os nossos valores liberais em oposição ao Islão fundamentalista. Contudo, temos políticas repressoras que detêm crianças que procuram asilo, que separam os filhos das famílias, e que se apoderam da propriedade dos refugiados.
What are we doing? How has the situation come to this, that we've adopted such an inhumane response to a humanitarian crisis?
O que é que andamos a fazer? Como é que chegámos a esta situação? Como é que adotámos uma resposta tão desumana a uma crise humanitária?
I don't believe it's because people don't care, or at least I don't want to believe it's because people don't care. I believe it's because our politicians lack a vision, a vision for how to adapt an international refugee system created over 50 years ago for a changing and globalized world. And so what I want to do is take a step back and ask two really fundamental questions, the two questions we all need to ask. First, why is the current system not working? And second, what can we do to fix it?
Não acredito que seja porque as pessoas não se preocupam. Pelo menos, não quero acreditar que seja porque elas não se preocupam. Creio que é porque os nossos políticos têm falta de visão, uma visão para adaptar um sistema internacional de refugiados, criado há mais de 50 anos, para um mundo globalizado e em mudança. O que eu quero fazer é dar um passo atrás e fazer duas perguntas fundamentais, as duas perguntas que todos precisamos de fazer. Primeira, porque é que o sistema atual não funciona? Segunda, o que é que podemos fazer para ele funcionar?
So the modern refugee regime was created in the aftermath of the Second World War by these guys. Its basic aim is to ensure that when a state fails, or worse, turns against its own people, people have somewhere to go, to live in safety and dignity until they can go home. It was created precisely for situations like the situation we see in Syria today. Through an international convention signed by 147 governments, the 1951 Convention on the Status of Refugees, and an international organization, UNHCR, states committed to reciprocally admit people onto their territory who flee conflict and persecution.
O atual regime para refugiados foi criado na sequência da II Guerra Mundial por estes tipos. Destina-se, basicamente, a garantir que, quando um estado falha, ou pior, se vira contra o seu próprio povo, as pessoas têm qualquer sítio para onde ir, para viverem com segurança e dignidade até poderem voltar para casa. Foi criado precisamente para situações como a que vemos hoje na Síria. Através duma convenção internacional, assinada por 147 governos, a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados e a ACNUR, uma organização internacional os estados comprometeram-se a receber, reciprocamente, nos seus territórios
But today, that system is failing.
pessoas que fogem de conflitos e de perseguição.
In theory, refugees have a right to seek asylum. In practice, our immigration policies block the path to safety. In theory, refugees have a right to a pathway to integration, or return to the country they've come from. But in practice, they get stuck in almost indefinite limbo. In theory, refugees are a shared global responsibility. In practice, geography means that countries proximate the conflict take the overwhelming majority of the world's refugees. The system isn't broken because the rules are wrong. It's that we're not applying them adequately to a changing world, and that's what we need to reconsider.
Mas, hoje, esse sistema está a falhar. Em teoria, os refugiados têm o direito de pedir asilo. Na prática, as nossas políticas de imigração bloqueiam o caminho para a segurança. Em teoria, os refugiados têm o direito a uma via para a integração ou para regressarem ao país de onde vieram. Mas, na prática, ficam prisioneiros num limbo quase indefinido. Em teoria, os refugiados são uma responsabilidade de todos. Na prática, a geografia significa que os países próximos do conflito recebem a esmagadora maioria dos refugiados mundiais. O sistema não está falido por as regras estarem erradas. Nós é que não estamos a aplicá-las adequadamente a um mundo em mudança e é isso que precisamos de repensar.
So I want to explain to you a little bit about how the current system works. How does the refugee regime actually work? But not from a top-down institutional perspective, rather from the perspective of a refugee. So imagine a Syrian woman. Let's call her Amira. And Amira to me represents many of the people I've met in the region. Amira, like around 25 percent of the world's refugees, is a woman with children, and she can't go home because she comes from this city that you see before you, Homs, a once beautiful and historic city now under rubble. And so Amira can't go back there. But Amira also has no hope of resettlement to a third country, because that's a lottery ticket only available to less than one percent of the world's refugees.
Quero explicar-vos um pouco como funciona o atual sistema. Como funciona hoje o regime para os refugiados? Não numa perspetiva institucional de cima para baixo, mas na perspetiva dum refugiado. Imaginem uma mulher síria. Vamos chamar-lhe Amira. Para mim, Amira representa muitas das pessoas que conheci na região. Amira, tal como cerca de 25% dos refugiados mundiais, é uma mulher com filhos. Não pode voltar para casa porque vem desta cidade que estão a ver à vossa frente, Homs. Outrora uma cidade bela e histórica, hoje reduzida a escombros. Portanto, Amira não pode voltar para lá. Mas Amira também não tem esperança de se instalar num terceiro país, porque isso é um bilhete de lotaria apenas disponível a menos de 1% dos refugiados mundiais.
So Amira and her family face an almost impossible choice. They have three basic options. The first option is that Amira can take her family to a camp. In the camp, she might get assistance, but there are very few prospects for Amira and her family. Camps are in bleak, arid locations, often in the desert. In the Zaatari refugee camp in Jordan, you can hear the shells across the border in Syria at nighttime. There's restricted economic activity. Education is often of poor quality. And around the world, some 80 percent of refugees who are in camps have to stay for at least five years. It's a miserable existence, and that's probably why, in reality, only nine percent of Syrians choose that option.
Portanto, Amira e a família enfrentam uma escolha quase impossível. Têm três opções básicas. A primeira opção é Amira levar a família para um acampamento. No acampamento, pode ter assistência, mas há poucas perspetivas para Amira e para a família. Os acampamentos estão situados em locais áridos, com frequência, no deserto. No campo de refugiados Zaatari, na Jordânia ouvem-se as bombas à noite, do outro lado da fronteira, na Síria. Há uma atividade económica limitada. O ensino é quase sempre de fraca qualidade. Em todo o mundo, uns 80% dos refugiados que estão em acampamentos têm que ali ficar pelo menos cinco anos. É uma existência miserável. É provavelmente por isso que apenas 9% dos sírios escolhem essa opção.
Alternatively, Amira can head to an urban area in a neighboring country, like Amman or Beirut. That's an option that about 75 percent of Syrian refugees have taken. But there, there's great difficulty as well. Refugees in such urban areas don't usually have the right to work. They don't usually get significant access to assistance. And so when Amira and her family have used up their basic savings, they're left with very little and likely to face urban destitution.
Em alternativa, Amira pode ir para uma área urbana num país vizinho, como Amã ou Beirute. É uma opção que tomam cerca de 75% dos refugiados sírios. Mas aí também há grandes dificuldades. Os refugiados, nessas áreas urbanas normalmente não têm direito a trabalhar. Normalmente, não têm acesso significativo a assistência. Portanto, depois de Amira e a família terem esgotado as suas poupanças, ficam com muito pouco e enfrentam a destituição urbana.
So there's a third alternative, and it's one that increasing numbers of Syrians are taking. Amira can seek some hope for her family by risking their lives on a dangerous and perilous journey to another country, and it's that which we're seeing in Europe today.
Então, há uma terceira alternativa. É a que estão a tomar um número cada vez maior de sírios. Amira pode procurar alguma esperança para a sua família arriscando a vida numa jornada perigosa para outro país. É isto que estamos a ver hoje, na Europa.
Around the world, we present refugees with an almost impossible choice between three options: encampment, urban destitution and dangerous journeys. For refugees, that choice is the global refugee regime today. But I think it's a false choice. I think we can reconsider that choice. The reason why we limit those options is because we think that those are the only options that are available to refugees, and they're not. Politicians frame the issue as a zero-sum issue, that if we benefit refugees, we're imposing costs on citizens. We tend to have a collective assumption that refugees are an inevitable cost or burden to society. But they don't have to. They can contribute.
Em todo o mundo, oferecemos aos refugiados uma escolha quase impossível, entre três opções: acampamento, destituição urbana e viagens perigosas. Para os refugiados, esta escolha é hoje o regime de refugiados global. Mas eu acho que é uma falsa escolha. Penso que podemos repensar esta escolha. Nós limitamos estas opções porque pensamos que são as únicas opções disponíveis para os refugiados, mas não são. Os políticos enquadram a questão numa questão em que ninguém lucra. Se beneficiamos os refugiados, estamos a impor custos aos cidadãos. Temos tendência a ter uma conceção coletiva de que os refugiados são um custo inevitável ou um fardo para a sociedade. Mas não têm de ser. Podem contribuir.
So what I want to argue is there are ways in which we can expand that choice set and still benefit everyone else: the host states and communities, our societies and refugees themselves. And I want to suggest four ways we can transform the paradigm of how we think about refugees. All four ways have one thing in common: they're all ways in which we take the opportunities of globalization, mobility and markets, and update the way we think about the refugee issue.
O que eu quero defender é que há formas de podermos expandir esse conjunto de escolhas e beneficiar toda a gente: os estados anfitriões e as comunidades, as nossas sociedades e os refugiados. Quero sugerir quatro maneiras de podermos transformar o paradigma de como pensamos sobre os refugiados. Estas quatro maneiras têm uma coisa em comum: Todas são maneiras em que agarramos nas oportunidades da globalização, da mobilidade e dos mercados e atualizamos a forma de pensar na questão dos refugiados.
The first one I want to think about is the idea of enabling environments, and it starts from a very basic recognition that refugees are human beings like everyone else, but they're just in extraordinary circumstances. Together with my colleagues in Oxford, we've embarked on a research project in Uganda looking at the economic lives of refugees. We chose Uganda not because it's representative of all host countries. It's not. It's exceptional. Unlike most host countries around the world, what Uganda has done is give refugees economic opportunity. It gives them the right to work. It gives them freedom of movement. And the results of that are extraordinary both for refugees and the host community. In the capital city, Kampala, we found that 21 percent of refugees own a business that employs other people, and 40 percent of those employees are nationals of the host country. In other words, refugees are making jobs for citizens of the host country. Even in the camps, we found extraordinary examples of vibrant, flourishing and entrepreneurial businesses.
A primeira em que quero pensar é a ideia de proporcionar ambientes. Começa a partir do reconhecimento básico de que os refugiados são seres humanos como todos os demais, mas estão apenas em circunstâncias extraordinárias. Juntamente com os meus colegas de Oxford, embarcámos num projeto de investigação no Uganda, observando a vida económica dos refugiados. Não escolhemos Uganda por ser representativo de todos os países anfitriões. Não é. É uma exceção. Ao contrário da maior parte dos países anfitriões no mundo, o Uganda dá aos refugiados uma oportunidade económica. Dá-lhes o direito a trabalhar, dá-lhes liberdade de movimentos. Os resultados são extraordinários tanto para os refugiados como para a comunidade anfitriã. Na capital, Kampala, encontrámos 21% de refugiados que possuem uma empresa que emprega outras pessoas e 40% desses empregados são nacionais do país anfitrião. Por outras palavras, os refugiados estão a criar postos de trabalho para os cidadãos do país anfitrião. Mesmo nos acampamentos, encontrámos exemplos extraordinários de empresas vibrantes, florescentes e empreendedoras.
For example, in a settlement called Nakivale, we found examples of Congolese refugees running digital music exchange businesses. We found a Rwandan who runs a business that's available to allow the youth to play computer games on recycled games consoles and recycled televisions. Against the odds of extreme constraint, refugees are innovating, and the gentleman you see before you is a Congolese guy called Demou-Kay. Demou-Kay arrived in the settlement with very little, but he wanted to be a filmmaker. So with friends and colleagues, he started a community radio station, he rented a video camera, and he's now making films. He made two documentary films with and for our team, and he's making a successful business out of very little. It's those kinds of examples that should guide our response to refugees. Rather than seeing refugees as inevitably dependent upon humanitarian assistance, we need to provide them with opportunities for human flourishing.
Por exemplo, num povoamento chamado Nakivale, encontrámos exemplos de refugiados congoleses que dirigem empresas de intercâmbio de música digital. Encontrámos um ruandês que dirige uma empresa que permite que os jovens joguem jogos de computador em consolas recicladas e televisões recicladas. Contra todas as dificuldades dum constrangimento extremo, os refugiados estão a inovar, e o homem que veem aqui à vossa frente é um congolês chamado Demou-Kay. Demou-Kay chegou ao povoamento com muito pouco, mas queria ser realizador cinematográfico. Com amigos e colegas, iniciou uma estação de rádio comunitária, alugou uma câmara de vídeo, e está hoje a fazer filmes. Já fez dois documentários com a nossa equipa e para nós e está a fazer uma empresa com êxito, a partir do zero. São estes tipos de exemplos que deviam guiar a nossa resposta aos refugiados. Em vez de olharmos para os refugiados como inevitavelmente dependentes da assistência humanitária, precisamos de lhes proporcionar oportunidades para um florescimento humano.
Yes, clothes, blankets, shelter, food are all important in the emergency phase, but we need to also look beyond that. We need to provide opportunities to connectivity, electricity, education, the right to work, access to capital and banking. All the ways in which we take for granted that we are plugged in to the global economy can and should apply to refugees.
Claro, roupas, cobertores, abrigo, alimentos, tudo isso é importante na fase de emergência, mas também precisamos de olhar para além disso. Precisamos de proporcionar oportunidades de acesso à internet, à eletricidade, o ensino, o direito ao trabalho, o acesso a financiamento e à banca. Todas as formas em que achamos normal estarmos envolvidos na economia global podem e devem ser aplicadas aos refugiados.
The second idea I want to discuss is economic zones. Unfortunately, not every host country in the world takes the approach Uganda has taken. Most host countries don't open up their economies to refugees in the same way. But there are still pragmatic alternative options that we can use.
A segunda ideia que quero analisar são as zonas económicas. Infelizmente, nem todos os países anfitriões do mundo praticam a abordagem que o Uganda pratica. A maior parte dos países anfitriões não abrem a economia aos refugiados da mesma maneira. Mas ainda há opções pragmáticas alternativas que podemos usar.
Last April, I traveled to Jordan with my colleague, the development economist Paul Collier, and we brainstormed an idea while we were there with the international community and the government, an idea to bring jobs to Syrians while supporting Jordan's national development strategy. The idea is for an economic zone, one in which we could potentially integrate the employment of refugees alongside the employment of Jordanian host nationals. And just 15 minutes away from the Zaatari refugee camp, home to 83,000 refugees, is an existing economic zone called the King Hussein Bin Talal Development Area. The government has spent over a hundred million dollars connecting it to the electricity grid, connecting it to the road network, but it lacked two things: access to labor and inward investment. So what if refugees were able to work there rather than being stuck in camps, able to support their families and develop skills through vocational training before they go back to Syria? We recognized that that could benefit Jordan, whose development strategy requires it to make the leap as a middle income country to manufacturing. It could benefit refugees, but it could also contribute to the postconflict reconstruction of Syria by recognizing that we need to incubate refugees as the best source of eventually rebuilding Syria.
Em abril passado, viajei até à Jordânia com o meu colega Paul Collier, economista de desenvolvimento. Enquanto lá estávamos, discutimos uma ideia com a comunidade internacional e o governo, uma ideia para arranjar empregos para os sírios enquanto apoio à estratégia nacional de desenvolvimento da Jordânia. A ideia para uma zona económica, que tivesse a possibilidade de integrar o emprego de refugiados juntamente com o emprego de nacionais da Jordânia. A apenas 15 minutos do campo de refugiados Zaatari, onde vivem 83 000 refugiados, há uma zona económica enorme, chamada a Área de Desenvolvimento Rei Hussein bin Talal. O governo gastou mais de cem milhões de dólares ligando-a à rede de eletricidade, ligando-a à rede rodoviária, mas faltavam-lhe duas coisas: acesso a mão-de-obra e investimento interno. E se os refugiados pudessem trabalhar ali em vez de estarem presos nos acampamentos? Se pudessem sustentar a família e desenvolver competências através de formação vocacional antes de voltarem para a Síria? Reconhecemos que isso podia beneficiar a Jordânia, cuja estratégia de desenvolvimento exige que se dê o salto enquanto país de rendimentos médios, para o fabrico. Podia beneficiar os refugiados mas também podia contribuir para a reconstrução da Síria, após o conflito, reconhecendo que precisamos de incubar refugiados como a melhor fonte duma possível reconstrução da Síria.
We published the idea in the journal Foreign Affairs. King Abdullah has picked up on the idea. It was announced at the London Syria Conference two weeks ago, and a pilot will begin in the summer.
Publicámos a ideia na revista Foreign Affairs. O Rei Abdullah agarrou na ideia. Foi anunciada, há duas semanas, na Conferência da Síria, em Londres e no verão vai começar uma experiência piloto.
(Applause)
(Aplausos)
The third idea that I want to put to you is preference matching between states and refugees to lead to the kinds of happy outcomes you see here in the selfie featuring Angela Merkel and a Syrian refugee. What we rarely do is ask refugees what they want, where they want to go, but I'd argue we can do that and still make everyone better off. The economist Alvin Roth has developed the idea of matching markets, ways in which the preference ranking of the parties shapes an eventual match. My colleagues Will Jones and Alex Teytelboym have explored ways in which that idea could be applied to refugees, to ask refugees to rank their preferred destinations, but also allow states to rank the types of refugees they want on skills criteria or language criteria and allow those to match. Now, of course you'd need to build in quotas on things like diversity and vulnerability, but it's a way of increasing the possibilities of matching. The matching idea has been successfully used to match, for instance, students with university places, to match kidney donors with patients, and it underlies the kind of algorithms that exist on dating websites. So why not apply that to give refugees greater choice?
A terceira ideia que vos quero apresentar é compatibilizar estados e refugiados para obter resultados felizes como os que veem aqui no "selfie" que mostra Angela Merkel e um refugiado sírio. Raramente perguntamos aos refugiados o que querem, para onde querem ir, mas defendo que podemos fazer isso e para benefício de todos. O economista Alvin Roth desenvolveu a ideia de compatibilizar mercados, formas em que as preferências das partes possam levar a um encontro. Os meus colegas Will Jones e Alex Teytelboym exploraram formas em que essa ideia podia ser aplicada aos refugiados, pedir aos refugiados para classificarem os seus destinos preferidos, mas também permite que os estados classifiquem o tipo de refugiados que querem com base em critérios de competências ou critérios de língua, permitindo assim uma correspondência. Claro que precisamos de quotas sobre coisas como a diversidade e a vulnerabilidade, mas é uma forma de aumentar as possibilidades de correspondência. A ideia da compatibilidade tem sido usada com êxito, por exemplo, para a correspondência de estudantes com universidades, para a correspondência de doadores de rins com os doentes e tem subjacente o tipo de algoritmos que existem nos "sites" casamenteiros. Porque não aplicar isso para dar aos refugiados uma escolha mais ampla?
It could also be used at the national level, where one of the great challenges we face is to persuade local communities to accept refugees. And at the moment, in my country, for instance, we often send engineers to rural areas and farmers to the cities, which makes no sense at all. So matching markets offer a potential way to bring those preferences together and listen to the needs and demands of the populations that host and the refugees themselves.
Também podia ser usada a nível nacional, em que um dos maiores problemas que enfrentamos é convencer as comunidades locais a aceitar refugiados. Neste momento, no meu país, por exemplo, enviamos muitas vezes engenheiros para áreas rurais e lavradores para as cidades, o que não faz qualquer sentido. Compatibilizar mercados proporciona uma forma possível de conhecer essas preferências e atender às necessidades e à procura das populações que recebem os refugiados e às deles mesmos.
The fourth idea I want to put to you is of humanitarian visas. Much of the tragedy and chaos we've seen in Europe was entirely avoidable. It stems from a fundamental contradiction in Europe's asylum policy, which is the following: that in order to seek asylum in Europe, you have to arrive spontaneously by embarking on those dangerous journeys that I described. But why should those journeys be necessary in an era of the budget airline and modern consular capabilities? They're completely unnecessary journeys, and last year, they led to the deaths of over 3,000 people on Europe's borders and within European territory.
A quarta ideia que vos quero apresentar é a de vistos humanitários. Grande parte da tragédia e do caos que temos visto na Europa podia ter sido totalmente evitada. Tem origem numa contradição fundamental na política de asilo da Europa que é a seguinte: Para procurar asilo na Europa, é preciso chegar espontaneamente embarcando naquelas viagens perigosas que já referi. Porque é que são necessárias essas viagens numa era de transportes aéreos e de competências consulares modernas? São viagens totalmente desnecessárias. No ano passado, levaram à morte de mais de 3000 pessoas nas fronteiras da Europa e em território europeu.
If refugees were simply allowed to travel directly and seek asylum in Europe, we would avoid that, and there's a way of doing that through something called a humanitarian visa, that allows people to collect a visa at an embassy or a consulate in a neighboring country and then simply pay their own way through a ferry or a flight to Europe. It costs around a thousand euros to take a smuggler from Turkey to the Greek islands. It costs 200 euros to take a budget airline from Bodrum to Frankfurt. If we allowed refugees to do that, it would have major advantages. It would save lives, it would undercut the entire market for smugglers, and it would remove the chaos we see from Europe's front line in areas like the Greek islands. It's politics that prevents us doing that rather than a rational solution.
Se se permitisse aos refugiados viajar diretamente e procurar asilo na Europa, evitaríamos isso e há uma maneira de fazer isso, através duma coisa chamada um visto humanitário que permite que as pessoas arranjem um visto numa embaixada ou num consulado de um país vizinho e depois paguem a sua viagem num barco ou num voo para a Europa. Pagam-se cerca de mil euros a um contrabandista pela viagem da Turquia até às ilhas gregas. Custa 200 euros a viagem aérea de Bodrum para Frankfurt. Se permitíssemos isso aos refugiados, haveria ainda outras vantagens importantes. Salvar-se-iam vidas, eliminar-se-ia todo o mercado para os contrabandistas, e eliminaria o caos que vemos na linha da frente da Europa em áreas como as ilhas gregas. É a política que nos impede de fazer isso, em vez duma solução racional.
And this is an idea that has been applied. Brazil has adopted a pioneering approach where over 2,000 Syrians have been able to get humanitarian visas, enter Brazil, and claim refugee status on arrival in Brazil. And in that scheme, every Syrian who has gone through it has received refugee status and been recognized as a genuine refugee.
Isto é uma ideia que já foi aplicada. O Brasil adotou uma abordagem pioneira em que mais de 2000 sírios puderam obter vistos humanitários, entrar no Brasil e pedir o estatuto de refugiados quando chegam ao Brasil. Todos os sírios que entraram neste esquema receberam o estatuto de refugiados
There is a historical precedent for it as well. Between 1922 and 1942, these Nansen passports were used as travel documents to allow 450,000 Assyrians, Turks and Chechens to travel across Europe and claim refugee status elsewhere in Europe. And the Nansen International Refugee Office received the Nobel Peace Prize in recognition of this being a viable strategy.
e foram reconhecidos como refugiados genuínos. Também há um precedente histórico para isto. Entre 1922 e 1942, usaram-se estes passaportes Nansen como documentos de viagem, para permitir que 450 000 assírios, turcos e chechenos viajassem pela Europa e pedissem o estatuto de refugiados em qualquer parte da Europa. O Comité Internacional Nansen para os Refugiados recebeu o Prémio Nobel da Paz em reconhecimento desta estratégia viável.
So all four of these ideas that I've presented you are ways in which we can expand Amira's choice set. They're ways in which we can have greater choice for refugees beyond those basic, impossible three options I explained to you and still leave others better off.
Todas as quatro ideias que vos apresentei são formas em que podemos ampliar as escolhas de Amira. São formas em que podemos ter mais escolhas para os refugiados, para além daquelas três opções básicas e impossíveis de que vos falei, e que ainda por cima, são muito melhores.
In conclusion, we really need a new vision, a vision that enlarges the choices of refugees but recognizes that they don't have to be a burden. There's nothing inevitable about refugees being a cost. Yes, they are a humanitarian responsibility, but they're human beings with skills, talents, aspirations, with the ability to make contributions -- if we let them.
Em conclusão, precisamos duma nova visão, uma visão que amplie as opções dos refugiados mas reconheça que eles não têm que ser um fardo. Não é inevitável que os refugiados sejam um custo. São uma responsabilidade humanitária, sem dúvida, mas são seres humanos com competências, talentos, aspirações, com a capacidade de contribuírem, se os deixarmos.
In the new world, migration is not going to go away. What we've seen in Europe will be with us for many years. People will continue to travel, they'll continue to be displaced, and we need to find rational, realistic ways of managing this -- not based on the old logics of humanitarian assistance, not based on logics of charity, but building on the opportunities offered by globalization, markets and mobility. I'd urge you all to wake up and urge our politicians to wake up to this challenge.
Num mundo novo, a migração não vai desaparecer. Aquilo a que assistimos na Europa estará connosco durante muitos anos. As pessoas vão continuar a viajar, vão continuar a ser deslocadas, e precisamos de encontrar formas racionais, realistas, para gerir isso, não com base na velha lógica da assistência humanitária, não com a lógica da caridade, mas construindo com as oportunidades proporcionadas pela globalização, pelos mercados e pela mobilidade. É urgente que todos acordemos, é urgente que os nossos políticos acordem para este problema.
Thank you very much.
Muito obrigado.
(Applause)
(Aplausos)